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A dor da saudade : ausências que nunca deixam de doer



Sentir saudade envolve mais do que apenas sentir nostalgia. Às vezes, o peso de certas ausências cria uma ferida persistente e nos faz sentir um vazio que não sabemos preencher e que limita nossa capacidade de ser feliz.

A saudade é como um erro de ortografia no coração que raramente podemos corrigir. Isso porque há ausências que doem mais do que outras. Essas ausências pesam na memória a ponto de criar um vazio por onde a qualidade de vida escapa. A falta de alguém vai além da nostalgia e, em muitos casos, não é fácil aliviar a ferida da ausência e a dor da saudade.

É curioso como às vezes as pessoas se descrevem não de acordo com o fazem ou com sua personalidade, mas dizendo coisas como “Sou uma pessoa que perdeu a mãe aos doze anos” ou então “Não sou nada desde que meu companheiro me deixou há oito meses”.

Em certo sentido, as ausências nos definem. O que nos falta deixa uma marca profunda que define a nossa maneira de ser. Portanto, não é fácil viver quando em nossa mente existe apenas o sentimento persistente e a dor da saudade.

Este bloqueio constante nos impede de ver além da perda e elimina a oportunidade de nos percebermos de outra forma: como uma pessoa capaz de criar realidades mais felizes e satisfatórias.

“A pior forma de sentir a falta de alguém é estar sentado ao seu lado e saber que nunca poderá tê-lo.”

 

Por que a dor da saudade é tão forte?

Sentir saudade é uma característica essencial do ser humano. Inclusive, se há algo que nosso cérebro faz em excesso, é olhar no “espelho retrovisor” da mente para alimentar a nostalgia.

Tanto é assim que estudos como o realizado na Universidade Duke, nos Estados Unidos, pelo Dr. Laurence Jones indicam que o cérebro é mais nostálgico do que pró-ativo. Em outras palavras, parece que passamos mais tempo evocando memórias do que focando no presente.

Este fato, que é algo normal por si só, às vezes pode se tornar prejudicial. Estamos falando de quando sentir saudade de alguém se torna constante e obsessivo a ponto de não conseguirmos nos concentrar em outra coisa a não ser naquela ausência. Sentir saudade às vezes pode ser um ato doloroso que nos coloca em estados de alta vulnerabilidade psicológica.

Além disso, especialistas no assunto, como o Dr. Donald Catherall, da Northwestern University, em Chicago, destacam que duas circunstâncias tendem a ser mais traumáticas quando se trata de perdas. Elas são as seguintes:

Perdas na infância, ausências eternas

Perder um dos pais durante a infância cria uma das feridas mais profundas que um ser humano pode sentir. De fato, a morte deixa uma marca traumática que é muito difícil de controlar.

O abandono também tem o mesmo efeito. Ambas as circunstâncias colocam a criança em um estado de grande vulnerabilidade emocional do qual não é fácil se recuperar. Por esse motivo, é muito comum chegar à idade adulta sentindo o peso desta ausência.

O vazio deixado por um pai ou uma mãe não apenas cria uma ferida, mas também define uma impressão quase constante onde a pessoa tem a eterna sensação de que algo está faltando. Essa experiência muitas vezes leva a tentativas de preencher esse vazio através de relacionamentos marcados pela dependência, transtornos alimentares ou uso de substâncias.

Saudade de um parceiro

A saudade de um amor perdido é, sem dúvida, uma das realidades mais comuns. É um tipo de dor com muitas nuances, e todas elas têm algo em comum: o sofrimento. Desejamos a felicidade do passado, sentimos saudades do amante, do amigo, de quem foi nosso confidente e da pessoa a quem dedicamos nossa vida.

O término de um relacionamento significa deixar para trás o que durante muito tempo fez parte de nossas vidas. De um dia para o outro, somos obrigados a abrir mão de tudo isso para nos reinventarmos. E algo assim não é fácil quando a saudade e a nostalgia pesam muito.

Além disso, algo que geralmente fazemos nestes casos é idealizar. Idealizamos aquelas pessoas que não estão mais conosco, alimentando assim uma falsa imagem que nos impede de desapegar das memórias que nos aprisionam no passado.

O que podemos fazer para aliviar a dor da saudade em nossas vidas?

