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Sabrina Forte, obstetra de Fortaleza, relata a emoção em parto de paciente com Covid e intubada



Leia um dos mais emocionantes relatos do tempo da pandemia. A obstetra Sabrina Forte, num post no Instagram, apresentou a história do nascimento de Maria Liz, quinta-feira, em Fortaleza. A mãe dela, de 24, está internada com Covid e estava intubada no momento do parto.

247 - De maneira emocionada, a obstetra Sabrina Forte relatou, em seu Instagram, o bem sucedido parto em uma paciente com Covid-19 internada em estado gravíssimo, intubada, em um hospital de Fortaleza. Aconteceu na última quinta-feira. A recém-nascida é Maria Liz. Ela e a mãe, de 24 anos, estão se recuperando depois da cesariana de alto risco.

Foi um parto muito difícil e Sabrina chegou a pensar que a bebê, prematura, havia nascido morta:

"Bebê aparentemente morta. O tempo para. Pi, pi, pi. Menos as máquinas do setor, menos o sangue. 'Dra., a pediatra trouxe de volta, está viva!' Parei, olhos cheios de água [voltados] para a Yasmin Paes (outra médica que realizava o parto). Que surpresa boa. Que alívio... O obstetra só volta a respirar depois de todo nascimento. Fato, essa é a adrenalina que nos preenche".

Sabrina constata: "Acabou essa história de 'grupo de risco'. Ferrou geral. Quer ajudar? Enfie a máscara na fuça de quem você conhece, guarde seus pais e julgue, sim, os coleguinhas das festas proibidas. O caos não está para brincadeira, e a parte desesperadora é que não tem leito para todo mundo. Nem caixão".

Leia o post da doutora Sabrina e veja no original, no Instagram:

Odiada pandemia,

hoje fiz uma cesariana de uma vítima sua de 24 anos. Gravíssima. Intubada. Esperando a primeira filha, uma prematura extrema. Ao abrir, a placenta resolve atrapalhar o serviço. Puta que pariu, por que nunca é fácil? Bebê aparentemente morta. Merda.

O tempo pára. Pi, pi, pi. Menos as máquinas do setor, menos o sangue. “Dra, a pediatra trouxe de volta, está viva!” Parei, olhos cheios de água para a @yasminpaes. Que surpresa boa. Que alívio... O obstetra só volta a respirar depois de todo nascimento. Fato, essa é a adrenalina que nos preenche.

Muito obrigada publicamente aos envolvidos: técnicos, enfermeiros, médicos, bioquímicos, fisioterapeutas, maqueiros, povo da limpeza. Assisti a uma extensa equipe lutar pelo sentido. O limite físico existe, não se iludam, não somos especiais, corajosos. Somos tementes. Ou estamos exaustos, ou estamos doentes. Chorei baixinho antes de me paramentar. Sabiam que são várias camadas de roupa, que sentimos calor, que a máscara machuca o tempo inteiro o rosto, que as luvas apertam e que fazemos o checklist das coisas inúmeras vezes na cabeça para não se contaminar? Não há um segundo de paz.

Reparei, no censo, que a paciente mais velha da UTI tem a minha idade e olha que sou um brotinho. Acabou essa história de “grupo de risco”. Ferrou geral. Quer ajudar? Enfie a máscara na fuça de quem você conhece, guarde seus pais e julgue sim os coleguinhas das festas proibidas. O caos não está para brincadeira e a parte desesperadora é que não tem leito para todo mundo. Nem caixão.