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Tava aqui pensando





Lelê Teles


Os caras têm o presidente da república; mesmo que empurrado goela abaixo, feito um foie gras.

Têm maioria na câmara e no senado.

Têm maioria no stf.

Contam com a omissa conivência do MPF e da PGR.

Ofendem a constituição, burlam as leis, subvertem a ordem.

Tudo para o seu bel prazer.

Governam os estados mais importantes, economicamente falando.

Se servem da bajulação da grande mídia que, de brinde, ainda comete assassinato de reputação de seus adversários.

Comandam uma malta de midiotas que cagam ódio nas redes sociais, intoxicando corações e mentes.

Debocham, escarnecem, tripudiam.

São - estes que aí estão - frutos do espírito de um novo tempo.

E, como sabemos, são tempos trevosos.

Estes intransigentes brucutus demofóbicos - os tais homens de bens - são também carolas de fachada, dizimistas desalmados, papa hóstias fingidos...

Cristãos de tabernáculo, em suma.

Do cristo, seguem apenas o exemplo da cruz, onde o mestre perdoa o "bom" ladrão.

São discípulos deste e não daquele.

São corruptores, corruptos, machistas, sexistas, sexólatras, misóginos, racistas, classistas, ególatras...

Umas bestas-fera.

E chegam - oh, opróbrio! - com uma fome de anteontem.

São vorazes.

Devoram tudo que veem pela frente; como cupins.

E o diabo é que eles estão em quase todas as partes.

Ontem mesmo descobrimos, durante o churrasco da família, alguns deles entre nós.

Agora, como pokémons, eles surgem em nossa frente na faculdade, nas redes sociais, nos púlpitos, nas cortes, nas praias, nos programas de tv, na balada...

E o pior, aqui e nas estranjas.

Esse pandemônio já é uma pandemia.

São as sementes do desamor esparramadas mundo afora e que agora frutificam também por estas paragens.

Espalham-se, contagiam...

Emergiram do limbo quais criaturas sombrias, soturnas, enigmáticas.

Estão sempre com um sorriso cheio de ódio a rasgar-lhes os lábios.

Amam odiar.

Sentem ódio todos os dias, como quem sente sede e fome.

E estão sempre sedentos e insaciáveis.

Estupram, espancam, humilham.

A antítese da mulher sujeito é o homem abjeto.

E é este que agora volta ao poder, o macho branco e machista.

Welcome to the trump land.

Negam qualquer alteridade. São contra o outro, o outro é sempre um inimigo a ser destruído.

Detestam o estrangeiro de pele escura, querem extinguir o índio nu e prender o homem de pé descalço ou que pede esmola.

Estes, eles matam e esfolam.

No campo, como na cidade, mandam e desmandam, matam e desmatam.

Truculentos, dão carteirada, mentem, omitem, chutam a porta, arrancam pelos cabelos, se apropriam das cadeiras e das canetas, tomam de conta do pedaço.

Nunca imaginávamos que eram tantos.

E em pouco tempo - se o grande meteoro não vier - confirmarão sua ubiquidade.

Um trump aqui, uma le pen ali.

Um temer cá, um macri acolá.

Eles...

Eles...

Quê que eu tava pensando mesmo?

Questões enigmáticas.


Lelê Teles   Lelê Teles  -  Jornalista, publicitário e roteirista



Postado em Brasil247 em 08/02/2017



Leandro Karnal : Graças à internet, "facilitamos muito para quem odeia"



Usuário na internet


Graças à internet, 'facilitamos muito para quem odeia', diz Leandro Karnal


Néli Pereira  Da BBC Brasil  em São Paulo  27/01/2017



Historiador e um dos palestrantes mais requisitados do país atualmente, Leandro Karnal diz que o discurso de ódio sempre existiu nas sociedades mas chama a atenção para a facilidade com que ele se propaga, hoje, graças à internet.

"Hoje é um clique e um site, com muitas imagens. Facilitamos muito para quem odeia. O ódio tem imenso poder retórico. Ele sempre existiu. Agora, existe este ódio prêt-à-porter, pronto, onde você se serve à la carte e pega seu prato preferido", disse ele à BBC Brasil.

Mas apesar da maior facilidade, hoje, de propagação do discurso de intolerância, o professor de história da Universidade Estadual de Campinas diz que "os mais sólidos preconceitos e violências humanos são muito anteriores à globalização".

Leia abaixo trechos da entrevista:

BBC Brasil - Uma das suas frases que mais viralizou e foi repetida em 2016 diz que "não existe país com governo corrupto e população honesta". O sr. acha que a população não se enxerga como responsável também pelo processo de corrupção?

Leandro Karnal - Característica nossa e da humanidade: excluir da parte negativa da equação o pronome pessoal reto EU. Em nenhum momento quis dizer que todos nós, brasileiros, somos corruptos, mas que a corrupção é algo forte na política e que a política é uma das camadas constituidoras do todo social, como um mil-folhas.