Alfred de Musset, um dramaturgo francês do século XIX, costumava dizer que tanto as ausências como o tempo deixam de ter importância quando se ama de novo. Isso não quer dizer que a única forma de deixar de sentir saudade seja buscar novos amores. Na verdade, existe algo mais simples: buscar novas paixões e novos significados para a nossa realidade.

Em primeiro lugar, devemos ter em mente que nunca deixaremos de sentir saudade de quem amávamos, seja um parente, um amigo ou um amor deixado para trás. Nenhuma dessas figuras desaparecerá da nossa memória. Sua lembrança sempre estará presente, mas vai parar de doer.

Às vezes, por trás da saudade persistente está o desejo ou a necessidade de recuperar o que antes nos oferecia felicidade e segurança. No entanto, devemos aceitar que o que se foi não pode retornar.

Não é saudável viver tomado pela saudade. A felicidade se alimenta de realidades imediatas, por isso, devemos promovê-la criando novas experiências e focando no presente.

A saudade não é algo negativo. Por outro lado, querer recuperar o que tínhamos é. Devemos ser capazes de encontrar um novo sentido para nossa realidade, buscando novas motivações e novos objetivos que nos permitam tirar o foco do passado para abraçar o presente.


Postado em A Mente é Maravilhosa






“ A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar ”




“A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar”, disse Rubem Alves, sobre o endereço de onde nossa alma ficou e de onde ela não quer sair.

 

Alessandra Piassarollo

“A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar”, disse Rubem Alves, sobre o endereço de onde nossa alma ficou e de onde ela não quer sair. É que a alma gosta mesmo é de aconchego, de coisas gostosas, de sensação boa. Ela tem o velho hábito de voltar aonde foi feliz, mesmo que isso tenha sido décadas atrás. A casa da alma é na saudade, onde o “para sempre” sempre encontra seu lugar.

A saudade às vezes é uma avó carinhosa: braços abertos, colo perfumado e macio. E lá a gente pode repousar, com pouca pressa e sorriso bonito, revivendo um pedacinho de história bom demais pra ser esquecido e deixado pra lá.

Saudade parece uma lamparina, que a gente acendeu para procurar uma felicidadezinha que ficou lá no canto, escondidinha, e que agora quer ver de novo, dar mais um abraço e sentir o conforto bom que só aquela memória sabe trazer.

A verdade é que tem coisa feita pra fazer falta. O olhar iluminado da pessoa amada, a primeira amizade de verdade, uma voz no pé do ouvido, algumas pessoas. Aliás, pessoas são nossos maiores motivos. Tem gente que dá uma saudade danada!

Outras vezes, a saudade parece uma dor bem fininha, que dói sem hora marcada e que às vezes dói até sem causa sensata. E ninguém sabe quando vai doer, mas que vai, vai sim. E quando doer, talvez você precise de algumas lágrimas, talvez de um cobertor e uma caneca de chá quentinho. Mas é coisa que logo passa, é coisa de saudade mesmo.

Ou não, talvez nem passe. Talvez ela seja eterna, amarrada no peito e bem presa, pra não correr o risco de ser esquecida. Às vezes ela é permanente, fazer o quê? Acontece também!

Algumas coisas constituem saudade imediata, coisa que o coração mal experimentou e já quer viver de volta. Que remédio poderia haver para essa saudade, não é?

Algumas coisas irão nos fazer falta a vida inteira: saudade das doces vantagens da infância, de quando as nuvens ainda pareciam algodão; saudade do tempo em que a gente ainda não tinha dado adeus pra nada, nem pra ninguém. Que tempo bom foi aquele!

É nesses dias de saudade apertada, que a alma faz suas malas e vai pra casa. Pra casa da saudade, sabe? Porque é lá que a alma encontra sua verdadeira morada.

Ah, Rubem Alves também disse que “aquilo que está escrito no coração não necessita de agendas porque a gente não esquece. O que a memória ama fica eterno.” Parece mesmo que ele tinha razão. Que agenda, que nada! Tem coisa que fica marcada. Acho que é daí que vem a saudade, afinal.






Saudade da infância . . .


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Frases típicas de vó !  Você provavelmente já ouviu alguma delas …


Ana Carolina Conti Cenciani


As avós são seres maravilhosos, vitais para o crescimento dos netos, são uma fonte inesgotável de amor, entendimento, carinho, sabedoria e conselhos. Mas, junto de tudo isso ganhamos um pacote de comentários cômicos e supersticiosos e que todo mundo provavelmente já escutou.

