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Olavo de Carvalho (1947 – 2022) : Morre um pústula

 


Reconhecer isso mesmo com o corpo ainda quente é obrigatório, porque sua vida foi dedicada ao ódio e à violência contra grupos sociais. Esconder é de alguma forma invizibilizar essa violência, esse horror que foi por ele incentivado em vida.

Renato Rovai

Não comemoro mortes. É algo que assumi como um dogma. A morte envolve muitos sentimentos para além do finado que precisam ser respeitados.

Já vi gente comemorando a morte de filhos de adversários políticos, de atores e até de jogadores de futebol. Acho que isso revela mais sobre a pessoa do que sobre o morto ou seu familiar que é alvo do ódio.

Não vou abrir uma champanhe pela morte de Olavo de Carvalho e nem ao menos sair por aí dizendo “bem feito, quem mandou não se vacinar”. Mas ao mesmo tempo não vou deixar de dizer que quem morre é um dos mais tóxicos dos seres humanos que teve algum tipo de destaque no debate público desde a democratização do Brasil em 1985.

Olavo foi um cancro para a democracia brasileira. Ele, em conjunto com a família Bolsonaro, transformou em herói para uma parcela da população gente como Ustra. Só por isso mereceria todos os repúdios mesmo no dia da sua morte. Mas mais do que isso, incentivou ódio a gays, violência contra pessoas que chamava de globalistas, todo tipo de discriminação e ainda convenceu milhões a lutarem contra a vacina chinesa o que levou dezenas de milhares à morte, inclusive ele.

Morre um pústula. Essa é a verdade. E reconhecer isso mesmo com o corpo ainda quente é obrigatório, porque sua vida foi dedicada ao ódio e à violência contra grupos sociais. Esconder é de alguma forma invizibilizar essa violência, esse horror que foi por ele incentivado em vida.

Mesmo morto, Olavo deixa seguidores. E por isso precisará continuar a ser combatido. Sua história de crápula e de alguém deletério aos direitos humanos e ao processo civilizatório tem que ser discutida como algo a ser superado pela sociedade para que pessoas assim não tenham mais tanto espaço para combater a democracia por dentro.

Olavo provavelmente vai definhar enquanto guru. Mas isso também depende de nós. Os erros dos democratas em não valorizar a cultura e a educação e ao mesmo tempo não diminuir as injustiças sociais é que abrem espaço para gente assim se tornar referência e liderança.

Olavo morre e é hora de aproveitar a oportunidade para enterrar junto com ele o olavismo e todo o mal que ele representou ao Brasil.





Renato Rovai é graduado em jornalismo pela Universidade Metodista, mestre em comunicação pala Universidade de São Paulo e doutorado em ciências humanas e sociais pela Universidade Federal do ABC. É professor de jornalismo digital na Faculdade Cásper Líbero e blogueiro.

Professor convidado do Centro Latino-Americano de Cultura e Comunicação da ECA-USP e diretor editorial da Revista Fórum. Militante da democratização da mídia, articulou o Fórum de Mídia Livre e do Encontro Nacional dos Blogueiros.

Trabalhou nos jornais Diário do Grande ABC, Diário de Minas, Diário Popular, TV Gazeta e Editora Globo.

Criou a editora Publisher Brasil, em 1994. Em 2001, lançou a Revista Fórum, no primeiro Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, a revista teve a sua versão impressa até o ano de 2013, a partir de 2014 a Revista Fórum passou a ser digital.



Olavo de Carvalho


Para ler mais clique nos links abaixo :

















As mentiras do canalha na ONU




Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay

Logo no início da pandemia, quando comecei a escrever sobre os desmandos deste Presidente desalmado e desumano na condução criminosa da crise sanitária, propus que ele fosse processado não somente pelos crimes contra a saúde pública, mas também por genocídio. Escrevi sobre isso em maio de 2020 e fiz várias lives defendendo a criminalização da conduta desse fascista. Fui muito criticado por vários amigos que tinham o cuidado sobre a exata tipificação da conduta desse criminoso. Uma preocupação técnica que eu respeito, mas que não me comove.

O ar que começava a faltar para milhares de brasileiros tragados pela nuvem tóxica que exalava desse governo me turvava os olhos. Agia por impulso, usando o que a advocacia e a vida me deram de mais precioso: a capacidade de poder falar e escrever. Quis fazer da minha voz a voz daqueles que começavam a sofrer os efeitos de uma política perversa e cruel. Já trazia a indignação para o debate que se avizinhava na certeza de que o irresponsável Presidente estava guiando o país para o abismo, para o precipício.

E, aos poucos, fui colocando mais pimenta para definir esse Presidente desprovido de empatia, de compaixão, de solidariedade e de emoção com a dor do outro. Dentre as várias palavras que eu usei para definir minha repulsa, talvez uma o defina melhor: canalha!

Gradativamente, fui tomando atitudes que me davam a tranquilidade necessária para fazer o embate na travessia que se anunciava longa, tumultuada e em mares revoltos. Cortei os fascistas da minha lista de relação, saí de grupos de WhatsApp e mostrei a mim mesmo que a coerência era imprescindível nessa luta. Nos detalhes. Afinal, não é possível denunciar a barbárie e continuar celebrando a vida com os bárbaros. Temos que ter coragem de denunciar a conivência dos covardes, que são cúmplices do desastre humanitário ao qual o Brasil está sendo submetido.

Aos poucos, fui notando que éramos muitos. A palavra genocida passou a ser um substituto do nome desse canalha. Mesmo a imprensa quase já não usa mais o nome do Presidente para se referir a ele. Nos grupos, a maneira de qualificá-lo é, na maioria das vezes, de forma pejorativa e merecidamente depreciativa. O grande Rui Castro fez épica coluna com mais de uma centena de nomes para poder definir o canalha. Virou um pequeno dicionário para ser consultado quando queremos nos referir a esse assassino.

Mas nada é tão ruim que não possa piorar. A tragédia continua com a destruição de todos os valores humanistas que nossa sociedade incorporou ao longo de décadas. Esse canalha governa para as trevas e leva, cada vez mais, o país para o caos. Desestruturou a saúde, desmantelou a cultura, desarranjou a segurança e se apropriou até das nossas cores e símbolos. Corrupto que sempre foi, lambuzou-se com o poder. Usou a sua absoluta falta de escrúpulos para sacramentar uma política de ódio, da mediocridade e da desumanidade. Saiu de cena o debate político para dar lugar a uma baixaria que dá asco e nojo.

A mentira é a arma oficial dos canalhas. Criaram um universo paralelo onde o que importa é a estratégia de manutenção do poder. Nenhuma preocupação com a realidade e com a verdadeira situação do povo brasileiro. Um discurso voltado para os milhões de cúmplices e a desfaçatez de arrombar os cofres públicos, a céu aberto, para a perpetuação da quadrilha no comando. Um acinte diário, permanente e sem limites. O Brasil está sendo estuprado aos olhos do mundo, que acompanha perplexo o nosso dia a dia. E nós seguimos indignados com nossa resistência diária e nossa dor pelos que ficaram no caminho.

