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O emocionante encontro entre Michael J. Fox e Christopher Lloyd

 

Impossível não chorar vendo o reencontro entre Michael J. Fox e Christopher Lloyd. 37 anos após o filme "De Volta para o Futuro", todos ficamos impressionados com a forma como o Parkinson afetou o amado Marty McFly.

 

Existem duplas de filmes lendários e um dos mais icônicos é Michael J. Fox e Christopher Lloyd. Ninguém pode negar que Back to the Future, o clássico que Robert Zemeckis dirigiu em 1985, deixou uma marca indelével em nossa cultura pop. No entanto, uma marca maior foi causada por seus protagonistas, os já inesquecíveis Marty McFly e Emmett “Doc” Brown.

Agora, 37 anos após a estreia da trilogia, eles queriam nos oferecer um presente emocional. Em 9 de outubro, uma ComicCon foi realizada em Nova York. Foi no Javit’s Center que aconteceu um encontro emocionado entre os dois para comemorar essa data. Os dois artistas, de 61 e 83 anos, respectivamente, foram aplaudidos de pé logo que subiram ao palco.

Embora, obviamente, todos os olhos se voltassem para Michael J. Fox que, quase incapaz de andar e dominado pela falta de coordenação, não hesitou em abraçar seu parceiro em aventuras. O Parkinson que lhe foi diagnosticado com apenas 29 anos, avançou de forma notável em sua pessoa. Embora sua atitude e seu brilhante senso de humor, oferecessem aquela temperança e resolução que seu corpo infelizmente carece…
“Parkinson é um presente, e eu não o trocaria por nada… Pessoas como Christopher Lloyd sempre estiveram lá para mim, e muitos de vocês estiveram. Não é sobre o que eu tenho, é sobre o que vocês me deram: a voz para fazer isto e ajudar as pessoas”. 

 - Michael J. Fox -



A primeira vez que Michael J. Fox sentiu que algo estava errado foi em 1991, quando sentiu que seu dedo mindinho mostrava uma estranha contração.

O encontro entre Michael J. Fox e Christopher Lloyd, um momento mágico

Calça jeans, tênis, ar casual… Michael J. Fox e Christopher Lloyd apareceram diante de seus fãs com roupas muito parecidas. Embora a harmonia autêntica estivesse em seus gestos e nos sentimentos contidos.

No último domingo (9 de outubro) a New York ComicCon sediou um painel sobre o legado de De Volta para o Futuro. A presença de seus protagonistas deixou os fãs e qualquer fã de cinema surpreso e animado. As redes sociais começaram a compartilhar a cena e em poucos segundos deu a volta ao mundo.

Era impossível não desviar o olhar de Michael J. Fox, que com seu humor avassalador minimizou seus problemas óbvios de coordenação, equilíbrio e fala. Ele brincou com aquele chiclete que escapou de sua boca e insistiu enfaticamente que o Parkinson foi a melhor coisa que já lhe aconteceu. Já que seu propósito não é outro senão dar voz a esta doença para ajudar as pessoas.
"O otimismo é sustentável quando você continua voltando à gratidão, e o que se segue é a aceitação.”   - Michael J. Fox -

O primeiro tremor ocorreu quando ele tinha 29 anos

Michael J. Fox estava filmando o filme Doc Hollywood quando sentiu seu dedo mindinho se contrair. Ele tinha 29 anos e não queria dar muita importância. Pouco depois, porém, vieram os tremores e a rigidez nos quadris. Não demorou muito para ele ser diagnosticado com Parkinson. Ele sabia como sua vida mudaria a partir daquele momento e se preparou com grande dificuldade.

Ele não tornou sua doença pública até 1998, quando foi submetido a uma talamotomia para controlar os tremores. Além disso, ele começou a tomar a droga Sinemet que lhe permite regular os sintomas. A partir desse momento, ele parou de beber, melhorou seu estilo de vida e criou uma fundação com seu nome para a pesquisa de Parkinson. Não demorou muito para que ele se tornasse, segundo o New York Times, a voz mais relevante em defesa da referida condição.

Atualmente, é o maior financiador sem fins lucrativos do desenvolvimento de medicamentos para a doença.

Michael J. Fox arrecadou mais de um bilhão de dólares para ajudar a encontrar uma cura para o Parkinson através de sua fundação.

Aposentado da atuação, mas não do ativismo

Em novembro de 2020, ele anunciou sua retirada da atuação devido às complicações óbvias derivadas do Parkinson. No entanto, sua carreira no cinema e na televisão não poderia ser mais extensa. Ele recebeu vários prêmios, tem vários doutorados em várias universidades e escreveu três livros: Lucky Man: A Memoir (2002), Always Looking Up: The Adventures of an Incurable Optimist (2009) e A Funny Thing Happened on the Way to the Future: Twists and Turns and Lessons Learned (2010).

Ele lamenta não poder tocar guitarra como antes e que sua memória não lhe permite continuar no mundo da atuação. Apesar disso, e dos momentos sombrios vivenciados, ele se declara otimista e altamente consciente de seu propósito. Continuar lutando para encontrar uma cura para o Parkinson ou tratamentos que melhorem a qualidade de vida dos pacientes.

Uma amizade que vai além do tempo e do espaço

“A química entre nós estava lá desde nossa primeira cena juntos”, disse Michael J. Fox sobre Christopher Lloyd na ComicCon . “ Permaneceu assim por três filmes, e certamente não foi embora. Trabalhar com ele foi o melhor.”

Os dois atores riram e compartilharam anedotas durante o evento. Essa amizade ainda está presente em ambos. Talvez eles tenham deixado as figuras de Marty McFly e Doc Brown para trás, mas essa faísca divertida e cúmplice ainda pode ser vista em seus rostos.

Nem os anos nem as doenças ofuscaram seu encanto. Por isso, certamente esperamos mais encontros futuros, mais eventos que nos façam ver que existem amizades eternas e pessoas que continuam nos inspirando.







Será que é preciso uma receita e várias alopatias para todos os sintomas humanos?




Patricia Tavares*

Agosto de 2017 escrevi isso, cada dia mais atual.

Será que é preciso uma receita e várias alopatias para todos os sintomas humanos?

