Sexta-Feira Santa 10 de Abril de 2020 : Reflexão e Fé


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Momento único ! Momento de dor ! Uma dor que não cabe palavras. Maria encontra com seu filho Jesus a caminho do calvário. 

Ele, seu amado filho Jesus, carregando um pesado madeiro de cruz. Ensanguentado, ferido no corpo e em espírito. Humilhado perante ao povo a quem somente quer o bem. 

O momento é doloroso. Maria sabe que nada poderá fazer para resgatar seu filho, para tirá-lo daquele sofrimento. Só lhe resta acompanhá-lo também na dor. Não há queixas, não há lamento. Apenas contemplação, sofrimento.

O SIM da Anunciação já fora uma completa aceitação dos planos de Deus. Simeão já havia predito que " Uma espada de dor transpassaria o seu coração ". E Maria guardou tudo em seu coração. Seu SIM foi definitivo e irreversível. Ela sabia que o caminho do calvário culminaria com a salvação da humanidade. Aceitou humilde e obediente os planos de Deus que O levaram a crucificação.

Com Maria aprendamos a seguir Jesus mesmo em momentos de dor e agonia. Aprendamos dela a humildade e obediência e no silêncio seguir os passos de Jesus. Pois sabemos que não há salvação sem passar pela cruz. 

" Maria, mãe das dores, mãe dos aflitos, ensina-nos a amar e imitar suas virtudes. Interceda por nós a seu filho Jesus para que como Ele, coloquemos o amor acima de tudo e que aprendamos a perdoar."

" Caminha conosco, Senhor, e ensina-nos a carregar a cruz de cada dia ! "

( Edite Lima )




Hoje é dia de recolhimento, de silêncio e introspecção, dia de tomar consciência do seu próprio espírito imortal, pois o corpo morre, mas a energia da alma nunca se esvai. 

Então deixe esvair todo e qualquer pensamento ou sentimentos negativos e eleve-se na paz interior, pois se estiver em paz você ajuda drasticamente o sistema energético planetário. 

Hoje independente de religiões aproveite o dia para jejuar de palavras, de julgamentos que ferem, aproveite para Amar, pois o amor é a força maior que protege, que afaga e que nos trás a alegria de fazer parte deste maravilhoso momento da vida. 

Jesus é uma figura religiosa, mas para mim ele é muito mais que isto; ele é um mestre Ascensionado que teve a coragem de iniciar o movimento que é o Amor, ele vive e quer que vivamos intensamente com o coração puro.

Aprenda o grande legado que ele deixou para nossa existência e desapegue-se de esteriótipos, cultuem uma energia viva e aproveite seu caminho sagrado do amor, do coração no silêncio e na alegria da sua paz interior. Viva o amor. 

( Giovana Barbosa )




A CRUCIFICAÇÃO

Imagino um homem ...
Ao caminho caído e por todos cuspido !
Homem de dores ...
Pavoroso em seus horrores !
De olhos fitos ...
Cabelos lisos, todo cumprido !
Corpo cortado ...
Ensanguentado !
De peso nos ombros ...
Observado de longe !
Como rei coroado ...
Por qualquer manto foi enrolado !
Como cetro levava uma cruz ...
Por coroa, espinhos que não reluz !
No caminho alguns choravam ...
Cena que aos seus discípulos chocavam !
Fora da cidade foi crucificado ...
E aos seus pés por suas roupas soldados jogavam !
Entre ladrões estava condenado ...
Até por um deles foi julgado !
No auge, sente de Deus a distancia ...
Mas, sua missão completada, era de todo a importância !
Sua vida, pelo pecado humano foi entregue ...
Já que o homem sozinho o perdão não consegue !
Esta é a razão a que tudo sofria ...
Por amor ao pecador ele morria !

( Ricardo Davis Duarte )






A parábola do Covid-19 : viva a vida para ajudar outros



A influência das redes sociais no isolamento das relações humanas ...



Havia um mundo que se perdeu. Todos estavam indo tão rápido que se esqueceram de olhar em volta.

As pessoas não se notavam. Alguns ficaram cegos pelo consumismo. Outros distraídos pelo prazer. Alguns idolatravam o trabalho e se preocupavam com a próxima atividade. Outros buscavam poder, posições e riqueza. E todos, parecia, compartilhavam de um mesmo problema: tudo que deveria importar na vida, não importava o suficiente. As pessoas não percebiam a fragilidade de sua existência. Mas então, uma chamada para acordar chegou… através do menor dos mensageiros; um pequeno vírus chamado SARS-CoV-2.