A política não é descolada da sociedade, mas nasce e volta ao mundo que a gerou. Os políticos são eleitos por nós. Denúncias são feitas e o político é reeleito. Seria coisa de grotões?


Karnal afirma que o 'ódio é o mais poderoso opiáceo já criado'


De forma alguma, eu me refiro também aos grandes centros urbanos. A expressão rouba mas faz não nasceu no sertão mas na maior e mais rica cidade do país. Meu alunos costumavam assinar lista de presença por colegas e, depois, ir a uma passeata contra corrupção na política.

A mudança não pode ser somente numa etapa do processo. Se você usa - a metáfora é importante - um lava-jato para limpar seu carro e a estrada continua sendo de terra batida, você precisará de uma nova lavagem todos os dias.

BBC Brasil - Mas de certa forma, responsabilizar a população pela corrupção da classe política pode parecer culpar a sociedade pelos erros cometidos pela elite governista, não?

Karnal - O que eu desejo sempre afirmar é que não existe uma elite separada do todo. Um político ladrão deve ser preso e devolver o que roubou. A culpa é dele e só dele. Mas, se queremos um novo país, devemos discutir na base, na educação, na família, na fila do aeroporto e em todos os campos para uma sociedade mais ética.

BBC Brasil - Nesse sentido, é a desigualdade mesmo nosso maior problema?

Karnal - A desigualdade é a base do problema e colabora para a má formação escolar. Uma sociedade que seja desigual já é um problema, mas uma que não educa nega a chance de corrigir a desigualdade. Como sempre, educação escolar básica é a chave da transformação.

Mudar isto muda tudo, como vimos no Japão e na Coreia do Sul após a guerra. Educação é músculo e osso, limpeza ética do Senado é maquiagem, mesmo quando necessária, como toda maquiagem, passageira.

BBC Brasil - Tivemos nesse fim de ano o episódio do ambulante morto a pancadas após defender uma transexual, também tivemos uma chacina em Campinas na qual o autor deixou uma carta criticando o feminismo. O que explica essa intolerância - racial, de gênero, de classe -, e de que forma ela pode ser combatida?

Karnal - Sempre existiu este ódio que flui por todos os lados. Não é fácil existir e acumular fracassos, dores, solidão, questões sexuais, desafetos e uma sensação de que a vida é injusta conosco. O mais fácil é a transposição para terceiros.

Um homem fracassa no seu projeto amoroso. O que é mais fácil? Culpar o feminismo ou a si? A resposta é fácil. Tenho certeza absoluta de que o autor do crime não era um leitor de Simone de Beauvoir ou Betty Friedan. Era um leitor de jargões, de frases feitas, de pensamento plástico e curto que se adaptava a sua dor.

Esses slogans são eficazes: "toda feminista precisa de um macho", "os gays estão dominando o mundo", "sem terra é tudo vagabundo". Curtos, cheios de bílis, carregados de dor, os slogans entram no raso córtex cerebral do que tem medo e serve como muleta eficaz.

No cérebro rarefeito a explicação surge como uma luz e dirige o ódio para fora. Se não houvesse feminismo, o assassino continuaria sendo o fracassado patético que sempre foi, mas agora ele sabe que seu fracasso nasceu das feministas e ele não tem culpa. Isto é o mais poderoso opiáceo já criado: o ódio.


O mercado não distingue consumidores pela posição política, destaca o historiador


BBC Brasil - De que forma as redes sociais acabaram potencializando essa intolerância e esse discurso de ódio. Eles são reflexo da nossa sociedade ou acabam estimulando os comportamentos mais intolerantes e polarizados?

Karnal - Antes era preciso ler livros para criar estes ódios. Mesmo para um homem médio da década de 1930, ele precisava comprar o Mein Kampf de Hitler e percorrer suas páginas mal redigidas. Ao final, seus vagos temores antissemitas eram embasados numa nova literatura com exemplos e que fazia sentido no seu universo. Mesmo assim, havia um custo: um livro.

Hoje é um clique e um site, com muitas imagens. Facilitamos muito para quem odeia. O ódio tem imenso poder retórico. Ele sempre existiu. Agora, existe este ódio prêt-à-porter, pronto, onde você se serve à la carte e pega seu prato preferido.

Exemplo? Uma pessoa me disse: "Quem descumpre a lei deveria ser fuzilado! Bandido deveria ser executado". Eu argumentei: "Pela sua lógica, descumprimento da lei merece pena capital. Como a lei brasileira proíbe a pena capital, você está defendo crime e incitação ao crime, na sua lógica, deveria ser punida com pena de morte."

Era uma maneira socrática de argumentar a contradição do enunciado. O caro leitor pode supor que a resposta do indivíduo não foi socrática nem platônica.


