Mostrando postagens com marcador mãe. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador mãe. Mostrar todas as postagens

Cuidar dos Pais, um texto emocionante por Valter Hugo Mãe




Luiza Fletcher


Chega um momento na vida em que nós nos tornamos “pais” de nossos pais. Quando eles não estão mais em perfeitas condições, é o nosso momento de retribuir todo o amor e cuidado que eles sempre nos ofereceram de todo o coração. 



Muitas vezes, somos responsáveis por reeducá-los, estabelecer limites e os apresentarmos diferentes realidades de vida. Isso pode ser um grande desafio para nós, já que estamos acostumados a ser cuidados, mas não nos sentimos totalmente capazes de cuidar daqueles que nos cuidaram por toda a vida.

Ainda assim, essa pode ser uma das experiências mais enriquecedoras e emocionantes que podemos viver em nossas vidas. Nossos pais são algumas das pessoas mais importantes para nós, e fazer o nosso melhor por eles enquanto ainda estão ao nosso lado é um grande privilégio que precisamos reconhecer.

Abaixo está um texto emocionante de Valter Hugo Mãe, publicado originalmente em Público, sobre a sua rotina cuidando de sua mãe que nos propõe uma grande reflexão: o quanto estamos fazendo por essas pessoas que sempre fizeram tudo por nós? Nosso cuidado é fruto da obrigação ou do prazer, do amor? Leia o texto e inspire-se pelas palavras de Valter.

Cuidar dos pais 

Valter Hugo Mãe

A minha mãe é a minha filha. Preciso dizer-lhe que chega de bolo de chocolate, chega de café ou de andar às pressas. Vai engordar, vai ficar eléctrica, vai começar a doer-lhe a perna esquerda.

Cuido dos seus mimos. Gosto de lhe oferecer uma carteira nova e presto muita atenção aos lenços bonitos que ela deita ao pescoço e lhe dão um ar floral, vivo, uma espécie de elemento líquido que lhe refresca a idade. Escolho apenas cores claras, vivas. Zango-me com as moças das lojas que discursam acerca do adequado para a idade. Recuso essas convenções que enlutam os mais velhos.

A minha mãe, que é a minha filha, fica bem de branco, vermelho, gosto de vê-la de amarelo-torrado, um azul de céu ou verde. Algumas lojas conhecem-me. Mostram-me as novidades. Encontro pessoas que sentem uma alegria bonita em me ajudar. Aniversários ou Natal, a Primavera ou só um fim de semana fora, servem para que me lembre de trazer-lhe um presente. Pais e filhos são perfeitos para presentes. Eu daria todos os melhores presentes à minha mãe.

Rabujo igual aos que amam. Quando amamos, temos urgência em proteger, por isso somos mais do que sinaleiros, apontando, assobiando, mais do que árbitros, fiscalizando para que tudo seja certo, seguro. E rabujamos porque as pessoas amadas erram, têm caprichos, gostam de si com desconfiança, como creio que é normal gostarmos todos de nós mesmos. Aos pais e aos filhos tendemos a amar incondicionalmente, mas com medo. Um amigo dizia que entendeu o pânico depois de nascer o seu primeiro filho. Temia pelo azedo do leite, pelas correntes de ar, pelo carreiro das formigas, temia muito que houvesse um órgão interno, discreto, que desfuncionasse e fizesse o seu filho apagar.

Quem ama pensa em todos os perigos e desconta o tempo com martelo pesado. Os que amam sem esta fatura não amam ainda. Passeiam nos afetos. É outra coisa.

Ficar para tio parece obrigar-nos a uma inversão destes papéis a dada altura. Quase ouço as minhas irmãs dizerem: “Não casaste, agora tomas conta da mãe e mais destas coisas.” Se a luz está paga, a água, refilar porque está tudo caro, há uma porta que fecha mal, estiveram uns homens esquisitos à porta, a senhora da mercearia não deu o troco certo, o cão ladra mais do que devia, era preciso irmos à aldeia ver assuntos e as pessoas. Quem não casa deixa de ter irmãos. Só tem patrões. Viramos uma central de atendimento ao público. Porque nos ligam para saber se está tudo bem, que é o mesmo que perguntar acerca da nossa competência e responsabilizar-nos mais ainda. Como se o amor tivesse agentes. Cupidos que, ao invés de flechas, usam telefones. E, depois, espantam-se: ah, eu pensei que isso já tinha passado, pensei que estava arranjado, naquele dia achei que a doutora já anunciara a cura, eu até fiz uma sopa, no mês passado, até fomos de carro ao Porto, jantamos em modo fino e tudo.

