O sistema de valores orientados pelo egoísmo promove de modo agressivo, a tese do darwinismo social, uma visão que acredita na existência de grupos superiores, que se diferem física e intelectualmente, devendo governar a sociedade. Enquanto os outros menos capazes deixariam de existir, por serem inaptos de seguir a linha evolutiva da espécie humana.
Isso é uma leitura deturpada da teoria de Charles Darwin, usada para justificar que os egoístas apresentam quociente de inteligência elevada para dominar a ciência e comandar a sociedade. Essa concepção está formando uma geração de egoístas, indivíduos que têm apegos exagerados às coisas materiais, sem nenhuma preocupação com as necessidades alheias.
A soma de ações egoístas, alimentam a cultura do individualismo, que na interpretação psicanalítica de ego, é a priorização da razão narcísica sobre a razão dos demais. Além disso, essa cultura acredita que o seu modo de ter e ser – é o mais importante das raças humanas.
Mas essa é uma lógica reducionista, pois nós humanos temos a necessidade vital de pertencer a uma coletividade, anseios que remontam a nossa ancestralidade, como identificou o gênio Charlie Chaplin: “Mais do que máquinas precisamos de humanidade. Mais do que inteligência precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes a vida será de violência e tudo estará perdido.”
Portanto, existe a esperança de vitória sobre a sociedade desumanizada na construção de uma sociedade mutualista, que se apóia nos valores da tradição humanista que – restauram à vida. Hoje esse lugar de bem-querer só é possível, graças as ações de pessoas altruístas que fazem o bem aos outros antes de pensar em si mesmas.
As pesquisas confirmam que pessoas – emocionalmente inteligentes – ajudam a melhor a vida das suas comunidades, demonstrando gestos verdadeiros de altruísmo e a capacidade de compreender as diferenças. São gente que gosta de gente, que escuta o sofrimento alheio e busca soluções para as necessidades do próximo.
O resultado disso chama-se solidariedade, uma palavra de origem francesa “solidarité”, que significa responsabilidade mútua e do latim “solidus”, que expressa algo firme, inteiro e sólido. Ou seja, que orienta a atuação dos cidadãos (as) de diversos setores sociais, que dão tudo de si para ajudar a reduzir a aflição das vítimas das catástrofes, da violência, da fome, das doenças, da drogadição, do desemparo social e econômico do Estado.
Enfim, apesar dos hediondos escândalos de corrupção e do mórbido egoísmo, temos muitas pessoas altruístas, que atuam de forma pacífica na construção de um mundo melhor, uma vez que elas são herdeiras de experiências, que datam de um sistema de valores da tradição psicoespiritual do Ocidente e do Oriente dos últimos 4000 anos.
Um dos poemas mais famosos de Charles Chaplin, que nos oferece uma fabulosa lição sobre o crescimento pessoal, começa assim: “Quando me amei de verdade, eu realmente entendi que, em qualquer circunstância, diante de qualquer pessoa e situação, eu estava no lugar certo e no momento exato. Foi então que eu pude relaxar. Hoje eu sei que isso tem um nome: autoestima”.
Os historiadores nos dizem que houve um momento no mundo da arte, da ciência e da cultura em que dois nomes brilhavam acima dos outros: Charles Chaplin e Sigmund Freud. Se o primeiro tinha o rosto mais familiar e admirado, o segundo tinha a mente mais brilhante.
“ Não devemos ter medo de nos confrontarmos… até os planetas se chocam e do caos nascem as estrelas.”
– Charles Chaplin –
Tal foi a notoriedade de ambos que Hollywood passou muitos anos tentando fazer com que “o pai da psicanálise” participasse de alguma grande produção. Foi em 1925 que o diretor da MGM (Metro-Goldwyn-Mayer), Samuel Goldwyn, chamou Freud para elogiar as suas obras e publicações definindo-o como “o maior especialista do mundo em amor”. Mais tarde, pediu a sua colaboração em uma nova produção: “Marco Antônio e Cleópatra”.
