Mostrando postagens com marcador banco. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador banco. Mostrar todas as postagens

Casamento MBL & Bolsonaro : os jovens à frente da campanha do cancelamento da mostra no Santander. Por Kiko Nogueira






Casamento MBL & Bolsonaro : os jovens à frente da campanha do 

cancelamento da mostra no Santander



Felipe Diehl


Kiko Nogueira

O caso do cancelamento de uma exposição no Santander Cultural em Porto Alegre abre um precedente grave na violação à liberdade de expressão no Brasil e à democracia.

O banco se dobrou a pressões de uma militância de extrema direita indigente, unida a políticos como o prefeito Nelson Marchezan Jr, do PSDB, e o deputado estadual Marcel Van Hattem, do PP.

“Entendemos que algumas das obras da exposição Queermuseu desrespeitavam símbolos, crenças e pessoas, o que não está em linha com a nossa visão de mundo”, afirmou a instituição em nota.

“Pedimos sinceras desculpas a todos os que se sentiram ofendidos por alguma obra que fazia parte da mostra”.

Dois cidadãos de bem foram decisivos nessa censura à moda nazista (leia aqui sobre a perseguição da Alemanha hitlerista à “arte degenerada”).

Eles representam a face mais visível da intolerância, da violência e da estupidez.

Felipe Diehl e Rafael Silva Oliveira (conhecido como Rafinha BK), são autores de vídeos que viralizaram, com mais 500 mil visualizações no Youtube.

Ligados ao MBL, cada um deles filmou sua invasão à mostra, com comentários que ajudaram a estigmatizar as obras como exemplos de “pedofilia”, “zoofilia” e “ataque às religiões cristãs”.

Esses argumentos foram adotados subsequentemente por milhares de idiotas úteis e “defensores dos valores da família”.

“Isso aqui é uma putaria, uma perversão. O curador dessa obra, Gaudêncio Fidelis, deveria estar preso”, afirma Diehl. “Eu vou continua filmando, pode chamar a polícia”, declara Rafinha BK, batendo boca com um segurança.


Rafinha BK


Os dois são velhos conhecidos de agitprops fascistas no Rio Grande do Sul. Como era de suspeitar, são fãs de Jair Bolsonaro.

Em seu Facebook, Diehl se apresenta como chefe do movimento “Direita Gaúcha”. Em maio de 2016, promoveu com amigos um “rolezinho reaça” no campus da UFRGS.

Vestindo camisetas com estampas de Bolsonaro, eles espalharam em centros acadêmicos de disciplinas como Letras, Ciências Sociais e História cartazes de seu ídolo. Acabou em confusão.

Em fevereiro último, foi expulso de um debate organizado pelo PC do B no auditório do Centro Cultural da UFMG. “Fui até lá para debater e acabei sendo agredido por não concordarem com meu posicionamento. Muitas pessoas usam camisas do Lula e da Dilma, por exemplo. Por que usar camisa do Bolsonaro é uma provocação?”, alegou.

Rafinha BK está proibido de entrar na Assembleia Legislativa de Porto Alegre, acusado de agredir a deputada Juliana Brizola.

Em junho, Rafinha foi parar na delegacia após se envolver numa briga com servidores durante protesto em frente à prefeitura.

A repórter Vitória Famer, então na rádio Guaíba, foi atacada nas redes. Ela contou quem é BK:

Ao receber a informação de que Arthur do Val, integrante do MBL e youtuber do canal MamãeFalei, havia sido encaminhado para a 17ª Delegacia de Polícia após confrontos com sindicalistas que protestavam em frente à prefeitura de Porto Alegre, fiz o meu trabalho como sempre faço: fui apurar todos os lados da história para levar aos ouvintes da Rádio Guaíba a melhor informação possível.

E para fazer isso, só me deslocando para a delegacia para ouvir os detidos.

Apurei que havia dois seguranças profissionais (o Rafael Silva Oliveira, mais conhecido como Rafinha BK, e o Marcio Gonçalves Strzalkowski, agressor confesso do professor Geovani Ramos Machado), além de assessores de um deputado estadual, dando apoio ao Arthur do Val.

O deputado mencionado é Marcel Van Hattem, do PP, que se referiu ao Queermuseu como “aberração” em suas redes sociais.

“Tenho amigos gays e de vários ouvi hoje a indignação por serem confundidos nessa mostra com quem é pedófilo ou adepto da zoofilia”, escreveu.

Essa gente decidiu o que é arte. Parabéns aos envolvidos. 



