Dois pais adotam seis irmãos que passaram quase cinco anos em um orfanato : “instantaneamente nos apaixonamos”



Resultado de imagem para Em 23 de maio de 2019, Steve Anderson-McLean e Rob Anderson-McLean, de Pittsburgh, adotaram oficialmente Carlos, 14, Guadalupe, 13, Maria, 12, Selena, 10, Nasa, 9 e Max, 7.


Um casal da Pensilvânia assumiu o doce desafio de serem pais de um grupo de seis irmãos e irmãs que passaram 1.640 dias em um orfanato.

Em 23 de maio de 2019, Steve Anderson-McLean e Rob Anderson-McLean, de Pittsburgh, adotaram oficialmente Carlos, 14, Guadalupe, 13, Maria, 12, Selena, 10, Nasa, 9 e Max, 7.

A adoção foi um momento de intensa emoção para a família de oito pessoas, disse o pai Steve ao “Good Morning America”.

“O juiz perguntou: ‘Você entende que eles agora são seus filhos? Eles são tão bons quanto seus filhos biológicos’”. Obviamente, sabíamos disso, mas quando olhei para cima e vi todos aqueles olhinhos, foi muito emocionante “, disse ele. “Nós nunca imaginamos que teríamos sorte ou seríamos abençoados o suficiente para ter seis filhos.”




Papai Rob disse ao “GMA”, “Eu diria que nossos filhos trouxeram muita loucura para nossas vidas. É reconfortante e emocionante ver como eles se conectam conosco e com nossa família e amigos”.




Steve e Rob Anderson-McLean estão juntos há 18 anos. Eles se uniram simbolicamente em uma cerimônia de compromisso em 2006 e se casaram legalmente ​​em Maryland em 2013.

O casal criou dois filhos juntos, Parker, 25 e Noah, 21, de um casamento anterior. Mas depois que seus filhos cresceram, eles decidiram que “não estavam” sendo pais ainda e começaram a explorar a possibilidade de adoção.
Steve disse que ele e seu marido foram inspirados a adotar irmãos depois de ver uma reportagem na TV sobre outro casal que fez o mesmo.

“Uma quantidade tão impressionante de grupos de irmãos é desfeita e isso partiu nossos corações”, disse Steve.

Os Anderson-McLeans começaram a procurar por crianças americanas que precisavam de uma casa. Carlos, Guadalupe, Maria, Selena, Nasa e Max foram apresentados em um site no estado de Ohio. As seis crianças estavam no sistema de adoção por quase cinco anos.

“Nós instantaneamente nos apaixonamos”, disse Steve. “É muito fácil fazê-los sorrir.”




“Foi um pano de fundo ruim, uma história triste – houve negligência e abuso”, acrescentou Steve sobre o histórico dos filhos antes de serem adotados. “Foi no outono de 2017 que os direitos dos pais biológicos das crianças foram cassados.”

Steve e Rob Anderson-McLean foram apresentados às crianças em junho de 2018. Os irmãos foram morar com o casal um mês depois e estão com eles desde então.

Agora, menos de um ano depois, todos os seis irmãos têm o nome dos dois pais amorosos.

“Nós os conhecemos há menos de um ano, mas, ao mesmo tempo, parece que nossos laços afetivos já estavam em desenvolvimento há muito mais tempo”, disse Rob Anderson-McLean. “Não há regras sobre o que pode constituir uma família e o amor que compartilhamos.”






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Acolher

Eu olho a chuva que vem lá do céu

Fico pensando se vai me molhar

Tantas crianças sem nenhum lugar

E a chuva cai!

O lar é bênção pra quem vai chegar 

Um bom lugar para se abrigar 

Tantas crianças por aí sem lar 

E a chuva cai! 

É preciso então, o Sol chegar 

É preciso então, agasalhar 

Toda criança quer um Lar 

Quer amar, amar, amar... 

Se envolver nos braços teus 

Sorrir, sentir o amor de Deus enfim 

Viver, pra ser feliz e entender 

Que um dia O sol pra ela vai nascer 

Amar... 

