Ganhando ou perdendo as eleições, teremos que salvar as bolsopessoas, diz psiquiatra Ana Marta Lobosque





Por Ana Marta Lobosque – Psiquiatra

Ganhando ou perdendo as eleições, vamos ter de levar em conta esse novo tipo de brasileiro que são as bolsopessoas.

As bolsopessoas são pessoas muito comuns, em todos os sentidos. Comuns porque fáceis de encontrar: elas agora estão em toda parte. Comuns porque são muito parecidas umas com as outras.

Não, elas não são como os bolsonaristas de carteirinha: não matam gays, não defendem a tortura, não querem a ditadura. No entanto, não se importam nem com os gays, nem com os torturados, nem com os regimes autoritários; elas não se importam muito com o mundo, as bolsopessoas, porque vivem no horizonte muito limitado de uma classe que melhorou um pouco de vida nos últimos anos.

Elas não são também como os bolsonaristas ricos, políticos ou empresários. Pelo contrário: bolsopessoa é a faxineira do seu prédio, aquela que tem um filho preso, mas acredita na polícia; é o motorista do Uber, aquele que fez faculdade mas está desempregado; é o seu colega de trabalho, que vive dando nó mas faz discurso contra a corrupção.

As bolsopessoas não se manifestam muito, não impõem seu voto nem mesmo gostam de falar no assunto. Muitas vezes são educadas – um pouco demais, até. Não gostam de discordar, divergir, discutir, se opor. E a gente (desculpem o velho cacoete psi), fica se perguntando o que é que elas fazem com a agressividade que existe em cada um de nós ( tanto esforço pra se conter não acaba fazendo com que, sem percebê-lo, elas cultivem um fraco pela ferocidade bolsonariana?).

As bolsopessoas não são muito chegadas ao tipo de pensamento exigido pela prática da argumentação – muito possivelmente, por falta de hábito, vivendo, como vivem, em ambientes alheios a arte, cultura, leitura. Muitas vezes procuram se instruir – valorizam diplomas, formaturas e afins; querem também aprender tudo o que for útil para ganhar um dinheirinho a mais. Mas se lixam se a filosofia está sendo banida do currículo em troca da moral e cívica, pois, para elas, trata-se da mesma conversa fiada.

As bolsopessoas são crédulas: acreditam nas mensagens que chega aos seus zaps, sobretudo quando acreditar lhes convém.

Mas as bolsopessoas são céticas, por outro lado: duvidam de tudo o que a gente diz, sobretudo quando não querem acreditar.

As bolsopessoas, como mostrou a pesquisa de ontem, votam em candidatos que, segundo elas próprias, defendem os ricos; as bolsopessoas gostam bastante de grana, e acham que num mundo bolsonariano seus méritos de cidadãos de bem lhes darão acesso a mais conforto e a mais bens.

Enfim, as bolspessoas não são nada interessantes – e tudo que porventura possuam de singular e original encontra-se neste momento completamente elidido.

As bolsopessoas têm, é claro, capacidade de afeto, amizade, solidariedade – mas todas essas qualidades se voltam apenas para os seus, pouco se importando com o mundo em redor.

Como vocês veem, eu não gosto nem um pouquinho delas, Mas preciso me lembrar de que elas nem sempre foram bolsopessoas, mas estão vivendo num momento que as incentiva a tornar-se assim. Que nelas existe, em algum lugar hoje invisível, um conflito entre a indiferença e a generosidade, entre a agressividade disfarçada e a disposição para lutar, entre a covardia e a coragem.

Então, vamos ter de conviver com as bolsopessoas, não é? No momento, estou achando isso quase insuportável. Mas conviveremos. Sem ódio, sem ressentimento, mas também sem eximi-las da responsabilidade pela posição que tomaram. Se algum dia entenderem, talvez um dia elas voltem a ser o que eram antes desse inferno, e/ou se transformem nas pessoas melhores que podem ser. Pode ser que sim. Ou não.

Mas urgentemente, com certeza, prioritariamente, temos que encontrar jeitos de produzir outro tipo de pessoas. Outras configurações subjetivas, outras modalidades de pensamento e afeto, outros gostos e outras inclinações. Pais, educadores, trabalhadores psi, companheiros da esquerda em geral: temos de inventar com urgência um outro tipo humano.