A ‘casa da vó’ é uma das melhores lembranças da infância e é por isso que hoje apresentamos 20 frases típicas dessas avós incríveis, que com suas palavras transmitiram suas experiências e lições aos pequenos.

Frases típicas de vó !  Você provavelmente já ouviu alguma delas …

O clássico “ Vai comer sim ” quando você se nega a comer alguma coisa do prato.

Ainda na refeição: “ Quem come quieto almoça e janta ! 

Desvira esse chinelo, menino. Quer que sua mãe morra ?

Ou caga ou sai da moita

Remédio pra doido é outro doido na porta !

Ô meu filho, não faz careta com esse vento. Já pensou se não volta? Você vai ficar com a cara feia para sempre.

Se você quiser casar,nunca deixe ninguém varrer seu pé, viu minha filha ?

Continuando as superstições… 

“ Nossa fia, sua orelha está vermelha. Deve ter alguém falando mal de você, cuidado.

Menina, fecha esse guarda-chuva dentro de casa. Isso dá azar !

Para de falar isso !  Bate na madeira três vezes pra afastar essa desgraça.

(Caindo uma tempestade) “ Corre, meu filho !  Vai cobrir os espelhos se não vai atrair raio.

Só quando eu morrer você vai sentir falta da vó ”. As frases em terceira pessoa são clássicas !

Pega aqui pra vó não ter que abaixar !

(Você saindo do banho descalço) “ Menino !  Quer ficar com a boca torta ?  Vai logo colocar uma chinela.

Ai minha nossa Senhora ! Você engoliu o chiclete? Vai ficar grudado no seu estômago, minha filha.

Meu filho, nunca tome manga com leite, viu?  Isso pode te matar

Para de brincar com o fogo, menino. Quer fazer xixi na cama?

Esse menino tá demorando muito pra começar a falar. Vamos colocar um pintinho pra piar aqui perto da boca dele, quem sabe dá um jeito.

E a mais clássica : “ Nossa senhora, minha filha. Tá carregada ein? Vem aqui que a vó vai te benzer.

E aí, você se identificou com alguma?




Capela



Quanta saudade sinto da 
Nossa casinha 
Bem pertinho da pracinha 
Da matriz lá do lugar 

Ainda criança 
Eu vibrava de alegria 
ouvindo a melodia 
Dos sinos a tocar 

Quanta saudade 
Das fogueiras de São João 
Dos arvoredos 
Enfeitados de balão

Daquela gente com pés no chão 
Feliz rezando 
A bandinha ia tocando 
No final da procissão 

E aos domingos 
Levantava bem cedinho 
Vestia o meu terninho 
E corria pra capela 
Rezava apenas uma Ave-Maria 
Porque o que eu queria era estar 
Pertinho dela 

Quanta saudade das 
Gangorras de cipó 
Quando escondia 
Os chinelos da vovó 
Da escolinha 
9, 8, 16 
Ai meu Deus que bom seria 
Ser criança outra vez 

E aos domingos
Levantava bem cedinho
Vestia o meu terninho
E corria pra capela
Rezava apenas uma Ave-Maria
Porque o que eu queria era estar
Pertinho dela

Quanta saudade das
Gangorras de cipó
Quando escondia
Os chinelos da vovó
Da escolinha
9, 8, 16
Ai meu Deus que bom seria
Ser criança outra vez

Ai meu Deus que bom seria 
Ser criança outra vez

Ai meu Deus que bom seria 
Ser criança outra vez. 





M
eus oito anos

Casimiro de Abreu


Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
De despontar da existência!
– Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor!

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia

Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d´estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh! dias de minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberto o peito,
– Pés descalços, braços nus –
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;

Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!

[…]

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
– Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!



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Um amor tão grande... que aprendemos com ele o nosso enorme desejo de viver.!...


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11 perguntas comuns após a morte de uma pessoa querida








A morte de uma pessoa querida nos provoca grande pesar e nos faz entrar em um estado de letargia do qual parece que nunca mais vamos sair. Esse é um estado natural após uma perda, é o luto que aparece de maneira única em cada pessoa.

Porque quando alguém se vai, alguma coisa se quebra dentro de nós. É um sentimento difícil de explicar que envolve milhares de pensamentos e perguntas para as quais às vezes não temos resposta.