A fala do canalha na ONU foi um fecho de ouro para coroar a hipocrisia e celebrar a mentira. A humilhação a que o país foi submetido é apenas a continuação do que ocorre a todo instante com as mulheres, os negros, os desempregados, a comunidade LGBTQIA+ e os que perderam amigos e familiares na luta contra o obscurantismo. Pode parecer tarde, mas ainda é tempo. Vamos seguir resistindo. Só não podemos nos esquecer do nome do canalha, esse nome que, por profilaxia, acabamos não usando, preferindo sempre uma qualificação pejorativa: Bolsonaro. Esse é o chefe dos canalhas.

Com a lembrança do mestre Miguel Torga, em Penas do Purgatório.

“Guarde a sua desgraça
Oh desgraçado.
Viva já sepultado
Noite e dia.
Sofra sem dizer nada,
Uma boa agonia
Deve ser lenta, lúgubre e calada.”









O trabalho heroico do Padre Júlio Lancellotti

 







Música “A verdade vos Libertará”, de Padre Zezinho,

cantada por Antonio Cardoso


A Verdade vos libertará. libertará

A verdade vos libertará, libertará

Não temais os que matam o corpo

Não temais os que armam ciladas

Não temais os que vos caluniam

Nem aqueles que portam espadas

Não temais os que tudo deturpam

pra não ver a justiça vencer

Tende medo somente do medo

De quem mente pra sobreviver

Tende medo somente do medo

De quem mente pra sobreviver

A Verdade vos libertará. libertará

A verdade vos libertará, libertará

Não temais os que vos ameaçam

Com a morte ou com difamação

Não temais os poderes que passam

Eles tremem de armas na mão

Não temais os que ditam as regras

Na certeza de nunca perder

Tende medo somente do medo

De quem cala ou finge não ver

Tende medo somente do medo

De quem cala ou finge não ver

A Verdade vos libertará. libertará

A verdade vos libertará, libertará

Não temais os que gritam nas praças

Que está tudo perfeito e correto

Não temais os que afirmam de graça

Que vós nada trazeis de concreto

Não temais o papel de profetas

Que o papel do profeta é falar

Tende medo somente do medo

De quem acha melhor não cantar

Tende medo somente do medo

De quem acha melhor não cantar

A Verdade vos libertará. libertará

A verdade vos libertará, libertará.



Júlio Lancellotti


Júlio Renato Lancellotti é um pedagogo e presbítero católico brasileiro. Exerce a função de pároco da paróquia de São Miguel Arcanjo no bairro da Mooca, na cidade de São Paulo. Além da paróquia, o padre também é responsável pelas missas realizadas na capela da Universidade São Judas Tadeu, situada na mesma rua. Wikipédia


Aos iludidos . . .


Leonel Radde on Twitter: "Na paralisação da polícia contra os ...










 


Fascismo - Dicio, Dicionário Online de Português


História *Dependência de história*: Fascismo e Nazismo


Hora difícil. MAFALDA: No Pasaran! – Laboratório de Sensibilidades


TÁ NO “TEMPO DA POLÍTICA”…SEM POLÍTICA? | Clair Castilhos



Bella ciao é uma canção popular italiana, provavelmente composta no final do século XIX. Na sua origem, teria sido um canto de trabalho das Mondine, trabalhadoras rurais temporárias, em geral provenientes da Emilia Romagna e do Veneto, que se deslocavam sazonalmente para as plantações de arroz da planície Padana. Mais tarde, a mesma melodia foi a base para uma canção de protesto contra a Primeira Guerra Mundial. Finalmente, a mesma melodia foi usada para a canção que se tornou um símbolo da Resistência italiana contra o Fascismo durante a Segunda Guerra Mundial. ( Wikipédia )



A pandemia ajudou a abrir a tampa do bueiro em que o fascismo hibernava





Moisés Mendes

Publicado originalmente no blog do autor


Alegrete tem 10 mortes pela Covid-19. Todos sabem alguma coisa dos que morreram. A pandemia chega também aos lugares em que negam sua existência.

Não há outra cidade da fronteira e da campanha com a simbologia de Alegrete como expressão do que possa ser o gaúcho.

Não há no Estado outra cidade com a mitologia de Alegrete, em  todas  as áreas.

Há duas semanas, morreu ali o fisioterapeuta Sebastião Fialho Guedes, figura admirada pela dedicação aos pacientes e pelo companheirismo.

Morreu dentro do Hospital de Caridade, onde trabalhava com alegria e onde deve ter sido infectado. Ficou um mês internado e não resistiu.

No dia do enterro de Sebastião, Alegrete viu se formar um longo cortejo de carros até o cemitério. Havia muito tempo não morria alguém tão conhecido.

Dias depois, mais carros saíram às ruas, em carreatas que se repetem em Alegrete desde maio. Com bandeiras e gritos pelo fim do isolamento e pela abertura do comércio.

Alegrete é uma das cidades gaúchas tomadas pelo gritedo da extrema direita. Alguns dizem que sempre foi assim. Não foi. Morei 15 anos em Alegrete, me criei num ambiente conservador, mas onde a transgressão criadora sempre teve espaço para contestar o reacionarismo.

Alegrete deve ser a única cidade no Brasil que mantém até hoje um jornal fundado seis anos antes da abolição para lutar pelo fim da escravidão.

Seu criador foi o advogado Luis de Freitas Vale, filho de fazendeiros, apoiado por um grupo de latifundiários, jornalistas, poetas, comerciantes, sapateiros.

Freitas Vale virou barão em 1888 por reconhecimento da Princesa Isabel. Por isso Alegrete é também a terra do abolicionista Barão do Ibirocay.

Tenho orgulho de ter sido editor-chefe da Gazeta de Alegrete com 19 anos, em 1972. Com carteirinha de editor assinada por Samuel Marques e Helio Ricciardi. Eu trabalhei num jornal tatuado pelo combate ao escravismo.

Hoje, Alegrete não é mais apenas conservadora, é uma cidade infectada pelo extremismo de direita. Os que saíram às ruas, logo depois da morte de uma figura com todas as virtudes do fronteiriço, não eram só os que temem perder empregos e negócios. Eram pregadores bolsonaristas.

Conseguiram ficar quietos durante uma semana de luto pela morte de Sebastião. Mas não resistiram e voltaram às carreatas.

Falo de Alegrete, a cidade da Confraria da Praça Nova-Grupo Antifascista porque li ontem que mais de 15 mil pessoas saíram às ruas de Berlim (foto) pelo fim do isolamento.

Uma multidão de negacionistas. Alguns carregavam cartazes com frases antissemitas e pediam a volta do nazismo. Não estavam ali apenas para negar a pandemia. Estavam para dizer que são racistas e superiores.

A pandemia ajudou a abrir a tampa do bueiro em que o fascismo hibernava, em Berlim e Alegrete.

Se há algum consolo, no Alegrete de Freitas Vale pelo menos não pedem a volta da escravidão. Ainda não.