7 passos para ser feliz segundo os hindus



Diz a lenda dos hindus que o único homem feliz vivia em um reino antigo. Neste lugar havia pessoas cheias de dinheiro, mas que não podiam desfrutar de seus bens. Elas queriam sempre mais. Por isso investiam quase todo seu tempo em fazer negócios para aumentar sua fortuna. Outros, por outro lado, eram muito pobres. Também não eram felizes, porque dedicavam boa parte de sua vida a sonhar com tudo aquilo que não tinham.

Quando surgiu um rumor de que havia um homem que era completamente feliz, todos se mostraram muito interessados. Diziam que este homem tinha um cofre, e que dentro dele estavam todos os segredos para alcançar a felicidade. Os ricos vieram até ele e quiseram lhe comprar o cofre, mas o homem não vendeu. Os pobres lhe suplicaram, mas o sábio também não cedeu. Tentaram até mesmo roubar o cofre, mas ninguém conseguiu.
“Buscamos a felicidade, mas sem saber onde, como os bêbados buscam sua casa sabendo que têm uma.”
- Voltaire -
Depois de um tempo, uma criança foi conversar com o homem. O menino disse que também queria ser feliz. Vendo a inocência da criança, o homem feliz ficou comovido. Ele disse que a felicidade era como uma escadaria e que cada passo em direção a ela exigia uma nova aprendizagem. Foi assim que ele mostrou os 7 passos para ser feliz.

Passo 1. Cultivar o amor próprio para ser feliz

O homem do cofre disse à criança que a primeira condição para ser feliz é amar a si mesmo. O amor próprio significa se sentir merecedor da felicidade. Para isso, temos que dar valor à nossa vida. Cuidar da saúde e do bem-estar físico.

Também é necessário compreender que somos únicos no mundo. Isso significa que cada uma de nossas virtudes e de nossos defeitos são o resultado de uma história única no universo. Não somos mais nem menos do que ninguém, apenas o efeito de milhões de causas irrepetíveis.

Passo 2. Agir, colocar em prática

Uma das coisas que deixa as pessoas mais infelizes é pensar em ser melhor, ou em uma vida melhor, mas deixar isso apenas no pensamento. Isso só conduz à frustração e à culpa. Se você acredita que pode ou deve fazer algo, simplesmente faça. Você não tem por que ruminar tanto sobre isso.

Também é importante que os atos sejam consequentes com suas palavras e, é claro, com seus pensamentos. Se você pensa de uma forma mas age de outra, só irá criar confusão. Por outro lado, quando há harmonia em seu mundo interno, tudo flui com facilidade.

Passo 3. Banir a inveja

Quem vive pensando nas conquistas dos outros antes das próprias conquistas controi um caminho para a amargura. Você nunca sabe pelo que a outra pessoa teve que passar para conseguir ser o que é ou ter o que tem. Por isso, você não é ninguém para julgar se a pessoa merece isso ou não.

Em vez de pensar no que os outros conquistam ou não, ocupe-se com o que interessa à sua vida. Se você deixar a inveja nascer no seu coração, irá sofrer. E será um sofrimento inútil e destrutivo. Se você conseguir ser feliz com as conquistas dos outros, sua felicidade será o dobro e você terá mais força dentro de seu coração para alcançar suas metas.

Passo 4. Lutar contra o rancor

Às vezes recebemos afrontas tão fortes que a dor fica enraizada no coração. Com o passar do tempo, a dor se transforma em frustração. E esta última se transforma em raiva. A pessoa acaba sendo portadora de um sentimento muito negativo e isso acaba paralisando-a.


O rancor é outro desses sentimentos inúteis que machuca muito quem o sente. A vida tem a sua própria lógica. Por isso, perante uma afronta, você deve pensar que quem a causou irá encontrar justiça por si só. Mais cedo ou mais tarde cada um colhe o que planta. Por isso, cada um deve se esforçar para perdoar, esquecer e deixar para trás.

Passo 5. Não pegar o que não lhe pertence

Segundo os hindus, tudo aquilo que se pega dos outros de forma ilícita traz consequências graves. Com o tempo, quem cometeu este ato irá perder algo que tenha muito mais valor. Não respeitar os bens dos outros também faz você perder o que conseguiu.

Isto não se aplica somente aos bens materiais. Também tem a ver com se apropriar de ideias, afetos ou benefícios que não correspondem a você. Para os hindus, nesta falta de respeito com o que é do outro está o começo da ruína emocional e material de uma pessoa.

Passo 6. Erradicar os maus-tratos da sua vida

Nenhum ser vivo deve ser maltratado. Isto inclui as pessoas e, é claro, também as plantas e os animais. Quem consegue se relacionar de uma maneira amorosa com a vida, consegue ser feliz. Todos os seres vivos são fonte de alegria e de bem-estar, e por isso devem ser valorizados.

