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A foto que chocou o mundo : pai e filha bebê morrem afogados na fronteira mexicana




Resultado de imagem para migrantes no mundo


Trata-se de um migrante salvadorenho chamado Óscar Martínez, que viajava com sua filha Valeria, de quase dois anos. Ambos morreram ao tentar atravessar o rio Bravo, com o objetivo de chegar aos Estados Unidos.




Victor Farineli

A imagem é horrível e comovente: os corpos flutuando sem vida, abraçados, em uma das margens do Rio Bravo não mostram apenas o desfecho trágico da curta vida do migrante salvadorenho Óscar Martínez, e da ainda mais curta existência de sua filha Valeria, que não tinha sequer dois anos completos.


Este também é um retrato de uma tragédia maior, que é a crise migratória centro-americana, que ganhou todas as capas de jornais desta quarta-feira (26), e se tornou certamente uma das imagens do ano, talvez da década.


Segundo relato da mãe, em entrevista para uma correspondente da agência Associated Press, a morte deles teria acontecido no domingo (23). Óscar teria se jogado no rio com sua filha sobre os ombros, e quando tentou ajudar sua mulher a segui-lo, a menina se atirou nas águas, levando o pai a mergulhar para tentar salvá-la. Pela imagem, pode-se deduzir que o pai colocou a filha dentro da sua camiseta, como forma de evitar que ela se afogasse.

Outra coisa que chama a atenção na imagem é seu parecido com outra fotografia que impactou o mundo, nesta década marcada por crises migratórias: a do corpo desfalecido de um menininho sírio, afogado às margens de uma praia grega, completamente ignorado pelos turistas que desfrutavam suas férias.

É importante ressaltar que o drama vivido na fronteira entre o México e os Estados Unidos não se dá somente pela agressiva política migratória adotada pela Casa Branca desde o início da administração de Donald Trump – que chantageou recentemente o México de López Obrador a adotar postura semelhante, conseguindo os resultados que queria –, mas também às diferentes crises do capitalismo em países como Honduras, El Salvador e Guatemala, de onde parte a maioria dos integrantes das diferentes e imensas caravanas migrantes.

São pessoas desesperadas, que tentam fugir da miséria e da violência em seus países, e sonham com melhores oportunidades nas grandes metrópoles do país que se apresenta como o mais desenvolvido do mundo, mesmo que isso signifique enfrentar a onda de xenofobia contra os latinos promovida pelo discurso do presidente Trump.

“Isto aqui era um barril de pólvora, uma tragédia anunciada, por tudo o que sabemos que acontece nos acampamentos de migrantes perto da fronteira”, comenta a correspondente da Associated Press, Julia Le Duc. Segundo a reportagem da agência, somente no ano passado faleceram cerca de 283 pessoas tentando cruzar a fronteira entre o México e os Estados Unidos. Na semana passada houve 9 vítimas, entre as quais 4 eram crianças.





A guerra do capitalismo ao papa





A direita da igreja acusa de "heresia" o papa, que continua a criticar um sistema que produz "degradação humana, social e ambiental"


Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

O papa está preocupado. Sua mensagem de Natal, Urbi et Orbi, é claríssima: Francisco vê um mundo em uma situação de pré-guerra e com os pobres, as crianças e os refugiados como as maiores vítimas do que está se desenhando no horizonte, graças a um “modelo de desenvolvimento caduco”. Que modelo é esse? O capitalista, lógico. Esta não foi a primeira e nem será a última vez que o líder católico ataca o capitalismo, razão da crescente desigualdade no planeta, mesmo nos países dito “desenvolvidos”.

Em setembro de 2013, meses após assumir o posto mais alto do catolicismo, Francisco criticou este sistema “sem ética” onde no centro, há um ídolo, o dinheiro. “O mundo tornou-se idólatra do dinheiro”, lamentou. Dois meses depois, voltou à carga. “Alguns defendem que todo o crescimento econômico, favorecido pelo livre mercado, consegue por si mesmo produzir maior equidade e inclusão social no mundo. Esta opinião (…)nunca foi confirmada pelos fatos”.

Em julho de 2015, na Bolívia, Francisco novamente expôs sua insatisfação com o capitalismo. “Reconhecemos que as coisas não andam bem num mundo onde há tantos camponeses sem terra, tantas famílias sem teto, tantos trabalhadores sem direitos, tantas pessoas feridas na sua dignidade? Reconhecemos que este sistema impôs a lógica do lucro a todo o custo, sem pensar na exclusão social nem na destruição da natureza?”, questionou.

