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Como erradicar os pensamentos negativos


A química do pensamento negativo | O TEMPO

Os pensamentos negativos não costumam ser bons aliados. Assim que eles surgem, nos enchem de dúvidas, preocupações e desqualificações. O psicólogo Marcelo Ceberio explica uma técnica para erradicá-los. Descubra-a a seguir !

Ainda não está claro para mim por que os seres humanos tendem a construir ideias catastróficas e negativas sobre os outros e sobre si mesmos, em vez de optar por pensamentos mais positivos. Hoje falaremos sobre como erradicar os pensamentos negativos.

É contraditório que, ao invés de apoiar o nosso lado mais valioso, aquele formado por nossas características positivas, potencialidades e atributos de valor, enfatizemos o flanco das nossas fragilidades, desvalorizações ou daquelas características que não possuímos. Momento em que somos agredidos por uma série de sensações e sentimentos autodesqualificantes.

A seguir, vou refletir sobre isso e explicar uma técnica para realizar o inverso, como uma possível estratégia para erradicar os pensamentos negativos.

Essa fauna cognitiva chamada de pensamentos

Alguns dos comportamentos que se desenvolvem em torno dessas sensações, que os psicólogos cognitivos chamam de “distorções cognitivas“, estão relacionados entre si apesar de apresentarem diferenças sutis. No entanto, o que é importante em tudo isso é o grau de negatividade e desvalorização que prevalece nas cognições, emoções e ações.

Muitas dessas ideias surpreendem e se proliferam como germes que invadem nossa mente e acabam criando dentro dela.
  • Por exemplo, pensamentos que nos corroem e que estão associados à impotência como “não vou conseguir”, “não sou capaz” ou “isso não é para mim, é demais”.
  • Crenças sobre o que os outros pensam, como se você pudesse ler a mente deles: “eles estão olhando muito para mim… tenho certeza de que estou mal vestido”, “eles estão falando de mim”.
  • Há também aqueles que, devido a um evento negativo mínimo, destroem tudo de positivo que foi feito.
  • O “eu deveria” ou “eu poderia ter feito” que sempre marcam o que deveria ter sido feito e o que não foi.
  • Pensamentos que predizem um futuro negativo ou catastrófico.
Em suma, são muitas as crenças que sustentam uma forte autodesvalorização e que nos levam a ver nos outros e em nós mesmos aspectos opacos e infelizes.

A questão é que essa fauna cognitiva catastrófica não permanece ancorada no pensamento, mas se move rápida e inexoravelmente para a ação, com as emoções consequentes. E a partir daí, uma bela e lamentável profecia é construída e se autorrealiza. 

Mas … mas …

Esses ruminadores negativos são desconfiados e, em alguns casos, tornam-se paranoicos, pois não é possível passar a vida pensando no que os outros pensam de você ou imaginando que o mundo está contra você.

Eles são grandes aliados do “mas”, uma fórmula linguística que aplicam à maioria de suas verbalizações de várias maneiras: “mas”, “uma pena que… ” ou “apesar…”. Todos essas interjeições que cancelam as declarações que fazem. Uma verdadeira armadilha.

O “mas” é um ponto de inflexão que quebra uma frase quando ela é positiva. 

Vejamos com exemplos: “ela é uma pessoa muito boa e em geral ela faz as coisas bem, mas… quando ela fica brava é terrível ”; “nos divertimos muito no fim de semana, não discutimos em nenhum momento… mas ele tem um carácter duvidoso e é um pouco mal-educado”.

O “mas” atrapalha os aspectos positivos gerados desde o início.

Em geral, as pessoas negativas e catastróficas raramente têm um discurso positivo no qual valorizam os outros ou a si mesmas; mesmo quando o fazem, elas acabam descarrilando e o invalidam com aquele “mas” que introduz uma descrição desvalorizadora, substituindo a primeira oração de valor.

É importante notar, embora já o tenhamos dito antes, que o “mas” também pode ser dirigido a si mesmo. Por exemplo: “a verdade é que foi bom fazer o dever de casa rápido, mas sempre faço no último minuto” ou “sou muito estudioso, pena que não sei falar com fluidez”.

Romper essa sistematização do uso do “mas” é bastante difícil, pois ele sempre gira a roda para o lado negativo. Trata-se de uma maquinaria inercial que faz com que tudo se repita e perpetue o ponto de vista negativo. Portanto, é difícil reduzir o mecanismo da negatividade em um giro de 180º ou passar do negativo para o positivo, mas não é impossível.

A técnica do ‘mas’ inverso para erradicar os pensamentos negativos

Um dos resultados mais eficazes é seguir passo a passo e usar a técnica do ‘mas’ inverso. Ela consiste em não evitar o fluxo de pensamentos negativos, muito pelo contrário: devemos deixá-los fluir, soltá-los e dizê-los. E, uma vez que eles forem expressos, o “mas” é usado para direcionar o discurso para o lado positivo.

