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5 frases maravilhosas de Federico García Lorca



Há almas aladas que quer olhar para fora, como uma janela cheia de sol.


Federico García Lorca é um dos poetas espanhóis mais conhecidos e lidos. Hoje, vamos descobrir algumas das suas melhores frases.

Podemos afirmar com segurança que Federico García Lorca é um dos poetas espanhóis mais conhecidos e lidos do mundo todo. Essa fama foi conquistada com os temas populares que sempre estiveram presentes em suas obras, bem como com a sua personalidade de menestrel moderno que permeou cada um de seus poemas. Por isso, hoje reunimos algumas frases de Federico García Lorca que consideramos dignas de destaque.

No entanto, antes de nos aprofundarmos em cada uma delas, é importante destacar que outro dos aspectos que deixaram famoso esse poeta espanhol foi sua morte trágica em 1936. A partir de então, obras como o Poema del Cante Jondo e o Romancero Gitano alcançaram uma difusão que tem se prolongado até os dias atuais. Com essa breve introdução, vamos descobrir juntos algumas das frases de Federico García Lorca que nos convidarão a refletir.

1. Uma das frases de Federico García Lorca sobre a vida

“Rejeitai a tristeza e a melancolia. A vida é gentil, tem poucos dias, e só agora a aproveitamos”.

Essa é uma das primeiras frases de Federico García Lorca que traz à mente um dos tópicos latinos mais conhecidos: carpe diem. Pois bem, esse poeta, apesar de ter consciência dos infortúnios da vida, destaca a importância de aproveitar.

Muitas vezes as pessoas se prendem à reclamação, uma situação que nos faz recuar para dentro de nós mesmos e perceber tudo ao nosso redor de uma forma negativa. No entanto, basta ler alguns artigos, como Una disminución de las quejas de memoria se asocia con una mejoría en el estado de ánimo: un estudio de seguimiento a los doce meses en pacientes deprimidos (Uma diminuição das reclamações de memória está associada a uma melhora no humor: um estudo de acompanhamento de doze meses em pacientes deprimidos), para saber que é necessário reclamar menos e aproveitar mais.

2. Chorar é necessário

“Eu quero chorar porque estou com vontade.”

Federico García Lorca já afirmava essa ideia de forma clara e simples. Chorar não é uma ação que deva ser escondida ou que mereça ser controlada para o nosso próprio bem. Também não é uma expressão que deva ser questionada. Por isso, com apenas sete palavras, Lorca dá uma lição sobre o choro.

Quantas vezes já choramos e alguém ao nosso redor tentou nos acalmar dizendo “não chore?” É importante deixar essa emoção sair. Podemos chorar de tristeza, de alegria, porque estamos desanimados ou porque nos lembramos de uma pessoa que perdemos. Podemos até chorar sem motivo.

3. Ficar calado é a pior autopunição

“Ficar calado e se consumir é o maior castigo que podemos dar a nós mesmos.”

A terceira das frases de Federico García Lorca está presente da tragédia que escreveu em versos, intitulada Bodas de Sangue. Nela, o silêncio é como um fardo, e pode não apenas nos causar sofrimento, mas também ir contra o nosso bem-estar.

Assim como chorar é uma forma de expressar as emoções, falar em vez de ficar calado é uma forma de expressar algo que precisamos comunicar.

4. A solidão nas frases de Federico García Lorca

“A solidão é o grande escultor do espírito.”

A solidão pode ser um ponto de apoio para o crescimento, mas também a pedra que nos afunda. Muitas pessoas fogem da solidão, sentem pânico ao ficar sozinhas e fazem o possível para não se encontrar nessa situação. Porém, como bem nos mostra Federico García Lorca, a solidão pode nos permitir saber quem somos.

Mas esse não é o único fim da solidão. A verdade é que, quando bem administrada, é um espaço para a clarividência: nos ajuda a identificar aquilo de que temos tanto medo para conseguir curá-lo.

5. Esconder a dor é um erro

"Porque você acredita que o tempo cura e que as paredes cobrem, e isso não é verdade, não é verdade.”

A última das frases de Federico García Lorca nos permite refletir sobre toda a dor na qual costumamos colocar um curativo, mas que continua presente mesmo quando retiramos esse curativo anos depois. Portanto, olhar para o outro lado, ignorar a dor ou colocar um curativo não são as melhores opções.

Esperamos que essas frases de Federico García Lorca lhe tenham trazido reflexões sobre diferentes aspectos da vida, bem como alertado para as reclamações ou atitudes que podem fazer mal a você. Você já leu algum livro de Federico García Lorca? Você se lembra de algum poema dele que o marcou?





ESTE É O PRÓLOGO

Deixaria neste livro
toda a minha alma.
este livro que viu
as paisagens comigo
e viveu horas santas.

Que pena dos livros
que nos enchem as mãos
de rosas e de estrelas
e lentamente passam !

Que tristeza tão funda
é olhar os retábulos
de dores e de penas
que um coração levanta !

Ver passar os espectros
de vida que se apagam,
ver o homem desnudo
em Pégaso sem asas,

ver a vida e a morte,
a síntese do mundo,
que em espaços profundos
se olham e se abraçam.

Um livro de poesias
é o outono morto:
os versos são as folhas
negras em terras brancas,

e a voz que os lê
é o sopro do vento
que lhes incute nos peitos
- entranháveis distâncias.

O poeta é uma árvore
com frutos de tristeza
e com folhas murchas
de chorar o que ama.

O poeta é o médium
da Natureza
que explica sua grandeza
por meio de palavras.

O poeta compreende
todo o incompreensível
e as coisas que se odeiam,
ele, amigas as chamas.

Sabe que as veredas
são todas impossíveis,
e por isso de noite
vai por elas com calma.

Nos livros de versos,
entre rosas de sangue,
vão passando as tristes
e eternas caravanas

que fizeram ao poeta
quando chora nas tardes,
rodeado e cingido
por seus próprios fantasmas.

Poesia é amargura,
mel celeste que emana
de um favo invisível
que as almas fabricam.

Poesia é o impossível
feito possível. Harpa
que tem em vez de cordas
corações e chamas.

Poesia é a vida
que cruzamos com ânsia,
esperando o que leva
sem rumo a nossa barca.

Livros doces de versos
sãos os astros que passam
pelo silêncio mudo
para o reino do Nada,
escrevendo no céu
suas estrofes de prata.

Oh ! que penas tão fundas
e nunca remediadas,
as vozes dolorosas
que os poetas cantam !

Deixaria neste livro
toda a minha alma ...


Federico García Lorca (1898-1936) foi um poeta e dramaturgo espanhol. Considerado um dos grandes nomes da literatura espanhola, levou para sua poesia a paisagem e os costumes da terra natal. Foi um dos maiores representantes do teatro poético do século XX. Foi fuzilado por fascistas no dia 18 de agosto de 1936, numa estrada nas proximidades de Viznar em Granada, Espanha. 


" Agora estão me levando, mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém, ninguém se importa comigo."




Resultado de imagem para Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na Segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada.






INTERTEXTO

Bertolt Brecht


Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.



NO CAMINHO COM MAIAKÓVSKI

Eduardo Alves da Costa

Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakóvski.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.
Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.

Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na Segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.

Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne a aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas ao tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo,
por temor aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!



Apesar das sombras do Golpe e seus personagens que pairam sobre o Brasil, 

não percamos a Esperança e a Fé ! 







Músicas :

Ave Maria - O Guarani, de Carlos Gomes

Aquarela do Brasil, de Ari Barroso, canta Alexandre Pires