Fanáticos camisas amarelas de Bolsonaro ficarão cada vez mais violentos



"A marcha bolsonarista, se não houver uma resistência real a seus propósitos, irá ser, a cada dia, mais violenta. Não pode haver ilusão: os camisas amarelas de hoje são o que foram os camisas negras de Mussolini e de Hitler, os camisas azuis de Franco e os camisas verdes de Plínio Salgado", alerta o jornalista Helio Doyle

Por Hélio Doyle, no Congresso em Foco

Não são fatos isolados. No dia 1º de maio, enfermeiros que protestavam pacífica e silenciosamente na Praça dos Três Poderes foram ofendidos e agredidos por militantes bolsonaristas. No dia seguinte, adeptos do presidente Jair Messias Bolsonaro e do ex-ministro Sérgio Moro brigaram em frente à sede da Polícia Federal, em Curitiba. À noite, em São Paulo, manifestantes cercaram o apartamento em que mora o ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e o ofenderam. No domingo, em frente ao Palácio do Planalto, dois repórteres foram empurrados e receberam chutes e murros, enquanto o motorista de um jornal levava uma rasteira e um repórter era insultado verbalmente. Por seguidores de Bolsonaro, é claro.

A agressividade dos apoiadores de Bolsonaro não é novidade, pois vem se manifestando desde a campanha eleitoral e é incentivada pelo próprio presidente e por seus filhos, um dos quais postou, recentemente, um vídeo com homens atirando. O revólver feito com os dedos é um símbolo claro desse espírito bélico, além de inúmeros outros gestos e falas repletos de exaltações à intolerância, à violência e à destruição, inclusive física, dos que são considerados inimigos.

Nesses tempos de pandemia, porém, os bolsonaristas têm se mostrado ainda mais violentos e agressivos. Uns acham que é porque estão se sentindo acuados e se desesperam, com medo das acusações de Moro e tentando impedir a todo custo um processo de impeachment, agora ou quando a catástrofe passar. Outros atribuem a subida de tom ao fato de estarem sozinhos nas ruas e por isso acharem que está próximo o momento em que irão impor sua agenda antidemocrática, derrubando as instituições e dando mais poderes a Bolsonaro. As bandeiras autoritárias movem as manifestações bolsonaristas e, ao prestigiá-las, o presidente deixa claro seu apoio a elas.

São, na verdade, as duas coisas: Bolsonaro se sente acuado e acha que o ataque é sua melhor defesa. O incremento das manifestações, motorizadas ou não, e o alto nível de violência verbal e física contra os adversários são parte de seu projeto de “tomada do poder” e destruição do “sistema” que estaria impedindo o pleno exercício do governo por ele. O que os bolsonaristas querem é radicalizar o ambiente político, acirrar os ânimos, agitar as ruas, provocar confrontos e estabelecer uma situação caótica de crise econômica, política e social.

O recado que procuram passar é para não tentarem o impeachment ou decisões judiciais para afastá-lo, agora ou depois, pois haverá forte resistência. E, se vier o caos que eles almejam, as forças armadas irão intervir a favor do presidente, contra o Congresso, o Judiciário, a imprensa e as forças da sociedade civil que se opõem a ele. De um jeito ou outro, imaginam, Bolsonaro vencerá.

Guerra santa

Bolsonaro conta com uma significativa base social para executar seus planos. Pesquisas indicam que se aproxima de 30% dos eleitores, mas não se sabe quantos desses, efetivamente, irão às últimas consequências por quem chamam de “mito”. Entre os seguidores do presidente, estão desde milionários até o extrato mais pobre da população. Há empresários de todos os portes e trabalhadores de todas as rendas, homens e mulheres, jovens e idosos.

Mas há, sobretudo, fundamentalistas cristãos fanatizados e integrantes ativos ou inativos das forças policiais e armadas. Bolsonaro conta com eles para, como já disse com clareza, destruir o sistema vigente e construir uma nova ordem no país, segundo os ensinamentos do astrólogo Olavo de Carvalho, guia político do presidente, de seus filhos e alguns ministros e assessores.

É um projeto eminentemente fascista, autoritário e conservador. Para sua execução, Bolsonaro precisa de uma massa de fiéis e fanáticos seguidores, apoiados por militantes armados que lhes assegurem vantagem no confronto — daí os incentivos ao armamento legal pelas milícias disfarçadas em clubes de caça e de tiro. Precisa também que as forças policiais estejam ao seu lado e que as forças armadas optem em apoiá-lo na “guerra santa” contra os comunistas — que, para os bolsonaristas, não são só os marxista-leninistas e esquerdistas, mas todos que se opõem ao mito e a seus desígnios, mesmo estando à direita no espectro político.

São os fundamentalistas e milicianos que, negando os riscos da pandemia e ignorando a ciência, estão indo às ruas para mostrar apoio a Bolsonaro e a seu projeto político, ainda que muitos não o entendam muito bem. Bradam contra a corrupção, ignorando que ela existe na família Bolsonaro e no governo que ele comanda. São contra a “velha política”, fingindo que não sabem quem foi o deputado Bolsonaro e de seus atuais entendimentos com o “centrão”. Defendem princípios religiosos, contraditórios não só com a vida pessoal e atitudes de Bolsonaro como com a violência e os preconceitos que ele defende. Dizem-se nacionalistas, falam em “Brasil acima de tudo”, mas não questionam a submissão aos Estados Unidos e a subserviência a Israel — e até levam bandeiras desses países às manifestações.

Essa massa bolsonarista está sendo insuflada para a guerra e avança aos poucos, mas com persistência, testando as forças contrárias. Como a cada avanço é atacada apenas por dezenas de pronunciamentos e notas oficiais e, mais recentemente, por pedidos de impeachment mantidos na gaveta do presidente da Câmara, sente-se animada a prosseguir e intensificar a ofensiva.

A marcha bolsonarista, se não houver uma resistência real a seus propósitos, irá ser, a cada dia, mais violenta. Não pode haver ilusão: os camisas amarelas de hoje são o que foram os camisas negras de Mussolini e de Hitler, os camisas azuis de Franco e os camisas verdes de Plínio Salgado. E as milícias de Bolsonaro em breve serão a SA e a SS brasileiras. É só questão de tempo.



   Helio Doyle  é jornalista, foi professor da Universidade de Brasília e secretário da Casa Civil do governo do Distrito Federal.






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Casal Bozonazi em: A franga tá presa, babaca


Bolsonaro desafia STF: ‘Constituição tem dupla mão!’


Enquanto isso, na Europa, 1347 d.c.


Herança e legado



Crítica de Zé de Abreu a Regina Duarte é a chave para se vencer o fascismo


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Zé de Abreu e Regina Duarte


" Zé de Abreu mobiliza mais as redes do que toda a esquerda junta, por isso assusta. Ele fala a língua do povo, aquela língua que o povo esqueceu de falar. A língua direta, não intelectualizada, não viciada na estética narcísica do bom mocismo. A língua fragmentária e suja, que arranca o sentido à fórceps e o serve na bandeja sangrando ", diz o colunista Gustavo Conde sobre o ator Zé de Abreu e seu ativismo político.


