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Conheça o Memorial Inumeráveis / Artistas cantam a música " Desgoverno " de Zeca Baleiro e Joãozinho Gomes

 




não há quem goste de ser número

gente merece existir em prosa

Inumeráveis é um memorial dedicado à história de cada uma das vítimas do novo coronavírus no Brasil.

É uma celebração de cada vida que existiu e que existe, e de como podemos entrelaçá-las para construir memória, afeto, respeito e futuro.

Desde 2020, o mundo vem sendo duramente atingido pelo coronavírus. Como em todas as pandemias, pessoas tornaram-se números. Estatísticas são necessárias. Mas palavras também. Se nem todas as vítimas tiveram a chance de ter um velório ou de se despedir de seus entes queridos, queremos que tenham ao menos a chance de terem a sua história contada. De ganharem identidade e alma para seguir vivendo para sempre na nossa memória.

Através deste Memorial, familiares ou amigos respondem a um questionário sobre a vítima. Esse questionário é automaticamente direcionado para uma rede de jornalistas, todos voluntários deste projeto. Com base nas informações fornecidas, um dos jornalistas irá criar um Texto Tributo para cada vítima, que será então inserido em nosso Memorial.

A escolha por uma rede de trabalho colaborativa não foi gratuita. Nesse momento tão duro, queremos sublinhar a força da empatia e da cooperação entre as pessoas. Vivos ou mortos, nunca seremos números.

Inumeráveis é uma obra do artista Edson Pavoni em colaboração com Rogério Oliveira, Rogério Zé, Alana Rizzo, Guilherme Bullejos, Gabriela Veiga, Giovana Madalosso, Rayane Urani, Jonathan Querubina e os jornalistas e voluntários que continuamente adicionam histórias à este memorial.

Clique no link abaixo para acessar o site :  







Abaixo artistas cantam a música " Desgoverno " de Zeca Baleiro 

e Joãozinho Gomes






PT lança vídeo com Lula em solidariedade às vítimas da Covid e emociona as redes

 





Diário do Bolso . . . 10/06/2021





Diário, inventei um verbo. O verbo feiquear.

Eu feiqueio, tu feiqueias, ele feiqueia. Nós feiqueiamos, vós feiqueiais, eles feiqueiam. Ou melhor, eu não feiqueio. 

Só repasso informações não totalmente verídicas, eventualmente inventadas por meus apoiadores.

Um bom exemplo de feiquear foi a desse rapaz que é auditor do TCU, o Alexandre Marques. Ele inventou lá um documento dizendo que metade das mortes atribuídas à covid era pura balela.
...

Diário, para evitar que descubram nossas feiqueadas, pedimos 10 anos de sigilo para o contrato com a Pfizer. Não quero que saibam que pagamos um bilhão a mais do que se tivéssemos aceitado a primeira oferta. 

Ou seja, atrasamos a vacinação, pioramos a recessão, morreu um monte de gente a mais e ainda pagamos o dobro do preço.

Falando em feiqueiar, ontem em Terezópolis de Goiás, falei que a vacina contra a covid ainda está em fase experimental e que a cloroquina não mata ninguém.

Sei que é tudo feique, porque a vacina funciona no mundo todo e a cloroquina não é usada em lugar nenhum. Mas não posso admitir que fiz burrada nesse negócio de covid. 

Tenho que manter a feiqueagem até o fim. Eu sou o Mito, pô!




E no Brasil . . .

 









Diário, neste fim de semana, conforme a imprensa esquerdalhosa contou, chamei o Pazzuelo aqui pro Palácio e fizemos um midiatreinim nele. Ou seja, demos uma ensaiada nas respostas, porque amanhã, se o Pazzu falar besteira na CPI da Covid, eu posso me ferrar. Mas acho que não deu muito certo. A coisa foi assim.

EU: O senhor sabia que faltaria oxigênio no Amazonas?

PAZZU: Me disseram isso. Mas como pode faltar oxigênio num lugar com tanta árvore? Só se as árvores não estiverem produzindo direito.

EU: Boa! Colocar a culpa na natureza é sempre bom. Vamos pra segunda: É verdade que um carregamento de vacinas que ia para o Amazonas foi para o Amapá e vice-versa?

PAZZU: A sigla “AM” confunde as coisas. Por pouco o carregamento do Pará não foi pra Paraíba, o da Paraíba não foi pro Paraná e o do Paraná, pro Pará. Logística é um negócio complicado.

EU: Excelente! Todo mundo confunde sigla. A próxima: É verdade que o senhor deixou de comprar milhões de vacinas?