No outro dia li uma matéria sobre o aumento do diagnóstico de TDH em crianças ("Número de crianças diagnosticadas com TDAH aumentou 66 por cento em 10 anos nos EUA"), o quanto aumentou de forma absurda as estatísticas, e muitos especialistas questionando a veracidade do transtorno em tantas crianças, o quanto aumenta a cada ano, que isso não é possível...

Que ótimo, não sou só eu a pensar assim.

Dentro desta discussão muito frutífera vem à tona sobre o que é realmente esse transtorno, e que hoje em dia basta uma criança ser um pouco mais agitada, fora de alguns padrões, dar algum "tipo de problema" na escola ou na família, que pronto, dá Ritalina, DIAGNÓSTICO RÁPIDO, sem se questionar o que existe em torno do comportamento dessa criança, a causa desse comportamento ter se alterado.

Uma sociedade doente, onde pais trabalham cada vez mais horas, ficam mais tempo distantes dos filhos e quando os encontram não têm tempo ou paciência para mais nada, onde cada dia cresce as atividades e estímulos para criança, cursos e mais cursos, com objetivos específicos e muitas responsabilidades em torno de crianças ainda tão pequenas.

Fiz uma especialização em Terapia Familiar Sistêmica, minha monografia foi a "Criança como paciente identificado", na maioria das vezes, os pais ou algum outro fator externo a criança, escola, algum acontecimento, faz com que a criança altere seu comportamento, e isso é normal, previsível, não anormal. É preciso ler mais, termos mais conhecimento, antes de queremos "consertar" o ser humano, ainda mais uma criança, que é tão influenciada por esse mundo doido e por nós adultos cheios de questões.

Atenção, essas drogas são muito fortes, é lógico que em alguns casos são indicadas, e precisam ser muito bem monitoradas pelos médicos.

Precisamos ser criteriosos, hoje existe nomenclatura demais, cada dia surge um transtorno diferente, uma patologia da moda, a indústria farmacêutica cresce e todos se tornam cada vez mais doentes...
 
Ninguém mais pode sentir uma tristeza pois é chamado de depressivo e medicado, não há mais tempo nem espaço para termos os nossos lutos, "sentir" está excluído, não existe espaço, sem ter uma nomenclatura, está com "Transtorno bipolar", "compulsivo"/ "obsessivo", "Síndrome do Pânico", etc... e por aí vai..., vamos tomar cuidado...

Eu sou do tempo onde um médico só, examinava tudo e tinha maior critério, e cuidado para receitar uma droga, agora o Rivotril, Lexotan, etc... são receitados e tomados como maracujá, a pessoa não consegue dormir dois dias, Rivotril?! Céus, onde vamos parar?!

Eu prefiro ter muito cuidado com "Diagnóstico" e muito respeito ao que o Ser Humano está vivenciando, as dores que são justificáveis, e precisamos ter um tempo para vivenciarmos sim, algumas situações como perda de emprego, separação, morte de ente querido, recuperação de uma doença, atualmente tudo o que ocorreu com essa pandemia avassaladora, etc... É preciso ter um tempo, um espaço para sentir a dor, para elaborar o sentimento que está vivenciando.

Falo para os meus pacientes, antes da alopatia, tentarem as homeopatias que praticamente não tem efeito colateral e podem ser tomadas por muito tempo sem causar dependência. (Terapêutica Floral, Yoga, Fitoterapia, Reiki, Acupuntura etc...)

Mas quando a pessoa realmente precisa da alopatia naquele momento, aconselho a tomar e quando for melhorando conversar com o médico para diminuir. E junto com alopatia fazer terapia e iniciar um tratamento mais natural que visa o integral, pois as alopatias, o que fazem é suprimir sintomas, e que as vezes é muito necessário para certos pacientes, com certas deficiências, transtornos de fato.

Os outros tratamentos que citei, visam cuidar do todo, da raiz daquele problema, daquela doença, ou até fazer algo paralelo, para que possamos visar o cuidado com o corpo-mente-espírito, porque antes de qualquer mal se manifestar no corpo, se manifesta no espírito, ainda que muita gente não acredite e não entenda. Muitos livros já foram escritos e muitos especialistas já acreditam e temos resultados significativos.

E nós profissionais da psicologia precisamos nos perguntar a quem estamos servindo? Aos Seres Humanos, a alguns Médicos, ao mercado farmacêutico? Às empresas, que querem ver a pessoa funcionando a qualquer custo?

Eu sei muito bem para que serve o meu "Saber" e sou fiel a isso, não me submeto a nenhum mercado, porque sou profissional, mas sou Ser Humano. Eu não atuo para consertar pessoas.


*Patricia Tavares (Psicóloga Clínica)





A vida depois da doença


Feira do Livro: Por que não falar em doença? questiona o Dr. Lucchese em seu novo livro. “Segunda chance – A vida depois da doença” tem sessão de autógrafos nesta terça-feira

A segunda chance segundo Fernando Lucchese



Juremir Machado da Silva


Quem não conhece o dr. Fernando Lucchese? Craque do coração, cardiologista de renome, ele é também autor de livros de sucesso. Acabei de ler o seu “Segunda chance, a vida depois da doença” (L&PM). Que belo livro! Com um texto leve e cativante, Lucchese descreve o que a doença faz com a gente e como alguns conseguem melhorar (ficar curados e melhores). Eu diria que quem anda por volta dos 60 anos de idade não pode deixar de ler esse relato de experiências de um médico consagrado e suas sábias interpretações do comportamento humano. A doença transforma arrogantes em humildes, colossos em seres frágeis.

Há os que nunca vão ao médico e os que só pensam em doenças. Há os que se acham imortais e os que fazem da própria doença uma razão de viver. Há os que morrem sem ter vivido e os que só despertam para a vida quando olham nos olhos da morte. Há os que não se cuidam por só cuidarem da agenda e há os que se desesperam quando a doença chega por ter de cancelar a agenda. A grande sacada, quando a doença bate à porta, sugere Fernando Lucchese, é darwiniana: “Só sobrevivem os que se adaptam”. Passa-se da surpresa à revolta e desta ao medo de morrer. Depois, vencido o primeiro tranco, surgem adaptação, aceitação e esperança. O autor aborda as reações dos pacientes e os procedimentos dos médicos, que não podem dar garantias nem eliminar imprevistos.

