A calça do verão por Camila Gaio








Quando perdemos nossos pais nossa vida nunca mais será como antes






Não importa quão independentes e adultos nos consideremos, nenhum de nós está verdadeiramente preparado para perder os pais. Quando eles se vão, nossa vida muda para sempre, e precisamos aprender a conviver com uma saudade que parece nunca cessar.

Ao perder nossos pais, não perdemos apenas as figuras que eles representam, mas também muito de tudo aquilo que vivemos com eles. Deixamos de ser as eternas crianças que podem chorar em seu colo e nos permitir ser vulneráveis. Perdemos o amor incondicional que nos apoia em qualquer momento e nos transmite o mais verdadeiro encorajamento, e nos sentimos órfãos de lealdade verdadeira.

A vida sem eles parece mais difícil, não importa a nossa idade e o que façamos da vida, saber que ainda podemos contar com eles e desfrutar de seu amor nos traz paz, e ao perdermos essa segurança, podemos nos sentir verdadeiramente desestabilizados.

Nossos pais são as pessoas que nos mostram o significado de confiança, amor e companhia.

Eles são nossos primeiros amigos de verdade e aqueles que sabemos que estarão sempre ao nosso lado, mesmo que o mundo inteiro nos vire as costas. Não é fácil acordar e saber que já não estão mais conosco.

Saber que nunca mais os veremos nem compartilharemos dos almoços de domingo e celebrações de fim de ano é uma das coisas mais tristes pelas quais temos de passar, e exige uma readaptação poderosa.

Nem todo o tempo do mundo seria suficiente para estarmos com eles, e muitas vezes parecemos nos esquecer de que algum dia nos deixarão. A morte deles pode ser quase impossível de aceitar, ainda mais se causada por um fator repentino, como um acidente, porque ficamos com a sensação de que eles foram embora antes do tempo e que ainda tinham muito a compartilhar conosco até que seu momento de partir finalmente chegasse.

Quando nossos pais se vão, perdemos uma das partes mais bonitas de nós mesmos e somos forçados a seguir, mesmo com o nosso coração dolorido.

Lidar com essa grande perda nos traz lições poderosas e pode nos tornar pessoas melhores, mas mesmo com toda a evolução que nos espera, sentiremos sua falta e desejaremos ter podido compartilhar momentos especiais de com eles.

Por isso, devemos aproveitar ao máximo todo o tempo que temos com eles. Evitar brigas, egoísmo e falta de respeito, agradecer por tudo o que sempre fizeram por nós e nos desculpar, sem orgulho ou prepotência.

Nossos pais são nossos melhores amigos e as pessoas que mais nos amarão.

Devemos aproveitar nossa vida com eles para que, quando o seu momento chegue, nossas lágrimas sejam de saudade e não de arrependimento.





Jovem indígena brasileira discursa na abertura da COP26






Ativistas da Amazônia estão na 26a Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas da ONU, que neste ano acontece em Glasgow, na Escócia.


Walelasoetxeige Suruí, conhecida como Txai Suruí, tem 24 anos e mora no estado de Rondônia, Brasil. É do povo Paiter Suruí e fundadora do Movimento da Juventude Indígena no estado. Txai é estudante de Direito e trabalha no departamento jurídico da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, entidade considerada referência em assuntos relacionados à causa indígena.

Ela também é uma jovem representante da Guardians of the Forest - uma aliança de comunidades que protege as florestas tropicais ao redor do mundo - e conselheira da Aliança Global “Amplificando Vozes para Ação Climática Justa”. Txai também tem atuado como voluntária da organização Engajamundo, e foi representante de seu povo na Conferência do Clima da ONU - COP25, em Madri.

Txai se tornou ativista desde cedo, inspirada pelos pais - o cacique Almir Suruí e a indigenista Ivaneide Bandeira Cardozo, conhecida como Neidinha Suruí. Também atuou no movimento estudantil, como primeira reitora indígena do Centro Acadêmico de Direito da Universidade Federal de Rondônia. Ela trabalha por uma floresta em pé, pelos direitos humanos e pela justiça ambiental e social para todos. Faz parte do Conselho Deliberativo do WWF-Brasil.