PAZZU: A gente nunca pode aceitar a primeira oferta. É que nem na feira. Tem que dizer que não quer peixe hoje e voltar depois de meia hora, que aí o japonês sempre abaixa o preço.

EU: Grande resposta! Agora, cuidado com essa: O presidente Bolsonaro fez alguma ação contra a compra da Coronavac?

PAZZU: Ele mandou suspender a compra pra não dar mole pro Doria.
Aí eu toquei uma campainha bem estridente: Péin!

EU: Não. Isso não, Pazzu! Tenta outra resposta.

PAZZU: Hum... Ele falou que tinha que esperar a aprovação da Anvisa.

EU: Essa já foi melhor. Sempre que possível, tem que jogar a culpa na Anvisa, talkei? Outra: O presidente pediu que a cloroquina entrasse no protocolo de combate à covid?

PAZZU: Sim.

Péin! Péin! Péin!

EU: Não pode, Pazzu! Essa resposta aí me ferra. Tenta outra

PAZZU: Outra?

EU: Outra! Qualquer outra, pô!

PAZZU: É..., a culpa é dos governadores, todo mundo morre, eu não sou coveiro, vai ser só uma gripezinha, e daí?, e daí?, e daí?

EU: Calma, Pazzu, não surta! Solta esse álcool gel, que isso não é pra beber! E essas máscaras não são pra por no olho e na orelha, Pazzu! Muito menos pra comer! Alguém segura ele, pô!

Bom, Diário, depois ele se acalmou. Mas não sei não...

PS: O Pazzu ficou com tanto medo que disse que esteve com covidados. É issaí! Vamos adiar o quanto der, pô!

  



Em " Peste Brasileira ", no Le Monde, Raí destaca a pandemia no Brasil e diz : " Vacina sim ! Ele Não ! "




"A Peste" brasileira

Raí*

Colunista convidado

14/05/2021 16h30 Atualizada em 14/05/2021 22h09

Que me perdoem Camus, seus estudiosos e milhões de admiradores, peço licença para repetir aqui algumas de suas palavras, do clássico "A Peste", de reivindicar tua audácia, uma ousadia à imagem das tuas, para me ajudar neste momento de súplica rebelde, deste espasmo de "combat" e de "combattant", diante de atos desumanos e suas terríveis consequências.

Como brasileiro, como tantos outros e perante o mundo, assumo aqui que estamos habitados, sitiados, nestes tempos sombrios de nossa história, por mais de uma terrível peste. Este duplo flagelo, cujas devastações são apenas o acréscimo de nossos próprios erros coletivos, que pode contaminar muito além de nossas fronteiras.

Além da "Peste" biológica, epidemia pessimamente gerida, causadora da maior crise sanitária da história do Brasil, temos outro mal, que no longo prazo pode deixar terríveis sequelas ainda mais profundas. A peste antidiplomática que nos isola, a peste que corrói a Amazônia, o meio ambiente e persegue os que a protegem, o mal que distancia a vigilância e permite passar a boiada, aceita garimpos em reservas indígenas, que prefere troncos deitados a vê-los em pé, vivos, pragas cúmplices dos responsáveis por estes crimes. Também a peste que castra liberdades, ameaça a democracia e resgata a censura, a peste preconceituosa que promove a intolerância, a homofobia, o machismo e a violência.

Enfim, a Peste que nos destrói, destrói a razão e o bom senso, que perturba nossa essência, nossa consciência e nega a ciência. A Peste que promove o ódio é inimiga das artes e da cultura. Ela, que tem suas próprias variantes, é obra de um clã. Associada ao distanciamento, ao negacionismo, a desinformação, a mentira, acaba por reprimir, mesmo que temporariamente, nossa revolta, resistência e indignação.

Citamos Camus: "Os flagelos, na verdade, são uma coisa comum, mas é difícil acreditar neles quando se abatem sobre nós. Quando estoura uma guerra, as pessoas dizem: 'Não vai durar muito, seria estúpido'. Sem dúvida, uma guerra é uma tolice, o que não a impede de durar. A tolice insiste sempre, e nós a compreenderíamos se não pensássemos sempre em nós"

Sim, aqui do outro lado do Atlântico, este oceano que nos separa e nos aproxima, amigo francês, vemos de tudo. Da "ocupação" de boa parte de nosso espírito, até ideias muito próximas de um nazismo medíocre, ao menos de um ideal genocida de poder, que se pretende genocida de ideias, mesmo que para isso a morte de concidadãos enteja no caminho, nem que para isso aconteça um massacre humanitário, desnecessário, com centenas de milhares de mortes evitáveis.