Ele lhe ofereceu uma remuneração acima de cem mil dólares, mas Freud disse “não”. Diante de tantas negativas, as pessoas passaram a acreditar que ele odiava o cinema e toda a indústria cinematográfica. No entanto, em 1931, Sigmund Freud escreveu uma carta a um amigo revelando a sua profunda admiração por alguém que ele chamou de “gênio”. Alguém que na sua opinião mostrava ao mundo a transparência admirável e inspiradora do ser humano: Charles Chaplin.
Nessa carta, Freud analisou superficialmente o que Chaplin transmitia em todos os seus filmes: alguém de origem muito humilde, alguém que viveu uma infância difícil e que, apesar de tudo, prosseguia na sua maturidade com valores muito definidos. Não importavam as dificuldades que vivia diariamente, Chaplin sempre manteve um coração humilde. Assim, apesar das adversidades e obstáculos de uma sociedade complexa e desigual, sempre resolvia os seus problemas através do amor.
Nós não sabemos se Freud estava certo ou errado na sua análise, mas era o que Chaplin nos mostrava nos seus filmes e especialmente nos seus poemas: verdadeiras lições de sabedoria e crescimento pessoal.
Charles Chaplin : o homem por trás do poema
Dizem que Charles Chaplin escreveu este poema, “Quando me amei de verdade”, quando tinha 70 anos de idade. Alguns dizem que não é da sua autoria, mas sim uma adaptação livre de um parágrafo que aparece no livro de Kim e Alison McMillen “Quando eu me amei de verdade”. Seja como for, este não é o único texto de Chaplin que utiliza argumentos tão bonitos, requintados e enriquecedores sobre o poder e o valor da nossa mente.
Na verdade, também temos o poema “Vida”, onde ele nos diz, entre outras coisas, que o mundo pertence a aqueles que se atrevem, que viver não é simplesmente passar pela vida, mas lutar, sentir, experimentar, amar com determinação. Portanto, realmente não importa se este poema é uma adaptação de outro já existente ou se saiu da mente e do coração desse gênio icônico que nos cativou com o seu jeito de caminhar, seu bigode e sua bengala.
Carlitos, aquele personagem desengonçado, um vagabundo solitário, poeta e sonhador sempre em busca de uma diversão ou uma aventura, tinha uma mente muito lúcida: um homem com ideias muito claras sobre o que queria transmitir. E o que ele nos mostrou nas suas produções integra-se perfeitamente em cada uma das palavras desse poema. Na verdade, ele contou nas suas memórias que cada uma das características que constituíam a fantasia do seu personagem tinha um significado:
As suas calças eram um desafio para as crenças sociais.
O chapéu e a bengala tentavam mostrá-lo como alguém digno.
O seu pequeno bigode era uma demonstração de vaidade.
As suas botas representavam os obstáculos que enfrentamos todos os dias no nosso caminho.
Charles Chaplin sempre tentou nos conscientizar através da inocência do seu personagem, nos fazer acordar para entendermos os complexos paradoxos do nosso mundo. Um lugar onde apenas nossas forças humanas e psicológicas poderiam enfrentar a insensatez, a desigualdade, a presença do mal. Algo que vimos sem dúvida em “O Grande Ditador”, em que ele nos convidava a nos conectarmos muito mais com nós mesmos e com os outros seres humanos, defendendo os nossos direitos e os direitos do nosso planeta.
Até hoje, e isso não podemos negar, o legado de Chaplin não se desfez; sempre será necessário e indispensável. Porque as lições transmitidas através da tragicomédia são aquelas que mais nos fazem pensar, e poemas como “Quando eu me amei de verdade” são presentes para o coração, convites diretos para melhorarmos como pessoas.
" Quando me amei de verdade " - Charles Chaplin
Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância eu estava no lugar correto e no momento preciso. E então, consegui relaxar. Hoje sei que isso tem nome… Autoestima.
Quando me amei de verdade, percebi que a minha angústia e o meu sofrimento emocional não são mais que sinais de que estou agindo contra as minhas próprias verdades. Hoje sei que isso é… Autenticidade.
Quando me amei de verdade, deixei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a perceber que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento. Hoje sei que isso se chama… Maturidade.