Karnal destaca que 'a bolha informacional e seus respectivos algoritmos constituem uma zona de conforto para o navegador do cyberespaço'


BBC Brasil - Pensando num contexto geral, a globalização deu errado? Com esse discurso de fechar fronteiras, de medidas protecionistas... Estamos vivendo um retrocesso, um avanço ou uma estagnação?

Karnal - Não havia um mundo harmônico e feliz antes, e não existe agora. O que varia em história é como produzimos a dor. Nosso método atual mudou este método. Os mais sólidos preconceitos e violências humanos são muito anteriores à globalização.

BBC Brasil - Para muitos, 2016 foi um ano marcado pelo avanço de forças conservadoras. Em 2017, haverá eleições na França e na Alemanha, com os partidos de extrema-direita em ascensão. O que vem pela frente?

Karnal - Difícil falar de futuro para um historiador, profissional do passado. A tendência é de uma onda conservadora por alguns anos em quase todos os lugares. Provavelmente, seguindo o que houve antes, depois de experimentar candidatos conservadores que prometem o paraíso e não vão conseguir, os eleitores estarão de novo inclinados a candidatos de outro perfil que oferecerão o paraíso.

As coisas mudam, mas não mudam porque o presidente usa topete ou é conservador. Presidentes democratas estavam no poder com Kennedy e Johnson e a violência racial chegou ao ponto máximo. No período Obama, muitos policiais mataram muitos negros, tendo um presidente negro no poder. Então, de novo, não estamos abandonando um paraíso e ingressando no inferno.


O dicionário Oxford escolheu "pós verdade" como a palavra de 2016


BBC Brasil - O dicionário Oxford escolheu "pós-verdade" como palavra do ano de 2016. A definição é "circunstâncias em que os fatos objetivos têm menos influência sobre a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais". O conceito é de que a verdade perdeu o valor, e acreditamos não nos fatos, mas no que queremos acreditar que é verdade. Qual sua avaliação sobre essa "nova era" e novo comportamento, que acaba reforçado pelas redes sociais?

Karnal - Sempre fomos estruturalmente mentirosos em todos os campos humanos. A mudança é que antes se mentia e se sabia a diferença entre mentira e verdade, hoje este campo foi esgarçado. O problema talvez seja de critério. Com a ascensão absoluta do indivíduo, o que ele considerar verdade será para ele.

Perdemos um pouco da sociologia da verdade, ou de um critério mais amplo de validação do verdadeiro. No século 18 era o Iluminismo: o método racional que tornava algo aceito como verdade. No 19, foi a ciência e o método empírico para distinguir falso de verdadeiro.

Hoje o critério é a vontade individual. "A água ferve a 100 graus centígrados ao nível do mar". Verdade? A resposta seria diferente no (século) 19 e hoje.

BBC Brasil - Queria falar um pouco sobre as bolhas informacionais. Muita gente se depara com elas nas redes sociais todos os dias - os algoritmos acabam reforçando opiniões, nos oferecendo mais daquilo que nós já acreditamos e isso favorece, de certa forma, as informações equivocadas, mentirosas. Qual sua avaliação sobre isso e sobre o impacto disso para a sociedade?

Karnal - A bolha informacional e seus respectivos algoritmos constituem uma zona de conforto para o navegador do ciberespaço. Importante dizer: para o mercado, o consumidor conservador ou de esquerda compram da mesma forma, então o algoritmo informa qual o perfil do consumidor.

Quem deseja ler a biografia de Obama ou de Trump vai ao mesmo site. O que não mudou nos últimos séculos é que a verdade comercial é superior ao debate epistemológico de validação ou não do que é verdadeiro. Petralhas e coxinhas compram; isentões também. Resta a pergunta que não quer calar: qual a importância do debate sobre posição política sob este prisma? O que de fato importa para quem de fato manda no mundo?






Que Brasil é este ?



Resultado de imagem para Brasil do ódio





A Globo e a Lava Jato mataram em Campinas : a lógica do ódio



chacina em campinas






Saiu do portal e matou a família




chacina em campinas



Os mortos e feridos na chacina de Campinas são as primeiras vítimas fatais do ódio à esquerda estimulado pela mídia nos últimos anos.

Para arrancar o PT do poder, revistas, jornais e emissoras de rádio e TV incentivaram o machismo, a misoginia, a homofobia, a raiva irracional a todo pensamento progressista. Alimentaram a besta.

A carta do assassino nada mais é do que uma colagem dos pensamentos toscos que lemos nos comentários dos portais noticiosos todos os dias, inspirados em (de)formadores de opinião aos quais a mídia deu espaço.