O mal está espalhado: meio ambiente, relações internacionais, Fundação Palmares, direitos humanos. Chegamos ao cúmulo de assistirmos um certo secretário de Cultura parafraseando em rede nacional o discurso de Joseph Goebbels, ministro de Adolf Hitler antissemita, maldita alma da pior das ideologias.

"Tinham visto morrer crianças, já que o terror, há meses, não escolhia, mas nunca lhes tinham seguido o sofrimento minuto a minuto, como faziam desde essa manhã".

No nosso caso (que revoltaria ainda mais os personagens de Camus), morrem inocentes por falta de oxigênio, e/ou por falta de leitos.

É preciso então, mais que resistir. Contra este peste brasileira que veste um terno sombrio com seu sorriso astuto, ataca seus adversários com repressão, agressão e perseguição, resgatando "sobras legais" herdadas da ditadura, como a lei de segurança nacional. Nosso Brasil, depois de ter passado por 20 anos de torturas, assassinatos, censuras, pensávamos nunca mais sofreríamos deste mal.

Ainda Camus: "O padre dizia que a virtude da aceitação total de que falava não podia ser compreendida no sentido restrito que lhe era habitualmente atribuído, que não se tratava da banal resignação, nem mesmo da difícil humildade". "Era por isso - e Paneloux afirmou ao seu auditório que o que iria dizer não era coisa fácil - preciso querê-la, porque Deus a queria".

"O Brasil acima de tudo e Deus acima de todos" Este era o slogan da última campanha presidencial, esta que acompanhou a vitória do inominável. Alguns de nós já imaginávamos que por detrás destas palavras, se escondia a carne do mal coberta pela fake pele de um fake salvador da pátria, uma clara tentativa de iludir cidadãos de boa-fé, evangélicos, fiéis e crentes de Deus, já feridos e traídos em sua cidadania, querendo fazer crer que toda e qualquer atitude de seu governo segue princípios divinos.

Pois me diga, que Deus seria este que destrói e coloca a vida humana em um plano tão desprezível?

"Porque ele sabia o que essa multidão eufórica ignorava e se pode ler nos livros: o bacilo da peste não morre nem desaparece nunca, pode ficar dezenas de anos adormecido nos móveis e na roupa, espera pacientemente nos quartos, nos porões, nos baús, nos lenços e na papelada. E sabia, também, que viria talvez o dia em que, para desgraça e ensinamento dos homens, a peste acordaria seus ratos e os mandaria morrer numa cidade feliz".

E me permita completar, e em meu país, perigosamente distraído.

O Brasil que queremos e que o mundo precisa, também negou o horror que se aproximava. E, portanto, há décadas os ratos já estavam aqui mostrando seus rostos e dentes, de olhos revirados, afiando suas unhas. E não nos atentamos. Será que nós, concidadãos, e sobretudo nosso parlamento, também somos negacionistas/cumplices, ao não querer enxergar o tamanho do perigo, ao nos sujeitarmos a este poder já manchado de sangue e de crimes?

Eu sei que longo prazo, e seja qual for o país, o homem corajoso, o cientista, o resistente conseguirão juntos derrotar o mal. Aqui, não será tão simples assim, porque carregamos nas nossas costas a histórica extrema desigualdade, econômica, social e educacional que esteriliza alguns comportamentos e aniquila a vontade de ruptura.

Toda Peste causa separações profundas e dolorosas. E olhem nós aqui, já isolados, tratados como pária do mundo... mas, sobretudo, separados de nós mesmos, desviados do Brasil que viemos para ser, do nossa essência, da nossa natureza, do país do futuro e de um mundo mais humano e justo. Do país exuberante, da alegria de viver que faz sonhar, que dança, brinca, canta e encanta. Porém, ao nos rendermos ao mal, passivos, mostramos o que temos de pior. O país da miscigenação não pode ser o da negação do seu próprio destino!

"O flagelo não está à altura do homem; diz-se então que o flagelo é irreal, que é um sonho mau que vai passar. Mas nem sempre ele passa e, de sonho mau em sonho mau, são os homens que passam?"

Como fazer para se livrar deste pesadelo? Sobretudo não fiquemos anestesiados, amordaçados por esta "angústia muda". Fora com este mal maior, fora a estupidez que desencoraja o uso de máscaras, que dificulta o combate ao vírus, que mata e deixa morrer, e ainda insiste!

Vacinemo-nos uma vez por todas! Vacinemo-nos também para expulsar de nós o mal maior, que vai muito além do agente infeccioso microscópico, que gangrena nosso "corps social".

Porque não basta identificar o sequenciamento do vírus que nos impõe suas leis e viola nossos direitos, devemos agora encontrar o antídoto. Vacina sim! Ele não! Ele nunca mais! Fora Bolsonaro! Caso contrário, nos tornaremos a nossa própria peste.

