Sexo e tecnologia : influência e particularidades
Sexo e tecnologia podem se tornar um binômio excepcional se forem bem compreendidos, mas podem se transformar em um pesadelo
se o vínculo criado não for respeitado.
Sexo e tecnologia são dois termos que mantêm um relacionamento cada vez mais próximo. Por milhares de anos a sexualidade humana não foi afetada por muitos avanços tecnológicos; no entanto, atualmente, a tecnologia também começou a tomar o centro do palco neste campo.
É claro que isso é possível porque existe a tecnologia em si, mas também porque o modo de compreender e viver a sexualidade se transformou. Então, vamos nos aprofundar um pouco mais nesse assunto.
Sexo e tecnologia: influências
Os avanços tecnológicos ofereceram novos espaços aos seres humanos. Sem dúvida, esse fato fez com que novas formas de socialização fossem geradas em todas as áreas, inclusive a intimidade.
Como a sexualidade é uma faceta tão importante na vida de um ser humano, qualquer elemento que a condicione se torna importante. Em relação à tecnologia, os aplicativos móveis, a internet e as redes sociais são provavelmente os que mais influenciaram.

Hoje em dia, quase todo mundo tem um “telefone sombra”; no entanto, não fazemos mais ligações do que antes. Pelo contrário, tendemos a optar por formas mais distantes de comunicação. Nesse sentido, a evolução está ocorrendo em tal velocidade que é difícil estudar e tirar conclusões sobre como nos relacionamos com a tecnologia.
Não há dúvidas de que, a nível pessoal e social, sua influência é importante. Embora às vezes pareça imprevisível, devemos nos manter a par da relação entre tecnologia e sexo, especialmente se nos referirmos a comportamentos inadequados ou patológicos.
Internet e sexo
A internet é infinita, sendo também infinito o número de páginas e referências com conteúdo sexual. Tanto a nível recreativo quanto para informação, a grande rede é um destino de preferência, embora não seja necessariamente adequado em todos os casos.
Por outro lado, no estrato social mais jovem (incluindo adolescentes e menores de idade), o compartilhamento de conteúdo sexual de geração própria é uma prática que tem se implantado fortemente. Há atributos que a tornam muito atraente, o protagonismo fica com o visual – em um mundo de pessoas cada vez mais visuais – e não requer muito tempo.
Conteúdo para adultos
Podemos encontrar material sexual em diferentes formatos. Não há necessidade de procurar muito. Por outro lado, as estatísticas nos dizem que falamos de um gênero que tem um grande público e uma ampla gama de idades.
Hoje sabemos, por exemplo, que o conteúdo compartilhado condiciona bastante as condições das expectativas sexuais das pessoas que o consomem. De certa forma, nosso cérebro parece não processar o que percebe como ficção.
Sexting
Uma das práticas que unificam sexo e tecnologia e que está entre as mais perigosas é o sexting. Ocorre especialmente entre jovens e adolescentes e consiste no envio de fotos e vídeos com conteúdo sexual explícito que são tomados como selfie com o celular.
Embora possa ser uma prática que introduz a sedução na vida sexual adulta, entre os jovens se tornou um jogo erótico arriscado. Além de aumentar o desejo, também faz com que alguns materiais acabem em mãos indesejadas, fazendo com que se disseminem conteúdos não permitidos e inadequados.
Infelizmente, na perversão desta prática, encontramos o grooming. O groomer é um indivíduo que busca prejudicar menores de idade usando redes sociais e métodos tecnológicos para entrar em contato com as pessoas, geralmente muito mais jovens, disfarçando sua aparência para obter material sexualmente explícito de suas vítimas.
“ Tornou-se terrivelmente óbvio que nossa tecnologia superou nossa humanidade." - Albert Einstein -

Sexo e tecnologia, um relacionamento polêmico
Aludindo ao assunto que nos preocupa, podemos dizer que sexo e tecnologia formam um binômio polêmico. A tecnologia abre um campo de possibilidades, mas a contrapartida é que muitas delas, longe de nos favorecer, podem nos fazer muito mal. Escolher bem o que queremos ou não queremos, além de ser nosso direito, tem muito a ver com nossa autoestima e empatia.