Postado em DCM em 11/09/2017




Intolerância e vacilação – quando a marca não sabe o que quer


O episódio do fechamento da exposição “Queermuseu”, em Porto Alegre, na semana passada, mostra mais do que simples intolerância. Salta aos olhos, no caso, a juniorização das instâncias de decisão institucional e mercadológica do patrocinador – Banco Santander – e que parece ser geral nas empresas brasileiras. Qualquer cidadão minimamente informado preveria que a mostra não escaparia de protestos de setores conservadores. O Santander, sua diretoria e seu departamento de marketing certamente tinham isso em conta. Se lançaram a exposição, é porque calcularam o eventual risco. No entanto, à menor grita dos articulados adolescentes conservadores do MBL, a instituição tremeu – e desistiu de uma decisão estratégica já em pleno curso. A ameaça dos garotos era boicotar o banco, manter uma campanha para que os clientes fechassem suas contas no banco espanhol. Um estudante mediano de comunicação sabe que esse tipo de debate, mesmo que conflituoso, como era o caso, só traz benefícios à marca. Liberdade é um valor que alguns vão à rua defender, mas a maioria apoia em silêncio. Por outro lado, bastava uma declaração de 15 minutos à imprensa, mostrando duas ou três obras expostas na Galeria Degli Ufizzi ou no (a turma adora!) Whitney Museum of Modern Art para acalmar de vez a classe média eventualmente incomodada (claro, os garotos do MBL seguiriam estrilando – e gerando justamente o efeito “falem-mal-mas-falem-de-mim”). Preocupa, no episódio, que apenas grupos defensores das causas LGBT tenham vindo a público para protestar. Essa não é uma causa gay. É uma causa da liberdade. Assim, interessa – e ameaça – a todos.



Postado no Blue Bus em 11/09/2017



SANTANDER LEVA SURRA AO CEDER A CENSURA DO MBL




A decisão do Santander de encerrar uma exposição em Porto Alegre em razão de protestos do MBL custou caro ao banco espanhol; acusado de ceder à censura promovida por grupos de extrema direita – e, para alguns, de índole fascista – o banco espanhol levou uma surra nas redes sociais; "A declaração do Santander é absolutamente inaceitável, se desculpando de ter ofendido pessoas por meio de uma exposição artística que tinha justamente por tema a diversidade. O mínimo que podemos fazer é mostrar ao banco que o encerramento da exposição vai gerar um custo ainda maior para a sua imagem", escreveu o filósofo Pablo Ortellado; no MBL, Kim Kataguiri reivindicou o crédito pela censura imposta ao banco, afirmando não se tratar de arte.


RS 247 – A decisão do Santander de encerrar uma exposição em Porto Alegre em razão de protestos do MBL custou caro ao banco espanhol; acusado de ceder à censura promovida por grupos de extrema direita – e, para alguns, de índole fascista – o banco espanhol levou uma surra nas redes sociais.

"A declaração do Santander é absolutamente inaceitável, se desculpando de ter ofendido pessoas por meio de uma exposição artística que tinha justamente por tema a diversidade. O mínimo que podemos fazer é mostrar ao banco que o encerramento da exposição vai gerar um custo ainda maior para a sua imagem e para a sua marca. Se deixarmos esses intolerantes determinarem o que se pode e o que não se pode ver, já sabemos onde vai dar. Cada vez os anos 2010 parecem mais com os anos 1930", escreveu o filósofo Pablo Ortellado, em seu Facebook.

"O Santander cedeu à pressão do MBL, a mais obscurantista organização surgida no desde a TFP", pontuou o escritor e jornalista Juremir Machado.

No MBL, Kim Kataguiri reivindicou o crédito pela censura imposta ao banco, afirmando não se tratar de arte. "O Santander cancelou uma amostra de 'arte' com material que contém pedofilia e zoofilia direcionado a publico escolar após pressão nas redes do MBL e de outros grupos de direita", escreveu.

Em protesto contra o encerramento da mostra, o Nuances - Grupo Pela Livre Expressão Sexual organiza nesta terça-feira (12) à tarde, em frente ao Santander Cultural, o Ato pela Liberdade de Expressão Artística e Contra a LGBTTFobia, "em defesa da liberdade de expressão artística e das liberdades democráticas". - Jornal do Comércio (http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/09/geral/584661-apos-protestos-santander-cultural-interrompe-exposicao-queer-neste-domingo.html)

Abaixo, algumas reações na internet:



Santander encerrou exposição de arte em SP hj devido ataques de membros da milícia fascista MBL. Brasil virou merda verde amarela e cretina



agora que a gente sabe que o santander cede à pressão vamo todo mundo lá renegociar o juros com pedra na mão



Inacreditável ver o Santander Cultural encerrar uma exposição antes do prazo por causa de milícias do MBL organizadas pelas redes sociais.



Santander cedeu à pressão do MBL, a mais obscurantista organização surgida no desde a TFP.



Postado em Brasil 247 em 11/09/2017









Leonardo Boff : Onde está o poder hoje no mundo




Resultado de imagem para poder dos bancos



Leonardo Boff


O deslocamento do poder dos Estados-nações para o lado do poder de uns poucos conglomerados financeiros deve preocupar todos os cidadãos do mundo.