"A partir desse momento, pode-se dizer que a peste se tornou um problema comum a todos nós".


*Raí é ex-jogador de futebol, campeão do mundo e ativista/empreendedor social. Texto publicado originalmente no jornal francês Le Monde.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.






Onde está a minha esperança ?


 



Isaias Costa


"Se eu souber onde mora a minha esperança, terei razões para viver e razões para morrer. E a vida ficará bela mesmo no meio das lutas.

Sei muito bem onde minha esperança não está. Não está também nas elites, sejam ricos ou doutores, intelectuais ou empresários. Não está em partido político algum, de direita ou de esquerda. E nem nos poderes legislativo, executivo, ou judiciário. Também não está nas igrejas nem nos movimentos religiosos.

Não coloco minha esperança em coisa alguma que seja definida por categorias sociais. Olho para todas elas com profundo desinteresse. Jamais comprometeria a minha vida com qualquer delas.

Onde está a minha esperança? A minha esperança está numa multidão de indivíduos, independentemente do seu lugar social ou econômico, que vivem possuídos pelo sonho da vida, da beleza e da bondade. A esperança de Camus estava no mesmo lugar que a minha:

Já se disse que as grandes ideias vêm ao mundo mansamente, como pombas. Talvez, então, se ouvirmos com atenção, escutaremos, em meio ao estrépito de impérios, e nações, um discreto bater de asas, o suave acordar da vida e da esperança. Alguns dirão que a tal esperança jaz numa nação; outros, num homem. Eu creio, ao contrário, que ela é despertada, revivificada, alimentada por milhões de indivíduos solitários, cujos atos e trabalho, diariamente, negam as fronteiras e as implicações mais cruas da história. Como resultado, brilha por um breve momento a verdade, sempre ameaçada de cada e todo homem, sobre a base de seus próprios sofrimentos e alegrias, constrói para todos”.

Rubem Alves – do livro  “ Pimentas ”
**********

Essas lindas palavras do grande Rubem Alves nunca foram tão atuais. Estava relendo esse texto e ele me remexeu por dentro, porque o Brasil nesse momento está vivendo o pico do pico da pandemia do coronavírus, com a média de mortes diárias entre 2000 a 3000 pessoas. 

Ver esse verdadeiro massacre tem deixado milhões de pessoas desesperançadas. Eu quero nesse breve texto me unir a você num movimento de resgate da esperança !

Eu concordo 100% com o Rubem Alves. Esperar que as coisas melhorem a partir do governo, dos partidos políticos ou das igrejas é no mínimo de uma ingenuidade que beira o ridículo! Não meus amigos! A melhora da sociedade e a travessia dessa crise gigantesca do coronavírus se dará através do movimento de cada um de nós como INDIVÍDUOS.

Nesse momento, assim como tem havido milhares e milhares de mortes, também está acontecendo um movimento lindo de ajuda às comunidades carentes através de ONGs e campanhas nas redes sociais. 

Há centenas e centenas de cursos incríveis sendo ofertados gratuitamente para as grandes massas. Há milhares e milhares de pessoas fazendo Lives no Instagram e compartilhando conhecimentos preciosos das mais diversas áreas do conhecimento.

Há inúmeras pessoas gravando podcasts ou escrevendo textos em blogs promovendo ampliação de conhecimentos e consciência (é o que eu venho fazendo com bastante afinco!) e milhares de outras obras magníficas que são desenvolvidas silenciosamente, sem alarde, sem holofotes, sem glamour.

É nessa esperança que eu me firmo todos os dias e quero estimulá-lo a se firmar também. Juntos nessa energia somos mais fortes e podemos ir muito mais longe. Fé em Deus, fé na vida, fé na humanidade…

Quero concluir convidando você a ouvir também um breve podcast que gravei no mesmo dia da escrita desse texto e publiquei no meu canal do Soundcloud e do Spotify. Nele ampliei essas reflexões e também compartilhei uma linda música da banda “Aliados” chamada “Esperança”. Certamente você vai gostar bastante de ouvir! Segue o link abaixo…



Postado em Para Além do Agora


O que os astros preveem sobre a CPI da Covid ? Briga boa !

 

 


VÍDEO – Eurodeputado diz que Bolsonaro "declarou guerra aos pobres” e é “o responsável” pelas mortes na pandemia




Durante sessão do Parlamento Europeu na última quinta-feira (15), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi acusado formalmente de crime contra a humanidade, devido à crise sanitária vivida pelo Brasil na pandemia do coronavírus.

A denúncia será encaminhada ao Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, na Holanda.