Por outro lado, a tecnologia revolucionou o vínculo afetivo dos indivíduos. Aplicativos como o Tinder, que dão origem a relacionamentos ou pseudo-relações em que todos os estágios passam muito rapidamente, se encaixam muito bem em uma concepção um tanto perversa do amor: o amor como um objeto de consumo com independência do outro.
A tecnologia também desenvolveu o que são conhecidos como dispositivos hápticos (relacionados ao toque). Ou seja, dispositivos que simulam a sensação de tocar ou ser tocado por outra pessoa. Mas todo esse sexo virtual que pode ser considerado uma vantagem não implica que a comunicação íntima melhore. De fato, em muitos casos tem criado conflitos, desconfiança e prejuízos severos.
No fim, poderíamos dizer que não se trata da tecnologia em si, mas de como a aplicamos. A tecnologia aplicada ao sexo não é ruim em si mesma; o uso ou abuso que fazemos dela será o que determina seus benefícios para cada pessoa ou casal.
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As mãos que matam e a voz que os manda matar
Fernando Brito
A bárbara morte de a morte de João Alberto Silveira Freitas, espancado por seguranças do Carrefour em Porto Alegre, na véspera do Dia da Consciência Negra, que se comemora hoje, um, só mais um dos fatos reais destes tempos de estupidez em que nos mergulharam.
O violência, o espancamento, o assassinato, todos começam pela boca que vocifera. Vocifera contra os pobres, vocifera contra os negros, vocifera contra gays.
Vocifera, voz de fera, que vínhamos, por milhares de anos sempre caminhando para perder, mas que ronca no interior de muitos e volta e meia estruge pelas mãos daqueles que acabam sendo os executores brutos desta sentença genérica.
Afinal, estavam agindo ali “em nome da sociedade” e, a quem visse, pareceria, pela vítima negra, tratar-se de ladrão, e ladrão merece morrer, não é?
É o “excludente de ilicitude”, a pseudorazão para agir como não é razoável agir.
Esta é a armadilha em que as classes dominantes tentam lançar sobre nossos sentimentos e justiça e igualdade. A de que a estupidez deveria ser igual, fossemos heteros ou gays; que a pobreza deveria ser igual, fossemos brancos ou negros; que a iniquidade não existe para além de cor e sexo nas quais, sim, se expressa dramaticamente.
Os meios de comunicação, cinicamente, querem nos prender nesta arapuca – logo eles que, por décadas, praticaram o racismo e o sexismo sem qualquer pudor – como se fossem os campeões da igualdade.
O racismo e o sexismo são expressões da brutalidade e, embora seja necessário que estes grupos se organizem e se defendam, o problema da extirpar a brutalidade das relações humanas é de todos.
Morreu barbaramente um homem a socos e pisões. Basta-me isso para ser intolerável.
Ao longo da vida, participei de muitos degraus da nossa lenta subida na escala da civilidade. Com Adbias do Nascimento, com Caó, com o Coronel Carlos Magno Nazareth Cerqueira, o oficial negro posto por Brizola, em seus dois governos, a comandar a Polícia Militar do Rio de Janeiro.
Nenhum deles separou o movimento identitário da ideia de justiça social, mas como parte necessária do processo para alcançá-la.
Do contrário, iremos ficar sempre no que é indispensável, mas não suficiente: punir o racista, o homofóbico e não entender que este agente do que nós condenamos é isso, apenas o agente de uma organização da sociedade que é censitária: na cor, no sexo e no dinheiro (porque, afinal, a morte de alguém de classe média alta ou rico sempre chocará mais que a de um pobre).
Os seguranças assassinos de Porto Alegre não são os únicos que matam. A cultura da intolerância mata muito mais, ainda que pelas mãos deles.
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