Fuja das almas mesquinhas. Viver é um exercício de grandeza





Está faltando grandeza na gente. Falta, sim. Em todo canto, falta. Vivemos à míngua de gestos generosos, intenções grandiosas, ações maiores. Como bichos tímidos, acanhados em nossos projetos, reduzimos nossas vidas aos cargos e postos e títulos e relações oficiosas e protocolares que aos poucos nos transformam em meros colecionadores de miniaturas, acumulando milhas de mesquinharias. Nós e nossas vidinhas habitadas por pessoinhas deslumbradas, sorrindo sem graça em jantarezinhos sem afeto, cozinhando pratinhos sem gosto, a partir das receitinhas de homenzinhos dos programinhas de tevê.

Falta grandeza na gente, sim. Insistimos em ser rasos, superficiais, rasteiros, trancafiados em nossas verdades minguadas, metralhando com o dedo quem passar perto. Rareiam amigos de coração aberto e mãos postas, estendidas. Falta quem se disponha a escutar mais e mostrar menos, perguntar mais do que responder, questionar mais que pontificar. Falta gente disposta a pagar a conta por pura e simples gentileza. Ah… como são raras as visitas que surpreendem quando chegam para o churrasco em casa alheia trazendo nos braços algo além do fardo de doze cervejas previamente combinadas. Um bolinho para a dona da casa, um presentinho para as crianças. Qualquer coisa para além de uma presença fria, mirrada, previsível, burocrática.

Pior. Nossa escassez de elevação vem sob a escolta das matilhas de gênios e suas teorias em defesa da mesquinhez. “É a crise!”; “não sobra dinheiro para isso”; “também, com o preço das coisas…”; “no mundo moderno cada um paga a sua, tá reclamando do quê?”; “É cada um por si” e outras desculpas esfarrapadas. Como se a falta de dinheiro fosse o único problema.

Será mesmo? Ou tanta evasiva não passa de nossa obtusa mania de pequeneza crescendo como verruga, aumentando como um buraco? Certo é que nos tornamos sovinas, ridículos, avarentos de emoção e entrega e disposição para nós e para os outros. Isso, minha gente, tem pouquíssimo a ver com dinheiro. Estar “no bico do urubu”, sem um tostão para nada, não faz de alguém um “mão de vaca”. Há muito mendigo por aí dividindo seu pedaço de cobertor, sua porção de comida fria e seu meio cigarro com quem necessita. Porque generosidade é coisa das almas elevadas, com ou sem fundos patrimoniais. E ela está em falta como a água que baixa nas represas e o dinheiro que some dos cofres.

Nosso tempo na vida é tão pequeno e a grandeza anda tão pouca! Quanto será que nos resta? Por quanto mais você e eu estaremos aqui? Quanta vida nos cabe ainda? Trinta anos? Quarenta? Duas horas, um minuto? Pergunto, pergunto e com franqueza me dou conta de que, no fundo, não importa. Não interessa porque no fim do caminho qualquer tempo terá sido pouco. Muito pouco tempo para o perdermos com pequenezas.

Sejamos francos. A vida anda mirrada demais. Reduzida contra vontade, coitada, à pequena experiência pessoal de cada um. Obrigada por nós mesmos a dar as costas à sua vocação essencial. Porque, você sabe, diferente do que querem os mesquinhos, viver é nada senão um tremendo e escandaloso exercício de grandeza. Sejamos francos. Está faltando grandeza na gente.


André J. Gomes Jornalista de formação, publicitário de ofício, professor por desafio e escritor por amor à causa.





Um tsunami se aproxima da costa brasileira




"Tudo acontece de forma tão veloz que não nos apercebemos do tsunami que se forma e já engole o Brasil", escreve Hildegard Angel, do Jornalistas pela Democracia

Leiam as três imagens :





Esse é o quadro real, meus queridos.

Tudo acontece de forma tão veloz, tão avassaladora, e a máquina de fumaça das fake news nos distrai e confunde de tal forma, que não nos apercebemos do tsunami que se forma e já engole o Brasil, nossas vidas, os projetos e sonhos de futuro.

Distrai-se o povo crédulo com o discurso da "independência para não se vacinar", enquanto nos inoculam o vírus da escravidão, da vassalagem, da falta de alternativas para nossa juventude, que em breve estará migrando como os miseráveis do Norte da África, naqueles barcos frágeis, superlotados de fugitivos da fome, da miséria, da violência, que são repudiados quando chegam enfim à costa dos países desenvolvidos.

O quadro que percebo para nosso amanhã é o mais tenebroso: as FFAA batendo continência sabuja para um ditadorzinho de plantação de bananas, com sua família corrupta se exibindo em carrões, jatinhos, iates e viagens internacionais, como os Trujilo dos antigos tempos.

Uma família anacrônica, uma corrupção-ostentação fora de época, um deslumbramento de novos-ricos incultos, que mal conseguem articular uma frase. É o bolsonarismo "Ofélia", produzindo emergentes às toneladas, por segundo.

E não me refiro apenas ao beócio do momento no Planalto. Caso emplaquem o juiz-ladrão será a mesma coisa. Pois isso (vou repetir) é um PRO-JE-TO de destruição de uma nação linda, rica, com militares submissos aos estrangeiros - dóceis com eles, ferozes conosco.

Vemos os bilionários se multiplicarem, como ilhas, cercados de fome e de dor por todos os lados, isentos de impostos, com os bancos públicos de fomento a seu serviço exclusivo.

Enquanto os soldadinhos de chumbo fecham os olhos em sua obediência trágica (para nós) e regiamente paga (para eles).

Esse meu discurso, que sai assim vomitado, é uma chamada à consciência de todos os brasileiros, para que eu não tenha depois que escutar "eu não sabia", "eu não imaginava".

Vamos nos manter aqui entrincheirados, enquanto nos deixam, esgrimindo com as palavras, alvejando com a realidade nua e crua.

Escutem, reflitam, participem. Não vamos sucumbir passivamente, como o gado que vai para o corte.


Postado em Brasil 247