Se envolver nos braços teus 

Sorrir, sentir o amor de Deus enfim 

Viver, pra ser feliz e entender 

Que um dia O sol pra ela vai nascer 

Eu olho a chuva que vem lá do céu 

Tantas crianças sem nenhum lugar 

O sol pra elas também vai nascer 

Um lar, um Sol, um céu 

Um lar, um Sol, recomeçar 

Acolher! 




Tudo que alguém tirar indevidamente de você, o Universo dará um jeito de te devolver


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" Confia !  O Universo não gosta de incongruências. Ele não falha. É preciso. As tempestades às vezes chegam para levar embora tudo aquilo que estava com as raízes fracas… Lembre-se disso."



Bruna Stamato 


Tudo que alguém tirar indevidamente de você, o Universo dará um jeito de te devolver. E devolve em dobro. De um jeito muito melhor do que tudo que havíamos planejado. Ninguém se apossa de algo que não lhe pertence e sai impune da Vida. 

Num primeiro momento nos achamos sem sorte e injustiçados, mas pode ter certeza que o Universo bem sabe aquilo que recebe e de quem ele recebe. Estamos todos sujeitos às leis universais e a Lei do Retorno não falha. Não desista de praticar o bem só porque alguém se aproveitou, não desista do amor só porque cruzou com quem não sabe amar. 

NÃO DESACREDITE QUE DIAS MELHORES VIRÃO, SÓ PORQUE ANDA NUBLADO LÁ FORA.

Certas vezes somos colocados em situações ruins por quem nem esperávamos; a pessoa que estendemos a mão nos puxa e nos joga dentro do poço. E nessas horas, em que você foi empurrado pra baixo, não se lamente ou blasfeme contra Deus; Intensifique as orações.

Na certeza de que DEUS nunca falha, de que Ele vê tudo e sabe exatamente o que se passa dentro de cada coração. Porque nós SOMOS Ele. Nós somos parte inseparável do Universo. 

Houve épocas na minha vida, em que eu ia dormir chorando por várias noites consecutivas. Eu acordava sem perspectiva. Em uma falência múltipla, da alma, da mente, da saúde física, da vida financeira e espiritual. Mas, eu nunca questionei Deus. Ao invés disso, eu dizia “Obrigada Universo, eu sei que eu SOU parte que compõe o Todo e por isso, nunca estou desamparada.” 

Eu dormia chorando pois na nossa condição de humanos aqui na Terra isso faz parte da nossa essência; a tristeza, a raiva, a melancolia. São emoções genuínas e espontâneas da nossa espécie humana. Chorar nos alivia, libera a energia que está em excesso nos prejudicando, nos acalma. Eu não chorava de desespero, mas sim para aliviar as angustias da minha alma. 

Eu já estive em várias situações que me exigiram muita resiliência; perseverança e que me consumiram alegria e energia vital. Mas elas foram construindo a minha FÉ e a tornaram INDESTRUTÍVEL. E a fé é a verdadeira essência da força de uma pessoa. 

AS PESSOAS MAIS FORTES E GIGANTES QUE EU CONHEÇO, SÃO AS QUE POSSUEM OS OLHARES MAIS DOCES E OS SORRISOS MAIS ACOLHEDORES DESTE MUNDO. 

Nem sempre o mar está favorável; nem sempre a reciprocidade vai se fazer presente. Nem sempre você vai encontrar boas pessoas pelo caminho. Nem sempre as coisas darão certo de primeira. Nem sempre o caminho mais fácil será o melhor. Nem sempre as águas paradas são as mais seguras. Nem sempre as circunstâncias nos serão propícias… Mas sempre, sempre podemos entregar nossos medos e mágoas para Deus e SOLTAR. Nos oferecermos PAZ e trégua. Sempre podemos rezar, não para implorar, mas para agradecer pela providência divina. Então hoje, quando você for deitar e vier aquela vontade irreprimível de chorar, chore. E use tuas lágrimas para hidratar tuas esperanças. 

CHORE E SE ACONCHEGUE NOS BRAÇOS DO SENHOR; DURMA NA SUA PROMESSA.

Enquanto você dorme, o Universo e sua força magnífica trabalham para que a Ordem seja restabelecida na tua vida. Trabalham para te entregarem tudo aquilo que é SEU por direito. Você só precisa fazer a sua parte! Que é continuar sonhando, amando, sendo LUZ, emanando bondade e CONFIANDO. Continue a cultivar os bons sentimentos nos campos da tua alma. 