Quando me amei de verdade, compreendi por que é ofensivo forçar uma situação ou uma pessoa só para alcançar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou que a pessoa (talvez eu mesmo) não está preparada. Hoje sei que isso se chama… Respeito.
Quando me amei de verdade, me libertei de tudo que não é saudável: pessoas e situações, tudo e qualquer coisa que me empurrasse para baixo. No início a minha razão chamou essa atitude de egoísmo. Hoje sei que isso se chama… Amor por si mesmo.
Quando me amei de verdade, deixei de me preocupar por não ter tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os megaprojetos do futuro. Hoje faço o que acho correto, o que eu gosto, quando quero e no meu próprio ritmo. Hoje sei que isso é… Simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer ter sempre razão e, com isso, errei muito menos. Assim descobri a… Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro. Agora me mantenho no presente, que é onde a vida acontece. Hoje vivo um dia de cada vez. E isso se chama… Plenitude.
Quando me amei de verdade, compreendi que a minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando eu a coloco a serviço do meu coração, é uma aliada valiosa. E isso é… Saber viver !
Mussolini e Hitler : Alegação de que se vai "consertar" o país dando paz para os "homens de bem" é uma característica fascista
Mauro Santayana
O fascismo vive, historicamente, de grande absurdos e de um processo crescente, paroxístico, de negação da realidade, que troca a verdade por um determinado paradigma mítico que a substitui na mentalidade dos povos, levando-os a cometer supremas imbecilidades.
O movimento que levou Mussolini ao poder se baseava, entre outras coisas, na ideia de que um dos povos mais misturados do planeta, nos últimos dois mil anos, o italiano, situado no encontro de todas as esquinas do mundo – a África e a Europa, o Oriente e o Ocidente, o Leste e o Oeste – fosse descendente puro dos romanos, já então miscigenados de escravos e bárbaros por gerações que habitaram a Península Itálica há 2.000 anos.
Isso, na crença da improvável hipótese de que um país recém-unificado há poucas décadas, mergulhado ainda na miséria e no analfabetismo, que exportava pobres para todos os continentes, estivesse predestinado a reeditar o poder da Roma Antiga e conquistar o mundo.
A Alemanha Hitlerista apropriou-se de um símbolo hindu, a suástica, criado por um povo de pele morena, magro, de cabelos escuros e com ele consolidou uma mitologia nórdica de cabelos loiros e olhos azuis, que já vinha de obras como a Cavalgada das Walquirias ou o Anel dos Nibelungos, de Wagner, para erguer como insuperáveis monumentos ao ódio, ignorância, preconceito e morte as chaminés dos fornos crematórios de Maidanek, Treblinka, Birkenau, cujo principal papel era o de transformar vida amores, esperanças, memórias, sonhos, homens, mulheres e crianças em cinzas e fumaça.
No Brasil de hoje, o oportunismo e um mal disfarçado fascismo desenvolveram uma ideia mestra com a qual pretendem chegar ao poder: a de que a corrupção é culpada por todos os males brasileiros e que todos os defeitos e problemas serão definitivamente sanados quando ela for eliminada para sempre da vida nacional.
Desde 2013, pelo menos, uma parcela aparentemente preponderante do Ministério Público e dos juízes federais, aliada aos segmentos dominantes de uma mídia manipuladora e irresponsável e a um verdadeiro exército de "colunistas", "especialistas" e "filósofos" conservadores, mendazes, hipócritas ideologicamente e anacronicamente anticomunistas, destituído de qualquer compromisso com o desenvolvimento do país ou a preservação de um mínimo de governabilidade, estão defendendo esse mito, movendo uma das maiores campanhas institucionais e midiáticas já vistas no mundo, destinada a fazer o país acreditar que a corrupção é o maior problema nacional e que ela pode ser erradicada por obra e graça de algumas mudanças na lei e o trabalho repressivo conduzido por meia dúzia de salvadores da pátria.
