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Raios cósmicos ensinaram a humanidade a andar ?

 










Poeira de Estrelas  -  Validuaté


Já não vivo nessa pressa, nessa ânsia
Já não tenho essa fome, essa ganância
Percebi depressa o que tem relevância
Não quero promessa, quero substância

Nessa ignorância aprendi ao menos
Que somos pequenos e sem importância
Poeira de estrelas, à beira de extremos
Viemos do pó e ao pó voltaremos

Hoje eu já não junto nada em abundância
Aprendi que muito é mera circunstância
Nenhuma arrogância cega me insulta
Trouxe minha infância para a vida adulta

Nessa ignorância aprendi ao menos
Que somos pequenos e sem importância
Poeira de estrelas, à beira de extremos
Viemos do pó e ao pó voltaremos






Atenção, afeto e carinho : um mundo diferente se aproxima

 



Sigo acreditando que tudo será melhor que antes, que o sentimento de humanidade chegará de alguma forma a todos os corações e que não será tão necessário se falar de compaixão e solidariedade, pois serão comuns a todos nós, algo natural que todo o ser humano irá sentir.


Patrícia Tavares 


Atenção, afeto, carinho são o que existem de melhor em todos os tempos, principalmente em tempos tão estranhos. Eles fazem crer que a vida pode ser melhor e quando percebemos que temos pessoas ao nosso lado que realmente se importam conosco, esta constatação nos fortalece.

Saber que mesmo com tamanha distância existe tanta proximidade, tanta beleza nas relações, nos vínculos, isso enche o coração de esperanças, de fé na vida e no amanhã. Saber que existem pessoas que têm muito amor nos seus corações e que parte deste amor é um pouco nosso, traz luz, traz alegria para pensarmos em dias melhores. Saber que temos pessoas a quem amamos e que queremos muito bem nos traz conforto e muita força para desejar que tudo isso passe logo, que novos tempos mais renovadores venham logo.

Quando se tem amor no coração, se tem amor para dividir com as pessoas, se tem muita esperança e fé, porque o amor aproxima, amor transpõe montanhas, o amor transpõe todas as dificuldades, ele é a própria vida, nutre de melhores possibilidades nossa caminhada e nos ajuda acreditar em pessoas que se solidarizam, que iluminam, que cooperam, não só com a vida dos seus, mas com a vida de todos.
" Sigo acreditando que tudo será melhor que antes, que o sentimento de humanidade chegará de alguma forma a todos os corações e que não será tão necessário se falar de compaixão e solidariedade, pois serão comuns a todos nós, algo natural que todo o ser humano irá sentir."

A cooperação, gentileza, generosidade também serão uma constante na vida de todos.

Um mundo diferente se aproxima eu acredito, seremos melhores, seremos mais amorosos com todos. Vislumbre de um novo mundo. Transformações verdadeiras acontecerão dentro do coração de cada um porque as dores não são somente dores, as dificuldades não são só dificuldades, elas nos fornecem subsídios de evolução para cada um de nós.

Todos os acontecimentos da vida humana são carregados de representações, de significados. Existe muito mais do que podemos entender, a vida é de aprendizado e cooperação, de ajuda mútua, de afeto, carinho e amor, assim que todos nós merecemos viver, dando as mãos.

Uma vida de aprendizado, de trocas de experiências e de vivências, cada um se interessando em cooperar de verdade com a vida do outro, se sensibilizando pela história, possibilidades, limitações de cada um e contribuindo como for possível, deste jeito a vida será mais bonita, mais justa, mais igualitária, mais ampla e muito melhor. 
" A vida pode ser melhor e será. Ela depende de todos nós juntos."
Eu preciso de você assim como você precisa de mim.













O maior conselho para a humanidade – Chico Xavier


Os Primeiros discípulos de Jesus - Diário Espiritual


Escute o conselho que nosso amado Chico mais gostaria de dizer para a humanidade:

“ Se eu fosse alguém, se eu tivesse influência, se eu pudesse realizar alguma coisa em benefício da comunidade, e se eu tivesse a menor autoridade para fazer isto, eu apenas repetiria, para mim mesmo e para todos os nossos irmãos em humanidade, de todas as terras e de todos os idiomas, aquelas palavras de nosso Senhor Jesus Cristo: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.
Porque amor é o esquecimento de si mesmo, porque amor, nada pedindo para si. O “Amai-vos uns aos outros” foi superado pelo “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
Amar alguém ou alguma causa, sem pedir nada, sem esperar o pagamento, nem mesmo da compreensão da inteligência do próximo, então, é trabalhar pela humanidade mais feliz, por um mundo melhor, pela extinção das guerras, e pelo incentivo do progresso em bases morais, convenientes para que nós todos estejamos no melhor lugar possível, que possamos ocupar no campo da vida humana, servindo ao pai, ao criador, a nosso Senhor Jesus Cristo e a todos os princípios Cristãos, como Ele, e aos princípios mais nobres de outras religiões, para que com respeito mútuo possamos vencer todas as barreiras e amar como o amor deve ser consagrado entre nós, isto é, amor sem recompensa, porque todo amor que é possessivo, infelizmente, ainda é um amor de grande parentesco com o amor dos animais.”

Assista ao vídeo:


O mundo pós-pandemia


No mundo pós-pandemia, haverá espaço para escritórios não digitais?








10 Tendências para o Mundo Pós-Pandemia


Confira as 10 tendências para o mundo
 pós-pandemia


Consumir por consumir sai de moda, trabalho remoto, atuar mais no coletivo com colegas de empresas, ou vizinhos do bairro. A Covid-19 vai rever valores e mudar hábitos da sociedade.