Não há nada de surpreendente ali: à parte seus problemas pessoais e psicológicos, o atirador utiliza as mesmas palavras que a direita usa nas redes sociais cotidianamente para atingir “inimigos”, sobretudo mulheres, homossexuais e defensores dos direitos humanos.

Não é à toa que o assassino machista de Campinas apela à mesmíssima expressão para se referir tanto à mãe do seu filho quanto à presidenta Dilma: “vadia”.

A palavra “vadia” aparece 12 vezes na carta. Este é o termo mais usado contra mulheres hoje no Brasil, arroz de festa nas redes sociais. Foi o primeiro insulto que recebi ao inaugurar o blog, em 2012, vindo de um roqueiro de direita que se sentiu incomodado por um texto meu –e ele recebeu em seguida o apoio de uma jornalista da Globo.

Contra Dilma, foram incontáveis as vezes em que ela foi chamada de “vadia” e outros termos homólogos a “prostituta” na internet e em cartazes nas manifestações verde e amarelas: “puta”, “vaca”, “vagabunda”, “quenga”.

Em 2010, o cartunista Nani foi pioneiro no machismo contra Dilma ao mostrar a candidata “rodando a bolsinha” numa esquina; a charge foi divulgada pelo portal mais visitado, o UOL.

Chamar uma mulher de “vadia”, seja ela anônima, jornalista ou presidenta da República virou algo normal, “liberdade de expressão”. No twitter e facebook, xingar mulher rende “likes”. Vão dizer que não? Se até deputados fazem isso e têm milhões de seguidores…

Quem inventou o ódio às feministas presente na carta do atirador de Campinas? Quem o disseminou? Nos programas pseudohumorísticos da televisão aberta e nas redes sociais, é considerado piada inofensiva chamar as feministas de “feminazis”, achincalhá-las noite e dia, demonizá-las.

É inegável que, para atingir Dilma, a mídia naturalizou o desprezo às mulheres que se destacam e que lutam contra o machismo. Precisa assumir sua enorme responsabilidade na misoginia que insuflou.

O caso de Campinas infelizmente não é fato isolado.

Enquanto a direita brada contra as feministas, todos os dias morrem mulheres vítimas de feminicídio no Brasil.

Esta semana, um advogado de Vitória, no Espírito Santo, espancou uma faxineira na porta de casa e teve o desplante de “pedir desculpas”, como se fosse um mero esbarrão. Ficará quanto tempo preso?

Em novembro, a sobrinha-neta do ex-presidente José Sarney foi estuprada e morta pelo próprio cunhado, dentro de casa.

Não precisa conferir as estatísticas, basta olhar os portais: todo dia uma mulher é agredida ou morta por ex e atuais companheiros.

Desta vez os alvos foram mais numerosos, mas o assassino demonstra sua motivação misógina ao escrever que iria levar junto com ele “o máximo de vadias”. Das 12 vítimas fatais da chacina, nove são mulheres.

Em março de 2015, Dilma foi criticada pelo maior jornal do país por sancionar a lei que torna o feminicídio crime hediondo. Em sua carta, o assassino de Campinas chama a lei Maria da Penha de “vadia da penha”.

A combinação de ódio com a defesa do armamento pessoal é literalmente explosiva, e conta com o apoio midiático.

Na época do plebiscito, em 2005, a revista mais vendida do Brasil não hesitou em se posicionar, na capa, contra o desarmamento.

Uma das bancadas da direita hidrófoba com mais poder dentro do Congresso, todo mundo sabe, é a da bala, formada por políticos que são financiados pela indústria do armamento – a mesma que produz balas de borracha para massacrar estudantes em protestos.

Diante das chacinas que se tornaram praticamente semanais no mundo “civilizado”, seguimos enxergando um uníssono culpado: o fanatismo religioso, esquecendo que todos os fanatismos são igualmente nocivos.

O fanatismo político também é sangrento e este encontrou um poderoso eco nas grandes corporações midiáticas, capazes de construir e destruir governantes.

Este é um sentimento perigoso, o ódio. É muita irresponsabilidade para com o país disseminá-lo em nome do antipetismo, estamos alertando há anos.

Quantas vezes escrevi aqui aquele provérbio espanhol, “cria cuervos y te sacarán los ojos”? O antipetismo desencaminhou o Brasil, estamos indo para um rumo tenebroso. O único limite para o ódio é o sangue.

E assim começamos 2017… Minha solidariedade às vítimas desta tragédia.

Mas sabem o que é ainda mais triste? Saber que nos esgotos de onde o assassino saiu não faltará gente para aplaudi-lo.




Violência verbal nas redes sociais : não entre nesta !





Comunicação não-violenta e o ódio nas redes sociais


Stephanie Gomes

O que vem à sua mente quando você pensa na palavra “violência”? Agressões físicas, brigas, crimes, guerras, armas de fogo…?