Doença não salva casamento em crise. Mas pode dar uma chance de reinventar a vida. Lucchese mapeia: “Após diagnosticada a doença, as reações individuais são as mais variadas. Há os que simplesmente negam e seguem tocando a vida. Às vezes correm perigo por não levar a sério as recomendações dos médicos. Há outros que passam a viver em função da doença. Param completamente a vida e declaram-se doentes”. Como encontrar forças para continuar? Como não mergulhar na autocomiseração? Existe um doente ideal? Segundo Lucchese, “o doente ideal é aquele que aprende com a doença. Tira do infortúnio as lições necessárias para continuar a vida evitando a recaída ou outras doenças”. O melhor caminho para a segunda chance é o estilo de vida.

Na equação do dr. Lucchese estilo de vida = saúde = felicidade = longevidade. Isso passa por alimentação, filosofia de vida, percepção da nossa finitude e busca de equilíbrio: “Os inteligentes e os espertos se adaptam e apostam na quantidade de vida que têm pela frente. E buscam qualidade no tempo que resta”. Com humor, Lucchese ilustra as situações. Um produtor rural idoso apaixonou-se pela jovem cuidadora. Preocupados com perdas na herança, os filhos avisavam que ela só queria o dinheiro dele, que, maroto, respondia: “E eu tenho!”

Velhice não é doença, mas traz doenças com ela. Precisamos manter viva a criança que nos habita: “Definitivamente, crianças são melhores do que os adultos que delas são gerados. Talvez por isso as crianças sempre estão preparadas para uma segunda chance após tratada a doença. Adultos nem sempre estão”. “Segunda chance”, de Fernando Lucchese, é uma primeira oportunidade de lidar com o inevitável.


Quem e como são os psicopatas da nossa era ?


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Como definir quem são os psicopatas

 da nossa era ?


Silvia Malamud

Psicopatas são portadores de um transtorno emocional grave podendo alcançar ações desmedidas que geram a violência física e morte. O portador de tais atitudes tem ausência total de empatia, culpa ou remorso em tudo o que podem fazer e que prejudique um outro. Agem na intenção da obtenção de prazer imediato, sabem das leis, da moral e dos bons costumes, articulam dentro delas no mundo visível, mas na verdade não estão nem aí para nada além de si mesmos.

Funcionam como se estivessem hipnotizados, articulando e manipulando à tudo e à todos com o único intuito de satisfazer as suas demandas. Porém, o que não sabem é que são eles os maiores reféns de si mesmos, dos seus mais obscuros e inconscientes mandatos. Misturado ao desejo de obterem prazer a qualquer custo, são dominados por questões primitivas e inconscientes que não deram conta de serem elaboradas.

Pessoas com esse tipo de adoecimento mental literalmente não desenvolvem a capacidade de amar, lidar com leis e com regras. Não aprendem com as experiências da vida e são autocentradas e com seus desejos e pensamentos apenas voltados para si mesmos.

Possuem tendência a terem comportamentos desmedidos que facilmente podem chegar tanto na violência física, como à atos delinquentes.

Embora muitos dos psicopatas sejam de difícil detecção, todos são perigosos.

Para auxílio no conhecimento, podemos caracterizá-los em alguns tipos:

O psicopata social, ou comunitário, por exemplo, cumpre com poucos critérios de diagnóstico, mas mesmo assim não deixam de serem caracterizados como portadores de psicopatia. Estes, em sua maioria, possuem inteligência acima da média e fazem uso dela para desenvolverem suas estratégias de conduta. Apesar de não terem empatia, conhecem suficientemente bem as leis sociais e as camuflam manipulando sabiamente as situações e ambientes para obterem benefícios em relação ao que desejarem. Podem ser agiotas, trapaceiros e literalmente acabarem com a vida de qualquer um em nome de conquistarem o que desejam.

São capazes de arruinar a vida de parceiros de trabalho, afetivos ou familiares. Podem ser ilícitos, com condutas desonestas e imorais, mas dificilmente são flagrados em suas ações. Se acaso forem parar na cadeia, serão os tais presos exemplares, os mais bem quistos, e em alguns casos, os mais temidos, e mesmo assim, fazendo com que todos duvidem de que possam ter feito algo para estar ali. São frios e insensíveis. Existem casos de alguns ex-cônjuges que decidem não pagar as pensões promulgadas pela lei, e quando têm ordem de prisão, facilmente passam um mês em cela, descansando.

O psicopata antissocial frequentemente é visto como um psicopata moderado, e como todos, sem empatia, frios e manipuladores. Estes, porém, devido a baixíssima resistência à frustração, abrem espaço para desenvolverem seu lado sádico e violento. Os serial killers estão neste espectro de psicopatas e as ações chocantemente violentas com animais e com as pessoas podem ficar sem controle, embora na maioria das vezes eles consigam desenvolver estratégias exemplares de enganação sobre as suas perigosas atitudes. Muitos se drogam e também usam sexo para causar sofrimento em suas vítimas.

Geralmente são exemplares em sociedade, mostrando nos bastidores os seus aspectos mais obscuros.

Psicopatas narcisistas perversos ou carentes são altamente desleais e costumam usar as pessoas com que se relacionam, a princípio mostrando um ar de normalidade. Sabem como dissimular afeto e outros tipos de ações que envolvem a sedução usando tudo como ponte para que após o período da armadilha da sedução, poderem explorar suas vítimas escolhidas em nome de terem benefícios. Têm habilidade em ser manipuladores, inserindo culpas indevidas, diminuindo autoestima sem culpa ou arrependimento, sempre no intuito de fazerem suas vítimas transformarem-se numa espécie de escravas para satisfazê-los em suas infinitas demandas.




Traem de todas as formas e se acaso são pegos em suas maldades, usam o fato para aprimorarem-se nas próximas.

O mais raro de se encontrar são os psicopatas mais graves, que matam com requintes de crueldade, são pessoas que agem de modo violento e assassinam com facilidade, os serial killers.