1. Revisão de crenças e valores

A crise de saúde pública é definida por alguns pesquisadores como um reset, uma espécie de um divisor de águas capaz de provocar mudanças profundas no comportamento das pessoas. “Uma crise como essa pode mudar valores”, diz Pete Lunn, chefe da unidade de pesquisa comportamental da Trinity College Dublin, em entrevista ao Newsday.

“As crises obrigam as comunidades a se unirem e trabalharem mais como equipes, seja nos bairros, entre funcionários de empresas, seja o que for… E isso pode afetar os valores daqueles que vivem nesse período —assim como ocorre com as gerações que viveram guerras”.

Já estamos começando a ver esses sinais no Brasil — e no centro de São Paulo, com vários exemplos de pessoas que se unem para ajudar idosos, por exemplo.

2. Menos é mais

A crise financeira decorrente da pandemia por si só será um motivo para que as pessoas economizem mais e revejam seus hábitos de consumo. Como diz o Copenhagen Institute for Futures Studies, a ideia de “menos é mais” vai guiar os consumidores daqui para frente.

Mas a falta de dinheiro no momento não será o único motivo. As pessoas devem rever sua relação com o consumo, reforçando um movimento que já vinha acontecendo. “Consumir por consumir saiu de ‘moda’”, escreve no site O Futuro das Coisas Sabina Deweik, mestre em comunicação semiótica pela PUC e pesquisadora de comportamento e tendências.

O outro lado desse processo é um questionamento maior do modelo de capitalismo baseado pura e simplesmente na maximização dos lucros para os acionistas. “O coronavírus trouxe para o contexto dos negócios e para o contexto pessoal a necessidade de revisitar as prioridades. O que antes em uma organização gerava resultados financeiros, persuadindo, incentivando o consumo, aumentando a produção e as vendas, hoje não funciona mais”, diz Sabina.

“Hoje, faz-se necessário pensar no valor concedido às pessoas, no impacto ambiental, na geração de um impacto positivo na sociedade ou no engajamento com uma causa. Faz-se necessário olhar definitivamente com confiança para os colaboradores já que o home office deixou de ser uma alternativa para ser uma necessidade. Faz-se necessário repensar a sociedade do consumo e refletir o que é essencial.”

3. Reconfiguração dos espaços do comércio

A pandemia vai acentuar o medo e a ansiedade das pessoas e estimular novos hábitos. Assim, os cuidados com a saúde e o bem-estar, que estarão em alta, devem se estender aos locais públicos, especialmente os fechados, pois o receio de locais com aglomeração deve permanecer.

“Quando as pessoas voltarem a frequentar espaços públicos, depois do fim das restrições, as empresas devem investir em estratégias para engajar os consumidores de modo profundo, criando locais que tragam a eles a sensação de estar em casa”, diz um relatório da WGSN, um dos maiores bureaus de pesquisas de tendências do mundo.

Eis um ponto de atenção para bares, restaurantes, cafeterias, academias e coworkings, que devem redesenhar seus espaços para reduzir a aglomeração e facilitar o acesso a produtos de higiene, como álcool em gel. Os espaços compartilhados, como coworkings, têm um grande desafio nesse novo cenário.

4. Novos modelos de negócios para restaurantes

Uma das dez tendências apontadas pelo futurista Rohit Bhatgava é o que ele chama de “restaurantes fantasmas”, termo usado para descrever os estabelecimentos que funcionam só com delivery. Como a possibilidade de novas ondas da pandemia num futuro próximo, o setor de restaurantes deve ficar atento a mudanças no seu modelo de negócios, e o serviço de entrega vai continuar em alta e pode se tornar a principal fonte de receita em muitos casos.

5. Experiências culturais imersivas

Como resposta ao isolamento social, os artistas e produtores culturais passaram a apostar em shows e espetáculos online, assim como os tours virtuais a museus ganharam mais destaque. Esse comportamento deve evoluir para o que se pode chamar de experiências culturais imersivas, que tentam conectar o real com o virtual a partir do uso de tecnologias que já estão por aí, mas que devem se disseminar, como a realidade aumentada e virtual, assistentes virtuais e máquinas inteligentes.

De acordo com o estudo Hype Cycle, da consultoria internacional Gartner, as experiências imersivas são uma das três grandes tendências da tecnologia. Destacamos aqui a área cultural, mas isso também se estende a outros setores, como esportes, viagens a varejo, conforme indica o relatório A Post-Corona World, produzido pela Trend Watching, plataforma global de tendências.

6. Trabalho remoto

O home office já era uma realidade para muita gente, de freelancers e profissionais liberais a funcionários de companhias que já adotavam o modelo. Mas essa modalidade vai crescer ainda mais. Com a pandemia, mais empresas — de diferentes portes — passaram a se organizar para trabalhar com esse modelo. Além disso, o trabalho remoto evita a necessidade de estar em espaços com grande aglomeração, como ônibus e metrôs, especialmente em horários de pico.

7. Morar perto do trabalho

Essa já era uma tendência, e morar no centro de São Paulo se tornou um objeto de desejo para muitas pessoas justamente por conta disso, entre outros motivos. Mas, com o receio de novas ondas de contágio, morar perto do trabalho, a ponto de ir a pé e não usar transporte público, deve se tornar um ativo ainda mais valorizado.

8. Shopstreaming

Com o isolamento social, as lives explodiram, principalmente no Instagram. As vendas pela Internet também, passando a ser uma opção também para lojas que até então se valiam apenas do local físico. Pois pense na junção das coisas: o shopstreaming é isso. Uma versão Instagram do antigo ShopTime.

Considerado por diferentes futuristas como uma tendência já há alguns anos, agora esse recurso deve ganhar impulso, segundo a Trend Watching. “A recente crise fez o mercado chinês de transmissão ao vivo crescer ainda mais, e esse mix de entretenimento, comunidade e comércio eletrônico aumentará no mundo todo”, diz a consultoria. Fica a dica para os lojistas do Centro de São Paulo!