Existe uma forma de violência que geralmente não chamamos de “violência” e sobre a qual não ficamos tão chocados e preocupados, mas que é tão destrutiva quanto qualquer outra: a comunicação violenta. Agressão verbal é violência. Bullying é violência. Racismo é violência. Homofobia é violência. Preconceito é violência. Invalidar a liberdade de opinião de uma pessoa é violência. Incitação ao ódio é violência. Certos tipos de insinuações e piadas são violência.

Onde é que estamos vendo esse tipo de violência acontecer todos os dias, escancaradamente sob os nossos olhos?

Pois é, atire a primeira pedra quem nunca viu algum comentário racista, preconceituoso, abusivo, constrangedor ou de incitação ao ódio nas redes sociais.

Estamos o tempo todo nos perguntando: como é possível que políticos com discursos de ódio estejam sendo exaltados e eleitos? Como pode uma mulher aceitar ser tratada de tal forma pelo marido? O que está acontecendo com o mundo? Como podem tantas barbaridades estarem acontecendo? As pessoas estão cegas? Ninguém vê o tamanho desses absurdos? Que tempos sombrios são esses?

Mas pouco estamos nos perguntando como o mundo pode ser diferente se achamos normal os discursos de ódio que vemos todos os dias nas redes sociais, se não estamos preocupados com a forma violenta como estamos nos comunicando ou vendo outras pessoas se comunicarem, se estamos falando com tanta agressividade no mundo virtual, se estamos rindo de piadas violentas e preconceituosas.

Precisamos falar sobre isso! O mundo virtual não é um universo à parte que não tem nada a ver com a vida real. 

As redes sociais são parte da vida da maioria das pessoas e não podemos negar isso ou fingir que não tem importância. Nós estamos fazendo muitas coisas importantes pelas redes sociais: nos informando sobre o que está acontecendo no mundo, nos comunicando com as pessoas, espalhando informações, influenciando outras pessoas, trabalhando, debatendo opiniões, dando início a movimentos e manifestações, expondo aquilo que estamos fazendo e muitas outras coisas que antes fazíamos sem as redes sociais, mas que hoje se concentram nelas.

Precisamos encarar e falar sobre isso porque, apesar de as redes sociais estarem sendo usadas para muitas coisas boas, os discursos de ódio nesse meio estão cada vez mais comuns e estamos falando muito pouco e fazendo muito pouco para mudar essa forma de violência que está se espalhando e sendo encarada como algo normal.

O discurso de ódio serve apenas para disseminar e incitar violência. Ele não oferece soluções, não constrói nada, não melhora nada. Mas existem coisas que podemos fazer nas redes sociais que têm o poder de solucionar, de construir, de melhorar, de pacificar, de transformar, de mostrar novos caminhos.

O que nós, conscientes dessa questão e buscadores do bem e da luz, podemos fazer sobre isso? Como podemos ajudar a reverter esse movimento?

A força negativa está grande, é verdade. Mas nós não somos poucos! Temos força também e podemos trazer mais pessoas para o nosso lado.

Eu pensei em algumas sugestões de ações que podemos colocar em prática para aumentar o saldo de energia positiva nas redes sociais, e gostaria de fazer uma coisa diferente nesse post: pedir a ajuda de vocês para fazermos uma grande lista de ações positivas para colocarmos em prática. Topam me ajudar? Eu começo:

Comunicação não-violenta: você pode opinar, argumentar e expor o que pensa sempre que quiser, mas para isso não precisa ironizar quem pensa diferente ou usar um discurso preconceituoso ou agressivo. Fale sem agredir.

Não invalide a opinião do outro. Você pode discordar de alguém e participar de uma discussão saudável sem precisar invalidar o direito do outro de ter sua opinião também.

Não responda agressão com agressão. Se alguém te ofereceu palavras agressivas, não responda na mesma moeda. Quebre o ciclo. Seja a mudança que você quer ver no mundo. Sempre que decidir entrar em um campo escuro, escolha ser luz.

Incite mais a reflexão do que a discussão. Não que discutir seja ruim, mas sabemos que certos assuntos deixam as pessoas mais agressivas e no formato de discussão as coisas podem sair do controle. Se colocar um assunto em pauta, pense em como pode fazê-lo de forma reflexiva, questionando os pontos de vista possíveis, apresentando soluções e mostrando seus lados positivos e negativos (incentivando que o outro faça isso também, e lhe dando espaço para isso).

Aproveite oportunidades de oferecer palavras positivas: elogie sua amiga quando ela publicar uma foto bonita, prestigie o trabalho de alguém que está começando a divulgar o que faz, dê incentivos, exalte notícias de ações positivas… fique atento e não deixe passar chances de espalhar coisas boas nas redes sociais.