E agora estamos acordados. E tudo o que já tomamos por certo – nossa economia, sistema educacional, sistema de saúde, serviços comunitários, liberdade de viajar, emprego, investimentos e vidas – está em risco.

Há duas semanas, quando eu ainda podia me permitir filosofar sobre o vírus, fiz uma lista de todas as coisas que a COVID-19 me permitia agradecer: um sistema imunológico que funciona, alimentos prontamente disponíveis, cadeias globais de fornecimento confiáveis, assistência médica universal, trabalho e pulmões saudáveis que respiram.

Agora as coisas são mais urgentes. Muitos de nossos suportes estruturais invisíveis estão tremendo. Nosso sistema de saúde será superado? Os serviços básicos podem ser mantidos? Nosso tecido social é forte o suficiente para lidar com isso? Vou contrair a doença?

Essas são perguntas que pensávamos nunca fazer. Pragas e pestes são para os livros de história.

No entanto, aqui estamos nós; chocados  com a rapidez com  que a vida pode mudar.

Como líder religioso, estou começando a perceber como o medo e a ansiedade que a COVID-19 está provocando estão despertando todos nós para algumas verdades profundas sobre o que significa ser humano.




Quando a médica-chefe da secretaria de saúde da província de Alberta (no Canadá), Dra. Deena Hinshaw, sugeriu fortemente: “Você não precisa de um teste para fazer a coisa certa!” (ou seja, adotar o distanciamento social, ter boa higiene e ficar em casa se tiver sintomas) era como se ela estivesse chamando para fora uma humanidade mais profunda em mim. Não preciso saber se estou infectado para fazer o melhor para os outros. Eu posso fazer boas escolhas simplesmente porque é a coisa certa a fazer. Fazer com os outros como gostaria que eles fizessem comigo é sempre a melhor maneira de agir.


Alguns dias depois, o primeiro-ministro Justin Trudeau desafiou todos os canadenses dizendo: “A força de nosso país é nossa capacidade de nos unir e cuidar um do outro, especialmente em momentos de necessidade. Então, ligue para seus amigos. Verifique com sua família. Pense na sua comunidade. Compre apenas o que você precisa na loja. Mas se você estiver indo para comprar mantimentos, pergunte ao seu vizinho se ele precisa de alguma coisa. E se você conhece alguém que está trabalhando na linha de frente, envie um agradecimento. Veja como eles estão. “

Ao ouvir nosso primeiro ministro falar, ouvi ecos de uma fé judaico-cristã que sempre tem chamado as pessoas a se apoiarem em comunidade, a amarem seus próximos como se amam, a darem sua vida por eles, honrarem seus pais, mães e anciãos e cuidar de doentes, viúvas e órfãos. Essas regras de ouro existem há milênios e são centrais para a maioria das religiões do mundo – centrais para o que significa ser humano!

Parece que esse vírus está nos despertando para algumas verdades universais.

Verdades que ajudaram as gerações anteriores por outros surtos virais. Os primeiros cristãos iniciaram hospitais na Europa em resposta a pragas – eles queriam criar lugares higiênicos para os doentes.

Muitos fiéis optaram por amar os outros a ponto de arriscar suas próprias vidas (mesmo como os profissionais de saúde da linha de frente estão fazendo hoje).

Eu tenho esperado pelos resultados do meu teste COVID-19 nos últimos dias. Meus sintomas foram leves, então não estou muito preocupado. No começo, eu esperava um resultado negativo (quem não gostaria?), mas agora estou me perguntando se um resultado positivo não pode me libertar para ajudar os outros de maneira mais destemida (depois que eu me recuperar completamente).

O pesquisador social Lyman Stone escreve isso sobre o teólogo Martinho Lutero: “Em 1527, quando a peste bubônica atingiu Wittenberg, Lutero recusou pedidos para fugir da cidade e se proteger. Em vez disso, ele ficou e ministrou aos doentes. A recusa em fugir custou a vida da filha Elizabeth. Mas produziu um folheto, “Se os cristãos devem fugir da peste”, em que Lutero fornece uma articulação clara da resposta cristã à epidemia: morremos em nossos postos. Médicos cristãos não podem abandonar seus hospitais, governadores cristãos não podem fugir de seus distritos, pastores cristãos não podem abandonar suas congregações. A praga não dissolve nossos deveres: transforma-os em cruzes, sobre as quais devemos estar preparados para morrer. ”

O que Lutero diz sobre os cristãos é verdadeiro para todos os médicos, governadores, pastores e pessoas de todos os lugares.