Gustavo Conde


A crítica do ator José de Abreu à Regina Duarte provocou reações no establishment politicamente correto. Houve até quem escrevesse um artigo no jornal Folha de S. Paulo para acusá-lo de "machista". O instinto oportunista de gente autoproclamada ‘correta’ é das venalidades mais comoventes - e a imprensa hegemônica é o picadeiro ideal para que se desfile esse ódio recalcado. 

Zé de Abreu mobiliza mais as redes do que toda a esquerda junta, por isso assusta. Ele fala a língua do povo, aquela língua que o povo esqueceu de falar. A língua direta, não intelectualizada, não viciada na estética narcísica do bom mocismo. A língua fragmentária e suja, que arranca o sentido à fórceps e o serve na bandeja sangrando. 

A diferença é que Zé defende a democracia e combate o fascismo. Isso já o coloca na linha de frente nessa batalha assimétrica contra nazistas e contra a boçalidade tacanha dos sem-subjetividade. 

Zé é o nosso bastardo inglório, o combatente insano, o soldado capaz de cravar - metaforicamente - uma suástica na testa de um imbecil subdesenvolvido que pensa que é nazista mas é só um fanático abestalhado, saudoso da ditadura e apoiador de torturadores. 

Sem Zé de Abreu, o Brasil vira um campo de concentração retórico à espera bem comportada e civilizada do auto aniquilamento. 

Alguém esqueceu de contar para a esquerda brasileira que o inimigo extremista de direita, em permanente guerra pelo poder, é um assassino sempre covarde e sempre mentiroso, capaz de forjar atentados para se auto vitimizar, capaz de mentir obsessivamente, capaz de cometer qualquer espécie de crime, capaz de ignorar a dor e a desgraça de quem quer que seja e capaz de contar com os serviços sempre à disposição do nosso jornalismo passador de pano. 

É por isso que o exército digital do bolsonarismo teme tanto Zé de Abreu. Eles sabem que a esquerda heroica lhes é útil na mobilização da anti-subjetividade e nem se dão mais ao esforço de mover um músculo para dissuadi-la desta missão gloriosa e autoimposta. 

Esse exército bolsonarista, no entanto, entra em pânico quando se depara com um Zé de Abreu, porque o ator mexe nas profundezas daquilo que restou de humano nessa horda entreguista. Eles sabem que Zé carrega o DNA da mobilização digital, pois ele se pinta para a guerra, não fica posando de bom moço. 

As reações de nazistas digitais a Zé de Abreu nas redes é um capítulo à parte. O desespero é tanto que eles se utilizam de táticas improváveis e desorganizadas. Um bolsonarista típico, por exemplo, é capaz de se tornar feminista apenas para atacar Zé de Abreu. Não é um feito? 

Chegam ao extremo de atacar o linguajar supostamente pouco educado de Zé, fazendo uso - no entanto - de uma linguagem de esgoto, onde grassa o calão explícito e o insulto histérico. Unem-se à esquerda Nutella - que também critica Zé de Abreu mas com a educação pegajosa dos covardes traidores - apenas para defenderem a “fragilidade feminina” da “namoradinha do fascismo” (também conhecida agora nas redes como “rainha da suástica”). 

Qual ativista de esquerda hoje no Brasil atinge tal desenvoltura em desestabilizar o sistema? 

Os áudios de Zé

O ator, no entanto, é muito mais sofisticado do que faz parecer sua espontaneidade. Zé de Abreu está acima dessas reações que bajulam o sistema podre da crítica social de vitrine. Os áudios que ele enviou à coluna de Mônica Bergamo na mesma Folha de S. Paulo são antológicos. Suas transcrições são para serem lidas e relidas por várias décadas, como registro verdadeiramente crítico da covardia existencial que arrastou o Brasil para o lixo humano que é o bolsonarismo.

Zé de Abreu usa o léxico, o tom e a semântica assustadoramente adequados para o momento. Sua crítica à Regina Duarte é, em verdade, zero machista e 100% política. E é irrespondível.

A "secura" de seu discurso direto é um soco bem dado na enrolação das argumentações intelectuais de conciliação, tão glamourosas quanto inúteis.

Zé de Abreu é ainda uma lição na esquerda bem comportada que quer parecer "boazinha" e "justa". Ele é tudo o que o Brasil precisa neste momento: cuspir em fascista e denunciar e expor a imundície de homens e mulheres que se aliam ao terror.

A minha posição nesta tarefa que é mostrar quais são os sentidos verdadeiramente subscritos na fala e no discurso de Zé de Abreu é técnica. Tratarei, aqui, de seus enunciados de posse das teorias contemporâneas da linguística - e não nesse achismo vagabundo que perambula nas hostes do “bolsonarismo crítico” travestido de “pensatas ensaísticas”, afundadas num idealismo tacanho de justiça de gênero que querem rebaixar Zé de Abreu a Pedro Bial. 

E se meu tom ‘estala’ o radar da passionalidade frívola nos leitores mais sensíveis, permitam-me dizer: é exatamente isso que quero. A técnica não é incompatível com a paixão. Para desfibrilar a burrice que assombra a interpretação de texto neste país, só mesmo com um choque de 300 joules. Sem isso, o coração leitor congela e trinca. 

Feitas as advertências gerais, passemos a outras: falemos um pouco do sentido - antes de debruçarmos sobre os fragmentos textuais de Zé de Abreu que chocaram a elite acadêmica lambuzada em álcool gel. 

O sentido, meus corajosos leitores, não está no dicionário. Ele está em vários outros lugares. Está, fundamentalmente, na subjetividade - na prática de se auto identificar como sujeito o tempo todo sem cessar.

O sentido, portanto, não está só no enunciado, está em quem enuncia. Uma mesma frase terá - obrigatoriamente - um sentido na boca de um fascista e outro, na boca de um não fascista.

Objetar a frase dita por um não fascista a imaginando na boca de um fascista pode ser um exercício interessante. Mas não encerra o debate sobre o que pode ou não ser dito, por quem quer que seja. 

O sentido não pode ser "particionado". É preciso ver o conjunto da obra. É esse conjunto que fornece a chave para se interpretar um enunciado singular. Querer patrulhar o discurso a ponto de ignorar sua heterogeneidade é um gesto tão fascista quanto demonizar um sujeito por seu sexo biológico (que, segundo Zé de Abreu e Jacques Lacan, inexiste - no que eu concordo com ambos). 

Enunciados sempre “pegam mal” ou “pegam bem”. Se destacados, eles pegam "tudo". E essa dor interminável de tentar achar a estratégia correta para tudo na vida é a armadilha fácil que fascina as mentes perplexas das vítimas conscientes do fascismo. 

A espontaneidade de Zé - com todos os riscos embutidos - é muito mais consequente do que o medo imperativo dos que servem de polícia para o próprio discurso. 

Esse é - ao menos, para mim - o ponto. 