Saiba a hora de parar. Cada um de nós possui sua história, suas experiências, suas crenças, seus problemas, suas dúvidas, suas dificuldades, suas tristezas… às vezes um comentário que, para você, parece uma brincadeira boba, afeta e magoa profundamente o outro. Cada pessoa tem suas dores e nós nunca sabemos exatamente o que o outro está sentindo ou enfrentando. Sei que na maioria das vezes nós não fazemos brincadeiras por mal, mas procure perceber como o outro reage ao que você diz. Se parecer que a pessoa está se sentindo desconfortável, pare.

Espalhe notícias boas. Assim como notícias ruins nos deixam com raiva, tristeza e desesperança, notícias boas nos fazem retomar a fé, sentir vontade de ajudar e adquirir uma postura positiva.

Empatia: coloque-se no lugar do outro e trate-o como você gostaria de ser tratado. SEMPRE.

Não tente forçar o outro a mudar. Uma coisa que aprendi recentemente observando a mim mesma é que forçar uma pessoa a mudar não funciona NUNCA. Você pode até influenciar uma mudança positiva em alguém, mas não é você quem decide isso. Mudanças só acontecem de dentro para fora, então o que você pode fazer é apresentar informações, contar experiências suas, explicar a sua perspectiva e os seus motivos e deixar que o outro decida o que fazer. Querer que alguém faça aquilo que você acredita que é melhor simplesmente dizendo “faça isso”, “esse é o certo”, “você tem que mudar” só vai desgastar a sua relação com essa pessoa e causar desentendimentos.

Fale (escreva) amorosamente. Vá na contramão do discurso de ódio e use palavras que incitam o amor, a paz, a reflexão, a honestidade, a gentileza, a fé e o que mais você puder colocar de positivo em seu discurso. Antes de escrever algo, olhe para dentro de si e encontre o que há de mais bonito em você que pode ser colocado para fora.

Espalhe essa mensagem! Se esse post fez você sentir vontade de entrar nesse movimento, compartilhe com mais pessoas para que elas possam ser tocadas e incentivadas também!

Vamos colocar essas ações em prática? Fique atento às oportunidades de agir quando estiver nas redes sociais.



Postado em Desassossegada 



A luta de Dilma, ontem e hoje, pelo Brasil, a democracia e o povo






Editorial - site O Vermelho em 25/08/2016

Começou nesta quinta-feira (25), no Senado, o julgamento do processo de impeachment contra a presidenta constitucional e sem crime de responsabilidade, Dilma Rousseff. Os patrocinadores do golpe judicial, político e midiático estão apressados e querem concluí-lo no próximo dia 31.

O julgamento de Dilma Rousseff esconde o objetivo verdadeiro do golpe posto em marcha pelos conservadores e a direita: colocar um ponto final no projeto democrático, nacional e desenvolvimentista inaugurado com a posse de Luís Inácio Lula da Silva na presidência da República em 2003, mantido depois de 2010 por Dilma Rousseff.

O alvo do golpe é destruir a democracia, os direitos do o povo e a soberania do Brasil. Há um indisfarçável desejo de desfigurar a Constituição de 1988 e eliminar direitos sociais, políticos e econômicos nela consagrados. E voltar à situação anterior à 1985, que prevaleceu durante a ditadura militar, para que o governo vigente e os vindouros submetam-se apenas aos interesses dos muito ricos da população e reservem os recursos públicos para o pagamento de juros para os especuladores e o grande capital rentista.

Ao mesmo tempo o governo ilegítimo de Michel Temer põe em marcha a submissão ao capital estrangeiro e ao imperialismo, ilustrada na intenção de destruir o Mercosul e os Brics e submeter a diplomacia brasileira aos interesses das grandes potências, sobretudo dos EUA. A entrega das riquezas nacionais – sobretudo o pré-sal e a Petrobrás – para petroleiras estrangeiras é outro objetivo dos golpistas.

É um novo capítulo da luta que sempre ocorreu no Brasil, desde a Independência mas sobretudo na República, entre os liberais (hoje chamados neoliberais), defensores da ampla liberdade para a ação do capital para favorecer os ricos, contra aqueles que, como José Bonifácio, Floriano Peixoto, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, João Goulart, Lula e Dilma, lutaram pelo uso da força do Estado e do governo para legislar sobre a ação do capital, desenvolver o Brasil, melhorar a vida do povo e defender a soberania nacional. Neste sentido, o julgamento do impeachment de Dilma Rousseff hoje iniciado no Senado é também o mais recente capítulo desse embate em defesa da nação soberana, do desenvolvimento e do bem estar dos brasileiros.

A novidade histórica deste julgamento é a coragem e o denodo da presidenta Dilma Rousseff, que não se dobra a nenhuma pressão e luta com determinação contra a violência do golpe que visa a amputar seu mandato para o qual foi eleita por 54 milhões de votos populares.