9. Busca por novos conhecimentos

Num mundo em constante e rápida transformação, atualizar seus conhecimentos é questão de sobrevivência no mercado (além de ser um prazer, né?). Mas a era de incertezas aberta pela pandemia aguçou esse sentimento nas pessoas, que passam, nesse primeiro momento, a ter mais contato com cursos online com o objetivo de aprender coisas novas, se divertir e/ou se preparar para o mundo pós-pandemia. Afinal, muitos empregos estão sendo fechados, algumas atividades perdem espaço enquanto outros serviços ganham mercado.

10. Educação a distância

Se a busca por conhecimentos está em alta, o canal para isso daqui para frente será a educação a distância, cuja expansão vai se acelerar. Neste contexto, uma nova figura deve entrar em cena: os mentores virtuais. A Trend Watching aposta que devem surgir novas plataformas ou serviços que conectam mentores e professores a pessoas que querem aprender sobre diferentes assuntos.


Por Clayton Melo é jornalista e analista de tendências e curador cultural em A Vida no Centro | Instagram @claytonmelo | Twitter @clayton_melo




Hoje, o planeta invoca o ser humano a ser humano


Paciente com covid-19 recebe alta em hospital chinês

Paciente com covid-19 recebe alta em hospital chinês  EFE/EPA/YFC




É preciso entender que ninguém é menos suscetível do que ninguém, que estamos todos no mesmo barco, que temos que remar em uníssono, 
ou todos afundaremos.




Marcel Camargo 



A pandemia da Covid-19 está pondo à prova o quanto de humanidade temos dentro de nós, o quanto somos capazes de nos colocar no lugar do outro, saindo do nosso próprio umbigo. Não dá mais para pensar somente em si mesmo, afinal, o outro pode nos contaminar. Nós podemos contaminar o outro. Tomar as precauções sozinho não adianta de nada. O coletivo é que importa; aliás, é o que sempre deveria ter importado.

A maioria das pessoas não estava nem aí, não se importava, não queria saber, tampouco se interessava pela vida do outro. Agora, somos obrigados a mudar, porque está bem claro que nossas vidas dependem das outras vidas. Sem pensar no próximo, nenhuma vida dá certo. Sem conseguir perceber a dinâmica da vida em sociedade, ninguém consegue estar a salvo ou se curar.


Não basta somente se isolar. É preciso, além de se recolher, colocar também em quarentena a maldade, a mesquinharia, o egoísmo, a ignorância, a ganância. Nos países onde ocorre confinamento, o ar está menos poluído, a natureza está se renovando, os rios estão cristalinos. Não existe outro culpado pela pandemia a não ser a irresponsabilidade humana. Sem essa consciência, o homem exterminará a si mesmo.

É preciso refletir sobre a efemeridade da vida, sobre nossas fraquezas e vulnerabilidades. É preciso entender que ninguém é menos suscetível do que ninguém, que estamos todos no mesmo barco, que temos que remar em uníssono, ou todos afundaremos. É preciso confiar nas estatísticas, no que já aconteceu em outros países, no que a ciência tem a nos dizer. É preciso pensar no todo.

Em tempos de corona, já não basta o amor próprio, é preciso amar o próximo também. Nossas atitudes alcançam as vidas vizinhas, e vice-versa. Ficar em casa o máximo que puder é um ato de amor. Amor que salva vidas, inclusive a própria vida. É assim que a gente pode sair de tudo isso mais humano, mais altruísta, mais gente de verdade. Só assim.




Wilson Paim canta Toda a Distância





Humanidade artificial


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Erick Morais

A violência é sempre destrutiva. Seja de maneira física e concreta, seja de maneira simbólica, a violência cria atritos, traumas, isolamentos, destruição. Apesar dela ser corrosiva de qualquer modo, temos maior noção do seu poder quando há algo concreto que explode em nossos olhos. Afinal, a nossa cegueira cotidiana não nos permite enxergar além do meramente visível. No entanto, por mais que a violência seja destrutiva, ela não advém do nada. Há uma série de características que engendram a explosão da violência. Em nossos tempos, essa relação também acontece. E isso precisa ser dito.

A forma atual de organização do capitalismo – capitalismo financeiro – dentro de uma plataforma política neoliberal é produtora de um modo de vida extremamente violento, haja vista que a fragmentação da sociedade em corpos exclusivamente individuais, em ilhas afetivas, corrói as possibilidades de sustentação da vida social e de parâmetros democráticos para o Estado.

Em linhas gerais, ao mesmo tempo em que há uma precarização do mundo do trabalho, o que leva ao enfraquecimento do trabalhador e das formas de lutas contra o capital (como o esfacelamento dos sindicatos); há também o esvaziamento da política com a construção de uma lógica de vida pautada exclusivamente no sujeito individual e no atendimento de interesses privados. A esse binômio pode-se juntar um terceiro: o autoritarismo. O último elemento depende, todavia, de que haja uma potencialização dos dois primeiros, de maneira a tornar a vida social, econômica e política dos indivíduos extremamente pobres.

Como resposta ao quadro que se cria quando o mundo do trabalho e o mundo sócio-político se tornam demasiadamente frágeis, o capital não coloca como alternativa a revisão do próprio sistema que originou essas mazelas. Mas antes, a manutenção destas através do autoritarismo transvestido de solução definitiva para os problemas que a sociedade apresenta. Nesse prisma, as causas que levaram à sociedade ao colapso não são questionadas, já que há um salvador da pátria apontando o dedo para aquilo que, de fato, levou o corpo social ao estado que chegara.

