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Silly is beautiful !


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Eugênio Aragão*


A glorificação da idiotice é a tática mais contundente de dominação das massas no novo Brasil. Ser cretino e espírito de porco está na moda. Ou você compartilha esse modo "cool" de ser ou você está fora. Ser petista, por exemplo, é "out": pensa demais, argumenta demais, tem valores demais – e... chora demais! Mimimi não está na moda!

Esse fenômeno, na verdade, não é novo. A felicidade-dumb já vem de longe, numa classe média consumista que adora mostrar o que tem, mais do que mostrar o que sabe.

Lembro-me de quando estava no ensino médio que, mal Jô Soares apresentava um novo número humorístico em seu "Planeta dos Homens", estavam muitos, já no dia seguinte, a imitar suas frases feitas: "o macaco tá certo!" Causava-me irritação essa chatice da recorrente reprodução acrítica do programa por um monte de gente homogeneizada pela Rede Globo. Parecia tudo papagaio.

Não se tratava, em absoluto, de um problema de gente inculta, de poucos meios para estudar. Não. Essa idiotice vinha da classe média endinheirada e se espalhava por escolas particulares, como a que eu frequentava como bolsista, clubes, praias de Zona Sul do Rio de Janeiro e sítios na serra de Teresópolis. Era a fina flor que, em plena ditadura militar, se distraía com esse humorzinho televisivo bobo, enquanto nada se falava de torturas e mortes nos porões do Dops e do Doi-Codi.

Afinal, a vida com os Alfa-Romeo Ti4, com a casa de praia em Angra dos Reis e com caríssimas viagens para o exterior era tão bela... "eu te amo meu Brasil, eu te amo... meu coração é verde, amarelo e azul...".

De lá para cá, a alienação dessa gente só piorou e se disseminou entre os pretendentes a classe emergente. A rede mundial de computadores aprimorou a homogeneização da mentalidade de espírito de porco. As redes sociais, com sua dinâmica de narcisismo virtual, provocam reações impulsivas de muitos que ali "postam", sem qualquer preocupação dialógica. Buscam apenas resposta rápida para suas imbecilidades impensadas. Quanto mais expedita a reação na rede, maior o deleite ególatra. O sonho desse tipo de cretino é provocar a onda perfeita de "shitstorm" e mensagens politicamente incorretas que causam comoção virtual têm elevado potencial de encapelar os debates. As barbaridades vão se banalizando e acabam por ingressar na cultura política do mundo real.

Existe visível efeito "spill-over" da agressividade das redes sociais no discurso do cotidiano. Parece que muitos não se dão mais conta do tamanho dos absurdos que disseminam mundo afora. Criou-se verdadeira contracultura da imbecilidade em massa. Há quem compete na propensão de escandalizar com assertivas sem pé nem cabeça. Ser racional, nesse contexto, é ser chato, é estragar a brincadeira.

Se tudo não passasse de brincadeira de mau gosto, seria um problema menor. Corrigia-se com uns puxões de orelha próprios para meninos travessos. Mas o caráter epidêmico da idiotice em rede passou a contaminar o discurso oficial, paralisando o diálogo político. Assiste-se a um general de pantufas, agora vice-presidente eleito, a elogiar o fim do trabalho de médicos cubanos no Brasil, pois seu chefe, o capitão de pantufas eleito presidente, vai entrar na história por os ter livrado do trabalho forçado, como a Princesa Isabel, que aboliu a escravidão no Brasil!

No legislativo, vê-se uma deputada com semblante irado – claramente fora de si – propor projeto de lei a proibir educação sexual nas escolas, como se fosse, ela, a secretária de ensino fundamental do Ministério da Educação. Não interessa. O debate precisa de "speed" e levar o assunto a um debate entre especialistas pedagógicos só toma tempo; melhor uma iniciativa impensada que faça marola e irrite os "liberais". Não há diálogo. Há invectiva, há ofensa e ataque.