Discurso de Txai Suruí na abertura da COP26:

Meu nome é Txai Suruí, eu tenho só 24, mas meu povo vive há pelo menos 6 mil anos na floresta Amazônica. Meu pai, o grande cacique Almir Suruí me ensinou que devemos ouvir as estrelas, a Lua, o vento, os animais e as árvores.

Hoje o clima está esquentando, os animais estão desaparecendo, os rios estão morrendo, nossas plantações não florescem como antes. A Terra está falando. Ela nos diz que não temos mais tempo.

Uma companheira disse: vamos continuar pensando que com pomadas e analgésicos os golpes de hoje se resolvem, embora saibamos que amanhã a ferida será maior e mais profunda?

Precisamos tomar outro caminho com mudanças corajosas e globais.
Não é 2030 ou 2050, é agora!

Enquanto vocês estão fechando os olhos para a realidade, o guardião da floresta Ari Uru-Eu-Wau-Wau, meu amigo de infância, foi assassinado por proteger a natureza.

Os povos indígenas estão na linha de frente da emergência climática, por isso devemos estar no centro das decisões que acontecem aqui. Nós temos ideias para adiar o fim do mundo.

Vamos frear as emissões de promessas mentirosas e irresponsáveis; vamos acabar com a poluição das palavras vazias, e vamos lutar por um futuro e um presente habitáveis.

É necessário sempre acreditar que o sonho é possível. Que a nossa utopia seja um futuro na Terra.

Obrigada!









Seja maduro, na busca da sua felicidade não priorize a opinião dos outros







Pessoas maduras não querem ter encrencas com ninguém, não se comparam com os outros, nem se intrometem onde 
não são chamadas.


Marcel Camargo

Não é nada fácil deixar de opinar sobre a vida de quem amamos, pois queremos que ele acerte, que sua vida dê certo. Pais opinam com propriedade e devem orientar sempre seus filhos, pois isso faz parte da responsabilidade parental, mas, quando não temos responsabilidade alguma com a pessoa e nem fomos chamados para opinar, o silêncio deve prevalecer.

Mesmo assim, existem pessoas que jamais conseguirão se controlar e irão se intrometer nas nossas vidas, mesmo que nem haja intimidade suficiente para tanto. Ainda que ninguém tenha perguntado o que elas acham. Caberá, então, a nós lidar com as intromissões da melhor forma possível, no sentido de nos resguardarmos e de não nos importarmos com os pitacos que não são bem vindos.

Também não dá para nos fecharmos a toda e qualquer opinião alheia, uma vez que existe quem torça realmente por nós e se importa com a nossa vida de forma verdadeira e bondosa. Muitas vezes, quando estamos em meio a um redemoinho emocional, por exemplo, ficamos mais vulneráveis, sensíveis, enfraquecidos, o que pode nublar nossas tomadas de decisão. Nesses casos, orientações de quem enxerga o caos de fora podem ajudar bastante. Mas de alguém confiável.

Na verdade, quanto mais a gente vive, mais a gente aprende a selecionar o que chega e o que sai de nossas vidas. Mais a gente consegue filtrar o que vem nos atingir, porque a gente percebe que é preciso proteger o nosso coração daquilo que nos torna infelizes. O amadurecimento faz a gente buscar com mais força a felicidade, porque entendemos que tudo passa, e passa rápido, ou seja, o que é bom precisa ser vivido, revivido, sentido e guardado com intensidade.

O objetivo da vida é ser feliz, do seu jeito, com quem você ama, perto de quem te faz bem, fazendo o que te emociona, sem machucar ninguém nessa caminhada. Pessoas maduras não querem ter encrencas com ninguém, não se comparam com os outros, nem se intrometem onde não são chamadas. E ainda selecionam com o que se importar, pois estão ocupadas em sorrir e em afastar a tristeza, sem azucrinar a paciência alheia. É tão lindo vê-las cuidando da própria vida. Ah, essas pessoas maduras…