Claro que Zé de Abreu pode "escorregar", como qualquer um de nós. Mas a coragem dele me interessa mais enquanto possibilidade de um discurso disruptivo, que fustigue a imbecilidade mecânica e previsível contida nas pílulas de horror do discurso bolsonarista. 

Como linguista eu tenho plena consciência da toxicidade histórica de certos enunciados - e da respectiva necessidade de se evitá-los. 

Mas para toda a generalidade, há exceções, até no universo do discurso. 

A linguista francesa Jacqueline Authier-Revuz tem uma frase emblemática sobre esse aspecto da linguagem. Ela diz: "a língua não é idêntica a si mesma". É enunciado teórico-técnico pleno da paixão (paixão pelo humano e pela técnica) e pode ser um ponto de partida para muitas coisas.

Vejamos, a seguir, a transcrição dos áudios polêmicos de Zé de Abreu extraída da matéria de Mônica Bergamo para o jornal Folha de S. Paulo:

“Fascista não tem sexo. Vagina não transforma uma mulher em um ser humano. Eu não vou parar. Eu sou radical mesmo e estou num caminho sem volta.”

Zé de Abreu foi mais rigoroso do que Roland Barthes e Simone de Beauvoir juntos: fascista não tem sexo. É esse enunciado que reveste a frase seguinte, que ‘estalou’ em ouvidos com síndrome da lacração. 

Como criticar Zé de Abreu por falar a palavra “vagina”, se uma nazista-evangélica faz isso todos os dias diante da nossa macunaímica preguiça intelectual? Alguma mulher ou homem ou gay tem alguma dúvida de que não é a genitália que determina sua sexualidade dominante de um indivíduo? Cem anos de psicanálise não serviram para nada? 

O enunciado de Zé de Abreu precisa ser interpretado como ‘enunciado do Zé de Abreu’, não como enunciado de um nazi-machista genérico, serviçal da besta-fera que se instalou no Planalto. Se se trocar o enunciador, troca-se o sentido, óbvio. Objetivamente, o ator está: 1) referindo-se à Regina Duarte, uma pessoa que se aliou a um governo nazista que defende a tortura e 2) dizendo que humanizar Regina porque ela tem uma vagina é uma operação hedionda: ninguém se torna humano ou deixa de ser humano pela genitália que ostenta entre as pernas, mas pelo que diz e pelo o que faz. 

Qual a novidade no enunciado de José de Abreu? O choque é pelo tom? Pela secura?

É emblemático que uma esquerda cheirosa se queixe de um discurso tão direto: tudo o que eles parecem buscar nesse momento é se esconder nas reentrâncias do próprio medo. 

Vamos ao próximo trecho (lembrando que são transcrições da fala de Zé de Abreu e não um texto redigido com as veleidades covardes de pretensos redatores): 

"Não existe sexo [homem ou mulher]. Quem apoia miliciano, homofóbico, torturador, pra mim nem humano é. [Quem apoia o Coronel Brilhante] Ustra, [o ex-ditador do Paraguai Alfredo] Stroessner [já elogiados por Jair Bolsonaro]. Você sabe quem foi Stroessner! Torturador, pedófilo, estuprador de crianças, narcotraficante. Ele tinha uma rede de pessoas que pegavam crianças pobres para serem estupradas."

Nem sei se esse trecho precisa de análise. Alguma restrição? Alguém se sentiu ferido, tonto, com vertigem? A direção é simples: ver Regina Duarte assumir uma secretaria de um governo que ostenta os valores descritos acima é um caso digno de pena? Ou de indignação? Será mesmo viável, a essa altura dos acontecimentos, protegê-la sob o simulacro de imagem fragilizada de “mulher”? Mulher pode ser fascista, afinal? É a democracia de gênero do fascismo?

Zé de Abreu se pergunta: ser mulher exime um ser humano da prática do fascismo? 

É lícito que as marcas do enunciado podem fazer emergir o rastro de um machismo estrutural que, é bom lembrar, é comum a todos nós, homens e mulheres. Mas o tema aqui é fascismo, não machismo. Se não soubermos mais postular uma mínima hierarquização temática de um simples enunciado, é melhor abdicarmos da possibilidade da arte e do debate público. É como banir todos as novelas de Shakespeare porque ele era misógino. É como banir toda a obra de Monteiro Lobato, porque ele era racista. 

Zé de Abreu é um artista. Seu discurso obedece à expressividade polifônica de um ator. Sua teimosia retórica expõe suas vísceras enquanto combatente político destituído do medo pequeno-burguês que esmaga a sociedade brasileira neste turno fantasmagórico de psicopatas no poder. O fato de ele não ter medo de ser patrulhado é uma virtude, não um defeito. Não neste momento histórico. 

Vamos para mais um trecho de Zé de Abreu: 

"Como é que uma pessoa dessas [referindo-se a Regina Duarte, que apoia e integrará o governo de Bolsonaro]... não, eu tô indignado. Não dá para respeitar quem apoia o Bolsonaro. Eu não tenho o menor respeito. Para mim não interessa se é homem ou mulher. Não pode. Não pode. Fascista a gente trata no cuspe. Não há como considerar o fascista um ser humano. E quem apoia fascista, fascista é."

Mais claro, mais humano, mais direto, impossível. É desse ethos que o brasileiro auto identificado como progressista se ressente. Há possibilidade de relativizar a monstruosidade de Bolsonaro e de Regina Duarte? É possível minimizar os efeitos assassinos de suas condutas? É crível usar meias palavras ou eufemismos envernizados para se referir a esse consórcio famigerado de terror e mentira? 

Eu adverti que faria uma análise técnica e reitero: as palavras acima são técnicas. Não se pode tergiversar diante de monstros torturadores com suas subjetividades assombradas e interrompidas. É suicídio. É suicídio ético e é suicídio crítico. 

Zé de Abreu prossegue, ilustrando o horror: 

"É aquela história: tem 11 pessoas numa mesa. Senta um fascista e ninguém se levanta. São 12 fascistas. Não tem como respeitar. Sinto muito. Eu sou radical mesmo e estou num caminho sem volta. E não me arrependo.

Os gays me ligam, me mandam Whatsapp. Aquilo que eu postei, que [maquiadores e cabeleireiros] tiraram as rugas, os cabelos brancos, que costureiros fizeram roupas para esconder as banhas [de Regina Duarte] não é uma criação minha. As pessoas me ligam apavoradas, entendeu? Como é que pode uma atriz participar de um governo desses? É um negócio de louco. Ela diz que recebeu um chamado divino. Porra, é contra índio... ah, não dá. Desculpa. Mas é muito difícil."

Esse ritmo digressivo e fragmentário, típico da oralidade, em Zé de Abreu, acentua o caráter fortemente reativo de sua resposta ao nazi-fascismo. É uma aula de ética. Com essa trepidação discursivo-gramatical, Zé de Abreu demonstra muito mais eficiência persuasiva que os intelectuais mofados que agonizam contemporizando o ódio. 