O QUE NOS PARECE UMA DEMORA, PODE SER NA VERDADE UMA PREPARAÇÃO.

Uma preparação para os dias mais tranquilos e felizes da sua vida. Confia! O Universo não gosta de incongruências. Ele não falha. É preciso. As tempestades às vezes chegam para levar embora tudo aquilo que estava com as raízes fracas… Lembre-se disso.

Um belo dia, daqui a pouco, você vai acordar e se deparar com notícias maravilhosas! Com um mundo totalmente novo, construído em cima das bases sólidas da tua FÉ e do teu AMOR. E nesse dia, tudo vai fazer sentido. 

Você vai se achar um tolo por ter duvidado de Deus, vai se achar pequeno diante de tudo que Ele está te entregando e então vai sorrir e agradecer por tudo ter dado “errado”. Vai agradecer por todas as pessoas que saíram da tua vida. Vai agradecer por todos os livramentos e “perdas”. Afinal, o mundo dá voltas, não é?! E é ELE que roda essa roda gigante. 







Os gurus digitais criam os filhos sem telas



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No Vale do Silício proliferam escolas sem tablets nem computadores e jardins da infância onde o celular é proibido por contrato



Pablo Guimón  

Palo Alto ( Califórnia, EUA )



A professora, armada com giz colorido, acrescenta frações no grande quadro-negro, emoldurado em madeira rústica, que cobre a parede frontal da classe. As crianças da quarta série, 9 e 10 anos, fazem suas contas nas carteiras com lápis e cartelas. A sala de aula é revestida de papéis: mensagens, horários, trabalhos dos alunos. Nenhum saiu de uma impressora. Nada, nem mesmo os livros didáticos, que as próprias crianças elaboram à mão, foi feito por computador. Não há nenhum detalhe nesta aula que possa estar fora de sintonia com as memórias escolares de um adulto que frequentou a escola no século passado. Mas estamos em Palo Alto. O coração do Vale do Silício. Epicentro da economia digital. Habitat daqueles que pensam, produzem e vendem a tecnologia que transforma a sociedade do século XXI.

Escolas de todo o mundo se esforçam para introduzir computadores, tablets, quadros interativos e outros prodígios tecnológicos. Mas aqui, no Waldorf of Peninsula, uma escola particular onde são educados os filhos de administradores da Apple, Google e outros gigantes tecnológicos que rodeiam esta antiga fazenda na Baía de São Francisco, as telas só entram quando eles chegam ao secundário (o ensino médio).

"Não acreditamos na caixa preta, na ideia de que você coloca algo em uma máquina e sai um resultado sem que se compreenda o que acontece lá dentro. Se você faz um círculo perfeito com um computador, deixa de ter o ser humano tentando alcançar essa perfeição. O que desencadeia o aprendizado é a emoção, e são os seres humanos que produzem essa emoção, não as máquinas. Criatividade é algo essencialmente humano. Se você coloca uma tela diante de uma criança pequena, você limita suas habilidades motoras, sua tendência a se expandir, sua capacidade de concentração. Não há muitas certezas em tudo isso. Teremos as respostas daqui a 15 anos, quando essas crianças forem adultas. Mas queremos correr o risco? ", pergunta Pierre Laurent, pai de três filhos, engenheiro de computação que trabalhou na Microsoft, na Intel e em várias startups, e agora preside o conselho da escola.

Suas palavras ilustram o que está começando a ser um consenso entre as elites do Vale do Silício. Os adultos que melhor entendem a tecnologia dos celulares e dos aplicativos querem que seus filhos se afastem dela. Os benefícios das telas na educação infantil são limitados, argumentam, enquanto o risco de dependência é alto.

USO DE CELULARES EM MENORES NOS ESTADOS UNIDOS

Famílias onde há pelo menos uma criança menor de oito anos

Fonte: Common Sense Media. EL PAÍS


Os pioneiros tinham isso claro desde o início. Bill Gates, criador da Microsoft, limitou o tempo de tela de seus filhos. "Não temos telefones na mesa quando estamos comendo e só lhes demos celulares quando completaram 14 anos", disse ele em 2017. "Em casa, limitamos o uso de tecnologia para nossos filhos", explicou Steve Jobs, criador da Apple, em uma entrevista ao The New York Times em 2010, na qual disse que proibia os filhos de usarem o recém-criado iPad. "Na escala entre doces e crack, isso está mais próximo do crack", declarou Chris Anderson, ex-diretor da revista Wired, bíblia da cultura digital, também ao The New York Times.