Isto, como é óbvio, envolve uma recusa radical em ser maltratado. É bom que você se mostre firme para rejeitar qualquer situação ou pessoa que o maltrate. Nenhuma forma de maus-tratos é “para o seu bem” ou para o bem de alguém. Para evoluir ou corrigir erros não é necessário passar por um tratamento destrutivo.

Passo 7. Agradecer todos os dias de sua vida

Isso é muito simples e tem um efeito muito poderoso em suas emoções. Todos os dias você tem razões para agradecer, não duvide disso. Se você adquirir o hábito de que a palavra “obrigado” seja a primeira do seu dia, vai ver como sua vida se encherá de cor.



Este simples ritual muda vidas. Quando se torna um hábito, ele o coloca em uma posição de bondade e de boa disposição em relação a tudo. Faz você se sentir mais feliz e o transforma em uma pessoa mais generosa. Além disso, permite que você veja com maior nitidez todo o valor que tem a sua vida.

Já dissemos que os sete passos para ser feliz são como uma escadaria. Um degrau é alcançado após o outro. Eles formam um processo evolutivo que leva à paz interior. Essa paz é a única condição imprescindível para que você consiga ser feliz. E ser feliz é alcançar um estado em que a pessoa aceita, com nobreza e inteligência, todas as reviravoltas da vida.




" Dói demais ver as crianças morrendo sem poder ver os pais " afirma pediatra de UTI




A BBC publicou nesta última semana uma emocionante entrevista com a pediatra intensivista Cinara Carneiro. Ela trabalha na UTI de covid-19 do Hospital Infantil Albert Sabin, em Fortaleza, no Ceará e contou à BBC a sua rotina e as suas dores como intensivista.

Na grande maioria dos hospitais, as visitas nas UTIs estão suspensas em virtude da covid-19. Assim, distante dos pais, cabe aos profissionais de saúde acolherem as crianças ali internadas, o que, segundo a médica, torna-se um tanto mais difícil em razão da máscara facial criar obstáculo por não possibilitar que vejam o seu sorriso. Assim, o acolhimento se dá pela fala, pelo toque e, certamente acima de tudo, pelo olhar.

Segundo a pediatra: “A interação com a criança estando de máscara e paramentada é algo que gera sofrimento na gente. Na nossa unidade, a gente não tem permitido a presença dos familiares, como se permitia antes, pelo risco de contaminação, porque a gente não tem EPI (equipamento de proteção individual) suficiente para disponibilizar para os pais“.

Ela revela a sua tristeza com relação a muitos crianças que chegam conscientes à UTI, mas pioram, são intubados e acabam morrendo sem que os pais possam acompanhar de perto os seus momentos finais.

“Dói ver uma criança morrendo sem ver os pais. Fica muita coisa não trabalhada no luto desses familiares, de não ter visto, de não ter acompanhado de perto fisicamente a piora. Por mais que a gente tente explicar por telefone, muita coisa não está sendo vista e vivida”, afirma a pediatra.

Segundo a médica, um dos momentos mais sensíveis da internação de um paciente de covid é a intubação. Ela relatou à BBC um diálogo com um adolescente de 14 anos, momentos antes de ele ser sedado. Ela conta que enquanto o nível de saturação caia, ele não parava de repetir: “Não quero que minha mãe sofra, não quero que minha mãe sofra“.

“Eu falei: ‘você está precisando de ajuda para respirar. Eu vou tentar te ajudar nesse momento, mas você vai receber medicação para dormir, para não sentir dor. E a gente vai estar aqui conversando quando você acordar’”, relata a pediatra.

Mas o menino, que não tinha nenhuma comorbidade quando se infectou pelo coronavírus, nunca mais acordou.

Infelizmente, histórias como a relatada pela pediatra se repetem a cada dia e cada vez mais em nosso país. Faz-se necessária, com urgência, uma ampla vacinação, mas, até lá, sigamos cumprindo as normas de sanitárias.

SE PUDER, fique em casa  !

Para ler a matéria completa, acesse BBC





Diante da proibição de visitas na UTI infantis de covid-19, médicos e enfermeiros do Hospital Albert Sabin, em Fortaleza, fizeram vaquinha e compraram tablets para fazer chamadas em vídeo entre pais e crianças.

Jessica Lira diz que o momento mais desgastante é o de dar notícias sobre a gravidade dos pacientes por telefone, num contexto em que os pais não podem ver os filhos pessoalmente.