Com alguém capaz de guiar a população, a resolução para os problemas sociais torna-se questão de tempo. Basta que o plano de governo seja cumprido, independente de, nesse processo, ocorrer a morte (real e simbólica) de inocentes, de pessoas que, sob um olhar crítico, não possuem responsabilidade alguma pelo estado de coisas que a sociedade se encontra. Entretanto, para que a ideia de um salvador da pátria se realize, as ideias que ele carrega precisam ser implementadas na íntegra, sem objeções.

Saindo do plano teórico (ainda que a exposição seja curta), não é possível compreender o fenômeno de ascensão da extrema-direita pelo mundo sem perceber que o autoritarismo é uma das facetas do capitalismo financeiro-neoliberal. E por uma razão óbvia: o modo de vida que tem se posto no mundo como hegemônico é extremamente violento e, portanto, destrutivo. Em outras palavras, leva à desumanização dos indivíduos; à destruição do planeta; e ao solapamento da democracia, já que os interesses do capital dominam as necessidades da sociedade.

Diante de um quadro terrível como esse, qual outra alternativa para manter o sistema, senão lançando mão do seu plano b, o autoritarismo? Mas não pela força física, e sim, por meio de atributos simbólicos – existentes em larga medida em mundo tecnológico e imagético – utilizados para o convencimento do sujeito de que o aprofundamento de um sistema opressivo e violento garantirá a sua libertação.

É como se abríssemos um livro de ficção científica ou assistíssemos a um clássico sci-fi. Porém, o mundo de “1984”, “Admirável Mundo Novo”, “Ensaio Sobre a Cegueira”, “Não Verás País Nenhum”, “Matrix”, “Blade Runner”… é o nosso. Aqui e agora. Sem uma segunda oportunidade sobre a terra. Ou acordamos e lutamos! Juntos, coletivamente. Ou a vida na terra está perdida, já que viver em um mundo desumanizado e permeado por violências (racismo, homofobia, misoginia, exclusão social, desigualdade, xenofobia, etnocentrismo, etc.) por todos os lados, parece-me, não ser vida. Senão, apenas a mera existência em um mundo de humanidade artificial.






Michio Kaku. “ O nosso mundo está destinado a morrer, deveríamos ir para outros . . ."




O ser humano vai abandonar a terra? Por que não? Responde o físico Michio Kaku em entrevista concedida ao site 52 Insights, de Londres. Para esse importante cientista norte-americano de origem japonesa, podemos estar assistindo ao início de uma mudança civilizatória que irá nos levar às estrelas. A nós, em carne e osso, ou, mais provavelmente, aos nossos duplos digitais. 


Fonte: Site 52 Insights, de Londres


O mundo das unidades de informação quântica produz números que dão vertigem. Ao passar dos kilobits para os petabits, dos l e O para os qubits (a unidade de base dos computadores quânticos), descortina-se um futuro tão imenso e complexo que futuristas famosos – como Ray Kurzweil, Max Tcgmark e também Michio Kaku, cofundador da Teoria das Cordas e autor de vários bestsellers – começam a se preocupar com isso. Kaku é um dos cientistas mais populares dos EUA e um dos poucos investigadores da atualidade capazes de se expressar numa linguagem científica compreensível para a maioria de nós.


O físico norte-americano Michio Kaku


A sua mais recente mensagem nos chega sob a forma de um trabalho prospectivo intitulado The Future of Humanity (O Futuro da Humanidade). Esse livro dá um vislumbre de um futuro em que a ciência e as novas tecnologias nos darão poderes tremendos que nos forçarão a reavaliar o nosso lugar no Universo.

Um futuro em que colônias humanas viverão em Marte, onde não seremos a única forma de vida inteligente, onde a imortalidade deixará de ser uma fantasia inatingível e onde viremos a ter capacidade para colonizar outros universos.

No entanto, como aponta Michio Kaku, isso significa abandonar o que em breve se tornará um planeta inabitável. É aqui que começa a nossa indagação.

52 Insights – O seu trabalho anterior, A Física do Futuro (de 2012) abriu-me os olhos consideravelmente e, desde então, vivo fascinado pela escala de Kardashev (ver Nota de Redação). Você prossegue na mesma linha com este novo livro, onde explica que estamos nos movendo lentamente no sentido de uma civilização de “Tipo 1”. Pode explicar o que isso significa e por que, em breve, poderemos ser forçados a deixar a Terra, para garantir a nossa sobrevivência?

Michio Kaku – Uma civilização de tipo 1 é também chamada planetária, porque controla todas as fontes de energia de um planeta. Controla, por exemplo, toda a luz do sol que atinge o seu planeta, controla a meteorologia. Dentro de apenas 100 anos, chegaremos a esse estágio. É muito fácil calcular a produção total de energia do globo e daí a energia de uma civilização de tipo 1. Ao faze-lo, percebemos que nos tornaremos uma civilização planetária por volta do ano 2100. Depois, quando passarmos a dominar todo o poder energético de uma estrela, teremos uma civilização estelar, ou de tipo 2. Poderemos então brincar com as estrelas. Para dar um exemplo, a série televisiva Star Trek (Jornada nas Estrelas), com a sua Federação dos Planetas Unidos, podia potencialmente formar uma civilização de tipo 2. O próximo passo são as civilizações de tipo 3, semelhantes às de A Guerra das Estrelas. Cada civilização está separada da anterior por um fator de cerca de dez bilhões: tomando a potência energética de uma civilização, multiplica-se esse número por dez bilhões e obtém-se a potência energética da civilização seguinte.




Por que é importante falar sobre isso agora?

Porque estamos prestes a nos tornar uma civilização de tipo 1. A internet é a primeira tecnologia de tipo 1 que tem uma dimensão verdadeiramente planetária, é a primeira a espalhar-se por toda a Terra. Para onde quer que olhemos, observamos culturalmente a prova dessa transição. É por isso que a internet é tão importante. Uma civilização de tipo 0 ainda transmite toda a selvageria ligada à sua recente saída do pântano. A nossa continua marcada pelo nacionalismo, pelo fundamentalismo… Mas quando chegarmos ao estágio de uma civilização de tipo 1, teremos eliminado a maioria desses problemas. Quando chegarmos ao tipo 2, nos tornaremos imortais: nada cientificamente conhecido destruirá uma civilização de tipo 2.