Para cuidar desses sentimentos e nos ajudar, devemos nos permitir explorar e trazer à luz aquelas perguntas que nos atormentam e que conduzem nossa mente. Falar e não calar é essencial. As repostas para isso são bastante variadas, podendo ir desde o choro e a ansiedade até a tristeza e o medo.

É fundamental darmos tempo a nós mesmos para reagir e nos preparar, assim como permitir que as pessoas que quiserem nos acompanhar nos acompanhem. O silêncio, o olhar, o tato e a presença sem demonstrações de pressa ou desconforto têm mais valor que as palavras nesses momentos.

" Olho para o céu e tento ver você entre tantas estrelas, busco entre as sombras a sua imagem perdida.
Eu desenho seu rosto nas nuvens que vejo passar, viajando sem rumo fixo e me guiando pela Lua, pergunto:
Onde está você?
E, em seguida, meu peito se agita me dando a resposta com uma lágrima derramada que me faz compreender de novo: Você não está aqui, mas continua no meu coração."    - Autor desconhecido -



11 perguntas e 11 respostas após a morte de uma pessoa querida

Embora cada pessoa sinta a morte de uma pessoa querida de maneira diferente, há algumas perguntas que são comuns durante o luto. Não podemos ignorar essa realidade, pois acrescenta muitas preocupações e incertezas ao nosso estado emocional. Vamos analisar as mais frequentes (Martínez González, 2010):

1. Eu vou me esquecer da sua voz, da sua risada, do seu rosto?

Quando uma pessoa próxima falece, nós empregamos todo o nosso empenho na atitude de mantê-la presente no nosso cotidiano. Nós sentimos que não lembrar da risada, do olhar, do rosto e da forma de caminhar seria trair a pessoa. No entanto, o tempo faz com que a lembrança se torne menos nítida e com que as dúvidas nos invadam, gerando a possibilidade de esquecer aquilo que fisicamente a definia.

Nessa situação devemos saber que, embora a pessoa querida não esteja mais conosco e não possamos mais tocá-la ou escutá-la, ela permanece no nosso coração. O afeto e os momentos vividos permanecem no nosso coração e nada nem ninguém poderá tirar isso de nós, nem mesmo o tempo.

2. Estou ficando louco? Será que vou conseguir suportar?

A morte de uma pessoa querida provoca um estado de choque, de bloqueio, que é extremamente difícil e alienante. Tantas emoções juntas geram a sensação de que perdemos o controle sobre nós mesmos. Pode-se afirmar que quase sempre isso se constitui como uma fase transitória necessária para absorver o acontecimento, é como um mecanismo de defesa que aliena nossa grande força interior para reunir as energias de que precisamos para sair dessa situação e continuar com a nossa vida.




3. Quanto tempo isso dura?

A resposta a essa pergunta é extremamente variável, pois o tempo depende das circunstâncias, das características pessoais, da relação que nos unia, do modo como aconteceu essa perda, etc. No entanto, o primeiro ano é muito difícil, pois tudo nos lembra a pessoa falecida na medida em que as datas marcantes do calendário vão passando. O primeiro Natal, os primeiros aniversários, as primeiras férias, etc.

O primeiro sofrimento por não poder compartilhar os acontecimentos, as conquistas e os sentimentos com essa pessoa nos fazem reviver a tragédia de maneira constante. Contudo, podemos dizer que esse tempo interno não é um tempo passivo, pois nos ajuda a aceitar a morte e a conviver com ela lentamente.

4. Eu vou voltar a ser como antes?

A resposta é NÃO. Evidentemente a morte de uma pessoa querida nos marca e parte nosso coração, o que nos muda inevitavelmente. Nós perdemos partes de nós mesmos, partes que se vão com essa pessoa. Amadurecemos em alguns aspectos, restabelecemos nosso sistema de valores, damos importância a coisas diferentes, pensamos de maneira diferente. Tudo isso constitui um aprendizado que frequentemente se transforma em um compromisso maior com a vida.

5. Por que aconteceu isso comigo? Por que você foi embora? Por que agora?

Em uma tentativa desesperada de compreender o incompreensível e o injusto, nos fazemos esse tipo de pergunta. Elas têm a função de nos ajudar a repassar, a analisar e a compreender a realidade de maneira racional, pois sentimos a necessidade de controlar e conduzir a situação para combater a angústia.