Na reunião, o discurso mais contundente foi o do eurodeputado Miguel Urbán Crespo, do partido de esquerda espanhol Podemos, que afirmou que Bolsonaro “declarou guerra aos pobres, à ciência, à vida e à medicina”.

Ele lembrou que o Brasil concentra 12% das mortes e 10% dos contágios por covid-19 no mundo, e responsabilizou o presidente pelo péssimo desempenho no combate ao vírus.

“Esta crise não é apenas sanitária, mas tem causas políticas. E no Brasil estas causas têm um nome e um responsável: o governo Bolsonaro”, declarou.

Segunda dose de vacinas contra a covid-19 é essencial. Entenda





O Ministério da Saúde divulgou nesta semana números de pessoas que estão com a segunda dose das vacinas contra covid-19 atrasada no Brasil. De acordo com o ministro, Marcelo Queiroga, são 1,5 milhões de pessoas que não compareceram no prazo para o reforço da imunização. As vacinas disponíveis no Brasil, a CoronaVac e a AstraZeneca, exigem duas doses. A falha pode implicar em problemas individuais e coletivos.

A eficácia das vacinas é comprometida caso não sejam administradas a segunda dose. A da CoronaVac é indicada de 21 a 28 dias após a primeira; e a AstraZeneca após 12 semanas. Além da ausência de imunidade para o indivíduo, existem riscos que podem comprometer a vacinação de todos. “O abandono da segunda dose é receita para criar mais variantes. Mas desta vez, resistentes às vacinas”, alerta o biólogo e divulgador científico Atila Iamarino.

“Quem toma só uma dose pode desenvolver imunidade parcial. O que não seria suficiente para proteger a pessoa do vírus. Mas pode ser suficiente para selecionar linhagens virais que escapam dessa imunidade”, completa o cientista. Então, a indicação para aqueles que estão com a vacina em atraso é para que compareça o mais rápido possível em uma Unidade Básica de Saúde para a finalização da imunização.

Para quem atrasou

A neurocientista, divulgadora científica e uma das coordenadoras da Rede Análise Covid-19, Mellanie Fontes-Dutra, explica que “somente com o regime completo e acelerando a vacinação para toda a população indicada é que todos nos beneficiaremos da proteção”, e reafirma que “se você acabou perdendo o prazo da segunda dose, busque o posto de vacinação para tomá-la o mais breve possível”.

Embora a orientação seja essa, fica o alerta dos cientistas para que não atrase a segunda dose. Mellanie explica que ” não temos dados de imunogenicidade (da CoronaVac) e eficácia pra isso (intervalos maiores). Temos pra 14 dias e 21-28 dias”.

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, também afirmou em entrevista concedida à GloboNews no início do mês que, mesmo em atraso, a indicação é para tomar o mais rápido possível. Dimas afirma que existem indicadores que apontam para a eficácia, mesmo com período maior entre as doses. “Se for em 30 dias, em 45, não importa. Não há prejuízo. O que não pode é não ter a segunda dose”, disse o responsável pelo instituto que produz e elabora estudos sobre a CoronaVac em São Paulo.

Sem campanha

De acordo com o Ministério da Saúde, São Paulo é o estado com o maior número de vacinas em atraso: 343.925. Entretanto, de acordo com dados da plataforma VaciVida, do governo do estado, este número é menor. A plataforma de controle utilizada por profissionais de Saúde de todos os municípios paulistas indica ausência de 190 mil pessoas para a segunda dose.

A diferença nos dados, pode ter algumas explicações. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em boletim extraordinário divulgado nesta quarta-feira, afirma que “é possível que (a diferença entre vacinados de primeira e segunda dose) esteja refletindo estratégias diferenciadas de aceleração da imunização da primeira dose, ou ainda conter diferenças relativas à agilidade do registro”. Até o momento, apenas 30% dos vacinados tomou as duas doses, sendo que 14% dos que tomaram a primeira estão em atraso.

Especialistas também apontam para a falta de campanhas de conscientização e coordenação nacional para a vacinação. “Eu acho bem desesperador saber que meio milhão de pessoas não foi tomar a segunda dose da vacina no Brasil, ou seja, 14% dos que tomaram a primeira. Precisava ter uma campanha forte pra isso. Na TV mesmo. Bater forte na tecla”, afirma a editora de ciências do Jornal da USP, Luiza Caires.

Ela ainda argumenta que “agentes de saúde irem atrás também, principalmente na periferia. Não sei se teriam condições pra tanta gente. Mas algo tem que ser feito”.