O futuro que descreve no seu livro é vasto e expansivo. Está repleto de ideias audaciosas e possibilita todos os tipos de proezas técnicas e cientificas: naves capazes de adaptar planetas ao modo de vida dos terráqueos, imortalidade, civilização avançada. Mas também é um enorme salto no desconhecido, não é?

Isso mesmo. No entanto, eu sou um cientista, por isso posso começar a quantificar o desconhecido. Se fosse um escritor de ficção científica, apenas poderia fantasiar sobre uma série de tolices contrárias às leis da física. Mas sou um físico, conheço o rendimento energético e os requisitos dessas tecnologias.




Vejamos uma das ideias que menciona, a “laserportação”, por exemplo. Pode explicar o que isso significa, de forma sucinta?

Até ao final do século, vamos ser capazes de nos digitalizarmos. Tudo o que sabemos sobre nós próprios e a nossa personalidade e até mesmo as nossas memórias será convertido em dados digitais. Neste momento, o Human Connectome Project, que o Presidente Obama ajudou a lançar, está trabalhando no mapeamento de todas as conexões internas do cérebro.

Cada um de nós já deixa uma pegada digital. Todas as nossas transações com cartões de crédito, as nossas fotografias no Instagram, os nossos vídeos… Isso já representa uma significativa informação digital. Mas, perto do final do século, será o próprio cérebro que vai deixar a sua marca. Vamos ser capazes de criar uma imagem compósita de quem somos. Vamos poder digitalizar essa imagem, carregá-la num feixe de laser e enviá-la para a Lua. Em um segundo, estaremos na Lua, em vinte minutos chegaremos a Marte, em um dia acercamo-nos de Plutão e em quatro anos estaremos perto das estrelas. Sem termos de nos preocupar com reatores de foguetões, sem risco de acidentes, sem efeitos da falta de peso ou de raios cósmicos. Vou ao ponto de dizer que acho que isto já existe. Que há extraterrestres muito mais avançados do que nós, que não se enlatam em discos voadores. Os discos são muito datados. São mesmo muito do século 20! Não. Eles já se laserportam. É possível que já exista uma autoestrada de laserportação muito perto da Terra, através da qual milhões de seres se laserportam através da galáxia, mas somos demasiado estúpidos para perceber isso.

Isso é por estupidez? Ou simplesmente porque estamos ainda a meio caminho entre os tipos 0 e 1 da escala de Kardashev?

Um pouco dos dois. Há uma certa estupidez da nossa parte, porque somos arrogantes. Achamos que sabemos tudo. Acreditamos que, ouvindo sinais de rádio, podemos determinar se existe vida noutro lugar que não na Terra. Para mim, é uma prova de estupidez. Se encontrarmos uma civilização primitiva, é possível que usem Código Morse; mas ao fim de algum tempo, vão ter de começar inevitavelmente a usar todo o espectro eletromagnético. Partimos do pressuposto de que os alienígenas utilizam o Código Morse, que ainda estão no tipo 1. Imaginamos que talvez estejam cem anos à nossa frente. Partimos do princípio de que usam discos voadores. Mas por quê? Isso é tão século 20! A laserportação através da galáxia é um meio muito mais avançado.





A comunidade cientifica levantou objeções a algumas ideias que expõe neste livro?

Não. Sou físico e outros físicos debruçaram-se sobre as minhas ideias. Elas não violam as leis da física. Se fosse o caso, então sim, haveria matéria para tal. Mas não violo as leis da física em momento nenhum. Tudo aquilo de que falo se enquadra nas leis da física.

Creio que uma das ideias fortes do seu livro é que o poder passou das mãos dos governos para as de cidadãos privados. Que pessoas como Jeff Bezos e Elon Musk, por serem multimilionários, são capazes de decidir o destino do mundo. Realmente eles anunciam uma nova era e, hoje, a própria NASA (Departamento da Administração norte-americana para as questões do Espaço e da Aeronáutica) parece ter perdido a sua razão de ser. Será isto o prelúdio de uma era em que os dirigentes das grandes empresas de tecnologia vão definir a orientação do mundo, como sugere no seu livro?

Considero que empresas públicas e entidades privadas podem trabalhar em conjunto. Quando o Presidente Barack Obama cancelou o programa do vaivém espacial, sabia que o setor privado podia ocupar-se disso. A NASA é prudente, porque é uma burocracia. A sua principal prioridade é a segurança. Para um capitalista, é claro que a segurança é importante, mas não é necessariamente a sua maior preocupação. Um empresário quer que as coisas sejam feitas com rapidez e eficácia. Daí que os privados possam trazer novas ideias e imprimir um novo ritmo, fazendo as coisas acontecerem mais depressa do que a NASA. Além disso, a NASA é uma burocracia, acaba tudo em compromisso. Basta pensar no que aconteceu com o setor ferroviário, quando separamos o tráfego de passageiros e de mercadorias: o sistema tornou-se imediatamente mais racional, mais econômico e mais eficiente. Os burocratas queriam o mesmo para todos e o que acabariam por conseguir era nada para ninguém. E foi também assim que a burocracia descarrilou com o programa do vaivém espacial.




Se entendi o que disse, Jeff Bezos, Elon Musk e Richard Branson seriam agora os sonhadores do novo mundo. Eles hoje estão estudando a possibilidade de adaptação de um novo planeta à vida de terráqueos. Pode explicar em que consiste esse processo?