Nada mais errado, equivocado e perigoso
A corrupção, por mais que queiram nos fazer crer certos segmentos da plutocracia e seus apoiadores, naturalmente interessados em pintar o diabo pior do que parece e exagerar o mal em seu próprio benefício, uns, para se supervalorizarem, outros para chegar ao poder, outros, ainda, para destruir adversários ideológicos que não conseguem derrotar nas urnas, não é, insistimos, nem de longe, o maior problema brasileiro, nem o de outro país.
Dificilmente ela vai ser totalmente eliminada um dia, como mostra a sua ubíqua, universal, presença, comum e inerente à sociedade humana, de forma amplamente disseminada, em qualquer nação do mundo, independentemente de sistema político ou grau de desenvolvimento, seja na Europa da Itália da Operação Mãos Limpas ou da Grã- Bretanha em que se pagam orgias com prostitutas com verba do Parlamento, ou em potências espaciais e atômicas, como a Rússia, a China e os Estados Unidos.
Na maioria dos países do mundo, a corrupção é vista, por quem tem um mínimo de conhecimento histórico, como um rio que corre continuamente.
Um fenômeno que pode ser desviado, represado, canalizado, momentaneamente, mas que não tem como ser totalmente eliminado. Corruptos surgem permanentemente, por desvio de caráter, pressão, convencimento, oportunidade de meter a mão no alheio que deve ser vista com a dimensão que realmente tem, e cujo controle tem de ser exercido de forma a não afetar o funcionamento de um sistema infinitamente maior e mais complexo, e muitíssimo mais importante, que abarca todo o universo político, econômico e social de cada país e toda uma teia, vasta e interligada, de instituições internacionais.
Imaginem se o combate à corrupção vai se sobrepor aos interesses estratégicos de países como Alemanha, Rússia, China, Grã-Bretanha, Estados Unidos, que com ela convivem há centenas de anos.
Por lá, ela é um elemento a mais, no processo continuado, permanente, de fortalecimento e desenvolvimento nacional, que não destrói empresas nem empregos, nem programas ou projetos essenciais.
Do ponto de vista econômico, também, por maior que seja, a importância da corrupção é relativa.
No caso brasileiro, mesmo que fosse inequivocamente provado tudo que se está falando com desvios de bilhões na Petrobras, sem nenhum funcionário de comissão de licitação preso ou envolvido; delações premiadas conduzidas por promotores e procuradores que especificam o que querem ouvir, arrancadas a cidadãos detidos há meses, sob custódia do Estado; conduções coercitivas sem prévia comunicação da situação de investigado e vazamentos propositais a torto e a direito; a repentina e retroativa transmutação, também "de boca", de doações legais, absolutamente regulares à época, do ponto de vista da lei e das instituições, em suposta propina o dinheiro desviado pela corrupção seria, ainda, uma porcentagem mínima do que se desvia em sonegação de impostos, segundo algumas organizações, da ordem de mais de R$ 700 bilhões por ano.
Ou das centenas de bilhões de reais transferidos a cada 12 meses dos bolsos dos contribuintes para os cofres dos bancos privados, em juros pagos por títulos públicos, ou em meros cartões de crédito, por exemplo, com taxas de mais de 400% ao ano.
A diferença entre o dinheiro desviado do público por um corrupto e por um banco particular é que a comissão do corrupto, segundo se alega nas investigações, é de um a três por cento, e a do banco pode chegar a 300%, 400% do valor da operação.
Sobre o desvio do corrupto, o sujeito que eventualmente estaciona em vaga de portador de necessidades especiais de vez em quando, pode alegar, enraivecido, que não sabia do que estava acontecendo.
O assalto dos bancos ao erário, com a conivência dos governos, é público, todo mundo sabe que está ocorrendo, mas muitos preferem fingir que não estão sabendo, nem a ele dedicar a mesma indignação.
É claro que, para o "sistema" e para quem vive de gigolar, permanente e malandramente o discurso anticorrupção é muito mais fácil e conveniente fazer os trouxas acreditarem que estão faltando escolas e hospitais mais devido à desonestidade dos políticos do que por causa das centenas e centenas de bilhões de reais pagos em juros ou perdidos com a sonegação de impostos.