Do mesmo modo parlapeteia o prospectivo chanceler indicado pelo presidente eleito que quer fuzilar "toda a petralhada do Acre": a mudança climática é um mito criado pelo "marxismo cultural" e a Europa é um espaço culturalmente vazio... a esquerda não quer que crianças nasçam - e coisas do gênero. Há pouco tempo atrás, um funcionário público que adotasse esse tipo de discurso na função que exercesse seria candidato certo à aposentadoria compulsória por demência. Mas hoje, na era do non-sense, um sujeito desses tem excelentes perspectivas na carreira diplomática!

Enquanto isso, os verdadeiros problemas do país são postos de lado, como mimimi de "comunistas" que perderam a vez. Vale é surfar nas ondas de "shitstorm", a movimentarem a sociedade sem rumo, como num frenesi de ódio e ranger de dentes, em marcha na direção do abismo. Políticas públicas? Para quê? Isso é torrar dinheiro para sustentar vagabundo que não quer se virar sozinho! O negócio é acabar com a "corrupção" da esquerda, com a liberdade de ensino e pesquisa, com os direitos humanos, com a igualdade de gêneros, mesmo que morram uns milhares de inocentes... afinal, não se faz omelete sem quebrar ovos!

O besteirol se tornou a arma mais mortal contra a razão e contra a democracia inclusiva. E ele tem método, pois deslegitima de modo brutal o discurso sobre direitos. É hora de reagir se quisermos minimamente conservar o humanismo construído no mundo do pós-guerra e seu senso comum de solidariedade, tolerância e responsabilidade coletiva. Do contrário, iremos em transe, feito lunáticos, para nossa destruição – e achando bom!


*Eugênio Aragão foi Ministro da Justiça.


Postado em Brasil 247 em 18/11/2018



Prazer, nazista !


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A natureza de todo mal está, pois, impressa no córtex de quem já não vê o mundo de uma forma altruísta, mas o vê mediante os olhos da barbárie que estamos prestes a mergulhar.

Marcos Cesar Danhoni Neves

“ O objetivo da educação totalitária nunca foi incutir convicções, mas destruir a capacidade de formar alguma “ (Hannah Arendt)

Nasci um ano antes do golpe de 1964, um ano após a crise dos mísseis entre EUA e Cuba e sete meses antes do assassinato de John Kennedy. Morando em uma cidade ainda pequena à época, comecei a tomar conta dos danos da ditadura mais de uma década depois, especialmente quando era repreendido no Ensino Médio por levantar perguntas consideradas “de esquerda”. Na Universidade, editei jornais: O PODER e O CLANDESTINO (este realmente feito de forma clandestina e entrega idem), e me batia com o professor-biônico (indicado por alguma autoridade militar, sem passar por concurso na Universidade Pública) “dono” da disciplina de E.P.B. (Estudos dos Problemas Brasileiros), que se constituía numa enfadonha matéria que tentava nos inculcar os lemas da ditadura: ‘BRASIL, AME-O OU DEIXE-O’ e ‘ESTE É UM PAÍS QUE VAI PRÁ FRENTE”, entre outras sandices mais.

Ainda assim, lembro-me que nos estertores do regime militar e na abertura democrática pós-DIRETAS-JÁ, nossos opositores políticos envergonhavam-se quando, numa discussão acalorada, os chamávamos de “fascistas”, “misóginos”, “xenófobos”, “racistas”. 

Entretanto, hoje, vivemos tempos estranhos: a população, imbecilizada por décadas por uma mídia dominadora e de direita e antipetista ao extremo, parece ter feito, em escala continental, uma imensa operação cirúrgica de lobotomização na população brasileira. 

Com a emergência das mídias digitais, esta midiotização clássica (televisiva, radiofônica e de hebdomadários), encontrou nos whatsapp, facebook e telegram um terreno incendiário para propalar as mais torpes baixezas alicerçadas numa realidade distorcida que foi chamada de cenários de “fake news”, no sentido de substituir o embate político por preconceitos arraigados no lado mais obscuro da natureza humana. O embate foi substituído, primeiro pelo medo, depois, pela agressividade extrema!

Hoje, ao tentarmos o embate político direto entre amigos e familiares sobre a deplorável figura de Jair Messias Bolsonaro, topamos com um muro não somente alto e inalcançável, mas, sobretudo, dotado de uma espessura inexpugnável! 