Laurent, que só deu um celular ao filho mais novo quando ele estava no último ano do ensino básico (14 ou 15 anos), alerta para uma mudança perigosíssima no modelo de negócios, do qual foi testemunha em sua vida profissional. "Qualquer um que faz um aplicativo quer que seja fácil de usar", explica. "É assim desde o começo. Mas antes queríamos que o usuário ficasse feliz em comprar o produto. Agora, com smartphones e tablets, o modelo de negócios é diferente: o produto é gratuito, mas são coletados dados e colocados anúncios. Portanto, o objetivo hoje é que o usuário passe mais tempo no aplicativo, a fim de coletarem mais dados ou colocarem mais anúncios. Ou seja, a razão de ser do aplicativo é que o usuário gaste o máximo de tempo possível diante da tela. Eles são projetados para isso."

“NÃO PODIA CHECAR O TELEFONE EM TODO O MEU DIA DE TRABALHO E AS CRIANÇAS NÃO PODIAM OLHAR PARA AS TELAS DURANTE O TEMPO EM QUE ESTAVAM COMIGO. É UMA LOUCURA” JANIE MARTÍNEZ, BABÁ DE FAMÍLIA DE EXECUTIVO

O problema da relação das crianças com a tecnologia é que o ritmo vertiginoso em que se transforma dificulta a reflexão e o estudo. Uma pesquisa da Common Sense Media, organização sem fins lucrativos, “dedicada a ajudar as crianças a se desenvolverem em um mundo de mídia e tecnologia”, dá uma ideia da velocidade das mudanças: as crianças norte-americanas de zero a oito anos passavam em 2017 uma média de 48 minutos por dia no celular, três vezes mais que em 2013 e 10 vezes mais que em 2011. "Quando teve início todo esse furor pelos smartphones?", se pergunta María Álvarez, vice-presidenta da organização. "Não tem mais que 12 ou 13 anos. E os primeiros tablets ainda menos. É preciso ainda muitas pesquisas para determinar qual é o impacto que essa exposição pode ter nas crianças pequenas. Mas há alguns estudos que começam a ver uma relação entre essa tecnologia e certos marcos na educação. Eles oferecem indicações que os pais precisam levar em conta.”

Um estudo publicado em janeiro deste ano na revista médica JAMA Pediatrics revelou que um tempo maior diante da tela aos dois e três anos está associado com atrasos das crianças em atingir marcos do desenvolvimento dois anos depois. Outros estudos relacionam o uso excessivo de telefones celulares por adolescentes com falta de sono, risco de depressão e até suicídios. A Academia de Pediatras dos Estados Unidos publicou algumas recomendações em 2016: evitar o uso de telas para crianças menores de 18 meses; apenas conteúdo de qualidade e visualizações na companhia de pais, para crianças entre 18 e 24 meses; uma hora por dia de conteúdo de qualidade para crianças entre dois e cinco anos de idade; e, a partir dos seis anos, limites coerentes no tempo de uso e conteúdo.

Acontece que definir limites não é fácil para os pais que trabalham. E isso leva a uma redefinição do que significa a brecha digital. Até recentemente, a preocupação era que as crianças mais ricas levassem vantagem por acessar a Internet antes. Hoje, segundo a Common Sense Media, 98% dos domicílios com filhos nos EUA possuem celulares, ante 52% em 2011. Quando a tecnologia se generalizou, o problema é o contrário: as famílias com elevado poder aquisitivo têm mais facilidade para impedir que seus filhos passem o dia na frente de celulares. Enquanto os filhos das elites do Vale do Silício são criados entre lousas e brinquedos de madeira, os das classes baixa e média crescem colados em telas.