A presidenta tem coragem semelhante à de Getúlio Vargas que há 62 anos sacrificou a própria vida para denunciar os mesmos golpistas de hoje. Dilma vai além e, sendo afirmativa e lutadora, se coloca à frente da resistência democrática e popular contra a direita, os conservadores, contra a ação mentirosa e fraudulenta a que dão o nome de impeachment que tentam em vão disfarçar de legalidade.

Não é a primeira vez que Dilma se sacrifica na defesa da nação, da democracia e dos interesses populares. Ela era jovem quando enfrentou, faz quase 40 anos, a ditadura militar e seus torturadores.

Agora enfrenta outra vez as forças conservadoras e direitistas apegadas a um suposto combate à corrupção. As forças retrógradas são as mesmas, o combate é o mesmo, a combatente é a mesma – a luta pelo desenvolvimento e pela democracia e soberania nacional, cuja defesa se cristaliza, quatro décadas mais tarde, numa mesma pessoa – a hoje presidenta constitucional Dilma Rousseff.




Carta aos propagadores do ódio e da mentira


:
" Presidente " golpista Temer, parlamentares golpistas e Álvaro Ribeiro Costa


Subprocurador-geral da República durante o governo FHC e AGU no governo Lula, Álvaro Ribeiro Costa escreve uma carta com críticas duríssimas aos golpistas que agem para derrubar a presidente Dilma Rousseff; "A História não esquecerá nem apagará o nome de vocês do rol das iniquidades e das vergonhas. E não adianta fingir que não há golpe; todo mundo já sabe", diz ele; para Costa, hoje procurador da República aposentado, "não importa se o arrombador dos pilares da ordem democrática possa eventualmente se valer de uma maioria parlamentar corrompida e mal-cheirosa ou de juízes parciais e desacreditados. Quando a injustiça e a corrupção se fantasiam de direito e moralidade, a justa indignação e a resistência se tornam obrigação"; ele faz, ainda, "uma brevíssima oração: que Deus não os perdoe; vocês sabem muito bem o que fazem!"; leia a íntegra.


Álvaro Augusto Ribeiro Costa

Carta a personagens imaginários

Em primeiro lugar, por favor, ninguém pense que estou falando com seres reais, nem se considere ofendido em sua honra. É que, como meros e ocasionais personagens de uma extraordinária farsa que se desenrola num lugar também imaginário, não poderiam ter existência própria nem honra que se lhes pudesse atribuir.

Quem seria o autor de tão assombrosa tragicomédia? É difícil saber, até mesmo porque os atores trocam de papéis a cada momento, numa volúpia que uma única mente, por mais delirantemente criativa, não poderia conceber. De cúmplices ou co-autores de supostos delitos, passam de repente a acusadores, transmudam-se em seguida em juízes ou jurados, sob a fantasia da isenção ou integrando a claque dos que se aplaudem uns aos outros, cada um mais convencido da excelência de suas múltiplas e medíocres representações. Um de cada vez ou em grupos, todos muito cientes dos torpes proveitos que almejam.

Cabe, porém, oportuna advertência. Quando as buscas e apreensões invadirem de surpresa seus lares e as conduções coercitivas os expuserem com ou sem razão à volúpia sádica das multidões insufladas pela mesma mídia que hoje os incensa e amanhã os vilipendiarão, não invoquem a presunção de inocência nem o direito de saber do que são acusados; não peçam que lhes seja assegurado o direito de defesa e do contraditório, nem supliquem pela presença de um juiz imparcial. Mas antes que isso ocorra, não percam tempo nem gastem dinheiro promovendo a operação lava-memória. A História não esquecerá nem apagará o nome de vocês do rol das iniquidades e das vergonhas. E não adianta fingir que não há golpe; todo mundo já sabe.

Penitencio-me por não haver percebido antes quão distante me acho de vocês. A rotina das chamadas boas maneiras esconde a essência das pessoas. De uma coisa, porém, não tenham medo. Não cuspirei em vocês. Não é que não lhes tenha nojo. Compartilho, quanto a isso, do mesmo sentimento que Ulisses Guimarães pronunciou e prenunciou em relação àqueles a quem se dirigiu em mensagem que as ondas do Atlântico ainda hoje – e com mais força agora – repercutem. Contudo, diante da inominável deterioração moral em que estão mergulhados, o meu cuspe seria inócuo; não lavaria nada.

Devo admitir, entretanto, que me fizeram um grande favor: o de me propiciarem vê-los e ouvi-los como realmente são: preconceituosos, convencidos ou convincentes propagadores do ódio e da mentira. Em suma, cúmplices entusiasmados do que há de pior no lastimável cenário escancarado ao mundo desde a tragicômica encenação do último 17 de abril e na farsa que dali para frente cada vez mais se desenvolveu como uma enxurrada de iniquidades.