Como mecanismo, esta técnica é semelhante ao que é sistematizado rotineiramente, mas transforma o negativo em positivo. Os exemplos a seguir ajudam a entender a estratégia:
  • “A bronquite me matou, perdi muitos dias de trabalho, MAS consegui descansar. Foram as miniférias que eu estava merecendo”.
  • “Eu deveria ter percebido que se tratava de uma pessoa ruim. No final, ela acabou me enganando, perdi um pouco de dinheiro, MAS ainda bem que não arrisquei mais. Isso me ensinou a ser mais cuidadoso nas minhas relações…“
  • “Eles estão olhando para mim porque estou com essa camisa florida, vão dizer que é ridícula, MAS como é bom poder me vestir como eu quero e ser livre. Eles estão me encarando? Eu não me importo, eu tenho que me concentrar mais em mim e me preocupar menos com os outros.”
O ‘mas’ inverso ou positivo consiste em extrair o aprendizado de uma situação. É algo parecido com perguntar a si mesmo o seguinte: “o que essa ideia me ensina?”; “que mensagem de aprendizado essa situação me transmite?”; “o que essa situação me ensina?”.

Essa técnica simples inicia uma espécie de negociação entre a desvalorização pessoal e o valor próprio. Devido à dificuldade de desativar o automatismo desqualificante de uma só vez, esta é uma etapa intermediária que nos permite perceber que nem tudo é uma catástrofe e que não existe uma situação inteiramente negativa; trata-se apenas de uma percepção pessoal desqualificadora.

Agora, leitor… termine este artigo com três “mas” positivos e comece a praticar !




O copo meio cheio . . .


Resultado de imagem para sorrindo e chorando

É no copo meio cheio que encontramos força e sentido. Priorizar o lamento é torturar a si mesmo


Larissa Bitar

Celular não carrega. Testo cinco tomadas diferentes. Viro de cabeça para baixo, bato na mesa, peço ajuda aos deuses que não estão ocupados com a guerra na Síria e os hospitais infantis. Resmungo. Tento mais cinco tomadas. Mas o infeliz está morto — assim como meu humor. A assistência técnica fica a 35 km, tenho que escrever o texto da semana, não possuo computador, preciso falar com minha mãe, quero olhar o Instagram e bater meu recorde no Candy Crush. Em ímpeto movido pela inabilidade de administrar imprevistos vou ao supermercado mais próximo — desses que oferecem queijo brie, cadeiras de praia e eletrodomésticos — e compro um aparelho novo. Despesa extra. Péssimo dia!

Foram longas horas destinadas a maldizer o celular pifado, mas nenhuma dedicada à satisfação de ter o problema solucionado. Foi testa franzida e dentes rangidos em protesto contra o gasto inesperado, mas zero sorriso em agradecimento pelo privilégio de poder imediatamente adquirir o novo objeto. Foi mais uma vez o espírito mimado, volúvel aos inevitáveis contratempos cotidianos, reagindo com furor às contrariedades e ignorando, solenemente, a parcela positiva da vida.

Era só um celular sem importância em um dia comum. Às vezes é o pneu do carro, outras o atraso do médico, a briga conjugal, a conta estourada e a dor na coluna. E como não torcer o nariz? É legítima a vontade de jogar o sapato na parede, de fechar os vidros do carro e gritar um palavrão, de abraçar o travesseiro em noites cinzas nas quais o peito só quer descansar em silêncio. Pretender exterminar dores e irritações é negar a própria condição humana, é render-se à descaradamente utópica ideia de que felicidade é questão de boa vontade. Há que ser equilibrista na corda bamba que alterna bem estar e dissabores. No entanto, eleger lamentos como muleta é atirar no próprio pé enquanto segue a travessia.

Sempre tive um pouco de resistência aos que acordam cantando e gargalham sem motivo. Olhava com desconfiança para aquela criatura que parecia brotar de um musical da Disney em plena segunda-feira de trânsito pesado e boletos atrasados. Apostava comigo mesma que mais cedo ou mais tarde os passarinhos verdes haveriam de ceder espaço ao Demônio da Tasmânia que mora em cada um de nós e a hashtag “gratidão” daria lugar a indiretas amargas no Facebook. Até que entendi que, com exceção de alguns poucos que forjam positividade para alimentar vaidades, há um número enorme de pessoas ensinando genuinamente as vantagens de enxergar o mundo com olhos mais otimistas.

É o velho e pertinente clichê que nos provoca a olhar o copo meio cheio e abrir mão do vício emocional de asfixiar bons momentos com doses cavalares de reclamações. Uma espécie de convite para percebermos na cama quente, na casa segura, no filho saudável e na comida farta algo maior que mera trivialidade. Não é fácil (e como eu sei) romper com os murmúrios que direcionam o holofote para a falta. Não é fácil reconciliar-se consigo na decisão de dar ênfase à fatia próspera da vida, na qual residem força e sentido para seguirmos adiante. Porém, é necessário jogar no ralo o veneno da lamúria e nutrir a alma reconhecendo as alegrias que nos dão sustentação. Em cada dádiva aparentemente banal está a possibilidade de suportar com semblante leve percalços incômodos.

Quatro dias após a compra do novo celular (já devidamente lançada na fatura do cartão de crédito), resolvi tentar carregar o antigo, por simples curiosidade. Funcionou. Xinguei baixinho… com um discreto e inusitado riso no canto da boca.



Postado em Bula