Adolescentes de famílias de baixa renda, de acordo com um estudo da Common Sense Media, gastam duas horas e 45 minutos por dia a mais nas telas do que aqueles de famílias de alta renda. Outros estudos indicam que crianças brancas são significativamente menos expostas a telas do que negras ou hispânicas. A lacuna é vista até mesmo dentro do Vale do Silício. Dirigindo 15 minutos para o norte, partindo do Waldorf of Peninsula, instituição cuja matrícula é de cerca de 30.000 dólares por ano (117.000 reais), chega-se à escola pública Hillview. A primeira só introduz as telas no secundário. A segunda anuncia um programa pelo qual cada aluno tem um iPad. Na primeira, o visitante é recebido por um espantalho rústico, colocado em uma horta que os alunos cultivam. Na segunda, por uma tela de LED que expõe os comunicados do dia.

"Quantas famílias trabalhadoras podem se dar ao luxo de deixar seus filhos completamente longe das telas?", pergunta Álvarez, da Common Sense Media. "Não acho que isso seja algo realista para a maioria das famílias. Tenho um filho de 12 e outro de 6. Não sei quantas vezes eles se jogaram no chão gritando como loucos se eu lhes tirava o tablet. Estive nessa posição como mãe e sei que não é fácil.”

Funcionários das grandes empresas de tecnologia se reuniram no ano passado em uma iniciativa chamada A Verdade Sobre a Tecnologia. Seu objetivo é convencer as empresas da necessidade de introduzir parâmetros éticos na concepção de ferramentas utilizadas diariamente por bilhões de pessoas, incluindo crianças. "A engenharia da computação foi por muito tempo algo muito técnico, não havia uma ideia clara do impacto que isso teria nas pessoas, e menos ainda nas crianças", explica Pierre Laurent. "Não havia a consciência de que tínhamos que lidar com a ética. Algo que acontece, por exemplo, se você trabalha na indústria médica. Na tecnologia nunca houve um código ético claro.”

É uma luta desigual. Pais superatarefados contra equipes de engenheiros e psicólogos que projetam tecnologia para manter seus filhos viciados. Mas algo está começando a mudar. Os gigantes tecnológicos, cada vez mais questionados em suas políticas comerciais e de privacidade, começam a introduzir mudanças em seus produtos, exceções tímidas ao sacrossanto princípio de captar mais atenção.

“QUANTAS FAMÍLIAS TRABALHADORAS PODEM SE DAR AO LUXO DE AFASTAR COMPLETAMENTE SEUS FILHOS DAS TELAS?" MARÍA ÁLVAREZ, COMMON SENSE MEDIA

No ano passado, dois grandes investidores da Apple, a Jana Partners ea CalSTRS (fundo de aposentadoria de professores da Califórnia), detentores em conjunto de cerca de 2 bilhões de dólares em ações (7,8 bilhões de reais), enviaram uma carta aberta aos chefes da empresa de Cupertino, pedindo que tomem mais medidas contra o vício das crianças nos celulares. "Analisamos as evidências e acreditamos que há uma clara necessidade da Apple de oferecer aos pais mais opções e ferramentas para ajudá-los a garantir que os jovens consumidores usem seus produtos da melhor forma", escreveram eles.

A Apple respondeu apresentando o Screen Time, uma nova ferramenta que ajuda a controlar e limitar o uso de dispositivos móveis. O Google incorporou uma ferramenta semelhante, a Digital Wellbeing. Para os críticos, são apenas remendos que não atacam o problema subjacente: a natureza viciante dos produtos. Até que isso seja abordado, os pais serão responsáveis por orientar seus filhos neste mundo de potencial incerto.

Plantas, móveis de madeira, lápis e uma lousa se destacam na sala de aula no colégio Waldorf of Peninsula do Vale do Silício P. L.


"Nós incentivamos os pais a serem mais proativos quando se trata de procurar conteúdo", conclui Álvarez. "A chave é como aprendemos a equilibrar, a tirar proveito, a limitar o uso e a saber que, para sua saúde física e mental, é preciso haver momentos na família em que nada disso seja usado. Temos uma campanha que convida as pessoas a comer e jantar sem celulares, sem um dispositivo constantemente interrompendo com notificações. Recomendamos também o uso compartilhado dos dispositivos e conversar com as crianças sobre o que elas veem. E é importante que sejamos um modelo para os nossos filhos. Se estamos olhando compulsivamente para o celular, justificando que é para o trabalho, que mensagem estamos passando?"