Se não fizer trepidar o discurso, nada acontece. Zé de Abreu emociona por isso, porque ele não tem medo de se expor e porque ele nos brinda com um texto necessariamente desorganizado, já que a sociedade brasileira e o debate público estão ambos mergulhados em profundo caos político, social e cognitivo. Só um ator como Zé de Abreu para restituir a energia crítica presente no testemunho traumático de suportar um repositório de bestalidade que preside avacalhadamente um país.

Ele segue: 

"Desde que a Regina foi ao Bolsonaro na eleição [para apoiá-lo, em 2018], camareiros, maquiadores, costureiros, todos me falavam “o que essa mulher vai fazer ao apoiar um homofóbico?”. Falei isso para ela. Mandei recados para ela."

Aqui, o ator apenas relata o pânico de profissionais da TV que trabalharam com a atriz que se aliou ao fascismo. Ele faz mais: manifesta lealdade às relações profissionais que mantinha com a atriz a alertando do suicídio moral que ela estava prestes a cometer ao apoiar oficialmente um apologista do ódio. 

A fala de Zé chega a ser delicada. É a fala de alguém que buscou ‘salvar’ uma pessoa, não o contrário. Como chamar um discurso assim de discurso de ódio? De discurso machista? Zé de Abreu não é um bajulador vendido e histérico como Pedro Bial, Zé de Abreu é a sinetinha básica para aqueles que perderam a noção.

Mais um trecho: 

"Sou, talvez, sim, machista, misógino, por uma educação [que recebi], pela sociedade. Mas a cada dia eu tento “mulherar”. A cada dia eu sou menos machista, menos misógino. E tenho certeza disso.

(...)

Minhas esposas podem testemunhar o meu comportamento. E são várias. Eu piso na bola às vezes. Mas, numa boa, se há um homem que procura “mulherar” a cada dia sou eu.”

Zé de Abreu foi atacado por muitas pessoas que se dizem feministas. Eu gostaria que essas pessoas lessem esse trecho de sua fala. Zé demonstra ser alguém que tem consciência do machismo estrutural que nos é peculiar a todos. Ele combate esse machismo com humildade confessional e ainda afirma que esse monitoramento de si nunca será suficiente. 

Faz uso de um neologismo poderoso que é a expressão ‘mulherar’. Um ‘tornar-se mulher’ permanente, que tire o homem e a sociedade do lodaçal misógino que grassa no universo de Regina Duarte, Damares Alves e Pedro Bial, este sim, um machista despudorado que atacou covardemente a diretora Petra Costa, num espetáculo grotesco de misoginia, inveja, despeito e subserviência. 

O universo feminista é heterogêneo. Tem muitas correntes e disputas internas. Seria muito arriscado de minha parte dizer “o feminismo” ou “as feministas”. Mas façamos um esforço técnico de abstração temporária: alguma feminista de alguma corrente do feminismo poderia dar uma chance à materialidade do texto e reconhecer publicamente que Zé de Abreu é um sujeito da história que enaltece o direito inalienável, político e subjetivo da mulher? 

Deixo a resposta em aberto para os corajosos leitores que até aqui chegaram, acrescentando um último trecho da fala de Zé de Abreu: 

“Eu não vou parar. Não vou parar. Eu sei que estou certo. A minha consciência diz que eu estou certo. E eu vou continuar nessa."

Zé de Abreu é o mais prodigioso registro em resposta ao espancamento cognitivo a que o Brasil foi lançado, com a doença social chamada antipetismo na linha de frente das abominações genocidas. 

Seu discurso espontâneo, demasiadamente humano, revela a dor que pulsa na medula política de todos nós que ainda quedamos paralisados diante da promiscuidade anti-existencial das hordas nazi-fascistas do bolsonarismo e do morismo. 

O ethos de Zé de Abreu é um imperativo para se vencer o nazi-fascismo. O nazi-fascismo foi vencido com uma guerra. O nazi-fascismo brasileiro não será vencido com uma eleição, pelo simples fato de que nazistas não aceitam derrotas no campo da democracia. 

Quanto mais tentarmos entender o bolsonarismo, mais seremos contaminados por ele. Bolsonarista não se adota, não se ausculta, não se tolera. Bolsonarista tem de ser esmagado, enfrentado, afrontado. A segunda opção, nesses casos, é aceitar o próprio extermínio, gesto pouco atrativo na minha modesta opinião. 

Zé de Abreu é o antídoto que todos procuramos em vão nesses últimos anos cascudos de perseguição institucional à democracia e à vida. É preciso falar de Zé, é preciso falar com Zé, é preciso replicar as falas de Zé. 

Seu detratores são assaz violentos e gozam, agora, da companhia de luxo de setores da esquerda de grife. Mais um feito para Zé, porque assim ele implode mais esse sistema ideológico avacalhado de falsos progressistas. 

Mil vivas a Zé de Abreu. Que ele jamais pare.






Sou professor




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Sou professor

Professo a informação e o conhecimento

Posso também professar o caos

Professo e alerto aquilo que podemos evitar

Compartilho experiências

Ensino e aprendo

Combato a opressão

Sou professor

Sou Lula Livre e Paulo Freire sim senhor!

E me chamem como quiser:

Comunista, socialista, esquerdista, doutrinador

Só não podem me chamar de covarde e hipócrita

Pois sou mais que professor

Sou educador

E se assim não atuasse, seria uma contradição pedagógica

Educo e luto com amor

Mesmo em tempos obscuros

Onde querem nos calar e nos intimidar

Limitando a conscientização e a criticidade dos cidadãos

Tentando partidarizar com a falácia sem partido

Calado não fico, e jamais ficarei

Partiremos para cima

Podem propagar o ódio e mentiras

Meu combate é com a verdade e a justiça

Sou Che, Marighella, Marielle

Não serei um mero e medíocre professor

Não fujo, reajo!

Não vou me omitir de minha responsabilidade social

Se é de informação que a sociedade carece

É isso que irei fornecer

Em tempos de exceção

Da ascensão do neofascismo

Sejamos nós a exceção

E igualmente a salvação de toda essa ignóbil e manipulável nação.


* Luiz Fernando Padulla Professor, biólogo, doutor em Etologia, mestre em Ciências, autor do blog 'Biólogo Socialista'






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Em dez passos, Frei Betto descreve como Bolsonaro naturaliza o horror no Brasil



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Em 1934, o embaixador José Jobim (assassinado pela ditadura, no Rio, em 1979) publicou o livro “Hitler e os comediantes” (Editora Cruzeiro do Sul). Descreve a ascensão do líder nazista recém-eleito, e a reação do povo alemão diante de seus abusos. Não se acreditava que ele haveria de implantar um regime de terror. “Ele não gosta de judeus”, diziam, “mas isso não deve ser motivo de preocupações. Os judeus são poderosos no mundo das finanças, e Hitler não é louco de fustigá-los”. E sabemos todos que deu no que deu.