Mais leves costumam ser os famosos golpistas, aqueles que fazem a violência patrimonial, por exemplo. São também os tais sedutores, aqueles que em ambientes sociais aparecem desenvoltos enlouquecendo suas vítimas num segundo momento, em meio à manipulações coercitivas e torturas psicológicas.

Todos que conhecem psicopatas, se acaso convivem ou se conviveram com algum, costumam ficar com um ponto de interrogação se questionando se estes podem melhorar em suas condutas ou mesmo se podem se curar.

Muitos especialistas não acreditam em cura emocional para psicopatas, por conta das dissociações emocionais que os movem. Por outro lado, pesquisadores já evidenciaram que a psicopatia é um acidente neurológico e que se nasce deste modo, e que portanto, não há cura para este mal.

O fato é que eles próprios não tem disposição para fazer terapia, não são cooperativos e quando são pegos em deslizes, não sentem culpa ou vergonha do que fizeram. Para satisfazerem seus desejos egoísticos, a lei é que os fins justificam os meios. Racionalizam quando são culpados, habilmente invertendo as situações fazendo com que as suas vítimas cheguem a ter dúvidas sobre a verdade dos fatos.

A saber, todo psicopata mente e não dimensiona nenhum conceito moral sobre o que faz. Todos fingem e não sentem as emoções podendo forjar todo tipo de afeto.

Uma das hipóteses deste adoecimento caminha pelos meios de onde nasceram, se passaram por abandono e maus-tratos. O fato é que desde a infância alguns deles são completamente revelados por conta das atitudes de maus-tratos com animais, baixíssima tolerância à frustração e rompantes de agressividade desmedida, mas é a partir dos 15 anos que a personalidade vai se fixando e ficando mais evidente.




É possível reconhecer um psicopata no dia a dia quando se conhece sobre o tema, mas sobretudo quando a antena ligada quando algo sutilmente não cai bem e a pessoa dá ouvidos para perceber o todo de modo mais amplo. Muitos comportamentos podem ser comuns também do ser humano normal, mas no psicopata crescem por estranhos e assustadores caminhos gerando grande desconforto, culpa, constrangimento e acuamento nas vítimas, diferentemente do que ocorre quando a conversa é com alguém não adoecido.

Em geral, psicopatas tem grande desenvoltura em suas articulações, principalmente os sociais, que costumam circular ente nós. A princípio não é nada fácil distingui-los, mas com o conhecimento cada vez mais esclarecido sobre este tema tão atual, as pessoas estão ficando cada vez mais despertas para qualquer ruído emocional e de conduta que lhes soe estranho. Essa é a maior arma em defesa de quem precisa definir e separar o joio do trigo em casos onde há dúvidas sobre a existência de psicopatas.

Quanto mais despertos, melhor !










Doente de Brasil : Como resistir ao adoecimento num país (des)controlado pelo perverso da autoverdade



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Eliane Brum


Jair Bolsonaro é um perverso. Não um louco, nomeação injusta (e preconceituosa) com os efetivamente loucos, grande parte deles incapaz de produzir mal a um outro. O presidente do Brasil é perverso, um tipo de gente que só mantém os dentes (temporariamente, pelo menos) longe de quem é do seu sangue ou de quem abana o rabo para as suas ideias. Enquanto estiver abanando o rabo – se parar, será também mastigado. Um tipo de gente sem limites, que não se preocupa em colocar outras pessoas em risco de morte, mesmo que sejam funcionários públicos a serviço do Estado, como os fiscais do IBAMA, nem se importa em mentir descaradamente sobre os números produzidos pelas próprias instituições governamentais desde que isso lhe convenha, como tem feito com as estatísticas alarmantes do desmatamento da Amazônia. O Brasil está nas mãos deste perverso, que reúne ao seu redor outros perversos e alguns oportunistas. Submetidos a um cotidiano dominado pela autoverdade, fenômeno que converte a verdade numa escolha pessoal, e portanto destrói a possibilidade da verdade, os brasileiros têm adoecido. Adoecimento mental, que resulta também em queda de imunidade e sintomas físicos, já que o corpo é um só.

É desta ordem os relatos que tenho recolhido nos últimos meses junto a psicanalistas e psiquiatras, e também a médicos da clínica geral, medicina interna e cardiologia, onde as pessoas desembarcam queixando-se de taquicardia, tontura e falta de ar. Um destes médicos, cardiologista, confessou-se exausto, porque mais da metade da sua clínica, atualmente, corresponde a queixas sem relação com problemas do coração, o órgão, e, sim, com ansiedade extrema e/ou depressão. Está trabalhando mais, em consultas mais longas, e inseguro sobre como lidar com algo para o qual não se sente preparado.

O fenômeno começou a ser notado nos consultórios nos últimos anos de polarização política, que dividiu famílias, destruiu amizades e corroeu as relações em todos os espaços da vida, ao mesmo tempo em que a crise econômica se agravava, o desemprego aumentava e as condições de trabalho se deterioravam. Acirrou-se enormemente a partir da campanha eleitoral baseada no incitamento à violência produzida por Jair Bolsonaro em 2018. Com um presidente que, desde janeiro, governa a partir da administração do ódio, não dá sinais de arrefecer. Pelo contrário. A percepção é de crescimento do número de pessoas que se dizem “doentes”, sem saber como buscar a cura.

Vou insistir, mais uma vez, neste espaço, que precisamos chamar as coisas pelo nome. Não apenas porque é o mais correto a fazer, mas porque essa é uma forma de resistir ao adoecimento. Não é do “jogo democrático” ter um homem como Jair Bolsonaro na presidência. Tanto como não havia “normalidade” alguma em ter Adolf Hitler no comando da Alemanha. Não dá para tratar o que vivemos como algo que pode ser apenas gerido, porque não há como gerir a perversão. Ou o que mais precisa ser feito ou dito por Bolsonaro para perceber que não há gestão possível de um perverso no poder? Bolsonaro não é “autêntico”. Bolsonaro é um mentiroso.