Em seu tratado, Lutero escreve: “Pedirei a Deus misericordiosamente para nos proteger. Então vou fumigar, ajudar a purificar o ar, administrar remédios e tomá-lo. Evitarei lugares e pessoas em que minha presença não seja necessária para não ser contaminado e, assim, porventura infligir e poluir outras pessoas e causar a morte delas como resultado de minha negligência. Se Deus quiser me levar, ele certamente me encontrará e eu fiz o que ele esperava de mim e, portanto, não sou responsável pela minha própria morte ou pela morte de outros. Se meu vizinho precisar de mim, no entanto, não evitarei o lugar ou a pessoa, mas irei livremente conforme indicado acima.”

O exemplo de Lutero é um desafio para todos nós.

Ser completamente humano é viver sua vida em benefício dos outros. Você se torna mais você mesmo quando ajuda os outros a se tornarem eles mesmos. Amar de maneira altruísta é ser imagem de Deus. É para isso que você é feito.

Este vírus está nos acordando para esta verdade. Ao nos colocar de joelhos, o COVID-19 está nos forçando a enfrentar a fugacidade da vida. Está nos lembrando que precisamos um do outro. Está nos chamando a olhar além de nós mesmos, a nos unir à raça humana, a perceber os outros, a cuidar e a perceber que mesmo pequenas coisas podem mudar o mundo (para o bem ou para o mal).

A verdade é que um dia todos nós morreremos. A COVID-19 está nos forçando a perguntar como escolheremos viver.

Embora nosso futuro ainda seja muito desconhecido (sempre foi), saiba que você não está sozinho. Você faz parte de uma comunidade, um país e um mundo cheio de apoios.

Graças a Deus, vivemos um tempo em que a ciência pode ver o que vê, e a história pode recordar o que sabe, e a Internet pode conectar tudo o que conecta, e os vizinhos podem cuidar um do outro de todas as formas práticas e funcionários do governo e os profissionais de saúde podem ajudar a liderar e curar, e as famílias podem amar como amam e as comunidades religiosas podem servir como servem.

E você pode ajudar onde puder.

John Van Sloten é um escritor de Calgary no Canadá e atualmente é pastor da Calgary Community Reformed Church.







Como o método japonês de arrumação da Marie Kondo revirou minha vida por completo



A mágica da arrumação - Sextante


Marcela Braz

Quando presenteei minha tia com o livro “A Mágica da Arrumação”, da Marie Kondo, jamais imaginaria que três anos depois ele teria voltado para minhas mãos e seria tão importante para quem sou agora. Lá em 2015, a ideia era ajudar minha tia com a eterna bagunça da casa. Pouco antes de falecer, ela me disse ter achado a proposta meio radical e estranhou a ideia da “energia das coisas”, de como as roupas “deveriam ficar felizes no armário” (risos). Ou seja, leu o livro, mas não fez o método, e tudo bem. Achei o resumo meio bizarro mesmo e ficou por isso. 

Mais um livro parado e pegando poeira. Igualzinho acontece com você.

Nesse meio tempo, KonMari, como também é conhecida a japonesa, intensificou seu estouro como organizadora profissional no mundo todo, e o livro já supera as 8 milhões de cópias vendidas em mais de 40 países. Em 2016, o livro voltou para as minhas mãos, mas foi só nessa virada de ano de 2017 para 2018 que o desafio entrou em cena.

Agora, pensando bem, é muito claro para mim como as coisas só acontecem quando a gente deixa elas acontecerem. Quando comprei o best-seller, assim como minha tia, não estava nem um pouco preparada para revirar minha casa ou repensar minha relação com o que me cerca. Porque o método é muito mais do que simplesmente doar e arrumar. Ele transborda para decisões de vida, é muito louco.

É aquela coisa: Comecei avaliando se uma moringa me fazia feliz e acabei terminando com um boy.

Mas, ok, vamos começar do começo: o que é esse método? Quem é essa pessoa? Bom, a Marie Kondo ou KonMari é uma organizadora profissional japonesa que desde pequenininha é obcecada por arrumação, como funciona (do que se alimenta?) e como pode ser mais eficaz. O método é todo dela, tem sua lógica própria aliada com algumas crenças, como a da energia que passamos para os objetos e como isso faz com que eles “ganhem vida”.

Euzinha e um monte de coisa que não preciso! Marie Kondo, aquele beeeeeeijo, querida.


Ri muito numa passagem sobre como as meias ficam tristes se fazemos bolinhas com elas — as minhas eram organizadas todas em bolinhas. Mas me deu um siricutico e decidi me entregar de corpo e alma ao método e testar: se eu realmente fizer tudo que ela quer, tudo mesmo, vai funcionar?