Acima de tudo, o que deve ser entendido é que já estamos hoje transformando a Terra: a terraformação é uma realidade. (Quanto a Marte), podemos avançar por etapas. Primeiro, utilizando metano para aquecer um pouco a atmosfera. A segunda etapa será a de instalar painéis solares para derreter as calotas polares. Uma vez que a temperatura tenha subido seis graus Celsius, desencadeia-se uma reação desenfreada. O aquecimento acelera. É só o que é preciso fazer: aquecer o planeta cerca de seis graus. Atualmente estamos aquecendo a Terra um grau e nem sequer temos consciência disso. Mas em Marte, teremos de elevar a temperatura conscientemente cerca de seis graus. Depois, evidentemente, teremos de tornar Marte habitável, com plantas geneticamente modificadas para poderem vingar na atmosfera marciana, composta por altos níveis de dióxido de carbono.

Teremos também de explorar o gelo para produzir água, e procurar combustível para os nossos foguetes. Modificar geneticamente certas plantas, para que cresçam e nos alimentem, e derreter as calotas polares. Estaremos em condições de iniciar este processo dentro de uns 100 anos. Ninguém considera que possamos fazer isso no imediato, mas será possível dentro de um século; depois de instalada uma colônia em Marte poderemos iniciar esse processo.




É uma ideia muito séria, que começa a se difundir. A perspectiva de sair do nosso planeta vai provavelmente gerar forte ansiedade entre os mais de sete bilhões de seres humanos que somos. Alguns céticos dizem que ir para outro planeta é basicamente abandonar a Terra; mas devemos preparar-nos para isso, porque a Terra já não consegue nos manter. O que acha dessas críticas?

Considero que estão totalmente erradas. Ninguém está dizendo que temos de sair da Terra para ir para Marte. Isso não vai acontecer. Marte está muito distante. Mas é uma espécie de seguro de vida. Penso que as pessoas confundem os alvos nas suas críticas. Deveríamos estar tentando controlar e remediar o aquecimento global na Terra e não em fugir para Marte.

Você parece depositar grande confiança na quarta vaga tecnológica e científica atualmente em curso, ao dizer que vai causar uma nova revolução na riqueza. Mas a saída do planeta e a adaptação de Marte aos terráqueos vão ser acompanhadas por uma arrogância e um ego muito significativos. Teremos de ter cuidado para controlar possíveis abusos. Não lhe parece que precisamos criar uma espécie de tratado?

Sim, acho que devemos criar tratados. Veja o Tratado do Espaço Exterior (formalmente Tratado sobre os Princípios que Regem as Atividades dos Estados na Exploração e Utilização do Espaço Exterior, incluindo a Lua e outros Corpos Celestes), assinado em 1967. Não diz nada sobre indivíduos que reivindiquem direitos na Lua. Mas hoje isso já é possível. Em 1967, se alguém lhe dissesse que um dia o homem construiria o seu próprio foguetão e iria colocar a sua bandeira na Lua, para reivindicar uma parte dela, você acharia que ele estava maluco. E no entanto já chegamos aí. Milhões de pessoas assistiram ao lançamento do foguetão Falcon Heavy (lançado pela SpaceX, em 6 de fevereiro de 2018). Era um foguetão lunar. Quanto custou aos contribuintes? Nada. Nem um centavo. Ninguém podia prever isso em 1967. É por isso que precisamos de novos tratados. Porque a China, por exemplo, também se prepara para ir à Lua; já anunciou que vai implantar lá a sua bandeira. As empresas privadas acabarão por ir também à Lua, mais cedo ou mais tarde. É que não é muito complicado ir até lá. E é por isso que precisamos de tratados. No futuro, as pessoas irão passar a lua de mel na Lua. Vai tornar-se uma atração turística.




Você comenta que explorar toda essa nova tecnologia vai levar-nos a uma era de exploração totalmente nova. Uma professora que cita no seu livro (Sara Seager, astrônoma do MIT – Instituto de Tecnologia do Massachusetts) faz uma declaração fascinante sobre isso e gostaria de ter a sua opinião. “Até agora não descobrimos nenhum outro sistema solar semelhante ao nosso”, diz ela, “e na verdade vimos tantas coisas tão estranhas que os astrônomos não têm teorias suficientes para as explicar. Quanto mais descobrimos o Universo, menos o entendemos. Somos confrontados com uma barafunda incrível.” O que ela realmente pretende dizer com isto?

Quando eu estava na escola primária, nos ensinavam que tudo era simples e organizado. Que o nosso sistema solar era composto por planetas rochosos como Marte ou a Terra, gigantes gasosos como Saturno, e por cometas. Todos os planetas seguiam órbitas circulares e tudo decorria tranquilamente. Essa ideia está hoje totalmente posta de parte.

Claro que as órbitas circulares são necessárias para gerar vida, mas a vida é extremamente rara no Universo. Para que a vida surja, é preciso calma, um ambiente pacífico. Ora o Universo é violento, as órbitas são erráticas, os planetas entram constantemente em colisão uns com os outros. Nós somos uma exceção. É preciso um ambiente estável, para a vida aparecer num planeta. Uma estabilidade de vários milhares de milhões de anos. Todavia, com intervalos de poucos milhares de anos, ocorre um desastre em algum lugar do Universo.




“De toda a vida formada na Terra, 99,9% já se extinguiu. A extinção é a norma. Nós pensamos que a Mãe Natureza é doce e carinhosa, mas ela também sabe ser selvagem e indiferente. A Natureza não se importa que nos tornemos uma simples nota de rodapé no grande livro da história da vida”, diz Michio Kaku.