Quando passamos a ser pais das nossas mães, tornamo-nos exigentes e cansamo-nos por tudo. Ao contrário de quem é pai de filhas, nós corremos absolutamente contra o tempo, o corpo, os preconceitos, as cores adequadas para a idade. Somos centrais telefônicas aflitas.

Queremos sempre que chegue a Primavera, o Verão, que haja sol e aquecem os dias, para descermos à marginal a ver as pessoas que também se arrastam por cães pequenos. Só gostamos de quem tem cães pequenos. Odiamos bicharocos grotescos tratados como seres delicados. O nosso Crisóstomo, que é lingrinhas, corre sempre perigo com cães musculados que as pessoas insistem em garantir que não fazem mal a uma mosca. Deitam-nos as patas ao peito e atiram-nos ao chão, as filhas que são mães podem cair e partir os ossos da bacia. Porque temos bacias dentro do corpo. Somos todos estranhos. Passeamos estranhos com os cães na marginal e o que nos aproveita mesmo é o sol.

A minha mãe adora sol. Melhora de tudo. Com os seus lenços como coisas líquidas e cristalinas ao pescoço, ela fica lindíssima! E isso compensa. Recompensa. 

Comemos ao sol. Somos, sem grande segredo, seres que comem ao sol. Por isso, entre as angústias, sorrimos.


Postado em O Segredo



A mãe desnecessária



Resultado de imagem para a mãe desnecessária


A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo. Várias vezes ouvi de um amigo psicanalista essa frase, e ela sempre me soou estranha. 

Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos. Uma batalha hercúlea, confesso. Quando começo a esmorecer na luta para controlar a super-mãe que todas temos dentro de nós, lembro logo da frase, hoje absolutamente clara. Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária.

Antes que alguma mãe apressada me acuse de desamor, explico o que significa isso. 

Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes. Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros também.

A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda é um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho. Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não pára de se transformar ao longo da vida. Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo. O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis. Pai e mãe – solidários – criam filhos para serem livres.

Esse é o maior desafio e a principal missão. Ao aprendermos a ser “desnecessários”, nos transformamos em porto seguro para quando eles decidirem atracar.


Nota da página: Embora esse texto apareça na internet com diversas autorias, a autoria mais provável é da jornalista Márcia Neder.



Postado em Conti Outra



Imagem relacionada


Imagem relacionada



A maior saudade que nós vamos sentir na vida é saudade de mãe … pois é saudade de nós mesmos !



Imagem relacionada


Fabíola Simões 

Uma das lembranças mais doces da minha infância é a voz da minha mãe, no átrio da igrejinha que frequentávamos, animando as crianças da catequese com suas canções habituais. Ela era a coordenadora das catequistas, e embora eu me ressentisse da estreita possibilidade de tê-la só para mim, me orgulhava de vê-la tão dinâmica, alegre e confiante.

Os anos se passaram e nos mudamos de paróquia, de cidade, de vida. Cresci, amadureci, me despedi. Porém, de vez em quando ouço a melodia conhecida e volto a enxergar minha mãe, no auge de seus trinta e poucos anos, gesticulando e pedindo para cantar com mais entusiasmo. De vez em quando antecipo a saudade que um dia vou ter e me comovo ao recordar a mulher independente, segura e muito amorosa que ela ainda é.

A maior saudade que vamos sentir na vida é saudade de mãe. Pois a vida tem caminhos incompreensíveis, e tudo se ajeita num colo de mãe. Numa palavra doce ou mesmo numa bronca amarga feito café sem açúcar. Mas ainda assim, numa certeza de que logo tudo ficará bem.

Ter saudade de nossas mães é ter saudade de nós mesmos. Pois mãe é lembrete. Mãe nos ensina que, mesmo que a vida caminhe, que a gente adquira experiências boas ou ruins, que a gente endureça com os tombos e fissuras, ainda assim sempre existirá um recanto dentro de nós a nos lembrar que a vida não precisa ser dura para nos ensinar algo; que amor e tolerância também são jeitos eficazes da gente crescer e aprender.