Esse é o caso embora a massa ignara e conservadora não perceba que está sendo miseravelmente passada para trás por redes de televisão que sonegam centenas de milhões de reais e que ganharam no último ano cerca de R$ 3 bilhões em rendimentos financeiros, boa parte deles atrelados à Selic, que defendem a independência do Banco Central em seus editoriais, e "convidam" todos os dias "especialistas" para "explicar" em seus programas de entrevistas porque os juros devem subir, com justificativas como a atração de investidores externos ou o combate à inflação.
Mas esse discurso venal, pseudomoralista não serve apenas para distrair uma pseudo maioria de idiotas dos problemas realmente importantes e da verdadeira situação do país. Ele também é a espinha dorsal de um manual que estamos pensando em escrever, chamado Como chegar ao poder atacando os políticos.
Um livrinho simples, cheio de conselhos simples de como enganar os trouxas, aproveitando-se de seus preconceitos e ignorância, que certamente teria sido lido, e servido de programa tático, se já existisse à época, por pilantras que usaram e abusaram desse estratagema, como Hitler e Mussolini, e outros assassinos sanguinários e hipócritas que se seguiram, porque nunca aprendemos, nós, os que pensamos defender a liberdade e a democracia, a velha lição de George Santayana, que reza que aqueles que se esquecem da História estão condenados a repeti-la.
De vez em quando, quando derrotado, o sistema fabrica uma bandeira e em cima dela produz um salvador da pátria, como ocorreu com um certo "Caçador de Marajás". Ele entrou e saiu do governo e, décadas depois, o Brasil continua, paradoxalmente, cada vez mais cheio de marajás que recebem acima do teto constitucional, muitos deles envolvidos com a caça a suspeitos de serem "corruptos".
Como já dissemos aqui, antes, o discurso anticorrupção e a alegação de que se vai "consertar" o país, castigando os "bandidos", premiando os "mocinhos" quem sabe até com uma Presidência da República e dando paz e tranquilidade para os "homens de bem", são características clássicas da estratégia fascista, que joga com o preconceito, o conservadorismo, o ódio irracional e o medo da parte mais ignorante da população para chegar, e se instalar, confortavelmente, no poder.
O combate à corrupção deve ser visto como uma tarefa normal, permanente, de qualquer país ou sociedade, e exercido com equilíbrio e bom senso, e nunca a serviço de interesses de um determinado grupo ou pessoa.
Se o Brasil fosse um cachorro e está quase se transformando em um, com o avanço célere do "viralatismo" militante que defende a entrega de nossas riquezas a outras nações, incluídas algumas que estão incensando e vibrando com "líderes" do que está acontecendo por aqui agora, o combate à corrupção seria o rabo, acessório eventualmente útil para combater as moscas do animal, enquanto a economia, o trabalho, o emprego, a indústria, as grandes empresas praticamente dizimadas pela Lava Jato, os projetos estratégicos de infraestrutura e defesa, a Democracia, o Estado de Direito, a Constituição, as instituições, o Presidencialismo de Coalizão, com todos os seus eventuais defeitos, a República e a governabilidade, seriam o corpo, o esqueleto e os órgãos vitais do animal.
Ao querer, na prática e midiaticamente, limitar os problemas nacionais ao combate à corrupção; com um processo interminável que está afetando, da maneira como vem sendo conduzido, vários setores da economia; desviando o foco de todas as outras questões, transformando-o em prioridade máxima quando se está cansado de saber que no dia em que a corrupção acabar no Brasil, principalmente por obra e graça de dois ou três "vingadores", o Cristo Redentor vai descer do Corcovado, com sua saída de praia, para pegar uma onda em Copacabana e em Katmandu choverão búfalos dourados e sagrados –os responsáveis pela Lava Jato e quem a está defendendo como a última limonada do deserto estão tratando a cauda como a cabeça do cão e colocando o bicho para correr, em círculos atrás dela.
Ou pior, para usar outra imagem ainda mais clara: hipotecar o futuro político e econômico da oitava economia e quinto maior país do mundo a uma operação jurídica discutível e polêmica é tão surreal e absurdo quanto querer que o rabo balance o cachorro, no lugar do animal balançar a própria cauda.