Podemos – e devemos – discutir como chegamos a ter um presidente que usa, como estratégia, a guerra contra todos que não são ele mesmo e o seu clã. Como chegamos a ter um presidente que mente sistematicamente sobre tudo. Podemos – e devemos discutir – como chegamos a ter um antipresidente. Assim como podemos – e devemos – perceber que a experiência brasileira está inserida num fenômeno global, que se reproduz, com particularidades próprias, em diferentes países.

Esse esforço de entendimento do processo, de interpretação dos fatos e de produção de memória é insubstituível. Mas é necessário também responder ao que está nos adoecendo agora, antes que nos mate.

Em 10 de julho, o psiquiatra Fernando Tenório escreveu um post no Facebook que viralizou e foi replicado em vários grupos de Whatsapp. Aqui, um trecho: “Acabei de atender a um homem de 45 anos, negro, sem escolaridade. Nos últimos cinco anos, viu seus colegas de setor serem demitidos um a um e ele passou a acumular as funções de todos. Disse-me que nem reclamou por medo de ser o próximo da fila. Tem sintomas de esgotamento que descambam para ansiedade. Qual o diagnóstico para isso? Brasil. Adoeceu de Brasil. Se eu tivesse algum poder iria sugerir ao DSM (o manual de transtornos mentais da psiquiatria) esse novo diagnóstico. Adoecer de Brasil é a mais prevalente das doenças. Entrei agora na Internet e vi que a reforma da previdência corre para ser aprovada sem sustos. O povo, adoecido de Brasil, permanece inerte. Vai trabalhar sem direito a aposentadoria até morrer de Brasil”.

Não há normalidade nem jogo democrático quando um perverso governa a partir da administração do ódio e da mentira

Alagoano da pequena Maribondo, Fernando Tenório fez residência e atuou na rede pública de saúde mental do Rio de Janeiro. Atualmente, mantém consultório na capital fluminense e atende trabalhadores de um sindicato do setor hoteleiro. O psiquiatra me conta, por telefone, que cresceu muito o número de pessoas que chegavam ao seu consultório com sintomas como taquicardia, desmaios na rua, sinais de esgotamento corporal, dores de cabeça frequentes, sentimentos depressivos. Eram pessoas que estavam objetiva e subjetivamente esgotadas pela precarização das condições de trabalho, como jornada excessiva, acúmulo de funções, metas impossíveis de cumprir, falta de perspectivas de mudança, insegurança extrema. Tinham um “trabalho de merda” e, ao mesmo tempo, medo de perder o “trabalho de merda”, como testemunharam acontecer com vários colegas.

O psiquiatra diz que ele mesmo se descobriu adoecido meses atrás. “Fiquei muito mal, porque me senti quase um traficante de drogas legais. Estava tratando uma crise, que é social, no indivíduo. E, de certo modo, ao dar medicamentos, estava tornando essa pessoa apta a sofrer mais, porque a jogava de volta ao trabalho.” Na sua avaliação, o adoecimento está relacionado à precarização do mundo do trabalho nos últimos anos, acentuada pela reforma trabalhista aprovada em 2017, e foi agravado com a ascensão de um governo “que declarou guerra ao seu povo”. “O Brasil hoje é tóxico”, afirma.

Após a publicação do post, Tenório sentiu ainda mais o nível da toxicidade cotidiana do país: recebeu xingamentos e ameaças. Um dos agressores lembrou que sua filha, cuja foto viu em uma rede social, um dia poderia ser estuprada. A menina é um bebê de menos de 2 anos.

“Tóxico” é palavra de uso frequente de brasileiros ao relatarem o sentimento de viver em um país onde já não conseguem respirar. Na constatação de que o governo Bolsonaro já aprovou 290 agrotóxicos em apenas sete meses, o envenenamento ganha uma outra camada. É como se os corpos fossem um objeto atacado por todos os lados. País que ultrapassou a possibilidade das metáforas, a toxicidade do Brasil abrange todas as acepções.

Cresce nos consultórios os casos de depressão provocados e alimentados pelo contexto político e social

Mas que adoecimento é este que Tenório chama de “doente de Brasil”? Um psicanalista que prefere não se identificar por temer represálias explica que aumentou muito nos consultórios os quadros depressivos provocados pelo momento vivido pelo Brasil, em que especialmente pessoas ligadas à esquerda, mas não necessariamente ao PT, sentem uma total perda de sentido e horizonte. “Para a psiquiatria, a depressão é a tristeza sem contexto. Ou seja, ela é relacionada à estrutura psíquica de cada pessoa, às fundações e alicerces construídos na infância”, explica. “O que temos vivido hoje nos consultórios é o aumento da depressão com contexto, esta que não tem a ver com a estrutura do indivíduo e que nem vai melhorar no divã. Esta em que o uso de medicamentos só vai servir para obscurecer o esclarecimento das questões. Esta que só pode ser sanada por mudanças sociais.”

O rompimento dos laços, como a divisão das famílias provocada pela polarização política, tornou as pessoas ainda mais sujeitas ao adoecimento mental e com menos ferramentas para lidar com ele. Como disse um filósofo, ninguém deixa de dormir porque está tendo uma guerra no outro lado do mundo, com exceção daqueles que vivem a guerra. Com isso, ele queria dizer que as pessoas perdiam o sono muito mais por pequenas dores e preocupações comezinhas com as quais se identificavam, como as relacionadas à família e ao mundo dos afetos, do que por enormes barbáries que ocorriam no outro lado do mundo.

O que os brasileiros testemunharam foi uma inversão: a política, que sempre foi algo do campo público, invadiu o campo privado, passando a ser um fator íntimo, um fator primeiro de identificação. Dias atrás uma amiga presenciou uma conversa em que duas garotas decidiam quais os critérios para dividir apartamento com uma outra. “Não suportaria dividir com uma petista”, disse uma delas. Essa conversa, exceto no caso de militantes mais radicais, dificilmente aconteceria anos atrás: ninguém costumava perguntar qual era a orientação política antes de dividir a casa com alguém.

A eleição, que costumava ser um acontecimento pontual, da esfera pública, tornou-se algo crucial na esfera privada. Do mesmo modo, o inverso também aconteceu. Questões íntimas, como a orientação sexual de cada um, como o que acontece na cama de cada um, passaram a ser discutidas publicamente. Esse fenômeno atingiu fortemente laços que cada um considerava incondicionais, como os familiares, laços com os quais se contava para enfrentar a dureza da vida. E acentuou ainda mais os quadros depressivos e persecutórios, aumentando ansiedade e angústia, corroendo a saúde.