A morte de uma pessoa querida sempre é inoportuna e indesejável. Na ausência de respostas acabaremos nos perguntando um “para quê”, o que será muito mais adaptativo para reestruturar a nossa experiência e o nosso luto.

6. Estou doente?

Não. A angústia e os sentimentos dolorosos após a morte de uma pessoa querida não constituem uma doença, e sim um processo natural do qual devemos cuidar.Isso não quer dizer que não devemos dar especial atenção a essa situação, sempre devemos refletir adequadamente sobre esse momento. Vamos precisar de um tempo determinado para nos recuperar e restabelecer um equilíbrio psicológico que nos permita lidar com as nossas emoções e os nossos pensamentos.

7. Eu preciso de ajuda psicológica?

É saudável não se sentir bem durante o período do luto. Nos primeiros momentos, a pessoa que está de luto precisa expressar, falar e relembrar a pessoa ausente de maneira constante muitas e muitas vezes. Algumas pessoas precisam de um profissional que marque os limites do mal-estar, assim como que os escute, os acompanhe e os compreenda incondicionalmente.

A terapia oferece isso, mas, sem dúvidas, nem todo mundo precisa de ajuda terapêutica para percorrer esse caminho. Portanto, isso vai depender das condições pessoais de cada um.

8. O que faço com as coisas da pessoa?

As reações costumam ser extremas. Algumas pessoas se desfazem de tudo com base na ideia de que esse ato vai diminuir a dor da lembrança, enquanto outras guardam tudo da mesma maneira que o falecido as deixou. Ambas as reações nos indicam que não há aceitação da perda, por isso é aconselhável ajudar essa pessoa a assimilar a ausência.

Não há uma maneira mais saudável de reagir, mas o que não se pode é ter uma reação extrema. O mais saudável é ir se desfazendo ou distribuindo as coisas pouco a pouco, conforme vamos tendo forças e assimilando a perda. No entanto, precisamos ter em mente que guardar aquelas coisas de maior valor sentimental nos ajudará a nos lembrar com carinho e afeto dentro do significado que dermos.

9. O tempo cura tudo?

O tempo não cura tudo, mas, sem dúvidas, nos oferece uma nova perspectiva. Ao acrescentar experiências e tempo no caminho, colocamos distância entre o doloroso acontecimento e o presente. Isso nos faz escolher tomar uma ou outra atitude em relação à vida: podemos ter uma atitude derrotista ou podemos ter uma atitude de superação. O tempo nos ajuda a repensar sobre tudo.




10. Quando o luto acaba?

O luto acaba quando voltamos a mostrar interesse pela vida e pelos vivos.Quando as energias são empregadas nas relações, em nós mesmos, nos nossos projetos e em nos sentirmos melhores, é quando começamos a renovar nossa esperança na vida.

Ele acaba no momento em que já conseguimos nos lembrar da pessoa com carinho, com afeto e com nostalgia, mas a lembrança não nos traz uma dor profunda, um estado emocional eterno.

11. O que posso fazer com tudo isso que eu sinto?

Após o turbilhão de emoções e sensações que nos prenderam, nos encontramos com a perspectiva da utilidade. Cada uma dessas manifestações tem um significado íntimo que precisamos trabalhar, explorar e decifrar para nos reconstruirmos. Escrever pode nos ajudar, ouvir música pode nos levar a processar as emoções ou também realizar alguma atividade significativa para nós mesmos.

Isso nos ajudará a agradecer e a lembrar com carinho da pessoa falecida, a qual nunca vai nos abandonar porque permanecerá para sempre em nós, em forma de lembranças e aprendizados. Nós seremos sua essência, uma essência que nunca vai desaparecer.


Ilustração principal de Mayra Arvizo

Referências bibliográficas:

Martínez González, R.M. (2010). Cicatrices en el corazón tras una pérdida significativa. Bilbao: Desclée de Brouwer.










Expressar amor por aqueles que não estão mais presentes





Quando alguém amado falece, se instala um paradoxo em nossas vidas: morre a pessoa, mas não o amor que sentimos por ela. De algum modo, nós ficamos abarrotados de um sentimento que parece não ter dono. O próximo passo é passar pelo luto. No entanto, nesse processo também é válido e necessário expressar o amor pelos que já não estão presentes.