Por mais que ousemos nos mostrar ao debate, o outro lado logo apresenta seu clássico diagnóstico nazifascista, homofóbico, xenófobo, baseado numa crença singular de “família” e “valores religiosos”. 

Há pouco mais de uma década atrás, como salientei anteriormente, ser classificado como “fascista” já fazia corar essa gente. Hoje, no entanto, ao ser chamado de NAZISTA, nosso oponente, num largo sorriso, nos responde: ‘PRAZER’!

Essa reação desmonta qualquer possibilidade lógica de demovê-lo do abandono da caverna platônica em que o colocaram, para vir à luz e descobrir que as sombras que o assombram, nada mais são que produto da interposição de um objeto entre a fonte de luz e seu anteparo. 

A situação é mais desesperadora quando analisamos situações análogas que levaram à ascensão do fascismo na Itália, do franquismo na Espanha, do nazismo na Alemanha, do salazarismo em Portugal e do hirohitismo no Japão.

O pesadelo de enfrentar estas situações cotidianas que se dão em casa, no ambiente de trabalho, em reuniões informais etc., nos faz acreditar que caímos numa armadilha kafkiana [Orwelliana]*.

Kafka [Orwell]*, em sua brilhante obra “1984”, descreve um mundo hipertotalitário onde a população, midiotizada era submetida a sessões de lavagem cerebral diárias. Este megagoverno despótico havia criado a novilíngua criada pela “condensação” e “remoção” de palavras ou de alguns de seus sentidos.

Isso restringia o alcance do pensamento livre de qualquer pessoa, tendo, como consequência, a desaparição da referência a determinados fatos ou fenômenos, levando-os à desaparição do mundo cotidiano controlado do cidadão neo-escravizado. 

Assim, por meio do controle da linguagem, o déspota era capaz de controlar o pensamento de cada membro da população, liquidando toda reação ou ideia que pudesse confrontar com o regime ditatorial.

Para exemplificar, a novilíngua unia sinônimos com antônimos. Dessa forma, algo que poderia ser “bom” ou “ruim”, não seria nem uma coisa nem outra, mas simplesmente desbom. 

Uma ideia e seu oposto, a não-ideia, seria a crimideia, ou seja, ideia como um crime ideológico. Na novilíngua existia o duplipensar, caracterizado pelas frases: “escravidão é liberdade”, “guerra é paz”, “ódio é amor”.

Estas características de linguagem assemelham-se muito aos métodos de propaganda de Joseph Goebbels na Alemanha de Adolf Hitler. Milhões marcharam sob a nova língua e os discursos inflamados desprovidos de significados, mas que tocavam o íntimo brutal de nossa natureza desconhecida.

No Brasil de Bolsonaro, não adianta “ofender” os midiotizados-kafkianos [Orwellianos]* por destemperos verbais como: “seu nazista”; “seu racista”, …, e por aí vai. 

A lobotomia midiática de mais de duas décadas criou a sociedade de Franz Kafka [George Orwell]*. A cada “nazista” classificado por nós, ouvimos, horrorizados, como resposta-padronizada, um: “prazer” …

A natureza de todo mal está, pois, impressa no córtex de quem já não vê o mundo de uma forma altruísta, mas o vê mediante os olhos da barbárie que estamos prestes a mergulhar, controlados por um bárbaro destemperado e cujos discursos destruíram nossa capacidade ímpar de produzir nossas próprias, e livres, convicções.


Marcos Cesar Danhoni Neves é professor titular do Departamento de Física da Universidade Estadual de Maringá, autor do livro “Memórias do Invisível”, entre outras obras.



Postado em Fórum em 22/10/2018


Nota 

Quando podemos usar o recurso de [ colchetes ] no texto de outra pessoa está explicado na opção marcada com *. No texto acima, foi necessário colocar o nome correto do autor da obra literária, em questão, " 1984 ", o escritor inglês George Orwell (1903-1950), também, professor e jornalista. A obra foi escrita em 1948. 


Colchetes

O colchetes é um termo que tem a finalidade igual ao parênteses. Sua função em uma frase não muda.