Caiu a máscara dessa gente que lhes faz companhia, cujos rostos não conseguem ocultar a mais repugnante feiura moral. Juntando-se ao painel de mentecaptos que a televisão sem qualquer sombra de pudor ou recato revelou para assombro, vergonha ou riso de brasileiros e outros povos do mundo, vocês estarão para sempre ligados. E dessa memória pegajosa nada os livrará.

Não me digam que estão surpresos com os termos desta carta. Posso até imaginar a cena em que estarão diante de seus queridos familiares, tentando justificar a própria conduta. Por isso, explico: não se pode ser tolerante com o delito e o delinquente quando o crime é permanente e flagrante. Seria como dialogar com o ladrão que invade a nossa casa, rouba nossa liberdade, se apossa do nosso patrimônio e quer se fazer passar por mera visita, com direito a impor o que chama de ordem. A hipocrisia se mostra com sua mais indecente nudez. Não! O diálogo e a compreensão são naturais e necessários entre pessoas que se respeitam no ambiente democrático; não, entre o predador da democracia e sua presa, entre o ofensor e a vítima. As regras de civilidade, próprias da democracia, não socorrem quem contra elas atenta. Contra esses, todas as formas de resistência são necessárias e legitimas. Não há diálogo possível.

Não importa se o arrombador dos pilares da ordem democrática possa eventualmente se valer de uma maioria parlamentar corrompida e mal-cheirosa ou de juízes parciais e desacreditados.Quando a injustiça e a corrupção se fantasiam de direito e moralidade, a justa indignação e a resistência se tornam obrigação.

Por fim, uma brevíssima oração: que Deus não os perdoe; vocês sabem muito bem o que fazem! Mas os mantenha vivos e com saúde pelo tempo suficiente para a reflexão e o mais avergonhado arrependimento.



Postado em Brasil 247 em 23/08/2016



O inverso do amor, mais que o ódio, é a indiferença




Marcel Camargo

Muito se alerta, hoje, para a necessidade de se combater o ódio, no sentido de que o mundo carece de mais amor, de solidariedade, de olhares compreensivos em relação aos excluídos, aos miseráveis, às minorias. Atos terroristas e, numa proporção menor, atitudes preconceituosas e excludentes no cotidiano das sociedades acabam culminando em violência e tristeza.

No entanto, há que se atentar, da mesma forma, para os danos que a indiferença também traz, tanto no aspecto das relações humanas, quanto no âmbito da convivência como um todo. Embora silenciosamente, o “tanto faz” acaba por se tronar conivente com a ruína das relações interpessoais, com a propagação do ódio e das injustiças que permeiam o tecido social em todos os níveis.

O ódio enfrenta muitas frentes de combate, seja através de preceitos religiosos, de artigos, de campanhas solidárias, seja na escola, em casa, na rua. Frequentemente nos deparamos com filmes, reportagens e músicas, por exemplo, que pregam a necessidade de se prevalecer o amor sobre o ódio. A maioria de nós, inclusive, já extinguiu a expressão “eu odeio” de nosso vocabulário.

Por outro lado, a indiferença raramente é lembrada, mesmo que seja uma das piores atitudes que poderemos ter em relação ao que de ruim nos circunda. Obviamente, sermos indiferentes a quem nos queira atazanar, a quem fofoca, a quem tenta nos maldizer é extremamente benéfico à nossa saúde física e mental. Porém, sermos indiferentes às mazelas que assolam o meio em que vivemos é tão nocivo quanto o ódio.

Da mesma forma, tornarmos invisíveis as pessoas que caminham ao nosso lado, que sempre acreditaram em nós, com devoção sincera e amor de verdade, é por demais cruel, pois a ingratidão afasta de nós exatamente quem deveria caminhar junto, sempre, todos os dias de nossas vidas. Assim, o “tanto faz” nos esvaziará de amor, tanto daquele que brota aqui dentro, quanto daquele que colhemos junto a quem nos quer bem.

O perigo da indiferença, portanto, é fazer com que aquilo que deveria causar revolta, indignação e atitude combativa se torne banal, normal. Além disso, deixar de retornar afetividade a quem nos ama fará com que expulsemos de nossa convivência aqueles capazes de tornar nossa vida melhor e mais digna. A indiferença nos torna imunes à indignação frente ao que deve ser mudado e às trocas de afetividade, à partilha amorosa que tranquiliza a nossa alma.

O ódio pode até ser combatido, alcançado e neutralizado pelo amor, mas a indiferença é por demais vazia, inócua e sem peso, ou seja, nunca chegará a ser tocada pela magnitude curativa de qualquer sentimento amoroso. O amor não chegará perto desse vazio. E isso é o mais perigoso, porque o “tanto faz” é silencioso e silencia as nossas maiores qualidades, dentre elas, a nossa capacidade de compartilhar amor verdadeiro.



Postado em Conti Outra