Responsabilidade

De acordo com a coordenadora do Plano Estadual de Imunização (PEI) contra a covid-19 e da Coordenadoria de Controle de Doenças de São Paulo, Regiane de Paula, os municípios são responsáveis pela busca ativa dos atrasados para que regularizem a vacinação. “Além do sistema de controle que temos no estado e nos municípios pela VaciVida, o município é responsável pela busca dos faltosos”, disse à RBA.

Regiane afirma que a segunda dose pode ser aplicada em qualquer UBS, seja a que aplicou a primeira, ou a mais próxima de sua residência. Além disso, a coordenadora explica que todos os vacinados com a primeira dose recebem uma mensagem do governo dois dias antes da aplicação da segunda. “Neste momento, mandamos um SMS para toda a população dois dias antes para que compareça à UBS de sua escolha, ou mais próxima de sua casa, para a segunda dose.”








Diagnosticando o “ médico bolsonarista ”




Wilson Gomes

Dos tipos políticos mais extravagantes encontrados no fundo desse abismo em que nos encontramos, o “médico bolsonarista” é um dos mais intrigantes. O enigma começa com as duas palavras que o designam: ele é médico por substantivo, quer dizer que exerce um ofício considerado nobre em qualquer sociedade, que consiste em curar e salvar vidas; mas é também bolsonarista, por adjetivo, portanto filiado a uma atitude política que, como sobejamente demonstrado a este ponto da nossa odisseia pandêmica, coloca a identidade tribal e o fanatismo em um lugar infinitamente superior ao apreço por vidas humanas e à missão de cuidar e curar. A tensão entre o substantivo e o adjetivo parece indicar um paradoxo. Na verdade, trata-se de um oximoro, como em “claro enigma”, “som do silêncio” ou “instante eterno”. Também neste caso, o adjetivo devora, anula ou contradiz o substantivo. O “médico bolsonarista” é, portanto, uma contradição ambulante, que só a singularidade da fauna dos abismos poderia comportar.

Não se enganem supondo a superioridade do substantivo sobre o adjetivo. O “médico bolsonarista” não é um médico que também é bolsonarista, mas um bolsonarista que ganha a vida exercendo a medicina. O bolsonarismo é que o define, posto que a ele se subordina tudo o mais o que a pessoa é, como pai, amigo, vizinho e, naturalmente, profissional da área de saúde. Não terá escrúpulos de usar, por exemplo, o prestígio, a distinção e a autoridade que a sociedade lhe concede por ser médico para fazer propaganda para a sua facção política mesmo em matérias e posições que violem francamente o seu juramento e ponham em risco a saúde dos seus pacientes, pois ele é primeiro um missionário de uma crença e o soldado de uma causa. A medicina vem depois disso, para ser usada como argumento de autoridade e facilitar a inoculação desta subespécie de bolsonarismo que surgiu na pandemia, o bolsonarismo clínico.

Chegou-se ao ponto que as mídias sociais estão cheias de exemplos de médicos autoconcedendo-se um upgrade ao status de cientista, mas não para ajudar as pessoas e as autoridades neste momento em que mais se precisaria deles, e sim para neutralizar o que prescreve e recomendam as autoridades de saúde mundo afora e para desqualificar os poucos consensos que a comunidade científica internacional tem conseguido sobre os modos corretos de se enfrentar o vírus. Ele não descobre nem cria conhecimento, ele os sabota, exorbitando da sua autoridade.

Médicos não são cientistas, são graduados e, eventualmente, pós-graduados em medicina, e não pesquisadores com anos de laboratório, publicações científicas e um título de PhD para início de conversa. O “médico bolsonarista”, contudo, não reconhece a distinção e pontifica em vídeos no WhatsApp, no Instagram ou no YouTube “desmascarando” a ciência e “revelando” a verdade sobre a Covid-19 que, por coincidência, é a mesma do bolsonarismo e dos negacionistas e dos militantes antivacinas pelo mundo. Baseados em quê? Em ciência não é, porque o campo científico da saúde, nos dias que correm, publica diariamente centenas de estudos clínicos sobre Covid-19, que o profissional médico que está atendendo não tem a mínima condição de revisar. Mas o “médico bolsonarista” não se baseia na ponta de lança da ciência nem nas deontologias básicas da sua área, e sim nos embustes tribais da extrema-direita sobre o comunismo e o globalismo, mas, também, sobre epidemiologia, virologia e farmacologia e medicina.