Então, porque é a Terra tão diferente de todos os sistemas solares que observamos? Porque nos temos vida. São necessárias condições extremamente rigorosas para gerar o ADN. Por exemplo, quando as crianças são informadas de que o Universo é muito antigo, imediatamente perguntam por que ele é tão velho. A maioria das pessoas não sabe o que dizer, não é? Bem, a razão pela qual o Universo é tão antigo é que demorou muito para o ADN aparecer. Não houve ADN logo após o Big Bang; levou 13 mil milhões de anos para o ADN aparecer no nosso cantinho da galáxia.

O fato de termos aparecido e de a Terra ter sobrevivido tanto tempo de forma tão perfeita é estranho, mesmo assim. A sua teoria do multiverso é compatível com esta realidade?

Sim, resolve o problema do “ajuste fino” (Ver Nota de Redação). Parece que o Universo sabia que íamos aparecer. Todas as forças do Universo se ajustaram com precisão, para tornar possível a vida na Terra. Se a força nuclear fosse mais forte, o Sol teria morrido há milhares de milhões de anos. Se fosse mais fraca, nunca teria entrado em combustão. De fato, a força nuclear é a suficiente para produzir a luz solar. 0 que é extremamente raro. Pode examinar a lista toda e encontrar muitas coincidências desse tipo. Portanto, ou Deus existe ou [nos] beneficiamos de uma conjugação de dados incrivelmente feliz.

Pode explicar sucintamente o que é um multiverso?

O Universo é uma bolha. Nós vivemos no invólucro da bolha, a qual está em expansão. É a teoria do Big Bang. Hoje, consideramos que estamos mergulhados num banho de espuma onde coexistem inúmeras bolhas-Universo, que, por vezes, colidem – é a isso que se chama Big Bang. Então, o que aconteceu antes do primeiro verso do primeiro capitulo do Gênesis, quando Deus disse: “Faça-se a luz”? O que aconteceu antes disso? Muito antes disso, houve uma colisão entre universos. A propósito, um dia vamos poder tirar fotografias da infância do Universo, usando detectores de ondas gravitacionais. Dentro de alguns anos, acho que vamos conseguir tirar fotos da infância do Universo. Então, veremos o Universo saindo do útero e poderemos ver um cordão umbilical a ligar o nosso Universo-bebê a uma mãe-Universo.

Neste contexto, você afirmou que as leis da física são “uma sentença de morte para toda a vida inteligente”. Isso porque o Universo acabará por morrer dentro de algumas centenas de milhares de milhões de anos. Quer dizer que, um dia, essas bolhas de sabão vão estourar e dar lugar a novas bolhas?

Não, elas não vão explodir, porque isso contraria a teoria de Einstein; mas vão ficar cada vez maiores e mais frias. Se essa expansão continuar indefinidamente, morreremos de frio. É o chamado Grande Congelamento (Big Freeze). Não temos a certeza dessa evolução, porque ela pode se inverter. Mas, por enquanto, o Universo parece estar acelerando. Vai a toda a velocidade e parece fora de controle. Vai em corrida desabalada.




0 que nos leva, naturalmente, à ideia de que devíamos sair deste Universo – daí os seus capítulos sobre viagens interestelares. Diz que, para conseguir esse tipo de deslocação, podíamos recorrer à energia de Planck. Pode nos dar uma ideia do que é essa energia e de como ela pode nos ser útil?

A energia de Planck é a ultraenergia. Matematicamente, é igual a 10 elevado a 19 GeV (ou seja, 10 elevado a 19 bilhões de elétrons-volt). Isto é, vários milhões de milhões de vezes mais poderoso do que o acelerador de partículas LHC (o Grande Colisor de Hádrons, instalado na Suíça). A um tal nível de energia, o espaço torna-se instável. É como quando se aquece água; a certa altura ela entra em ebulição, não é? Se aquecemos o espaço vazio, ele entra em ebulição. Começam a formar-se bolhas. Só que essas bolhas são universos. A maioria deles explode e regressa ao vazio, nunca mais os veremos; mas alguns estão se expandindo, como é o caso do nosso Universo. Provavelmente, foi assim que começou o nosso Universo. Mas um dia vai ficar tão grande e tão frio, que a vida não será capaz de subsistir. Desaparecerá toda a vida da superfície da Terra. Portanto, a minha posição é a de que, como o Universo está destinado a morrer, devíamos sair dele.

Na situação atual, quais são as nossas possibilidades de sobrevivência nos próximos 100 anos?

De toda a vida formada na Terra, 99,9% já se extinguiu. A extinção é a norma. Nós pensamos que a Mãe Natureza é doce e carinhosa, mas ela também sabe ser selvagem e indiferente. A Natureza não se importa que nos tornemos uma simples nota de rodapé no grande livro da história da vida. Dito isso, acho que somos diferentes dos 99,9% das formas de vida que desapareceram. Os dinossauros não tinham um programa espacial e é por isso que eles não estão hoje aqui. Eles fazem parte dos 99,9% extintos. Quando o asteroide atingiu a Terra, eles não sabiam como reagir. Nós temos um programa espacial, para podermos desenvolver um plano de emergência.

Quando a física quântica foi descoberta, há quase um século, parecia contrária à lógica utilizada até então pelos cientistas para apreenderem o mundo. Acha que uma descoberta equivalente, de um novo tipo de energia ou de um aspeto específico do Universo, poderia mudar a maneira como imaginamos o que, neste momento, somos incapazes de compreender?

Não acho que viremos a descobrir nada fundamental. Se algo surpreendente ou radicalmente novo está para acontecer, deve ser um feito de engenharia, mais do que uma descoberta devastadora para a física. Isto porque temos hoje uma compreensão razoavelmente boa das leis da física, tanto do infinitamente pequeno – ao nível do próton – como do infinitamente grande – como o Big Bang.