As regras são claras. Você deve se comprometer a arrumar tudo de uma vez, o mais rápido possível. Descartar tudo primeiro e depois guardar. A organização é feita por categorias, não de cômodos, e existe uma ordem para isso: roupas, livros, papéis, objetos diversos e, por último, os mais difíceis, pertences sentimentais. Confesso que respeitei mais ou menos essa ordem e que muitos dos sentimentais ainda estão na casa da minha mãe. KonMari fala sobre isso: não é para levar as coisas para casa dos pais, é para aplicar o método na sua casa e depois fazer o mesmo com seus pertences na casa deles.

A base de tudo é segurar o objeto nas mãos e se perguntar: isso me traz alegria? E apenas se cercar do que te faz feliz. Essa ideia começa em casa e vai se espalhando para vida. Passei o primeiro dia INTEIRO, inteiro mesmo, pegando coisas nas mãos, olhando para elas e me perguntando (de verdade): isso me traz alegria? para mim, pessoalmente, esse é o segredo do método. Não é separar doações, não é pensar: hmmm eu uso isso? Não. É se perguntar exatamente essa pergunta, com essas palavras, de novo e de novo, até tudo acabar: isso me traz alegria? Ou: isso me faz feliz?

No começo não tem sentido, pensei: “Sei lá, como vou saber?”. É um grampo de cabelo… Assim… Veja bem. Mas, confie em mim (ou na Marie), você sabe. A gente inventa significado para tudo, até para um tapete de banheiro, e nem percebe. E nessa hora vem tudo à tona, todas as invenções, tudo que a gente pensa e sente, todas as ideias e sentimentos guardados nessas coisas das quais nos rodeamos.

Dia 1 : Onde foi parar tudo o que sou?

Gente, os gatos ficaram, tá? Eles são as coisas que SÓ me fazem feliz, aliás…

Cara, não dizem (na yoga, na vida) que o corpo é uma metáfora, os objetos são só instrumentos para gente acessar a alma? Foi bem isso. A pilha monstruosa de roupas e coisas em cima da minha cama era bem a imagem de como me sentia por dentro. Tudo junto e misturado e fora de lugar. É too much. Mas, assim, o Ministério da Marcela adverte: sou uma pessoa intensa e fiz tudo intensamente. Outras pessoas não se afetaram tanto pelo método. Mas, no mínimo, é uma ótima maneira de simplificar, reduzir, ter escolhas mais sustentáveis e arrumar a casa.

Voltando ao eterno primeiro dia, me deparei com aquela blusa uó que só uso quando tô mal. Ela me deixa pior ainda. Então, por que guardar isso, meu deus? Beeeeeeeijo e tchau, queridinha! Essa foi fácil. Mas tem o drama daquelas peças vestidas com frequência, mas que não me fazem feliz. Por que compro/aceito o que não tem a ver comigo? Que não me representa? Foi difícil colocar na pilha de doação e pensar nessas questões.

Próxima categoria: livros. É um clássico, lindo, edição especial, aclamado pela crítica e… Whatever? Não importa. Se não me faz feliz, se não vou reler ou não quero genuinamente ler pela primeira vez, vai para doação. O mais legal desse setor foi postar imagens dos livros mais legais e perguntar quem dos meus amigos e conhecidos os queria. Dá um calor no coração saber quem vai desfrutar daquilo, rola uma conexão na hora da entrega, é bem legal.

Dia 2 : ‘Não acredito que ainda não acabou’

Legal ter uma prateleira cheia, né? Mas pergunte-se: “Vou reler estes livros ou são enfeites?”

Depois das roupas e dos livros, vêm os objetos diversos. Aí é que o bicho pega, porque a gente tem milhares de coisinhas por aí, em gavetas, armários, banheiro, caixas. E eu não teria mais dias inteiros para me dedicar a isso.

Acordei já me sentindo meio estranha, remexida, incomodada com a arrumação ainda não ter acabado e, ao mesmo tempo, aliviada com o tanto que separei e com quão bonitinhas as roupas ficaram na cômoda e no armário. Os vazios me noiaram, mas me conscientizei de que é preciso ter espaço para coisas melhores virem.

Segui olhando cada objeto e pensando: isso me faz feliz? Tinha uma moringa linda da Tok&Stok, útil, praticamente nova, tudo de bom. Mas ela vivia rodeada de copos. Ou seja, não me faz feliz e eu já sabia, porque inconscientemente parei de usar. E agora? Dar ou não dar? É difícil se desfazer de algo bom, bonito e útil. Segui com o método, e hoje ela não me faz a menor falta e traz alegria a uma amiga. Foi ótimo!

Pausa. Num momento meio Clarice Lispector, daqueles de revelação repentina, me dei conta: meu relacionamento (ou melhor, meu não-namoro) não me fazia feliz.