Médicos não são cidadãos e, portanto, não podem ter sua própria ideologia política? Bem, para começar, é certamente superestimar o estágio atual do bolsonarismo considerá-lo uma ideologia. Seria supor algum sistema, um conjunto de valores coerentes, uma visão de mundo e de país. Como ouvi esta semana do embaixador Marcos Azambuja, pensar o bolsonarismo como ideologia é tentar encontrar algum método nessa loucura. A posição antivacina, a insistência em pseudomedicamentos, a negação e minimização da doença tem qualquer coisa a ver com ser de esquerda ou direita, conservador ou liberal? Nada. Não há um por quê nem para quê nesse comportamento e nessa convicção, como é claro neste momento para qualquer pessoa lúcida. Não se trata, portanto, de ideologia, de uma perspectiva minimamente coerente, mas de uma atitude e de umas concepções avulsas e avessas à racionalidade que, per se, são claramente incompatíveis com a visão de mundo da própria medicina.

Além disso, embora muitos médicos tenham se recuperado da patologia bolsonarista com o choque de realidade que tomaram com a pandemia, ainda há mais médicos no bolsonarismo do que qualquer outra classe profissional, exceto talvez policiais, milicianos e profissionais da área de segurança em geral. O que é de causar perplexidade, pois os médicos e os profissionais da área de saúde estão dentre os que pagaram o preço mais alto em vida e sacrifícios pessoais pela pandemia que nos assola há um ano. E são estes mesmo médicos os que sabem por experiência pessoal, nos plantões excruciantes, na experiência da morte e da doença do pessoal da linha de frente bem como de seus colegas e amigos, o quanto a mais completa falta de atuação produtiva do governo levou a este morticínio. Por que insistem em ficar do lado da peste em vez de lutar contra ela?
Infelizmente, o bolsonarismo não infectou a classe médica com tal intensidade e velocidade por acaso. Lastimavelmente, há uma cultura da classe médica brasileira – quer dizer, um conjunto de significados, mentalidades e valores compartilhados coletivamente – que é majoritariamente conservadora e elitista.

E não me venham com corporativismos, pois disso sabem muito melhor que eu os médicos e profissionais de saúde que, por sorte, são dissidentes e reativos a esses valores dominantes. Foi esse elemento conservador e elitista do DNA da classe médica que serviu como porta de entrada do vírus do bolsonarismo no organismo da corporação e dos seus profissionais. E é o que tanto dificulta a recuperação dos pacientes.

A história da simbiose entre médicos e a extrema-direita pode ser registrada em vários momentos dos oitos anos que nos trouxeram ao abismo. Assim, em 2013, vimos o médico protobolsonarista assediando médicos cubanos nos aeroportos, enquanto, em 2015, assistimos ao médico antipetista em manifestações, com seus jalecos brancos, gritando “Dilma Vaca” e denunciando a infiltração comunista por meio do Programa Mais Médicos. Em 2018, fomos finalmente apresentados ao médico bolsonarista declarando não atender filhos de petistas, desejando malignamente que petistas importantes viessem parar no seu plantão, e compartilhando fake news (“até cair o dedo”) sobre kit gay, a grana de Lulinha e o perigo comunista em seus grupos de WhatsApp. Sim, as nossas pesquisas constataram que os grupos de médicos são das mais importantes correias de transmissão de fake news bolsonaristas no Brasil.

Durante todo o ano de 2020 vimos o médico bolsonarista, sob o olhar silente ou cúmplice do Conselho Federal de Medicina, sabotando as medidas da OMS, promovendo e prescrevendo falsos medicamentos, negando a pandemia e minimizando as mortes dela decorrentes. Muitos o fazem até hoje. Não temos mais, em 2021, contudo, o benefício da ignorância com respeito a de que lado está o bolsonarismo no morticínio a que assistimos, estarrecidos, todos os dias.

Os médicos e outros agentes da área de saúde não podem mais honestamente alegar desconhecimento ou dúvida. Os doutores que continuam desafiando a OMS e o senso comum mundial prescrevendo ivermectina e cloroquina como se tivesse cabimento fazer de uma prescrição a um paciente enfermo um statement político, os doutores que gravam e postam vídeos de WhatsApp negando a letalidade da pandemia ou atacando o isolamento social e o lockdown, esses doutores já não são mais apenas um constrangimento moral, como os que insultaram cubanos ou gritavam palavras de baixo calão contra a ex-presidente. São a negação de tudo o que a medicina deve ser para as pessoas. Quando estamos morrendo à razão de mais de 4 mil brasileiros por dia, a quem recorreremos se o médico que nos atender pode estar mais interessado em defender sua facção política e suas crenças tribais do que em nos tratar?