Estou convencido de que Bolsonaro sabe o que quer, e tem projeto de longo prazo para o Brasil. Adota uma estratégia bem arquitetada. Enumero 10 táticas mais óbvias:

1. Despolitizar o discurso político e impregná-lo de moralismo. Jamais ele demonstra preocupação com saúde, desemprego, desigualdade social. Seu foco não é o atacado, é o varejo: vídeo com “golden shower”; filme da “Bruna, surfistinha”; kit gay (que nunca existiu); proteção da moral familiar etc. Isso toca o povão, mais sensível à moralidade que à racionalidade, aos costumes que às propostas políticas. Como disse um evangélico, “votei em Bolsonaro porque o PT iria fazer nossos filhos virarem gays”.

2. Apropriar-se do Cristianismo e convencer a opinião pública de que ele foi ungido por Deus para consertar o Brasil. Seu nome completo é Jair Messias Bolsonaro. Messias em hebraico significa ‘ungido’. E ele se acredita predestinado. Hoje, 1/3 da programação televisiva brasileira é ocupado por Igrejas Evangélicas pentecostais ou neopentecostais. Todas pró-Bolsonaro. Em troca, ele reforça os privilégios delas, como isenção de impostos e multiplicação das concessões de rádio e TV.

3. Sobrepor o seu discurso, desprovido de fundamentos científicos, aos dados consolidados das ciências, como na proibição de figurar o termo ‘gênero’ nos documentos oficiais e dar ouvidos a quem defende que a Terra é plana.

4. Afrouxar leis que possam imprimir no cidadão comum a sensação de que “agora, sou mais livre”, como dirigir sem habilitação; reduzir os radares; desobrigar o uso de cadeirinha para bebês etc.

5. Privatizar o sistema de segurança pública. Melhor do que gastar com forças policiais e ampliação de cadeias é possibilitar, a cada cidadão “de bem”, a posse e o porte de armas, e o direito de atirar em qualquer suspeito. E, sem escrúpulos, ao ser perguntado o que tinha a declarar diante do massacre de 57 presos (sob a guarda do Estado) no presídio de Altamira, respondeu: “Pergunta às vítimas”.

6. Desobstruir todas as vias que possam dificultar o aumento do lucro dos grandes grupos econômicos que o apoiam, como o agronegócio: isenção de impostos; subsídios a rodo; suspensão de multas; desativação do Ibama; diferençar “trabalho análogo à escravidão” de trabalho escravo e permitir a sua prática; sinal verde para o desmatamento e invasão de terras indígenas. Estes são considerados párias improdutivos, que ocupam despropositadamente 13% do território nacional, e impedem que sejam exploradas as riquezas ali contidas, como água, minerais preciosos e vegetais de interesse das indústrias de produtos farmacêuticos e cosméticos.

7. Aprofundar a linha divisória entre os que o apoiam e os que o criticam. Demonizar a esquerda e os ambientalistas, ameaçar com novas leis e decretos a liberdade de expressão que desgasta o governo (The Intercept Brasil), incutir a xenofobia no sentimento nacional.

8. Alinhamento acrítico e de vassalagem à direita internacional, em especial a Donald Trump, e modificar completamente os princípios de isonomia, independência e soberania que, há décadas, regem a diplomacia brasileira.

9. Naturalizar os efeitos catastróficos da desigualdade social e do desequilíbrio ambiental, de modo a se isentar de atacar as causas.

10. Enfim, deslegitimar todos os discursos que não se coadunam ao dele. Michel Foucault, em “A ordem do discurso” (2007), alerta para os sistemas de exclusão dos discursos: censura; segregação da loucura; e vontade de verdade. O discurso do poder se julga dono da verdade. Não por acaso, na campanha eleitoral, Bolsonaro adotou, como aforismo, o versículo bíblico “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8, 32). A verdade é ele, e seus filhos. Seu discurso é sempre impositivo, de quem não admite ser criticado.

Na campanha eleitoral, a empresa BS Studios, de Brasília, criou o jogo eletrônico Bolsomito 2K18. No game, o jogador, no papel de Bolsonaro, acumulava pontos à medida que assassinava militantes LGBTs, feministas e do MST. Na página no Steam, a descrição do jogo: “Derrote os males do comunismo nesse game politicamente incorreto, e seja o herói que vai livrar uma nação da miséria. Esteja preparado para enfrentar os mais diferentes tipos de inimigos que pretendem instaurar uma ditadura ideológica criminosa no país. Muita porrada e boas risadas.” Diante da reação contrária, a Justiça obrigou a empresa a retirar o jogo do ar.

Mas o governo é real. Dissemina o horror e enxerga em quem se opõe a ele o fantasma do comunismo.


*Frei Betto é escritor, autor de “A mosca azul – reflexão sobre o poder” (Rocco), entre outros livros.









Clã Bolsonaro tem um projeto: semear o terror para colher um Estado de Exceção






Mauro Lopes


O clã Bolsonaro está colocando em marcha seu projeto, à luz do dia, aos olhos do país. Eles, Jair, o chefe do clã, secundado por Eduardo, Flávio e Carlos têm um plano. Eles querem encerrar a experiência democrática no país e instalar um regime de acordo com sua maneira de ser e pensar as relações e o mundo -o fascismo. A simplicidade é espantosa e, ao mesmo tempo, um trunfo. Com a cumplicidade e complacência das elites, suas mídias, seus think tanks e a participação ativa do Judiciário e de expressivos segmentos do Legislativo, o plano está em marcha. Trata-se de semear o terror para obter, de uma sociedade em pânico, das instituições em frangalhos e das mídias embasbacadas, aprovação para um estado de exceção. 

Como isso será feito? Há duas operações em curso no momento.

1. A primeira é a transferência da embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém ou de um escritório de negócios oficial brasileiro na cidade. É uma decisão gravíssima. Desde 1947 a ONU determinou que Jerusalém fosse uma cidade com regime internacional, sem controle exclusivo de judeus, árabes ou cristãos. Jerusalém é de todos e não é de ninguém. A Cidade Sagrada do judaísmo, do cristianismo e do islamismo deveria ser um símbolo da convivência e da paz no mundo. Quase 3,5 bilhões de indivíduos, mais de metade da população global, seguem uma religião que tem locais sagrados nesta cidade. 

Em 1980, o governo de Israel investiu contra este projeto de paz e o Knesset (parlamento) aprovou uma lei declarando que uma "Jerusalém unificada e indivisível" seria a capital de Israel, sede do Knesset e onde outros países estabeleceriam suas embaixadas. No próprio ano de 1980, uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, aprovada com catorze votos e abstenção dos EUA, declarou que a Lei de Jerusalém era nula e não deveria ser reconhecida. De fato, assim o foi. Nenhum país instalou sua embaixada na cidade.

O lobby judaico obteve do Congresso dos EUA uma decisão favorável à mudança da embaixada em 1995, mas a lei virou letra morta, pois os presidentes americanos postegaram a implementação da decisão. Donald Trump rompeu com o consenso e decidiu instalar a embaixada dos EUA na cidade, numa afronta ao Direito Internacional, aos muçulmanos e cristãos, numa atitude de provocação ao mundo árabe. Isolado, o presidente americano conseguiu que apenas Guatemala e Paraguai acompanhassem a decisão.