PAN! PAN! PAN! Fiquei desesperada, C-L-A-R-O.

Não poderia existir mais um minuto sem resolver essa situação, esse vai-não-vai, o namoro não declarado, os freios desnecessários, esse bloqueio de amor e de sentimentos. De repente tudo ficou muito claro: o que a gente tinha não cabia mais na minha vida.

O método da Marie Kondo é quase uma constelação sistêmica, um método de reorganização de emoções e energias inconscientes. O que não serve mais um dia serviu. A KonMari fala para agradecermos o papel daquilo na nossa vida e libertá-lo, uma coisa meio budista assim. E, como disse uma amiga minha, fazer isso foi como desentupir um cano e, depois, a água jorrar com força total.

Eu desbloqueei o amor na minha vida (pelo menos de um dos canos). Entendi e comuniquei que amo a pessoa com quem estava me relacionando, mas o que tínhamos não cabia mais. E quando a venda saiu dos meus olhos no presente, entendi o passado. Mandei uma mensagem para outra pessoa: lembra três anos atrás? Te amei e não tive coragem de dizer isso nem a mim mesma. Pois bem, agora, antes tarde do que nunca, está dito.

O spoiler desse relacionamento, para voltarmos à jornada da arrumação, é que o velho se foi e um namoro se estabeleceu, com mais abertura, diálogo, amor e um passo de cada vez. Foi preciso abrir mão e soltar, para então dar espaço a algo melhor. E se não viesse melhor, deixar ir de fato.

Dia 3 : O microfone ridículo

A Marie Kondo, apesar de parecer fofinha, é um tapa na cara atrás do outro. Ela é super dura e, resumindo 90% do livro, tem que jogar tudo fora (doar, reciclar etc.). Cartinha de ex-namorado? Fora. Elas serviram seu propósito, você a leu, ficou feliz e agora beijo tchau. Fotos de infância? Tchau. Você não vai ficar revendo todos esses álbuns, diz ela (mentira, eu sempre faço isso). Enfim, confesso que nesses departamentos não segui tudo à risca, mas apliquei a pergunta de sempre para decidir o fim daquilo.


E em meio a todas as regrinhas duras de Kondo existe um coração molenga que te permite guardar algum objeto ridículo que te faz muito feliz. No caso dela, é uma camiseta da qual ela nunca se desfez. No meu, é um “microfone” de luzes, adquirido quando morava no México, que toca uma musiquinha e treme ao mesmo tempo. Sei lá, é maravilhoso e não serve para nada, a não ser para fazer as pessoas felizes. Está guardadíssimo, só preciso lembrar de usar mais vezes.

Dia 4 : qual é o seu lugar?

Que sensação linda essa de ver tudo em seu lugar : Nada me falta,
 mas um monte foi embora !

Finalmente chegou a hora de guardar as coisas, designar novos espaços para “quem” ficou e, enquanto isso, sofrer com as mil sacolas de doações entupindo a sala à espera do Exército da Salvação. Rolou uma pira para resignificar onde cada objeto iria, me senti com mais espaço, mais vazios e bastante perdida. Assim como as peças, meus sentimentos estavam confusos, sem lugar e sem definição. Sou dona das regras e não sei bem o que fazer com isso.

A KonMari dá seus pitacos, mas te deixa livre para voar nesse quesito. Aí minha amiga (da moringa) me deu uma luz: simplesmente escolha. Se não servir, troque de lugar. É isso, não? Nada é estático e imutável.

‘Miga, você não sabe…’ : Após dias de Desafio, o saldo é positivo. E teve 
quem ganhou tudo isso aí

A “mágica” da arrumação está rolando até agora. E não é bem uma mágica, na real. É uma escolha. Conheço pessoas que fizeram o método e curtiram, mas sem grandes dramas e epifanias. Para mim foi assim porque assim o escolhi, faz sentido? Quis me jogar nas regras bizarras da japonesa e me transformar, porque, na verdade, eu já estava me transformando. Isso foi apenas mais uma ferramenta.

E depois a poeira assenta, talvez eu me sinta menos assertiva e segura do que quero em novas frentes, mas o primeiro caminho para chegar lá foi traçado. Posso voltar a ele quando precisar. Basta me perguntar: isso me faz feliz?



Marcela Braz é jornalista e tem muita dificuldade para se descrever em terceira pessoa. Suas atividades preferidas incluem amassar gatos, comprar plantas, fazer Yoga With Adriene (procurem no Youtube!), decorar a casa, conversar sobre questões filosóficas e rir até seu rosto ficar horroroso.