O bolsonarismo na classe médica, além de uma patologia moral, virou uma doença intelectual e uma moléstia profissional que leva o acometido a sacrificar tudo – toda e cada uma das crenças da medicina e do seu sublime contrato com a humanidade – no altar do seu fanatismo ideológico. Hoje, depois de tudo o que sabemos sobre a doença e a sua letalidade, quando os erros cometidos são cristalinos e ninguém pode alegar ignorância ou inocência, o “médico bolsonarista”, essa triste entidade, é basicamente um colaboracionista, um dócil e empenhado soldadinho de jaleco branco do bolsonarismo e da sua Solução Final.


Wilson Gomes é doutor em Filosofia, professor titular da Faculdade de Comunicação da UFBA e autor de A democracia no mundo digital: história, problemas e temas (Edições Sesc SP)





A miséria humana de um reality show em meio a um genocídio




Gustavo Conde

Um tanto chocado com as pessoas supostamente 'progressistas' assistindo o BBB.

É uma solidão muito grande.

Assistir sociologicamente é uma coisa. Fazer isso com o Jornal Nacional, por exemplo, me parece digno. Mas torcer publicamente por um reality show subdesenvolvido? Elogiar? Sofrer?

É um mico muito grande, me desculpem os que assistem.

Alguns, a gente entende.

Por exemplo, Felipe Neto. É muito contrato de publicidade. É muita grana envolvida. E é um ganha-ganha danado. Neto promove o programa e atiça as redes com engajamento (que a Globo não tem) e a Globo devolve a Neto o tráfego digital conquistado com o milionário marketing do programa.

"Jornalistas-subestrelas-de-redes" que transitam no meio-fio da história também oferecem sua cota de colaboração para o sucesso financeiro do produto global. Pablo Vilaça, Leandro Demori e mais uns tantos parecem viver para o BBB. Torcem, se emocionam, gritam, se animam, comemoram.

Enquanto isso, mais 4 mil pessoas morrem no país.

"Ah, mas que chatice ficar pegando no pé dessas pessoas legais!"

Eu não vivo num concurso de beleza, caras-pálidas. Tenho até medo de agradar - porque se eu "agradar", num país como esse, é porque alguma coisa estará errada comigo.

Para completar a miséria do momento, o engajamento anônimo pelo BBB invade as raias do constrangimento cognitivo.

O usuário de rede vai lá e comenta sobre o programa como se fosse uma subcelebridade do subjornalismo digital. É como tentar participar de uma festa para a qual você nunca foi e nunca será convidado.

"Fulano foi eliminado, yes!". "Que aula de cidadania do Leifert!". "Fulana vai ganhar um milhão, viva!"

É uma incomensurabilidade de clichês.

E para quê tudo isso, do ponto de vista psiquiátrico - com todo o respeito? Para se obter um sentimento de "pertença", para se sentir importante comentando uma coisa que todo mundo comenta porque todo mundo comenta.

Comentar BBB nas redes sociais é o processo cognitivo mais degradante e asqueroso que a tristeza e o azar do testemunho trágico podem oferecer neste momento. É pior que ser bolsonarista.

"Ah, mas você está comentando".

Sim, eu desci ao esgoto para manifestar minha repulsa a esse teatro dos horrores e a toda engrenagem que o permite subsistir.

O programa fetichiza (não "denuncia") todas as chagas contemporâneas da desumanização aplicada: racismo, homofobia, misoginia, machismo e todas as demais fobias trágicas de um tempo trágico.

O BBB é a expressão máxima do bolsonarismo. É um dos vetores midiáticos que permitiu a ascensão de Bolsonaro. É a matriz do cancelamento, a fonte da breguice, a arena das bestialidades, do ódio, da dissimulação.

Muito intelectual nesse país vibra com o BBB - eis a chave para entender porque temos duas cepas de intelectuais: uns que produzem a melhor ciência e a melhor crítica do mundo (pergunte se Miguel Nicolelis assiste ao BBB) e outros que são pura fachada (em geral, os colunistas da Folha, que participam de um clube privê de publicações e favores).

O Brasil já está massacrado demais por essa elite branca da Rede Globo e por esse governo catastrófico de Bolsonaro. O estrago cognitivo que já é imenso, com o BBB ganha ares de dramaticidade tenebrosa.

Seria demais pedir que as pessoas verdadeiramente progressistas largassem um pouco a Globo e olhassem mais para o próprio umbigo e para o próprio país?

Enfim, pedir não custa nada.




Nota

O querido Gustavo Conde, apenas, externou toda a indignação e revolta que, também, nós estamos sentindo com as 340 mil vidas perdidas e a volta da fome, consequências diretas do governo Bolsonaro. A globo e programas como o bbb levam à desinformação, à alienação e às fake news, que resultaram na eleição desta " pessoa " que é presidente do país. ( Rosa Maria - editora do blog )