Entretanto, é mais encontrado em frases ou textos de cunho cientifico, filosófico ou didático. Dificilmente, ou melhor dizendo, não se usa em orações de histórias ou com outro intuito.

Você irá encontrar o colchetes em dicionários, com o objetivo de mostrar ao leitor a etimologia do vocábulo mencionado.

Em situações que vamos mencionar uma palavra ou expressão estrangeira, falar sobre uma palavra ou um símbolo qualquer, que não faça parte do sentido daquele texto.

* Em textos já publicados encontramos muito o uso de colchetes para demonstrar os comentários feitos e também as observações em cima do texto.

Nos artigos que levam a citação de algum autor e é preciso esconder parte do texto citado, podemos utilizar o colchetes junto com a reticencias, logo leitor irá entender que foi preciso pular aquela parte do texto.





Tava aqui pensando





Lelê Teles


Os caras têm o presidente da república; mesmo que empurrado goela abaixo, feito um foie gras.

Têm maioria na câmara e no senado.

Têm maioria no stf.

Contam com a omissa conivência do MPF e da PGR.

Ofendem a constituição, burlam as leis, subvertem a ordem.

Tudo para o seu bel prazer.

Governam os estados mais importantes, economicamente falando.

Se servem da bajulação da grande mídia que, de brinde, ainda comete assassinato de reputação de seus adversários.

Comandam uma malta de midiotas que cagam ódio nas redes sociais, intoxicando corações e mentes.

Debocham, escarnecem, tripudiam.

São - estes que aí estão - frutos do espírito de um novo tempo.

E, como sabemos, são tempos trevosos.

Estes intransigentes brucutus demofóbicos - os tais homens de bens - são também carolas de fachada, dizimistas desalmados, papa hóstias fingidos...

Cristãos de tabernáculo, em suma.

Do cristo, seguem apenas o exemplo da cruz, onde o mestre perdoa o "bom" ladrão.

São discípulos deste e não daquele.

São corruptores, corruptos, machistas, sexistas, sexólatras, misóginos, racistas, classistas, ególatras...

Umas bestas-fera.

E chegam - oh, opróbrio! - com uma fome de anteontem.

São vorazes.

Devoram tudo que veem pela frente; como cupins.

E o diabo é que eles estão em quase todas as partes.

Ontem mesmo descobrimos, durante o churrasco da família, alguns deles entre nós.

Agora, como pokémons, eles surgem em nossa frente na faculdade, nas redes sociais, nos púlpitos, nas cortes, nas praias, nos programas de tv, na balada...

E o pior, aqui e nas estranjas.

Esse pandemônio já é uma pandemia.

São as sementes do desamor esparramadas mundo afora e que agora frutificam também por estas paragens.

Espalham-se, contagiam...

Emergiram do limbo quais criaturas sombrias, soturnas, enigmáticas.

Estão sempre com um sorriso cheio de ódio a rasgar-lhes os lábios.

Amam odiar.

Sentem ódio todos os dias, como quem sente sede e fome.

E estão sempre sedentos e insaciáveis.

Estupram, espancam, humilham.

A antítese da mulher sujeito é o homem abjeto.

E é este que agora volta ao poder, o macho branco e machista.

Welcome to the trump land.

Negam qualquer alteridade. São contra o outro, o outro é sempre um inimigo a ser destruído.

Detestam o estrangeiro de pele escura, querem extinguir o índio nu e prender o homem de pé descalço ou que pede esmola.

Estes, eles matam e esfolam.

No campo, como na cidade, mandam e desmandam, matam e desmatam.

Truculentos, dão carteirada, mentem, omitem, chutam a porta, arrancam pelos cabelos, se apropriam das cadeiras e das canetas, tomam de conta do pedaço.

Nunca imaginávamos que eram tantos.

E em pouco tempo - se o grande meteoro não vier - confirmarão sua ubiquidade.

Um trump aqui, uma le pen ali.

Um temer cá, um macri acolá.

Eles...

Eles...

Quê que eu tava pensando mesmo?

Questões enigmáticas.


Lelê Teles   Lelê Teles  -  Jornalista, publicitário e roteirista



Postado em Brasil247 em 08/02/2017