O sofrimento é agravado pela constatação de que as instituições não barram a violência do governo e do governante

Uma psicanalista de São Paulo, que também prefere não se identificar, acredita que o adoecimento do Brasil de 2019 expressa a radicalização da impotência. As pessoas, hoje, não sabem como reagir à quebra do pacto civilizatório representada pela eleição de uma figura violenta como Bolsonaro, que não só prega a violência como violenta a população todos os dias, seja por atos, seja por aliar-se a grupos criminosos, como faz com desmatadores e grileiros na Amazônia, seja por mentir compulsivamente. Não sabem, também, como parar essa força que as atropela e esmaga. Sentem como se aquilo que as está atacando fosse “imparável”, porque percebem que já não podem contar com as instituições – constatação gravíssima para a vida em sociedade. E então passam a sentir-se como reféns – e, seguidamente, a atuar como reféns.

“Como reagimos à violência de alguém como Bolsonaro, que faz e diz o que quer, sem que seja impedido pelas instituições?”, questiona. “Toda a nossa experiência dá conta de que a vida em sociedade é regulada por instâncias que vão determinar o que pode e o que não pode, que têm o poder de impedir a quebra do pacto civilizatório, este pacto que permite que a gente possa conviver. Nesta experiência de que há um regulador, se uma pessoa é racista, ela vai ser processada – e não virar presidente do país. O que vivemos agora, com Bolsonaro, é a quebra de qualquer regulação. E isso tem um enorme impacto sobre a vida subjetiva. Ninguém sabe como reagir a isso, como viver numa realidade em que o presidente pode mentir e pode até mesmo inventar uma realidade que não corresponde aos fatos.”

A documentação das experiências de autoritarismo em diferentes épocas e países costuma relatar o sofrimento físico e psíquico das vítimas, mas geralmente em condições explícitas. Como, por exemplo, um judeu num campo de concentração nazista. Ou uma das mulheres torturadas no Doi-Codi, em São Paulo, durante a ditadura militar do Brasil (1964-1985). Perceber essa violência explícita como violência é imediato. O que a experiência autoritária do bolsonarismo tem demonstrado é o quanto pode ser difícil resistir (também) à violência do cotidiano, aquela que se infiltra nos dias, nos pequenos gestos, na paralisia que vira um modo de ser, nas covardias que deixamos de questionar.

O cotidiano de exceção tem se infiltrado e realizado em milhões de pequenos gestos de autocensura, silêncio e ausência no Brasil

Há milhares, talvez milhões de pequenos gestos de conformação acontecendo neste exato momento no Brasil. Em silêncio. Pequenos movimentos de autocensura, ausências nem sempre percebidas. Uma autora me conta que conseguiu manter seu livro no catálogo da editora sem usar a palavra gênero.... para falar de gênero e sexualidade. Uma diretora me diz que vestiu os corpos de suas atrizes, até então nuas, numa peça de teatro. A professora de uma das mais importantes universidades públicas do país me relata que muitos colegas já deixaram de analisar determinados temas em salas de aula por medo do “poder de polícia” dos alunos, que têm gravado as aulas e se comportado de forma ainda mais violenta que a polícia formal. Um curador de eventos preferiu não fazer o evento. Mudou de assunto. Outro deixou de convidar uma pensadora que certamente levaria bolsocrentes para a sua porta. Nunca saberemos o que poderia acontecer, porque o acontecimento foi impedido para não sofrer o risco de ser impedido.

Há tantos que já preferem “não comentar”. Ou que dizem, simpaticamente: “me deixa fora dessa”. É também assim que o autoritarismo se infiltra, ou é principalmente assim que o autoritarismo se infiltra. E é também assim que se adoece uma população por aquilo que ela já tem medo de fazer, porque antecipa o gesto do opressor e se cala antes de ser calada. E em breve talvez tenha medo também de sussurrar dentro de casa, num mundo em que os aparelhos tecnológicos podem ser usados para a vigilância. Chega o dia em que o próprio pensamento se torna uma doença autoimune. É assim também que o autoritarismo vence antes mesmo de vencer.

Um dos sintomas do cotidiano de exceção que vivemos é a colonização de nossas mentes. Mesmo pessoas que viveram a ditadura militar não têm recordação de algum momento da sua vida em que tenham pensado todos os dias no presidente da República. Bolsonaro administra o horror dos dias, com suas violências e mentiras, de um modo que o torna onipresente. Faça o teste: quantas horas você consegue ficar sem pensar em Bolsonaro, sem citar uma bestialidade de Bolsonaro? É isso o autoritarismo. Mas sobre isso poucos falam.

Bolsonaro encarna a vanguarda messiânica-apocalíptica do mundo

Se Bolsonaro encarna a vanguarda messiânica-apocalítica do mundo, é preciso sublinhar que os brasileiros não estão sós. Um amigo estrangeiro me conta que, desde que Donald Trump assumiu, a primeira coisa que ele faz ao acordar é conferir qual é a barbaridade que o presidente americano escreveu no Twitter, porque sente que isso afeta diretamente a vida dele. E afeta.

Mario Corso, psicanalista e escritor gaúcho, aponta que não é possível pensar no que ele chama de “ethos depressivo” deste momento fora do contexto do Ocidente. “Veja o Reino Unido. O novo primeiro-ministro (referindo-se ao pró-Brexit Boris Johnson) é um palhaço. E eles já tiveram Churchill!”, exemplifica. “O problema, no Brasil, é que além de toda a crise global, elegemos um cretino para presidente”, diz o psicanalista. “O que assusta é que não há freios para impedi-lo. E, assim, ele segue atacando os mais frágeis. Como Bolsonaro é covarde, ele não engrossa com os maiores que ele.”

