As pessoas são únicas e especiais





Eu queria que as pessoas soubessem o quanto elas

 importam, merecem, o quanto são únicas e especiais.

E isso é tudo.


Marcel Camargo

Eu estava pensando – coisa que faço muito – e comecei a refletir sobre a forma como nos enxergamos. Sobre a leveza de que nos esquecemos quando olhamos para nós mesmos. Sobre o tanto que a gente se culpa e se machuca e sabota a felicidade, como se não tivéssemos o direito à felicidade. Porque é assim que se dá com muitas pessoas, infelizmente.

Por que é tão difícil, a muitos, conseguir se olhar com candura e admiração? Por que, para muitos, é doloroso se olhar no espelho, sem precisar se comparar com outras pessoas, sem precisar ver estampados na testa os erros, as falhas, o que passou e foi doloroso? Eu não entendo por quais razões as pessoas costumam se prender ao que não deu certo, enquanto vai esquecendo as conquistas e tudo o que foi bom.

Sempre penso que muito disso se deve ao fato de que há muitas cenas e fotos de felicidade excessiva, de sorrisos forçados, de corpos esculturais, por tudo quanto é lado. À nossa volta, abundam mensagens de autoajuda, de proatividade, de vibes positivas. Imperativos positivos nos assombram: “sorria, agradeça, exercite-se, jejue, corra, vai ser feliz, vai passar”. Toda essa áurea gratiluz pode acabar sendo tóxica.

Mas a gente não é assim, a gente é de carne e osso. Todos sofremos, temos inseguranças, levamos porradas da vida, tombos. Todos temos, às vezes, vontade de chorar, de xingar, de gritar, de sumir. Tem dias em que não queremos espelho, conselhos, piadas, abraços, consolo. Tem horas em que não queremos ver nem ouvir ninguém. E está tudo bem, caso seja passageiro e não fiquemos estagnados na escuridão.

Eu só sei que as pessoas precisam entender que a vida é luz e escuridão, a vida são faces de uma moeda. Nem sempre será cara, nem sempre será coroa. Eu queria que as pessoas conseguissem enxergar a própria grandeza, sem precisar recorrer a pílulas, a fugas ilusórias, sem se machucar em relacionamentos falidos. Eu queria que as pessoas soubessem o quanto elas importam, merecem, o quanto são únicas e especiais. E isso é tudo.




Senador Randolfe Rodrigues emocionou em seu discurso de encerramento da CPI da Pandemia

 




A comunicação no budismo



Os princípios da comunicação são importantes no budismo, visto que a harmonia em um determinado círculo social depende, em grande medida, do bom uso que se faz das palavras e dos silêncios. Cada um desses princípios se refere à comunicação consigo mesmo e com os outros.

O budismo defende que há quatro princípios da comunicação que devem ser preservados para conseguir a harmonia entre os seres humanos. Em sua abordagem, tais preceitos não são mandamentos propriamente ditos, mas padrões de orientação que só devem ser seguidos quando o que nos motiva é um desejo autêntico de manter boas relações com os outros.

Com os quatro princípios da comunicação, o que se busca é uma maior clareza e respeito em nossa relação com os outros. Os seres humanos usam a fala para expor suas ideias, sentimentos e emoções. Quando fazemos isso corretamente, conseguimos fazer os outros nos compreenderem melhor e elevamos a qualidade das nossas relações.

Para os budistas, os quatro princípios da comunicação são veracidade, amabilidade, utilidade e harmonia. Cada um deles tem como propósito tornar mais fluida e valiosa a nossa expressão. Ao mesmo tempo, todos exigem consciência e trabalho.

Vamos analisar esses princípios mais detalhadamente a seguir.
“Observe, escute, cale, julgue pouco e pergunte muito”.
-  August Graft  -



1. Veracidade

O primeiro dos princípios da comunicação é a veracidade. É um conceito mais complexo do que parece à primeira vista.

Ser verdadeiro é ajustar-se à verdade ou à realidade. O problema é que nem sempre conhecemos essa verdade ou essa realidade, pois em muitas ocasiões também enganamos a nós mesmos. Portanto, para sermos realmente verdadeiros, primeiro temos que fazer um exercício de honestidade com nós mesmos.

Se cada um não disser a verdade a si mesmo, também não poderá dizê-la aos outros. Ao mesmo tempo, só se pode ser verdadeiro quando se fala com o coração, com a intenção de expressar e não com algum outro interesse.

2. Amabilidade, um dos princípios da comunicação

Há uma grande diferença entre ser sincero e ser cruel, sem consideração ou desrespeitoso. O respeito e a consideração pelo outro são condições fundamentais para que possa ocorrer uma comunicação saudável e enriquecedora. São inúmeras as dificuldades originadas por expressões desrespeitosas que, às vezes, acompanham a comunicação.

A raiva e o medo são, na verdade, expressões do ego. Por sua vez, o ego às vezes nos leva a agir de maneira impositiva ou desrespeitosa com os outros. Nesses casos, quem fala é o ego, não o coração.

Com frequência, isso leva a uma cadeia de dificuldades com os outros e tira a tranquilidade das nossas vidas sem necessidade. É melhor falar somente quando estivermos em paz com nós mesmos.

3. Utilidade

Os budistas insistem na importância de aprender a valorizar o silêncio. Para muitos, trata-se de um espaço vazio, que deve ser preenchido o quanto antes. O budismo o vê como o espaço natural para a escuta, seja de si mesmo ou dos outros. Sem a escuta, não pode haver comunicação, visto que este é um processo que ocorre nos dois sentidos.

Falar por falar é uma expressão de angústia que muito frequentemente leva a desvalorizar a palavra. As palavras sem utilidade impedem a existência de uma verdadeira comunicação.

Na verdade, o que fazem é desgastar a mente e empobrecer as relações com os outros. Também é muito comum que nutram as emoções mais banais que carregamos dentro de nós.



4. Harmonia, o último dos princípios da comunicação

O último dos princípios da comunicação, segundo os budistas, é a harmonia. Para eles, as palavras se justificam apenas quando são uma via para alimentar a boa vontade e a paz entre as pessoas. Qualquer mensagem que não tiver esse propósito só contribui para gerar mal-entendidos ou sensações negativas entre os seres humanos.

A comunicação harmoniosa também é aquela que escolhe as palavras mais claras e concisas para expor sua mensagem. Os rodeios, as sutilezas e os floreios desnecessários geram ruídos na comunicação. Não promovem o entendimento e, muito frequentemente, levam a confusões e fazem com que as mensagens centrais sejam diluídas.

Todos esses princípios da comunicação podem parecer um pouco estranhos para os ocidentais. Por fim, vale destacar que vivemos em uma cultura na qual é cada vez mais difícil manter o silêncio. Recebemos um bombardeio de informações constantemente, de maneira que o estranho passou a ser a ausência de barulho.

O aspecto mais preocupante disso tudo é que estamos em uma época em que a maior parte da comunicação se dedica a assuntos completamente banais. Isso não apenas afeta nossa harmonia interior, mas também limita nosso pensamento e nos leva a ser cada vez menos capazes de expressar e de escutar.

A palavra tem perdido seu valor, e talvez seja isso que tenha levado à existência de tanto mal-estar no mundo.