Sabe-se que existe um processo de dor pessoal, mas também existe um social. Ele está relacionado com os enterros, os pêsames, as visitas de cortesia, etc. Atualmente, essa fase é incrivelmente curta. Assume-se que, em poucos dias, você deve estar pronto para voltar à sua vida “normal”, e que a sua tarefa é fazer o que estiver em suas mãos para esquecer. Colocar de lado essa difícil experiência vivida. As dores extensas, ou muito intensas, incomodam as outras pessoas.

“ Quando minha voz se calar com a morte, meu coração vai continuar falando."    – Rabindranath Tagore –

Às vezes, você consegue se adaptar a essas normas sociais e, em pouco tempo, voltar à sua rotina, cada vez com mais convicção. Pode ser que você sinta vontade de chorar ao ver uma linda tarde, mas se contenha. Também pode acontecer que algo em você resista a dizer adeus, e comece a ser difícil conviver consigo mesmo e com as outras pessoas. É possível que, em ambos os casos, necessitemos expressar o amor por aqueles que já não estão presentes.

Honrar aqueles que não estão mais presentes

No sentido estrito, nenhuma das pessoas que amamos morre dentro de nós. Algo delas sempre fica, inclusive sem que nós percebamos isso. Existe uma parte de cada um de nós que está habitada por essas presenças, apesar delas serem percebidas como ausências. Os afetos também não morrem. Eles empalidecem, ou reestruturam as suas expectativas, mas continuam aí.


Por isso, em todas as culturas sempre existiu um conjunto de tradições para honrar as pessoas que já não estão presentes. No Ocidente é comum visitar os túmulos, levar flores e talvez rezar. Este tipo de hábito foi sendo perdido. Os cemitérios não são mais lugares onde a gente queira estar. Na verdade, nós ficamos sem meios para expressar o amor por aqueles que não estão mais aqui.

As ações destinadas a honrar as pessoas que já se foram não são um simples convencionalismo. Elas têm um sentido que é, em princípio, a possibilidade de expressar o nosso amor. Talvez fosse mais exato dizer que se tratam de rituais que nos ajudam a colocar paz nessas ausências que moram dentro de nós. Reencontrar-nos com elas, elaborar o luto e olhá-las nos olhos.

Expressar amor por aqueles que se foram

Persistir na dor das perdas é tão nocivo quanto desviar o olhar para outro lugar e simular que o que aconteceu ficou para trás. As pessoas que se foram, aquelas que amávamos profundamente ou que tiveram um papel decisivo em nossas vidas, seguem aí, falando conosco.

Eles voltam nos momentos de solidão, nos lutos posteriores. Vivem aqui e voltam em forma de uma ansiedade passageira, de uma tristeza que não acaba de ir embora, ou de um sentimento de desamparo que se transforma em vertigem, em dor de cabeça, em um sentimento de confusão.

Por isso, todas as culturas ancestrais honravam quem já não estivesse presente. Eles sabiam que era muito importante expressar o seu amor por eles.

Apesar de dizerem que nós, seres humanos, somos fundamentalmente parte do presente, talvez seja mais exato indicar que somos, especialmente, parte do passado. Nós somos uma história que continua sendo contada, dia após dia. Daí a importância de não perder a perspectiva de tudo que nos precede.

Formas de expressar o nosso amor

Uma das tradições mais bonitas do mundo é a do Dia dos Mortos, no México. É uma celebração bem parecida com um ritual e o Carnaval. No dia 1 de novembro as pessoas amadas que já faleceram são recordadas. Eles exibem as suas fotografias, suas recordações, e aqueles que se foram voltam a ser protagonistas no mundo dos vivos.

Os mexicanos escrevem cartas, improvisam altares, rezam. Também estão presentes nos cemitérios e fazem serenatas, cantam, declamam para os seus entes queridos. Resumindo, eles dão visibilidade a esses fantasmas, lhes dão forma e falam com eles. Declaram que o esquecimento é impossível e se reencontram com os seus ausentes.


Seria saudável que cada um de nós pudesse fazer o seu próprio ritual para invocar aqueles que já se foram. Para expressar amor por aqueles que não estão mais entre nós. Reencontrar-nos com a sua lembrança, com a marca que eles deixaram.

É preciso reconhecer que existe um vínculo afetivo que nem a morte pode romper. Assumir que nós avançamos pela vida com nossas perdas e apesar delas. Compreender que o único destino possível não é o vazio, nem o esquecimento.