SOBRE ESTE PROJETO

Esta reportagem é a primeira parte do Crescer Conectados, uma série de artigos que explora a vida de crianças e adolescentes em um mundo digital. Os códigos mudaram, as crianças aprendem, brincam e interagem através de redes e telas, cercadas por algoritmos e big data, de modo natural em ambientes em que adultos se movimentam com desconforto. O Crescer Conectados reflete sobre os desafios que enfrentam e as possibilidades que se abrem para estas gerações. O que as crianças e adolescentes fazem, onde estão e como usam a tecnologia? Têm entre 3 e 18 anos: elas serão nossos guias.

O CELULAR DAS BABÁS, PROIBIDO POR CONTRATO


Uma sala de aula no colégio Waldorf of Peninsula do Vale do Silício
 PIERRE LAURENT

P. G.

A obsessão no Vale do Silício por afastar as crianças da tecnologia transcende as paredes da sala de aula. Quando as crianças saem da escola, tentam fazer com que continuem sem tocar ou ver as telas. A prática de exigir que as babás assinem "contratos sem uso do telefone celular" está se generalizando nas famílias de altos executivos de empresas de tecnologia no Vale.

"Trabalhei em casas em que tinha de deixar o telefone na guarita da residência toda vez que entrava", disse Janie Martínez, que passou 15 anos como babá na região. "Eu não podia olhar o telefone durante todo o meu dia de trabalho, e as crianças não podiam ver telas durante o tempo que estavam comigo. É uma loucura."

Martínez trabalhou para famílias "de alto perfil" no mundo da tecnologia, incluindo a de Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, afirma. Trabalhos que, nos casos mais extremos, podem ser remunerados com até 100.000 dólares por ano (390.000 reais). "Quanto maior o perfil das famílias, mais se preocupavam com essa questão", diz ela. "Não queriam que seus filhos olhassem para uma tela e, por contrato, impediam que eu usasse o telefone. Isso era frustrante para mim. Como cuidadoras, precisamos do telefone para uma emergência. Não só para que os pais das crianças nos localizem, mas também para nossas próprias famílias.”

Syma Latif, diretora da agência de babás Bay Area Sitters, que coloca 200 cuidadoras na região do Vale do Silício, confirma essa tendência. "Há cada vez mais famílias que incluem essas cláusulas nos contratos. Sem dúvida é algo muito comum", diz. "Quando falamos sobre tempo de tela e babás, há dois aspectos a considerar: seu próprio tempo de tela e o da criança. Os contratos normalmente incluem algo relacionado a ambos. Mas uma coisa é dizer: 'Este é meu filho e o tempo de tela só é permitido em determinadas horas'. Tudo bem, porque você trabalha para essa pessoa. A zona cinzenta começa quando o seu tempo de tela é determinado. O empregador tem o direito de te dizer que você não pode estar no telefone? E se você tiver um filho na escola e necessitar de acesso ao telefone, caso precise ser localizado, ou um pai ou um mãe em casa que precisem de ajuda?”

Alguns pais vão ainda mais longe. Eles se dedicam a passear pelos parques em busca de babás que estão de olho em seus celulares enquanto cuidam dos filhos dos outros. Quando acreditam ter encontrado alguma, fotografam e as denunciam em grupos de mães na Internet. São os "espiões das babás". Existem sites como Eu Vi a Sua Babá em que essas fotos são compartilhadas.

"Acontece muito nos parques", explica Anita Castro, com 10 anos de experiência como cuidadora de crianças na região. "Eles nem sequer nos conhecem, tiram uma foto, colocam nas redes sociais e perguntam: 'Essa é sua babá?'. Mas não sabem que podemos estar nos comunicando com os pais. E nem se eu sou a babá ou uma parente. É uma invasão da privacidade. Em alguns trabalhos eu me sentia observada. Percebi que tinham câmeras na casa. E até as crianças me vigiavam: olhava a hora e elas me perguntaram se eu estava enviando mensagens e para quem. Então, eu sabia que haviam tido essa conversa com seus pais, que pediram para lhes contar se eu estivesse no telefone”.