Do interior de um próton até às margens exteriores do Universo. Portanto, realmente não é de se esperar o surgimento de novas surpresas. A menos, é claro, que consigamos entrar num próton, para explorar um canal, ou que saiamos do Universo graças ao hiperespaço. Já do lado da engenharia, sim, pode haver todo o tipo de surpresas, assim como no da bioengenharia.




Notas da Redação :

Escala de Kardashev – Trata-se de uma escala teórica que classifica as civilizações de acordo com o seu consumo de energia e o seu nível tecnológico. Proposta em 1961, pelo físico russo Nikolai Kardashev, tem sido utilizada por investigadores do SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence – centro de investigação de inteligência extraterrestre), que buscam possíveis sinais de extraterrestres, e por futuristas, para descreverem civilizações extraterrestres.

Kardashev distingue três tipos de civilizações: Civilizações de tipo 1 – Capazes de aproveitar a energia potencial de um planeta. Civilizações de tipo 2 – Capazes de aproveitar a energia potencial de uma estrela. Civilizações de tipo 3 – Capazes de aproveitar a energia potencial de uma galáxia.

Esta teoria foi posteriormente criticada e revista. A principal crítica foi a excessiva importância dada ao consumo de energia.

Ajuste fino e Big Bang – É necessário estarem reunidas condições extremamente precisas para surja no Universo a vida como a conhecemos. Uma variação, mesmo muito pequena, de algumas constantes fundamentais da física não permitiria que a vida emergisse.

O cosmologista e astrônomo britânico Fred Hoyle designou essas condições particulares do Universo de “ajuste fino”, em 1953.

Esse mesmo cientista, que defende a teoria do estado estacionário (que descreve um Universo imutável e eterno), usou a expressão Big Bang, em 1919, num programa da BBC, para ridicularizar a teoria de um Universo em expansão. Ora, não apenas provas de um Universo em expansão têm sido amplamente reunidas desde então, como a expressão Big Bang se tornou muito popular.

(*) Michio Kaku. Físico norte-americano nascido em 1947 (71 anos). Professor de física teórica no City College, em Nova York. Michio Kaku é também um futurista. 

Trabalha especialmente no campo da Teoria do Todo, que busca unificar as quatro forças fundamentais do Universo. O seu mais recente livro, The Future of Humanity: Terraforming Mars, lnterstellar Travel, lmmortality, and Our Destiny Beyond (O futuro da humanidade: transformação terráquea de Marte, viagens interestelares, imortalidade e o nosso destino mais além) foi publicado em fevereiro de 2018 nos Estados Unidos, pela editora Doubleday. 

Em Portugal, vários livros de Michio Kaku estão incluídos no Plano Nacional de Leitura do Ministério da Educação, como sugestões para o Ensino Secundário, traduzidos em português, como Hiperespaço, Mundos Paralelos. A Física do Futuro e O Futuro da Mente, editados pelo Editorial Bizâncio. 

A mesma editora publicou também A Física do Futuro e Visões: como a Ciência irá Revolucionar o Século 21. No Brasil, está traduzido O Cosmos de Einstein (Companhia das Letras).



Postado em Brasil 247 em 05/07/2018




“ Mais do que máquinas precisamos de humanidade.”




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 Jackson César Buonocore


O sistema de valores orientados pelo egoísmo promove de modo agressivo, a tese do darwinismo social, uma visão que acredita na existência de grupos superiores, que se diferem física e intelectualmente, devendo governar a sociedade. Enquanto os outros menos capazes deixariam de existir, por serem inaptos de seguir a linha evolutiva da espécie humana.

Isso é uma leitura deturpada da teoria de Charles Darwin, usada para justificar que os egoístas apresentam quociente de inteligência elevada para dominar a ciência e comandar a sociedade. Essa concepção está formando uma geração de egoístas, indivíduos que têm apegos exagerados às coisas materiais, sem nenhuma preocupação com as necessidades alheias.

A soma de ações egoístas, alimentam a cultura do individualismo, que na interpretação psicanalítica de ego, é a priorização da razão narcísica sobre a razão dos demais. Além disso, essa cultura acredita que o seu modo de ter e ser – é o mais importante das raças humanas.

Mas essa é uma lógica reducionista, pois nós humanos temos a necessidade vital de pertencer a uma coletividade, anseios que remontam a nossa ancestralidade, como identificou o gênio Charlie Chaplin: “Mais do que máquinas precisamos de humanidade. Mais do que inteligência precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes a vida será de violência e tudo estará perdido.”

Portanto, existe a esperança de vitória sobre a sociedade desumanizada na construção de uma sociedade mutualista, que se apóia nos valores da tradição humanista que – restauram à vida. Hoje esse lugar de bem-querer só é possível, graças as ações de pessoas altruístas que fazem o bem aos outros antes de pensar em si mesmas.

As pesquisas confirmam que pessoas – emocionalmente inteligentes – ajudam a melhor a vida das suas comunidades, demonstrando gestos verdadeiros de altruísmo e a capacidade de compreender as diferenças. São gente que gosta de gente, que escuta o sofrimento alheio e busca soluções para as necessidades do próximo.

O resultado disso chama-se solidariedade, uma palavra de origem francesa “solidarité”, que significa responsabilidade mútua e do latim “solidus”, que expressa algo firme, inteiro e sólido. Ou seja, que orienta a atuação dos cidadãos (as) de diversos setores sociais, que dão tudo de si para ajudar a reduzir a aflição das vítimas das catástrofes, da violência, da fome, das doenças, da drogadição, do desemparo social e econômico do Estado.

Enfim, apesar dos hediondos escândalos de corrupção e do mórbido egoísmo, temos muitas pessoas altruístas, que atuam de forma pacífica na construção de um mundo melhor, uma vez que elas são herdeiras de experiências, que datam de um sistema de valores da tradição psicoespiritual do Ocidente e do Oriente dos últimos 4000 anos.



Postado em Conti Outra




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