Boris Johnson não chega a ser um Donald Trump. E nem Donald Trump chega a ser um Jair Bolsonaro. Mas a diferença maior está na qualidade da democracia. Tanto nos Estados Unidos quanto no Reino Unido, as instituições têm conseguido exercer o seu papel. No Brasil, não chega a ser perda total – ou não bastou (ainda) “um cabo e um soldado” para fechar o STF, como sugeriu o futuro possível embaixador do país nos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro, o garoto zerotrês. Mas a precariedade – e com frequência a omissão – das instituições – quando não conivência – são evidentes. “Enquanto Bolsonaro não consegue uma ditadura total, porque isso ele quer, mas ainda não conseguiu, ele antecipa a ditadura pelas palavras”, diz Corso. “Bolsonaro usa aquilo que você definiu como autoverdade para antecipar a ditadura. Os fatos não importam, o que ‘eu’ digo é o que é.”

“A guerra acontece quando a palavra, como mediadora, se extinguiu”

Para Rinaldo Voltolini, professor de psicanálise da Universidade de São Paulo, a autoverdade é a amputação da palavra no sentido pleno. “Este é um grande disparador do sofrimento das pessoas, ao constatarem que estão fora no nível mais importante. Não é que você está fora porque não tem uma casa ou um carro, hoje você está fora das possibilidades de leitura do mundo. O que você diz não tem valor, não tem sentido, não tem significado. É como se, de repente, você já não tivesse lugar na gramática”, diz o psicanalista. “O que é a guerra? A guerra acontece quando a palavra, como mediadora, se extinguiu. Isso acontece entre duas pessoas, entre países. Sem a mediação da palavra, se passa diretamente ao ato violento".

A autoverdade, como escrevi neste espaço, determinou a eleição de Bolsonaro. E seguiu moldando sua forma de governar pela guerra, o que implica a destruição da palavra. Assim, desde o início do governo, Bolsonaro tem chamado os órgãos oficiais de mentirosos sempre que não gosta do resultado das pesquisas. Como quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostrou que o número de desempregados tinha aumentado no seu governo.

Nos últimos dias, porém, o antipresidente levou a perversão da verdade, esta que torna a verdade uma escolha pessoal, à radicalidade. Decidiu que a jornalista Míriam Leitão não foi torturada – e ela foi. Insinuou que o pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil teria sido executado pela esquerda, quando ele desapareceu por obra de agentes do Estado na ditadura militar. Decidiu que ninguém mais passa fome no Brasil – o que é desmentido não só pelas estatísticas como pela experiência cotidiana dos brasileiros. Decidiu que os dados que apontaram a explosão do desmatamento na Amazônia, produzidos pelo conceituado Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, eram mentirosos. Isso porque apenas no mês de julho de 2019 foi destruída uma área de floresta maior do que a cidade de São Paulo, e o índice de desmatamento foi três vezes maiores do que em julho do ano passado. E Bolsonaro decidiu ainda que “só os veganos que comem vegetais” se importam com o meio ambiente.

Bolsonaro controla o cotidiano porque fora de controle. Bolsonaro domina o noticiário porque criou um discurso que não precisa estar ancorado nos fatos. A verdade, para Bolsonaro, é a que ele quer que seja. Assim, além da palavra, Bolsonaro destrói a democracia ao usar o poder que conquistou pelo voto para destruir não só direitos conquistados em décadas e todo o sistema de proteção do meio ambiente, mas também para destruir a possibilidade da verdade.

O que vivemos não é mal-estar, mas horror

“Narrar a história é sempre o primeiro ato de dominação. Não é por acaso que Bolsonaro quer adulterar a história. A história da ditadura é construída por muitos documentos, é uma produção coletiva. Mas ele decide que aconteceu outra coisa e não apresenta nenhum documento para comprovar o que diz”, analisa Voltolini. “Não é que estamos vivendo o mal-estar na civilização. Isso sempre houve. A questão é que, para ter mal-estar é preciso civilização. E hoje, o que está em jogo, é a própria civilização. Isso não é da ordem do mal-estar, mas da ordem do horror.”

Como enfrentar o horror? Como barrar o adoecimento provocado pela destruição da palavra como mediadora? Como resistir a um cotidiano em que a verdade é destruída dia após dia pela figura máxima do poder republicano? Rinaldo Voltolini lembra um diálogo entre Albert Einstein e Sigmund Freud. Quando Einstein pergunta a Freud como seria possível deter o processo que leva à guerra, Freud responde que tudo o que favorece a cultura combate a guerra.

Os bolsonaristas sabem disso e por isso estão atacando a cultura e a educação. A cultura não é algo distante nem algo que pertence às elites, mas sim aquilo que nos faz humanos. Cultura é a palavra que nos apalavra. Precisamos recuperar a palavra como mediadora em todos os cantos onde houver gente. E fazer isso coletivamente, conjugando o nós, reamarrando os laços para fazer comunidade. O único jeito de lutar pelo comum é criando o comum – em comum.

É preciso dizer: não vai ficar mais fácil. Não estamos mais lutando pela democracia. Estamos lutando pela civilização.


Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora dos livros de não ficção Coluna Prestes - o Avesso da Lenda, A Vida Que Ninguém vê, O Olho da Rua, A Menina Quebrada, Meus Desacontecimentos, e do romance Uma Duas. 

Site: desacontecimentos.com
Email: elianebrum.coluna@gmail.com
Twitter: @brumelianebrum
Facebook: @brumelianebrum







Fui entender como a neurociência quer hackear nossos cérebros



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Janaína Navarrette



Antes de entrar na palestra “Hack The Brain: The Power of Neuroenhancement”, aqui no SXSW, não tinha realizado exatamente como os convidados trariam esse tema sem parecer algo sobre ficção científica. Até porque, num painel com um neurocirurgião, uma comunicadora e um professor de Stanford, eu não sabia muito o que esperar.

Eles começaram da forma mais simples, explicando quase que literalmente o que o título da palestra queria dizer: o poder do aprimoramento da neurociência na vida das pessoas.

Resumidamente, eles disseram que já existe uma tecnologia, que não é a ritalina, capaz de reprogramar as funções do cérebro e deixá-lo melhor e que isso realmente mudaria a forma de vida da sociedade.

Mas, como isso funcionaria na vida real?