Mãe é a voz que não sai de dentro da gente mesmo que a gente tenha acumulado tempo de sobra, dinheiro no banco e muita especialização. Pois por trás de cada gabinete com ar condicionado e nó na gravata, há uma mulher que já deu broncas, mandou que raspasse o prato e lembrou de levar o casaco.

Mãe é parceira das horas certas e também incertas. É ombro nos arrependimentos e bronca construtiva nas escolhas mal feitas. Mãe é censura e também ternura, cheiro de afeto e lembrete de “engole o choro”, intuição abundante e prece incessante.

Ao nos lembrar de nossas mães, nos lembramos de quem fomos. Pois a construção e lapidação de nossa existência se confunde com antigos sons chamando no portão, cheiro de perfume conhecido borrifado nos pulsos, lembrança de arrumar a cama e tirar os pés do sofá, assobio afinado, vestido lavado e delicadeza em forma de cuidado.

Não há saudade maior que saudade de mãe. Pois mãe muda de casa, mas não sai de dentro da gente. Mãe muda de estado, mas não se desliga. Mãe percebe que o filho cresceu, mas não desiste. Mãe carimba passaporte, mas não sai de perto.

O tempo em que minha mãe cantava na catequese ficou lá atrás, junto com meus oito anos e muitas lembranças. Hoje, depois de tanto chão e muitos acertos e desacertos, separações e recomeços, perdas e ganhos, ela nos emociona cantando no coral do Círculo Militar da cidade que escolheu para morar. Antecipo a saudade que vou sentir absorvendo cada acorde do momento presente e tentando repetir com meu filho a construção de lembranças tal qual ela fez comigo e com meus irmãos. Sei que ela será minha maior saudade, a falta que vou sentir diariamente, e por isso insisto em sentir-me grata e amparada por sua voz suave, seu abraço apertado, seu cheiro doce e seu beijo terno.

Hoje eu gostaria de lhe oferecer uma música da minha infância. Está tudo tão distante, mas o refrão ainda ecoa em meus ouvidos. Vem, me dá sua mão. Chega aqui perto e me deixa cantar baixinho: “Se eu pudesse eu queria outra vez, mamãe, começar tudo, tudo de novo…”


*O título deste artigo alude a uma citação de autoria atribuída ao Padre Fábio de Melo.


Postado em Conti Outra






Sabor de Mãe


Imagem relacionada




Tudo que ela queria era a comida da mãe, que mora longe – e uma surpresa lhe esperava em um restaurante



O amor de mãe pode ser sentido não só nos grandes gestos, mas também nas memórias mais cotidianas, como o sabor de uma comida que somente nossa mãe sabe exatamente como fazer – e que nosso coração jamais esquece. 


Como homenagem de dias das mães, a Supergasbras realizou o experimento Inove no menu – tempero de mãe, com Manu, uma cearense de 23 anos que mora em São Paulo, longe de Dona Dalva, sua mãe, que mora em Fortaleza, para falar da saudade de quem justamente vive distante.

Manu havia comentado o quanto sentia falta do assado de panela que só sua mãe sabe fazer. Sua amiga Lívia serviu de cúmplice, levando Manu a um restaurante para comer justamente um assado. Conforme foi provando o prato, a jovem foi se espantando com a semelhança entre os sabores – era como se estivesse novamente comendo a comida de sua mãe. Até a maçã no salpicão estava na receita do restaurante.




Qual não foi a surpresa de Manu, quando a chef foi convidada à mesa para receber os parabéns dos clientes pela qualidade do prato, ao descobrir que ela tinha razão: quem tinha cozinhado seu almoço havia sido mesmo sua mãe – trazida de Fortaleza a São Paulo (quando viajou de avião pela primeira vez) para matar as saudades da filha. 

A comida preparada por Dona Dalva sempre foi, ao longo da vida de Manu, um símbolo do carinho que a mãe oferecia, especialmente diante do quanto sua mãe trabalhava. Por isso a especialidade do momento, e a certeza de que o amor de mãe pode ser sentido das mais diversas maneiras – inclusive pelo estômago. Junto da comida, a maior fonte de energia do ser humano – que nos mantém vivos e de pé – é, afinal, o amor. 


Postado em Hypeness