Saudade tem sono leve






Alessandra Piassarollo

Saudade é um sentir que atinge principalmente os corações que cultivam apreço pelas coisas vividas. Mário Quintana disse que “a saudade é o que faz as coisas pararem no Tempo.” Mas só vale a pena se isso for feito de um jeito bom, é claro.

O fato é que ela tem um poder encantador de nos transportar para dentro de nós, de volta para o que já nos pertenceu um dia, mas que agora parece distante demais.

A saudade tem sono leve, levíssimo, e muitas coisas a fazem despertar dentro da gente: o barulho suave da chuva caindo lá fora, descanso no banco da varanda, um travesseiro macio no fim do dia, momentos de reflexão solitária.

Às vezes, ela desperta calma e silenciosa, quase sorridente. E, de repente, nos traz aquelas lembranças boas: o cheiro da comidinha da vó que não está mais entre nós; os natais e festas em famílias; os amigos que viraram pássaros e decidiram migrar para longe; as saudade do tempo em que éramos felizes e não sabíamos, ou pelo menos, quando achávamos que as coisas eram assim.

Por vezes gostaríamos que a saudade tivesse poder de máquina do tempo e nos levasse até aquele momento, ou àquele alguém que ficou para trás, mesmo que fosse para uma última vez.

Mas, se for mal acordada, ela pode ser um turbilhão capaz de nos deixar desatinados. Porque nem sempre a saudade nos remete a momentos felizes, ainda que gostássemos que essa fosse a regra. Algumas lembranças causam dor, pois armazenamos com elas todos os traumas, medos e decepções sofridos, embora saibamos que não devíamos deixá-los ir tão fundo, dentro de nós.

É uma pena dizer que nem todos sabem ser saudosos. Tem gente que se despedaça demais diante de uma lembrança. E acaba ficando difícil colar os cacos porque a pessoa vive se quebrando, cada vez que a saudade desperta dentro dela.

Essa saudade doída precisa ser curada e o tempo é um dos aliados nesse processo. Conforme avança ele tem o poder de recolorir as memórias. E torna-se desnecessário fugir a cada lembrança: aprendemos a conviver pacificamente com elas.

Em casos mais extremos, existe a possiblidade de assumir que passado é passado e que se ele causa dor, pode permanecer em sono profundo, sem necessidade de despertar.

Mas, se as lembranças são queridas, dos tempos idos de escola, daquele primeiro amor com ares de inocência, das escaladas em árvores e brincadeiras de roda, ou outras memórias que sejam gostosas de guardar, deixe que despertem de vez em quando. Elas sempre trazem um pouquinho de felicidade quando acordam.

Rubem Alves ensinou que “a saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar”. Que ela nos leve para nossas melhores lembranças e depois, que adormeça para desfrutarmos melhor o tempo presente.

Já sabemos que a saudade tem sono leve e logo, logo despertará novamente.



Postado em Conti Outra 







A maior saudade que nós vamos sentir na vida é saudade de mãe … pois é saudade de nós mesmos !



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Fabíola Simões 

Uma das lembranças mais doces da minha infância é a voz da minha mãe, no átrio da igrejinha que frequentávamos, animando as crianças da catequese com suas canções habituais. Ela era a coordenadora das catequistas, e embora eu me ressentisse da estreita possibilidade de tê-la só para mim, me orgulhava de vê-la tão dinâmica, alegre e confiante.

Os anos se passaram e nos mudamos de paróquia, de cidade, de vida. Cresci, amadureci, me despedi. Porém, de vez em quando ouço a melodia conhecida e volto a enxergar minha mãe, no auge de seus trinta e poucos anos, gesticulando e pedindo para cantar com mais entusiasmo. De vez em quando antecipo a saudade que um dia vou ter e me comovo ao recordar a mulher independente, segura e muito amorosa que ela ainda é.

A maior saudade que vamos sentir na vida é saudade de mãe. Pois a vida tem caminhos incompreensíveis, e tudo se ajeita num colo de mãe. Numa palavra doce ou mesmo numa bronca amarga feito café sem açúcar. Mas ainda assim, numa certeza de que logo tudo ficará bem.

Ter saudade de nossas mães é ter saudade de nós mesmos. Pois mãe é lembrete. Mãe nos ensina que, mesmo que a vida caminhe, que a gente adquira experiências boas ou ruins, que a gente endureça com os tombos e fissuras, ainda assim sempre existirá um recanto dentro de nós a nos lembrar que a vida não precisa ser dura para nos ensinar algo; que amor e tolerância também são jeitos eficazes da gente crescer e aprender.