Em fevereiro deste ano, o papa tentou chamar à razão os empresários para que não sejam tão gananciosos e não visem apenas o lucro, que tenham um papel social, no caminho da crítica da ONU às corporações rentistas que nem empregos são capazes de gerar atualmente. “Hoje foram inventados diversos modos para ajudar, matar a fome e instruir os pobres. Não obstante, o capitalismo continua a produzir descartes e exclusões”, criticou. “A economia de hoje precisa da alma dos empresários e da fraternidade respeitosa e humilde. É preciso compartilhar mais os lucros para combater a idolatria do dinheiro”.

Neste Natal, Francisco se mostrou ainda mais consternado com o futuro dos menos favorecidos. “Hoje, enquanto sopram no mundo ventos de guerra e um modelo de desenvolvimento caduco continua a produzir degradação humana, social e ambiental, o Natal lembra-nos o sinal do Menino convidando-nos a reconhecê-Lo no rosto das crianças, especialmente daquelas para as quais, como sucedeu a Jesus, ‘não há lugar na hospedaria'”, disse, olhando para os pequenos desvalidos.

“Vemos Jesus nas inúmeras crianças constrangidas a deixar o seu país, viajando sozinhas em condições desumanas, presa fácil dos traficantes de seres humanos. Através dos seus olhos, vemos o drama de tantos migrantes forçados que chegam a pôr a vida em risco, enfrentando viagens extenuantes que por vezes acabam em tragédia”, falou, sobre a situação dos refugiados.

O papa argentino tem se mostrado um homem justo – ou não seria um inimigo do capitalismo.

E não esqueceu de defender a causa palestina, alvo agora do celerado presidente dos EUA, que se uniu à direita sionista para decretar que Jerusalém é a capital de Israel. Para o papa, existem dois Estados que devem ser respeitados. “Neste dia de festa, imploramos do Senhor a paz para Jerusalém e para toda a Terra Santa; rezamos para que prevaleça, entre as Partes, a vontade de retomar o diálogo e se possa finalmente chegar a uma solução negociada que permita a coexistência pacífica de dois Estados dentro de fronteiras mutuamente concordadas e internacionalmente reconhecidas”, disse.

O papa argentino tem se mostrado um homem justo –ou não seria um inimigo do capitalismo. Sua posição, mais próxima à esquerda, o fez ganhar adversários poderosos dentro da igreja. Na véspera de Natal, o jornal português Público trouxe uma reportagem especial, traduzida do britânico Guardian, sobre a “guerra” contra Francisco que está sendo urdida no Vaticano, impulsionada pelo clero de direita alinhado com Donald Trump e o conservadorismo norte-americano. “O Papa Francisco é atualmente um dos homens mais odiados do mundo. E quem mais o odeia não são ateus, protestantes ou muçulmanos, mas alguns dos seus próprios seguidores”, afirma a reportagem.

Um clérigo inglês disse ao jornalista Andrew Brown, autor do texto: “Mal podemos esperar que ele morra. É impublicável o que dizemos dele em privado. Sempre que dois padres se encontram, falam sobre o quão horrível Bergoglio é… Ele é como Calígula: se tivesse um cavalo, fazia dele cardeal.” Em setembro, 62 católicos descontentes publicaram uma carta aberta apontando em Francisco sete acusações de heresia, entre elas a defesa de que católicos divorciados possam voltar a se casar, no documento Amoris Laetitia (Alegria do Amor). O cardeal norte-americano Raymond Burke, uma das cabeças reacionárias por trás de Trump, também se insurgiu contra o texto, ao lado de três outros cardeais amotinados.

Com o título Correctiofilialis de haeresibuspropagagatis” (literalmente, Uma correção filial em relação à propagação de heresias), os signatários enumeram as passagens de Amoris Laetitia em que o papa “insinua ou encoraja posições heréticas”, e “as palavras, atos e omissões do papa Francisco que mostram, além de qualquer dúvida razoável, que ele deseja que os católicos interpretem essas passagens de uma maneira que é, de fato, herética”. A carta também acusa o papa de estar influenciado pelas ideias de Martinho Lutero, uma das figuras centrais da reforma protestante. Este tipo de “correção” não acontecia desde a idade média, contra João XXII.

Toda esta oposição ao papa terá mesmo a ver apenas com religião ou há razões mais terrenas? Uma coisa é certa: quanto mais Francisco atacar a idolatria do dinheiro, mais ganhará detratores. Heresia deveria ser apoiar um sistema cruel como o capitalismo. O papa só está sendo cristão.



Postado em Blog do Miro em 02/01/2018