Há um fato que deve preocupar todos os cidadãos do mundo: o deslocamento do poder dos Estados-nações para o lado do poder de uns poucos conglomerados financeiros que atuam a nível planetário, cujo poder é maior que qualquer Estado tomado individualmente. Estes de fato detém o poder real em todas as suas ramificações: financeira, politica, tecnológica, comercial, mediática e militar. 

Este fato vem sendo estudado e acompanhado por um dos nossos melhores economistas, professor da pós-graduação de PUC-SP com larga experiência internacional: Ladislau Dowbor. Dois estudos de sua autoria resumem vasta literatura sobre o tema: ”A rede do poder corporativo mundial” de 4/01/2012 e o mais recente de setembro de 2016: “Governança corporativa: o caótico poder dos gigantes financeiros.” 

É difícil resumir a mole de informações que se apresentam assustadoras. Dowbor sintetiza: 

“O poder mundial realmente existente está em grande parte na mão de gigantes que ninguém elegeu, e sobre os quais há cada vez menos controle. São trilhões de dólares em mãos de grupos privados que têm como campo de ação o planeta, enquanto as capacidades de regulação mundial mal engatinham. Pesquisas recentes mostram que 147 grupos controlam 40% do sistema corporativo mundial, sendo 75% deles bancos. Cada um dos 29 gigantes financeiros gera em média 1,8 trilhão de dólares, mais do que o PIB do Brasil, oitava potência econômica mundial. O poder hoje se deslocou radicalmente” (cf. Governança corporative op.cit)

Além da literaura específica, Dowbor se remete aos dados de duas grandes instituições que se debruçam sistematicamente sobre os mecanismos dos gigantes corporativos: o Instituto Federal Suiço de Pesquisa Tecnológica (que rivaliza com o famoso MIT dos USA) e o banco Credit Suisse, exatamente aquele que administra as grandes fortunas mundiais e que, portanto, sabe das coisas. 

Os dados aí arrolados por estas fontes são espantosos: 1% mais rico controla mais da metade da riqueza mundial. 62 famílias têm um patrimônio igual à metade mais pobre da população da Terra. 16 grupos controlam quase a totalidade do comércio de commodities (grãos, minerais, energia, solos, água). Pelo fato de os alimentos todos obedecerem às leis do mercado, seus preços sobem e descem à mercê da especulação, tolhendo a vastas populações pobres o direito de terem acesso à alimentação suficiente e saudável. 

Os 29 gigantes planetários, 75% são bancos a começar pelo Bank of America e terminando com o Deutsche Bank, são tidos como “sistemicamente importantes”, pois sua eventual falência (não esqueçamos o maior deles, o norteamericano Lehamn Brothers que faliu) levaria todo o sistema ao abismo ou próximo a ele, com consequências funestas para a inteira humanidade. O mais grave é que não existe nenhuma regulação para o seu funcionamento, nem pode haver, porquando as regulações são sempre nacionais e eles atual planetariamente. Não existe ainda uma governança mundial que cuide não só das finanças mas do destino social e ecológico da vida e do próprio sistema-Terra. 

Nossos conceitos se evaporam quando, nos recorda Dowbor, se lê na capa do Economist que o faturamento da empresa Black Rock é de 14 trilhões de dólares sendo que o PIB dos USA é de 15 trilhões e do pobre Brasil mal alcança 1,6 trilhões de dólares. Estes gigantes planetários manejam cerca de 50 trilhões de dólares, o equivalente à totalidade da dívida pública do planeta. 

O importante é conhecer o seu propósito e sua lógica: visam simplesmente o lucro ilimitado Uma empresa de alimentos compra uma mineradora sem qualquer expertise no ramo, apenas porque dá lucro. Não há nenhum sentido humanitário como, por exemplo, tirar uma pequeníssima parcela dos lucros para um fundo contra a fome ou a diminuição da mortalidade infantil. Para eles, isso é tarefa do Estado e não para os acionistas que só querem lucros e mais lucros. 

Por estas razões entendemos iracúndia sagrada do Papa Francisco contra um sistema que apenas quer a acumulação à custa da pobreza das grandes maiorias e da degradação da natureza.Uma economia, diz ele “que tem como centro o deus dinheiro e não a pessoa: eis o terrorismo fundamental contra toda a humanidade” (no avião regressando da Polônia em setembro). Chama-o em sua encíclica ecológica de um sistema anti-vida e com tendência sucida (n.55). 

Esse sistema é homicida, biocida, ecocida e geocida. Como pode tanta desumanidade prosperar sobre a face da Terra e ainda dizer: There is no Alternative” (TINA)? A vida é sagrada. E quando sistematicamente agredida, chega o dia em que ela se vingará, destruindo aquele que a quer destruir. Esse sistema está buscando o seu próprio fim trágico. Oxalá a espécie humana sobreviva.



Postado em Carta Maior em 24/10/2016