Imagine doenças cognitivas como Alzheimer, que destrói a memória e outras funções mentais importantes. Agora imagine que essa tecnologia aliada à neurociência estão trabalhando para conseguir reprogramar o cérebro de pessoas que sofrem com a doença, “trocando os fusíveis” e apagando essas falhas, trazendo essas pessoas à vida normal novamente.

Implantando um chip, a tecnologia de neuroenhancement é capaz de mudar comportamentos e vícios do cérebro, como alcoolismo e anorexia, por exemplo. Isso acontece através de um estimulo o córtex, que pode inclusive curar pessoas com depressão.

Além de doenças, essa tecnologia também seria capaz de melhorar nosso potencial intelectual. Um pouco sobre como a ritalina age, mas muito mais poderoso e menos temporário. Você seria capaz de armazenar mais dados, avaliar melhor suas decisões, aproveitar o poder do seu consciente, prestar atenção em tudo que desejasse e tomar decisões muito mais assertivas.

Tudo parece maravilhoso, certo? Quase levantei a mão e perguntei em qual sala estavam implantando o chip.




Mas, existem riscos. Os convidados deixaram isso muito claro apesar de serem entusiastas e otimistas: não é tão permanente como se pensou. As doenças cognitivas, por exemplo, podem voltar em 10 ou 20 anos depois de implementar o chip no paciente.

Mas, não é apenas sobre isso. Com opiniões a favor e contra, os palestrantes trouxerem um ponto de vista interessante: o acesso a esse tipo de tecnologia será restrita o que poderia ser injusto para as camadas menos favorecidas da sociedade.

E o que isso implica? Num problema usual em países com desigualdade: os mais ricos teriam acesso à tecnologia, teriam mais chances nas melhores vagas de emprego (além de terem mais chances de sobreviver a uma doença, já que teriam dinheiro para pagar pelo chip).

A falta de acesso por todas as camadas da sociedade é problema que está sempre por perto, mas Henry Greely, professor de Stanford, disse algo para se pensar: “Quando o celular surgiu, apenas os mais favorecidos tinham acesso, poucos anos se passaram e hoje já são 5 bilhões de aparelhos no mundo”. A evolução é exponencial, mas o começo nem sempre é fácil.





Enfim, tudo isso parece muito maravilhoso, principalmente sobre o ponto de vista de exterminar doenças cognitivas e acabar com o sofrimento das pessoas, mas será que estamos preparados para melhorar a capacidade do nosso cérebro?

E mais: será que nós vamos saber lidar com os dados que os nossos pensamentos irão produzir e que estarão disponíveis? Essa preocupação já é real. O Facebook já tem disponível uma tecnologia que lê seus pensamentos e escreve o seu post sem que você precise digitar.

A grande questão é: quem vai ter acesso ao nosso pensamento nesse caso? O Facebook? A partir do momento que eu uso essa tecnologia, eles estão permitidos a controlar ou raquear meus pensamentos?

Fica aqui essa questão. São prós e contras como tudo na vida. Tudo tem a ver com aprimoramento, mas também com privacidade.

Na minha opinião, tudo que tem propósito faz sentido. Então, se for para aliviar o sofrimento humano com relação a doenças cognitivas, you go guys! Se for para tornar possível aprender uma língua nova apenas implantando um chip, you go too. Mas, se for para ter direitos sobre os meus pensamentos, thanks but no thanks.

Já dividimos dados demais por aí e meu pensamento é a única coisa que ainda é minha propriedade. Por isso, Mr. Zuckerberg, prefiro continuar perdendo tempo digitando, até porque eu adoro um textão.

Entre a invenção da roda e o lançamento da primeira nave espacial, uma coisa continua a mesma: a vontade humana de se recriar e ser impulsionada adiante.

Assim é o SXSW 2018. E esse é o DNA Hypeness.

O futuro é mais rápido, desafiador e inspirador do que se poderia imaginar. E é por isso que nossa passagem por Austin, para ver o SXSW de pertinho, tem um só objetivo: trazer para você hoje o que pode mudar o mundo amanhã.

Bora descobrir qual será a próxima grande ideia?



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E agora ajudem o menino Chico







Pais de menino com doença rara doam R$ 40 mil pra garota com mesma doença, porque ela está esperando há mais tempo



João Rabay


Quando um grupo de mais ou menos duzentos policiais de Santo André, na Grande São Paulo, apostou no bolão da Mega da Virada, todos sonhavam em mudar de vida. O grande prêmio não veio, mas ter ganho a quadra foi o suficiente para ajudar uma garotinha de 12 anos.

Isabela Diringer nasceu com gastrosquise, uma má-formação que faz com que o intestino se desenvolva saindo da parede abdominal. Por causa disso, a menina precisa se alimentar por meio de um cateter, é internada frequentemente e seu desenvolvimento físico e mental corresponde ao de uma criança de 6 anos.




Mas há uma luz no fim do túnel: médicos ingleses desenvolveram um outro tipo de cirurgia, que, segundo eles, tem 92% de chances de acabar com os problemas. Só que o tratamento, incluindo os custos de viagem, custa cerca de 500 mil reais, totalmente fora da realidade da família.

Foi por isso que os pais de Isabela criaram uma campanha de financiamento coletivo para custear a cirurgia. Conhecendo a história da família – Gláucia Marina Diringer, mãe de Isa, é cabo da PM -, os policiais decidiram, de forma unânime, doar os 3 mil reais recebidos da loteria para ajudar a menina.


Policiais entregam comprovante a doação


Você achava que essa história estava boa? Então veja isso:

A doação dos policiais foi mais uma em meio a uma corrente de bondade! Quando faltavam 40 mil reais para fechar o valor que Isa precisava para poder finalmente viajar para Inglaterra, os pais de Chico, de 4 anos, repassaram o valor. Mas Chico não é um menino qualquer: é alguém que sofre do mesmo problema. A diferença? “O Chico está nessa luta há 4 anos. A Isa já está há 12“.

Se isso não é ser maior, não sabemos o que é. Agora a família do Chico precisa de contribuições para também ele ser recompensado e poder ter a vida que ele (e seus pais) merecem. Para conhecer sua história e contribuir, siga o link do Vai Chico.


Isa e Chico


O #VaiChico tem até camisetas estilosas, com a imagem do menino, para espalhar a palavra por aí.








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