Desde a campanha o clã Bolsonaro vem anunciando que iria romper com a histórica posição do Brasil no Oriente Médio como um protagonista que sempre buscou soluções de paz e iria seguir a decisão de Trump, se vencesse as eleições. Uma vez vitoriosos os bolsonaros. houve quem imaginasse que a retórica eleitoral seria arquivada e o bom senso prevaleceria. Qual nada. Jair Bolsonaro avisou: o projeto segue em frente. Nos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro confirmou a decisão na terça-feira (27), depois de um encontro com Jared Kushner, genro e conselheiro de Trump. Nesta quarta (28), foi a vez de Fávio Bolsonaro, eleito para o Senado pelo Rio de Janeiro. "É uma questão que está decidida", afirmou ele a jornalistas. Finalmente, nesta quinta (29) Bolsonaro pai afirmou que o tema esteve na agenda de seu encontro com o conselheiro de Segurança Nacional, John "senhor da guerra" Bolton.

A mudança da embaixada para Jerusalém está sendo vendida pelo clã Bolsonaro à opinião pública como uma questão ideológica, o que é uma estultície, porque não há um tema vinculado a visões ou concepções de mundo na questão; o Itamaraty manteve uma posição consistente em relação a Israel e à Palestina desde a década de 1940, tanto em governos conservadores como liberais ou de esquerda e assim foi até na ditadura militar. Além disso, o confronto aberto com os povos e países árabes em decorrência de uma eventual mudança compromete a economia brasileira. Os países árabes são grandes compradores de frango e carne bovina do Brasil. Em 2017, o superávit da na relação comercial com o mundo árabe foi de US$ 7,1 bilhões, mais de 10% do superávit total do Brasil (US$ 67 bilhões); enquanto isso, na relação com Israel o Brasil teve déficit de US$ 419 milhões. Ou seja, não há qualquer vantagem para a economia brasileira na inversão das relações do país no Oriente Médio. 

Então, qual a razão da insistência dos Bolsonaro, para além do alinhamento automático com Trump? Há uma lógica calculada e calculista: a mudança de posição do Brasil, se concretizada a transferência da embaixada, irá removê-lo da condição de pacificador e interlocutor privilegiado em toda a região, com árabes e israelenses, e lançará o país no centro do conflito, tornando-o um agente do odiado imperialismo norte-americano no mundo árabe. De promotor da paz a patrocinador do conflito. Este é o desejo dos Bolsonaro, este é o lugar onde querem que o Brasil esteja. Por um motivo simples: com o reposicionamento do país estará aberta a estrada para o discurso do "Brasil alvo do terrorismo". Os muçulmanos, que já são hostilizados pela extrema-direita brasileira, mas não são o principal alvo de seu ódio, serão elevados à condição de "inimigos da pátria".

O novo governo começará a caçar "terroristas" por todo o canto, com uma formidável caixa de repercussão: as empresas jornalísticas conservadoras, de direita e extrema direita, e a constelação de polos irradiadores de ódio nas redes sociais. Rapidamente, a sensação de insegurança irá se espalhar. O que faltará para o clamor por um Estado de Exceção? Um atentado. Mas isto é algo que, como demonstra a história brasileira, a direita pode conseguir com um estalar de dedos. Uma bomba em São Paulo ou no Rio será suficiente. Nem será preciso matar ou ferir alguém. Bastará a explosão. Há precedente. Em 1981, dois militares ligados aos porões da ditadura foram os protagonistas desastrados do frustrado ataque a bomba no Rio Centro, onde milhares de jovens reuniam-se num show, em 30 de abril, comemorativo do Dia do Trabalhador. O sargento Guilherme Pereira do Rosário e pelo capitão Wilson Dias Machado só não plantaram a bomba no local do espetáculo porque ela explodiu no colo do sargento, matando-o, e ferindo gravemente o capitão. O plano era executar o atentado e culpar a esquerda. Mesmo diante do fiasco, o Exército criou a farsa de um inquérito que foi arquivado e o caso só foi reaberto 18 anos depois. Apenas em 2012 vieram à luz documentos comprovando toda a trama dos serviços de informação do regime militar. Um dos autores do atentado, o capitão Wilson Machado, continuou sua carreira militar sem qualquer percalço, até ser reformado como coronel. Tanto ele como o sargento morto pertenciam ao DOI do I Exército, da máquina de repressão, tortura e morte da ditadura. É com esses segmentos militares que Bolsonaro guarda históricas ligações. Seu herói, Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos maiores torturadores da história brasileira, pertencia ao DOI-CODI. O roteiro, portanto, não é difícil de ser entendido. 

Há um caminho para a disseminação do terror rascunhado a partir da mudança da embaixada para Jerusalém. O recuo para a mudança em etapas, com a abertura de um escritório de negócios do Brasil na Cidade Sagrada não muda o essencial do roteiro.

2. De maneira simultânea à ofensiva dos últimos dias para garantir a mudança da embaixada, o terceiro filho de Bolsonaro, o vereador carioca Carlos Bolsonaro, o grande líder da ação do clã nas redes sociais, soltou na noite de quarta (28) uma bomba em forma de twitter, afirmando que seu pai pode ser morto por quem está "muito perto" (leia aqui). A notícia de que o filho de um filho do presidente eleito e integrante de seu núcleo duro denunciou uma conspiração para matar o pai no interior de seu agrupamento de poder seria manchete de enorme repercussão em qualquer país do mundo. Mas a mídia conservadora olhou para o outro lado, fingiu não ter visto e apenas o 247, secundado pela mídia progressista, deu a merecida repercussão ao caso. No meio do dia, Bolsonaro falou sobre o caso. Poderia ficado quieto, poderia ter apaziguado, poderia ter dito que o filho se precipitara -poderia ter adotado diferentes posturas para esvaziar o assunto. O que fez Bolsonaro? Jogou ainda mais gasolina no fogo. "Minha morte interessa a muita gente" declarou o presidente eleito (aqui).

A versão de um "cerco" e de "ameaças à vida" de Bolsonaro está crescendo. Em 1 de novembro, o general Augusto Heleno, futuro chefe do Gabinete de Segurança Institucional, anunciou que "a inteligência" teria descoberto planos para um suposto atentado "terrorista" (palavra usada por Heleno, leia aqui). No mundo político a história foi recebida com desdém e sorrisos de ironia, mas agora sabe-se que ela era parte de uma narrativa que está sendo construída e que caberá como uma luva na justificação para o o endurecimento do novo regime.

A história está sendo montada e ganhou novo impulso com o twitter de Carlos Bolsonaro.

"Inimigos externos", os "terroristas do Islã" e "inimigos internos", as "forças ocultas que desejam ver Bolsonaro morto" são as sementes do clima de terror que estão sendo lançadas à terra. A colheita pretendida é óbvia: o Estado de Exceção. É bom ficar de olhos e ouvidos abertos.



Postado em Brasil 247 em 29/11/2018