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Tem gente que nem é bonita, mas que se torna linda quando conhecemos




Prof. Marcel Camargo

A estética anda supervalorizada. Parece que a indústria da beleza está tomando todos os lugares, bombardeando as mídias com apelos e propagandas de tratamentos, procedimentos, clareamentos, alisamentos, enfim, tudo o que pode tornar a pessoa mais bela.

Cada vez mais, os valores se superficializam, tornam-se rasos, não porque cuidar de si mesmo seja ruim, mas porque tão somente se valoriza aquilo que se vê, o que se ostenta, o que se consome. É óbvio que cuidar da saúde é essencial, assim como exercícios físicos fazem bem, pois a autoestima influencia muito na qualidade de nossas vidas. Sentir-se bonito e querer ser mais bonito não faz mal algum, o problema é quando toda essa materialidade não se acompanha por afeto, por comportamentos desejáveis, por empatia.

E é também assim que as pessoas se afastam de aspectos da vida que são importantes para o convívio, para o exercício da tolerância, para o trato com o outro, para o olhar para o outro e para dentro de si. Porque, ao focar demasiadamente os objetivos na superfície, o lado de dentro se fragiliza. É como se negligenciássemos a nossa essência em todos os cuidados que ela deve – e merece – ter. É como se fôssemos ocos, vazios, sustentando rebocos prestes a ruir.

Não se trata de romantizar estilos não saudáveis de vida, mas sim de entender que tudo requer equilíbrio. Exageros e excessos fazem mal, sejam de que tipos forem. Preocupar-se demais ou de menos são igualmente nocivos, pois, quando se excede de um lado, um outro lado está sendo deixado sozinho. A gente está precisando prestar mais atenção nos sentimentos, para além das superfícies. Sorrisos colgate podem esconder tristeza sem fim. Músculos, sozinhos, não aguentam as barras da vida.

Porque é aqui de dentro que você conseguirá retirar os instrumentos necessários para se reerguer, para recomeçar, para ser alguém mais feliz e de bem com a vida. É aí dentro que tem sua porção mais bela. Tem gente que nem é bonita, mas, depois que conhecemos, fica linda. Tem gente que, quando abre a boca, perde toda a beleza que tem. O que importa vem de dentro. A beleza também.




Mundo feito de imagens




Patricia Tavares

No mundo feito somente de imagens, ninguém consegue se ver, nem enxergar o outro.

Dificuldades à parte, o que interessa e importa é mostrar, colocar as imagens, é aparecer sem crer e nem acreditar no que vê.

Olhar, olhar e ver o mais que puder, mesmo não conseguindo enxergar nada, mesmo que a imagem não combine com o "ser".

O que importa é ficar em destaque e conseguir que muitos vejam, independente do que veem, é fundamental mostrar porque no mundo das imagens ninguém precisa enxergar nada ou entender o que vai além da Imagem, o que vai além de ver ou de se ver.

Puro deleite das faces, mil faces, dos corpos, mil corpos, dos nudes, mil nudes, mas ninguém se olha ou se interessa de verdade pelo ser humano que vê.

Há uma proibição combinada, ninguém pode interessar-se de verdade pelo outro, isso é um perigo, um risco. O combinado é superficialidade; quanto mais superficial, menos riscos, isso é o que muitos acreditam. Neste mundo existem regras: É preciso combinar que não existirá nenhum aprofundamento, porque quase ninguém está disposto a lidar com o que é real, só com irrealidade, virtual e superficial; ninguém quer lidar com falhas, frustrações, com os "nãos", muito menos com sofrimento e decepção. A maioria se contenta com superficialidade e imagem.

Um mundo “light” para quem não quer lidar com frustrações, nem com sentimentos reais; passa para outro link, outra página, outra imagem, passa rápido sem nenhuma reflexão, sem nenhum sofrimento, passa rápido para outro rosto, com camuflagem, só é preciso impressão e distância segura para pessoas vazias.

Você pode até ser de mentira, porque aqui, meu bem, ninguém está interessado em ser de verdade e muito menos ver você como realmente é. Relaxe!

Vista sua melhor roupa, ou fantasia, fale o que todos querem ouvir, não precisa revelar-se, por aqui ninguém consegue acessar interiores, nem se preocupar de verdade com os sentimentos dos outros.

Foge daqui, foge de lá, não existe preocupação com verdadeiras intenções, tudo é fugidio neste mundo só de egos e vaidades.


Sem reflexão, sem tantos sentimentos, somente momentos, rostos, corpos quase perfeitos, e se não forem... não importa, importa apenas o que se mostra.

Miragem, falta de coragem, sem nenhuma sensibilidade, somente ilusões e sensações.

Vivemos cada vez mais distantes uns dos outros, barreiras, medos, limites estranhos, receios grandes dos embates da vida comum, por isso as pessoas criam tudo para nada fugir ao controle, como se fosse possível viver uma vida perfeita, relações ideias, corpos e rostos sem marcas. Como se fosse possível congelar nas telas dos aparelhos as marcas do tempo, a passagem do tempo, a vida real. E não é possível congelar tudo, fazer tudo e todos ficarem perfeitos?

Viver automatizado, congelado, impactado por uma multidão de gente, contato, hipnotizado, o tempo todo alguém, conversa sem nexo, vazio, nada importa, só o que brota na futilidade do sentido que vai e vem.

O tempo passa e muita coisa sem nexo, sem propósito e o coração vazio sem nada e sem ninguém.

Vive-se o engodo de si mesmo, do outro e do mundo, mas vai em frente porque o show não pode parar.

Não importa o que verdadeiramente você sente, por aqui é tudo artificialidade e falta de coragem, escolha o seu personagem e busque a melhor performance e vá em frente.


 e em sua coluna no Jornal A Tribuna

Sempre podemos sonhar e colocar o nosso tijolinho na construção de um Mundo diferente, né ?!