Mãe é a voz que não sai de dentro da gente mesmo que a gente tenha acumulado tempo de sobra, dinheiro no banco e muita especialização. Pois por trás de cada gabinete com ar condicionado e nó na gravata, há uma mulher que já deu broncas, mandou que raspasse o prato e lembrou de levar o casaco.

Mãe é parceira das horas certas e também incertas. É ombro nos arrependimentos e bronca construtiva nas escolhas mal feitas. Mãe é censura e também ternura, cheiro de afeto e lembrete de “engole o choro”, intuição abundante e prece incessante.

Ao nos lembrar de nossas mães, nos lembramos de quem fomos. Pois a construção e lapidação de nossa existência se confunde com antigos sons chamando no portão, cheiro de perfume conhecido borrifado nos pulsos, lembrança de arrumar a cama e tirar os pés do sofá, assobio afinado, vestido lavado e delicadeza em forma de cuidado.

Não há saudade maior que saudade de mãe. Pois mãe muda de casa, mas não sai de dentro da gente. Mãe muda de estado, mas não se desliga. Mãe percebe que o filho cresceu, mas não desiste. Mãe carimba passaporte, mas não sai de perto.

O tempo em que minha mãe cantava na catequese ficou lá atrás, junto com meus oito anos e muitas lembranças. Hoje, depois de tanto chão e muitos acertos e desacertos, separações e recomeços, perdas e ganhos, ela nos emociona cantando no coral do Círculo Militar da cidade que escolheu para morar. Antecipo a saudade que vou sentir absorvendo cada acorde do momento presente e tentando repetir com meu filho a construção de lembranças tal qual ela fez comigo e com meus irmãos. Sei que ela será minha maior saudade, a falta que vou sentir diariamente, e por isso insisto em sentir-me grata e amparada por sua voz suave, seu abraço apertado, seu cheiro doce e seu beijo terno.

Hoje eu gostaria de lhe oferecer uma música da minha infância. Está tudo tão distante, mas o refrão ainda ecoa em meus ouvidos. Vem, me dá sua mão. Chega aqui perto e me deixa cantar baixinho: “Se eu pudesse eu queria outra vez, mamãe, começar tudo, tudo de novo…”


*O título deste artigo alude a uma citação de autoria atribuída ao Padre Fábio de Melo.


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Sabor de Mãe


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Tudo que ela queria era a comida da mãe, que mora longe – e uma surpresa lhe esperava em um restaurante



O amor de mãe pode ser sentido não só nos grandes gestos, mas também nas memórias mais cotidianas, como o sabor de uma comida que somente nossa mãe sabe exatamente como fazer – e que nosso coração jamais esquece. 


Como homenagem de dias das mães, a Supergasbras realizou o experimento Inove no menu – tempero de mãe, com Manu, uma cearense de 23 anos que mora em São Paulo, longe de Dona Dalva, sua mãe, que mora em Fortaleza, para falar da saudade de quem justamente vive distante.

Manu havia comentado o quanto sentia falta do assado de panela que só sua mãe sabe fazer. Sua amiga Lívia serviu de cúmplice, levando Manu a um restaurante para comer justamente um assado. Conforme foi provando o prato, a jovem foi se espantando com a semelhança entre os sabores – era como se estivesse novamente comendo a comida de sua mãe. Até a maçã no salpicão estava na receita do restaurante.




Qual não foi a surpresa de Manu, quando a chef foi convidada à mesa para receber os parabéns dos clientes pela qualidade do prato, ao descobrir que ela tinha razão: quem tinha cozinhado seu almoço havia sido mesmo sua mãe – trazida de Fortaleza a São Paulo (quando viajou de avião pela primeira vez) para matar as saudades da filha. 

A comida preparada por Dona Dalva sempre foi, ao longo da vida de Manu, um símbolo do carinho que a mãe oferecia, especialmente diante do quanto sua mãe trabalhava. Por isso a especialidade do momento, e a certeza de que o amor de mãe pode ser sentido das mais diversas maneiras – inclusive pelo estômago. Junto da comida, a maior fonte de energia do ser humano – que nos mantém vivos e de pé – é, afinal, o amor. 


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